Ag2r Citroen Team
É um alinhamento que não impressiona. Seria de esperar que, a trazerem algumas figuras mais secundárias, dessem espaço à juventude, mas o único que se encaixa nesse critério é Paul Lapeira, um corredor de 23 anos que por acaso até chega em boa forma, é um bom finalizador em grupos reduzidos, está aqui para aprender e pode tentar surpreender num final mais durinho.
O melhor trepador é o enigmático Geoffrey Bouchard, um ciclista que tanto aparece de rompante como desaparece e que já levou na carreira a classificação da montanha na Vuelta em 2019 e no Giro em 2021. Andrea Vendrame vem para os sprints e com tão poucos sprinters até pode fazer um top-5, Damien Touze faz a sua 3ª Vuelta, aos 27 anos encaixa cada vez mais na categoria de jovem promessa que nunca correspondeu ao potencial. No jogo das fugas diria que quem se pode destacar mais é Nicolas Prudhomme, foi 23º no Giro e pode aqui fazer uma corrida a reservar mais energias para dias específicos. Larry Warbasse, Mikael Cherel e Dorian Godon (a versão intermitente de Bouchard, mas nas colinas) completam uma equipa bastante débil.
Previsão: Muita combatividade, Bouchard e Vendrame podem andar perto do triunfo mas sem sucesso.
Alpecin-Deceuninck
Eu diria que caso Kaden Groves saia desta Vuelta de mãos a abanar é uma grande surpresa. Talvez a par de Dainese é o sprinter mais conceituado e no caso de Groves há algo muito importante, vai ter quase toda a equipa focada nos dias em que pode ganhar, não há ninguém para a geral e tem um comboio bastante bom até, com Janssens, Planckaert e o próprio Robbe Ghys sprinta muito bem. Tobias Bayer vai ter papel livre quando a montanha chegar, ele que até está a fazer um 2023 desapontante.
Quanto a Groves, é dos poucos sprinters que tem vitórias em Grandes Voltas (1) e no World Tour no geral este ano (3). Já ganhou na Vuelta em 2022, na altura ao serviço da Jayco e contra uma concorrência melhor.
Previsão: A Alpecin-Deceuninck não falha nas Grandes Voltas e Kaden Groves vai conseguir vencer por três vezes e levar de vencida a classificação por pontos.
Astana Qazaqstan Team
Com o actual plantel e tendo em conta que Tejada, Lutsenko, Bol e Cavendish não podem ir a todos, era complicado apresentar melhor. Samuele Battistella tem aqui uma prova de fogo, está a entrar numa fase crucial da carreira, tem 24 anos, fez uma temporada de clássicas e um Giro muito maus, parecia estar a melhorar na Volta a Polónia, só que a Vuelta a Burgos deixou muito a desejar novamente, e é pena porque tem aqui várias etapas ao seu jeito. Luis Leon Sanchez e David de la Cruz foram muito infelizes no Tour, têm aqui novas oportunidades e acredito que sejam protagonistas em algumas jornadas, mas daí até vencerem… a maioria das vezes um triunfo numa prova de 3 semanas está muito caro.
Joe Dombrowski esteve desaparecido em combate no Giro, espero o mesmo aqui, tal como Vadim Pronskiy. A grande questão desta equipa na minha opinião chama-se Javier Romo, andou muito bem em Burgos, terminou em 7º da geral e como melhor jovem, especialmente na 3ª etapa acompanhou os melhores durante muito tempo. O espanhol apareceu de rompante em 2021 e tem um perfil interessante porque sprinta bem em grupos reduzidos, o que nas fugas dá muito jeito.
Previsão: Muitas fugas com De la Cruz, Romo e Battistella a poderem estar perto de vencer.
Bahrain-Victorious
Partindo mais pela base, Jasha Sutterlin e Kamil Gradek vêm para dar apoio aos ciclistas de montanha e ajudar Matevz Govekar nos sprints, o esloveno tem potencial para surpreender, é relativamente parecido a Milan nesse campo quando o italiano apareceu. Mikel Landa vem tentar de certa forma salvar a época num traçado que não é incrível para ele, vai atacar que nem um louco na montanha como é hábito e Wout Poels deve fazer o clássico guardar-se para “etapa certa”.
Tendo em conta que Antonio Tiberi não parece ainda estar ao seu melhor e que este traçado explosivo não é muito bem para Damiano Caruso é possível que a melhor aposta seja mesmo Santiago Buitrago, que tem laivos de classicómano, como mostrou na Liege-Bastogne-Liege. Para além disso terminou bem o Giro ao ganhar 1 etapa e fazer 13º, é alguém que parece gostar do calor e de correr em Espanha.
