O Paris-Roubaix feminino deste ano teve um guião bem diferente face a edições passadas, desta vez uma enorme fuga com 18 ciclistas formou-se nos quilómetros iniciais e apesar da ausência de grandes nomes, acabou por constituir um grande perigo pois quase todas as equipas estavam representados e por isso mesmo foi-lhe permitida uma vantagem de quase 6 minutos. Assim que os sectores de empedrado começaram a corredora da Team DSM, Daniek Hengeveld, tentou evitar problemas e seguir a corrida ao seu próprio ritmo na frente, enquanto a Trek-Segafredo procurava uma boa colocação no pelotão.

Esta busca pela colocação fez com que a diferença começasse a diminuir, mas não drasticamente e no momento em que Lotte Kopecky acelerou houve uma queda na frente do pelotão, ficando apenas 9 corredoras na frente do grupo principal, Kopecky, Longo Borghini, Georgi, Brand, Consonni, Koch, Chabbey, Mackaij e Kasper. Marianne Vos, uma das grandes favoritas à partida, seguia com 1 minuto de atraso, a holandesa furou logo num dos primeiros sectores e tentava uma longa recuperação sozinha.




A fuga parecia ainda ter hipóteses, tinha 2:30 a 40 kms da meta, só que os empedrados enlameados fizeram das suas no grupo principal, Elisa Longo Borghini caiu e levou com ela 90% do grupo, incluindo Lotte Kopecky, a única ciclista que passou foi Romy Kasper. Kasper não foi a lado nenhum sozinha e alguns quilómetros depois teve a companhia de mais corredores, incluindo Maria Martins, que estava novamente a fazer um grande Paris-Roubaix. A 25 kms da meta a fuga original tinha 1:40 para o grupo perseguidor e 2:15 para um pelotão essencialmente liderado pela SD Worx, onde Wiebes trabalhava para Kopecky.

Kopecky e Vos finalmente colaram ao primeiro grupo perseguidor, só que a fuga ainda conseguiu passar o Carrefour l’Arbre, o que deu alguma folga e alguma garantia que ainda tinham chances de sobreviver na frente. A corrida estava ao rubro e as resistentes da escapada entraram no penúltima de empedrado com apenas 10 segundos de vantagem. O grupo dianteiro apercebeu-se da grande oportunidade que tinha e Femke Markus, Eugenie Duval, Marta Lach, Katia Ragusa, Alison Jackson, Marion Borras e Marthe Truyen entraram nos 3 kms finais ainda com 15 segundos de avanço, enquanto UAE e Trek davam tudo nas perseguidoras.

Marta Lach certificou-se que ainda entravam no velódromo com alguma vantagem e já dentro do quilómetro final uma queda afastou Femke Markus da vitória. Sempre com um posicionamento impecável e no controlo da situação Alison Jackson nunca se deixou fechar, aproveitou o sprint lançado desde cedo por parte de Marion Borras e conseguiu a maior vitória da carreira, diante de Katia Ragusa e Marthe Truyen, enquanto Lotte Kopecky lamentava a oportunidade desperdiçada ao ser a primeira entre o pelotão. Maria Martins voltou a realizar uma grande prova, foi 25ª no “Inferno do Norte”.

Alison Jackson é uma canadiana de 34 anos que tinha 7 vitórias na carreira, tendo sido campeã nacional de estrada e contra-relógio em 2021. Transferiu-se este ano para a EF Education, ciclista muito completa, já tinha sido 13ª no ano passado nesta corrida e encontrou a glória na fuga do dia, tendo mostrado sempre bastante inconformismo durante a mesma.

By admin