A Alpecin-Deceuninck tem sido um dos maiores casos de sucesso nos últimos anos no ciclismo internacional. É uma estrutura ProTeam, mas que tem o direito de entrar em todos os eventos World Tour, se assim o desejar, sem certas obrigações burocráticas e financeiras associadas. A base envolve ter um par de corredores bastante sonantes, secundados por poderosas segundas linhas, em que a média montanha é o seu terreno predilecto.
No entanto, se a equipa quer dar ainda mais um passo em frente precisa de reforçar essas segundas linhas, para potenciar outras lideranças ou os resultados de Mathieu van der Poel ou Jasper Philipsen. Esta temporada os sucessos têm sido muitos, ainda assim estes 2 grandes líderes têm estado relativamente isolados em momentos chave e poderiam ter perdido algumas corridas por causa disso.
Por isso mesmo a Alpecin-Deceuninck apostou muito forte neste mercado e anunciou, no dia de ontem, a contratação de 3 ciclistas que têm tudo para ser importantes na próxima época. Soren Kragh Andersen decidiu deixar a Team DSM, onde esteve 7 temporadas, desde 2016. O dinamarquês ainda tem só 27 anos e no seu palmarés estão etapas na Volta a França, o Paris-Tours e tiradas em diversas competições como o Paris-Nice, BinckBank Tour e Volta a Suíça.
Soren Kragh Andersen é letal quando está em forma, alguém que normalmente lê muito bem a corrida e de quem se esperava mais nas clássicas. Será um elemento muito importante nas provas de 1 semana e nas Grandes Voltas, onde já tem muito experiência, sendo uma constante ameaça em fugas ou com ataques finais. Vai para um regime claramente mais livre do que a Team DSM, onde já há algum tempo não tinha as melhores oportunidades.
Quinten Hermans tem sido uma das grandes confirmações de 2022 e rubricou contrato por 3 temporadas, tratando-se de uma grande perda para a Intermarché-Wanty-Gobert. O belga de 27 anos foi um surpreendente 2º classificado na Liège-Bastogne-Liège e soma diversos top 10 este ano, muitos deles no World Tour graças à sua boa ponta final em grupos reduzidos.
Hermans finalmente está a confirmar todo o seu potencial e com uma experiência tão curta na estrada ainda tem espaço para crescer e na Alpecin-Deceuninck vai encontrar um calendário adequado às suas necessidades onde vai ter oportunidade de liderar a equipa das clássicas das Ardenas, o seu terreno predilecto. Dentro da formação ProContinental será um dos melhores trepadores e também é provável a sua presença no Tour. É preciso não esquecer que fez um pódio num Monumento este ano, poucos corredores têm isso no currículo. Também de referir que irá para uma equipa onde poderá continuar a correr no ciclocrosse.
Com Tim Merlier de partida e com Jakub Mareczko a ser curto para as correntes necessidades, a formação belga foi buscar outro sprinter e parece-nos que acertaram em cheio ao escolherem Kaden Groves. É uma perda muito grande para a BikeExchange, alguém que não só era garantia de muitos pontos como tinha um grande potencial, ficando agora a equipa australiana com Matthews e Groenewegen nesse departamento. Aliás, a entrada de Groenewegen muito provavelmente precipitou a saída de Groves.
Para a Alpecin-Deceuninck é uma alternativa incrível a Jasper Philipsen e com o corrente alinhamento terá garantida a presença em pelo menos uma Grande Volta este ano. O jovem de 23 anos ganhou 1 etapa na Volta a Catalunha este ano, que está a ser o de afirmação a nível internacional, e soma mais de 1 dezena de pódios. É um corredor à medida desta equipa, passa relativamente bem a montanha, é consistente e posiciona-se bem nas chegadas em pelotão compacto, tem tudo para fazer para cima de 1 dezena de pódios em 2023 novamente.
Para além destes 3 nomes mais sonantes foi também anunciado o jovem Jensen Plowright, um australiano de 22 anos que fez a sua parte final da formação na Team Bridgelane e na equipa sub-23 da Groupama-FDJ. Plowright é … outro sprinter, que habitualmente trabalha em conjunto com Penhoet na formação gaulesa e até pode ter sido um pedido expresso de Groves para nesta fase se juntar ao comboio. Este ano já leva uma mão cheia de pódios e é uma aposta de futuro.