Previsão: Santiago Buitrago vai terminar no top-10 da geral e salvar a equipa neste aspeto. Quanto a etapas, Buitrago vai vencer uma etapa depois de entrar numa fuga e recuperar tempo, tal como Damiano Caruso, este numa etapa de montanha.
Bora-Hansgrohe
Opções não faltam, mas parece uma equipa algo desgarrada, sem grande estrutura. Teoricamente Aleksandr Vlasov é o líder, o russo levou uma grande desilusão do Giro, e andou bem nas provas preparatórias, especialmente na última etapa da Vuelta a Burgos, esta é uma corrida muito importante na sua posição interna, com tantos nomes sonantes, Vlasov tem 25 anos, já fez 4º no Giro e 5º no Tour e o contrato termina em 2024, o objectivo tem de ser o pódio. O nome que mais me entusiasma dos restantes é o talentoso Cian Uijtedebroeks, vencedor da Volta a França do Futuro 2022 e que está a fazer uma excelente época, com vários top 10 em corridas do World Tour, o objectivo deve ser aguentar-se ao máximo e testar os seus limites.
Creio que desta vez vamos ter um Lennard Kamna mais a pensar nas etapas do que na geral, no seu ADN mais natural, o mesmo aplica-se a Sergio Higuita, que globalmente está a andar bem abaixo do esperado este ano. Emanuel Buchmann vem para ajudar. Nico Denz, Ben Zwiehoff e Jonas Koch darão apoio no terreno mais plano.
Previsão: Aleksandr Vlasov não vai falhar e vai terminar no top-10, no seu estilo característico, mas será o jovem Cian Uijtedebroeks a mostrar-se ao Mundo para terminar em 4º da classificação geral. Lennard Kamna irá voltar às origens, procurar etapas e vencer por duas vezes.
Burgos-BH
Não há muito a dizer, vêm novamente à procura de um sonho muito complicado de alcançar. José Manuel Diaz é o melhor trepador e é o corredor com mais pergaminhos, a questão é se numa fuga de 10/15 será o melhor trepador, e isso é quase impossível. Ainda assim, sempre que for alta montanha é a melhor hipótese de Burgos-BH, talvez ignorando por completo a geral de modo a poupar energias possa ganhar alguma vantagem competitiva.
Outra opção são as fugas na média montanha, aí por vezes há um grupo mais aleatório e há mais jogos táticos. Aí a melhor carta poderá ser Pelayo Sanchez, um jovem corredor que andou muito bem até Maio, sendo que deve ser Cyril Barthe a sprintar nos finais em pequenos topos. Um Super-Joker interno é Eric Antonio Fagundez, o uruguaio faz aqui a sua estreia depois de um 2023 onde andou bem sempre que esteve em altitude, recentemente no Tour of Qinghai Lake.
Previsão: Fugas, fugas e mais fugas mas o triunfo não vai aparecer.
Caja Rural-Seguros RGA
É uma Caja Rural mais internacional do que o habitual, a principal aposta até é venezuelana com Orluis Aular, um corredor que tem a maioria dos seus triunfos em Portugal, na Volta ao Alentejo. A especialidade de Aular são os finais em pequenos topos e mostrou que consegue ser competitivo no World Tour na Volta a Catalunha, onde fez 5º numa etapa. Para os sprints mais puros a aposta deve recair em David Gonzalez, um corredor mais possante.
Esta é a 4ª Vuelta de Fernando Barceló e é a Vuelta em que ele chega com piores resultados, veremos se a experiência ajuda um ciclista que em 2018 fez uma bela época como sub-23. Jon Barrenetxea pode querer lutar pela montanha nos primeiros dias, Joel Nicolau será outra opção para isso e olho em Abel Balderstone, a grande surpresa do G.P. das Beiras.
Previsão: Orluis Aular vai andar perto, tal como Fernando Barceló mas há sempre ciclistas mais fortes, o que vai impedir o sonho da vitória.
Cofidis
Dada a escassez de sprinters a equipa fez bem em trazer Bryan Coquard, será desta que “Le Coq” finalmente conquista uma etapa numa Grande Volta? Esta é a 8ª prova de 3 semanas que o francês faz na carreira, e já conta com diversos pódios sendo que é a primeira vez que vai fazer 2 num ano. Chega com 68 dias de competição, pode ser um pouco excessivo.
