Decorreu ao final da tarde de hoje a apresentação oficial da Volta a Espanha, uma edição que vai fazer história e que vai ser muito especial para os fãs portugueses da modalidade. A última Grande Volta do ano irá sair do nosso país 27 anos depois, já nessa altura tinha sido a primeira vez que a Vuelta tinha começado “fora de portas”.

A corrida começa com um contra-relógio individual de 12 quilómetros entre Lisboa e Oeiras e segue-se uma ligação favorável aos sprinters de 191 quilómetros entre Cascais e Ourém. A última jornada em território português abre novamente o apetite aos homens rápidos, a tradicional recta em ligeira subida em Castelo Branco vai acolher o final da 3ª etapa, num dia em que os ciclistas passam praticamente à volta da Serra da Estrela.

A 4ª tirada já será em território espanhol e com a dura chegada a Pico Villuercas a prometer fazer as primeiras grandes diferenças na classificação geral. Ultrapassado este terreno bem duro, hora para os sprinters brilharem de novo em Sevilha e ao 6º dia começa a média montanha, que irá marcar muita presença nesta edição. Um dia de sobe e desce constante, 4 contagens de 3ª categoria e 1 de 1ª categoria e o final num pequeno topo, a organização aponta para que seja uma fuga a triunfar.




A província de Córdoba acolhe a 7ª jornada, propícia para sprinters, mas com uma contagem de 2ª categoria a 26 kms da meta a poder reduzir o leque de ciclistas explosivos. A curta ligação de 159 kms da 8ª etapa é o primeiro final em “murito” e a primeira semana da competição termina com uma tirada bem dura com final em Granada, com 3 subidas de 1ª categoria na segunda metade.

O ciclismo regressa à estrada com uma daquelas etapas que pode dar para qualquer dos lados, 160 quilómetros muito explosivos, com uma 1ª categoria a 20 kms da meta, mais média montanha. Os ciclistas continuam no modo carrossel para o 11º dia, desta vez são subidas mais curtas, mas a última delas estará já bem perto do final e segue-se uma descida e um final bem rápido. O primeiro “Unipuerto” vem logo de seguida, na realidade é apenas a segunda chegada em alto da competição, 15 quilómetros de subida até Manzaneda.

Uma tirada muito importante vem ao 13º dia, o Puerto de Ancares é uma chegada em alto bem dura mesmo no miolo da Vuelta. Segue-se uma jornada que, potencialmente, também pode ser muito interessante. É a mais longa da Volta a Espanha com 199 kms e a 16 kms da meta termina uma longuíssima contagem de 1ª categoria, também ela uma das ascensões mais longas da prova e daí até à meta não há grande espaço para recuperações. Montanha e mais montanha, esta sequência terrível acaba com a subida de Cuitu Negru, quase 20 kms de subida com 2 pequenas patamares pelo meio e até há algum terreno de preparação antes, tem muito potencial.




E como não há 3 sem 4, a seguir vem a chegada a Lagos de Covadonga, uma subida bem conhecida da prova e do pelotão internacional. Uma pequena cenoura para os sprinters é a 17ª etapa, um incentivo para ultrapassarem as 4 chegadas em alto, uma jornada plana, curta, com final em Santander. Já na região do País Basco, há uma tirada que deve cair para uma fuga ou para um sprinter que passe bem a montanha, apesar que nesta altura já não haverá grandes forças para perseguir escapadas.

Esta última sequência de etapas decisivas começa com a chegada ao Alto del Moncavillo, com pouco mais de 8 kms será mais um “Unipuerto”. Finalmente na etapa 20 há novamente espaço para grandes diferenças na classificação geral. Não só é a chegada ao Picon Blanco, como há imensa dureza antes disso, 6 contagens de montanha, 2 delas de 1ª categoria antes do conhecido final, será que alguém vai ter coragem para atacar de longe? A Vuelta encerra com um contra-relógio individual de 22 quilómetros em Madrid, praticamente plano.

Contas feitas, temos uma Vuelta na linha do que tem acontecido nos últimos anos: 34 quilómetros de contra-relógio individual, 5 etapas planas, 5 etapas de média montanha e 9 jornadas de alta montanha, aos quais se juntam os 2 contra-relógios. Ao todo serão também 8 chegadas em alto, 6 delas a montanhas bem complicadas. A grande diferença é que este ano o traçado está mais desequilibrado em termos de dureza, está quase toda concentrada após a 12ª etapa, o que possibilita uma entrada mais suave e que os ciclistas possam ganhar algum ritmo competitivo antes de todas as decisões. Ao longo dos próximos dias haverá mais tempo para analisar pormenorizadamente os perfis e a orografia.

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