A recente Volta a Turquia trouxe uma história bastante curiosa. Olhando para a lista de participantes, mais concretamente para a equipa da Global 6 Cycling, via-se o nome de Mehmet Şampiyonbisiklet. Mas quem é este ciclista para gerar tanta curiosidade? Longe de ser um corredor conhecido pelo público em geral, este é o nome pelo qual agora é conhecido Gabriel Muller, ciclista que esteve na última Volta a Portugal ainda com o seu nome original.

Profissional desde 2019, quando já tinha 33 anos, Gabriel Muller já representou 3 equipas na sua curta carreira, entrando na modalidade de uma forma bastante insólita. Com 30 anos, o francês era informático e, numa entrevista ao L’Equipe afirmara que “nunca tinha de trabalhar mais de 3 ou 4 horas por dia porque, sinceramente, não me conseguia concentrar”. Com isto, comprou uma bicicleta e começou a fazê-lo por diversão, pedalando algumas horas por semana. A motivação começou a aparecer e o treino continuou a aumentar até que entrou no mundo do ciclismo.



Sem nunca ter participado numa prova profissional ou amadora, nem tido uma licença desportiva, Gabriel Muller assinou contrato com a equipa luxemburguesa Team Differdange porque, segundo o próprio, “ofereci-me para trazer um pouco de dinheiro e isso ajudou”. Na mesma entrevista Muller garantiu que precisa de definir objetivos para ele próprio na vida e, quando está focado  “quase nada me pode parar”. A temporada na formação continental foi longe de ser perfeita “colecionei DNF (did not finish) – abandonos. Nos primeiros 3 meses não terminei uma única corrida”. Analisando o percurso, é verdade, em 22 dias de competição UCI, Muller completou 14.

Isto não impediu de se manter no ciclismo, desta vez na Cambodia Cycling Academy, onde foi 12º na Volta a Sérvia. Chegados a 2021, e o ainda Gabriel Muller sobe de escalão aos 34 anos, assinando pela Burgos-BH. Segundo a equipa espanhola, o francês foi recrutado “pelas suas qualidade e pelo seu conhecimento do calendário asiático”. 2021 foi terrível, não terminou nenhuma das cinco provas por etapas que começou e das quatro clássicas que fez, terminou apenas duas. Mesmo assim renovou contrato e, na temporada passada voltou a ser regular … nos abandonos. Dez provas por etapas/clássicas começadas e três acabadas.



Inevitavelmente, mudou de equipa este ano assinando pela Global 6 Cycling. Contextualizada a carreira, podemos falar de Mehmet Şampiyonbisiklet. O agora ciclista turco já leva seis provas por etapas terminadas este ano, incluindo a Volta a Portugal. Mas o mais curioso vai na mudança de nome. O que o fez e como foi possível tal cenário? Sem qualquer ascendência turca, Muller conseguiu mudar de nome às custas da lei daquele país do Médio Oriente. Em declarações ao ouest-france, Şampiyonbisiklet afirmou que “qualquer pessoa pode adquirir a nacionalidade turca se tiver dinheiro suficiente para investir”.

Não pensando duas vezes, o ciclista comprou um pequeno hotel na região de Istambul e tendo feto um investimento avultado pode adquirir a nacionalidade e, adquirindo a nacionalidade pode ter um nome turco e o nome escolhido foi Mehmet Şampiyonbisiklet, com o apelido a significar o campeão da bicicleta. Ora, o ciclista turco conta, ainda, que foi alertado pelos seus advogados para esta situação, sendo que um dos seus advogados, que é russo, também adotou esta estratégia, chamando-se … Alexandre Le Grand, em alusão a um dos reis mais poderosos da Antiguidade da Humanidade. Podemos mesmo afirmar que o dinheiro compra (quase) tudo.



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