Davide Cimolai será o seu lançador e de resto é confiança plena nos ciclistas da casa, especialmente Jesus Herrada, que ganhou em 2022. Acho bem possível que repita a façanha, chega aqui com uma boa preparação e a andar bem na última prova, de recordar que no ano passado venceu mesmo não tendo grandes resultados nos 2 meses anteriores, é alguém com classe e qualidade para os grandes momentos. Será auxiliada por José Herrada e Ruben Fernandez. Completam o alinhamento Francois Bidard, André Carvalho (a fazer a sua estreia em corridas de 3 semanas) e Remy Rochas (que está de saída para a Groupama-FDJ).
Previsão: Bryan Coquard tem um percurso ao seu jeito e vai estrear-se a ganhar em Grandes Voltas!
Lidl-Trek
Está longe de ser o alinhamento recheado de estrelas do Tour, desta vez vêm com o pensamento em etapas e com a “velha raposa” que é Bauke Mollema para isso. Veremos se o neerlandês, com anos de experiência deste jogo, não fez o Tour a 80% para ajudar os colegas, para chegar aqui a 100% e com bom ritmo nas pernas, por vezes com o passar dos anos os mais velhos precisam desse andamento. Pode ter sido esse também o pensamento de Juan Pedro Lopez, que muito trabalhou para Ciccone e Skjelmose, chegou a hora de tentar brilhar na alta montanha, o seu terreno predilecto.
Kenny Elissonde estava a andar bem há 3 semanas, mas duvido que ainda tenha capacidade para um triunfo a este nível, aqui a exigência será bem diferente. Desta vez Edward Theuns não estará em nenhum comboio, pode ser a última oportunidade na carreira para liderar uma equipa desta dimensão nos sprints das Grandes Voltas, e com a ajuda de Otto Vergaerde, o objectivo será, pelo menos, um pódio.
Previsão: A equipa norte-americana é muito combativa, Mollema vai estar perto por muitas vezes, com os seus ataques de longe, mas desta vez não vão conseguir vencer.
EF Education-Easy Post
O dorsal 1 é Hugh Carthy, mas creio que a constituição da equipa diz bem que a fé no britânico não é muita, aliás não acredito que venha para a geral. Fez um Giro muito abaixo do expectável, caiu no Tour de l’Ain e terá os olhos postos na 3ª semana, mais fora das chegadas explosivas.
Por falar em etapas, é uma oportunidade de ouro para Marijn van den Berg, alguém que claramente subiu de nível este ano e que, atenção, já leva 3 vitórias, 1 delas recentemente na Volta a Polónia. Julius van den Berg e Stefan Bissegger serão importantes a perseguir fugas, Jonathan Caicedo e Diego Camargo a seleccionar a corrida visto que o holandês prefere grupos mais reduzidos. Andrea Piccolo é um talento à procura de experiência e Sean Quinn terá carta branca e é perigoso, é completo e tem boa ponta final em subidas.
Previsão: Marijn van den Berg chega em grande forma e vai confirmar todo o seu potencial com um triunfo ao sprint, depois de um dia mais complicado. Hugh Carthy cedo vai ficar de fora da luta pela geral.
Groupama-FDJ
Juventude ao poder! Vai ser das equipas que entusiasmo vai dar acompanhar, o que valem os super-talentos entre os graúdos? Romain Gregoire chega em grande forma, é preciso lembrar que o jovem de 20 anos foi 8º na Strade Bianche na época de estreia no World Tour e ganhou os 4 dias de Dunkerque e o Tour du Limousin, tem um motor incrível e vai ser um perigo à solta. O mesmo se aplica a Lenny Martinez, mas na alta montanha. Vencedor da clássica do Mont Ventoux, 12º na Volta a Catalunha e na Volta a Polónia (tinha o tempo do 5º antes do CRI), não vem a pensar na geral e isso promete.
Samuel Watson é um ciclista de clássicas e deve ajudar Lewis Askey nos sprints, alguns top 10 já seriam bons para o britânico nesta primeira experiência. Clement Davy vem para ajudar, Lorenzo Germani é outro talento, mas ainda num desenvolvimento mais tardio do que Martinez e Gregoire. Rudy Molard creio que vem mais numa perspectiva de mentoria, mas nunca se sabe e Michael Storer chega aqui aparentemente em boa forma, atenção que fez um caminho similar em 2021 e nesse ano venceu 2 etapas.
Previsão: Michael Storer chega em forma e vai vencer uma etapa e juntar a classificação da montanha, repetindo o feito de 2021. Os miúdos Martinez e Gregoire vão dar muito espetáculo e será Martinez a conseguir a vitória numa etapa de montanha.
Ineos-Grenadiers
Pela primeira vez em muitos anos, Geraint Thomas irá fazer duas Grandes Voltas na mesma temporada sendo o objetivo de ambas a geral. 2º no Giro, o gales voltou a fazer uma preparação discreta, só que isso já é sua imagem de marca, foca-se nos grandes objetivos. Apenas com uma Vuelta nas pernas parte um pouco à descoberta. Thymen Arensman volta a ser o seu braço direto, só que depois do 6º lugar do ano passado e do 6º no Giro poderá ter alguma proteção, caso Thomas falhe.
Egan Bernal deverá ter alguma liberdade, tal como aconteceu no Tour, vencer uma etapa e ajudar os seus líderes será a sua função principal. Acreditamos que Laurens de Plus volte a ter um papel importante, no Giro voltamos a ver a melhor versão do belga. Jonathan Castroviejo continua a ser muito valioso, o Tour que fez foi excelente, o melhor em muitos anos. Omar Fraile é um poço de experiência. Filippo Ganna terá a sua liberdade, não duvidamos disso, mas também será fundamental na proteção dos líderes, tem qualidade que outros ciclistas não conseguem dar. Kim Heiduk deverá ser o primeiro sacrificado no trabalho.
Previsão: Geraint Thomas não falha nos seus objetivos e vai terminar em 5º, mais uma prestação sólida. Filippo Ganna vai vencer uma etapa.
Intermarche-Circus-Wanty
Uma equipa focada em vencer etapas. As Grandes Voltas não têm corrida de feição à equipa belga que tenta “salvar” a sua temporada neste aspeto e traz uma equipa muito competente para as fugas. A “velha raposa” Rui Costa lidera a equipa, o português sabe muito de ciclismo, sabe quando tem de atacar e escolhe as etapas. Kobe Goosens entrou na temporada a voar e pouco mais se viu, curiosamente foi em Espanha, pode ser que os ares espanhóis lhe façam bem.
Rune Herregodts estreia-se em Grandes Voltas e pode ser um perigo nas etapas de média montanha, tem um motor impressionante, não o podem deixar sozinho. O bloco de montanha fica completo com os experientes Simone Petilli e Rein Taaramae, um ciclista que aparece quando menos se espera, principalmente na Vuelta. Gerben Thijssen estava escalonado para a Vuelta no entanto o COVID vai deixa-lo de fora, pelo que Hugo Page será o sprinter da equipa, um downgrade que se deverá destacar nas etapas/finais mais duros. Boy van Poppel e Julius Johansen formam o seu comboio.
Previsão: Equipa muito combativa, Rui Costa e Kobe Goosens vão estar na luta mas sem sucesso.
Lotto-Dstny
A ordem é vencer! Equipa totalmente focada nas vitórias parciais e para os diversos terrenos. Milan Menten é a aposta para as chegadas rápidas, longe de ser um puro sprinter, os dias mais difíceis é onde pode ter mais hipóteses. Jarrad Drizners e Sebastien Grignard serão o seu apoio, um curto comboio.
Andreas Kron gosta das etapas de média montanha, nem sempre aparece em forma, mas quando está bem é um perigo à solta. Muita atenção a Lennert van Eetvelt, o belga é muito talentoso, andou bem no Sibiu Tour e na Volta a Polónia, um prodígio para os dias de montanha. Na montana, Sylvain Moniquet e Eduardo Sepulveda também pode ter uma palavra a dizer, é certo que há trepadores mais fortes no pelotão, terão que ter sorte e escolher a fuga certa. Para terminar, Thomas de Gendt, um corredor que dispensa apresentações, raramente se tem visto, a idade já começa a pesar mas do nada consegue sacar um coelho da cartola.
Previsão: Combatividade acima de tudo, com Lennert van Eetvelt a conseguir levar de vencida uma etapa de montanha. Milan Menten vai estar entre os melhores nos sprints.
Jumbo-Visma
Teremos a Jumbo-Visma a vencer as 3 Grandes Voltas na mesma temporada? Seria um feito inédito no ciclismo mas a equipa neerlandesa está mais que preparada para tal. Jonas Vingegaard faz, pela primeira vez na carreira, duas provas de 3 semanas consecutivas, não correu depois do Tour, só que sabemos da sua qualidade, é um atleta incrível e se está presente é porque se sente capaz. Não bastava Vingegaard e também há Primoz Roglic, triplo vencedor da prova em busca do 4º título, um recorde da prova. O esloveno adora correr em Espanha, as subidas e as chegadas inclinadas são a sua praia, é aqui que se sente bem. Não correu muito em 2023, mas todas as provas por etapas que fez … venceu.
A equipa neerlandesa traz a artilharia pesada. Sepp Kuss venceu o Giro com Roglic, o Tour com Vingegaard e estará na Vuelta! Veremos em que condições, deverá ser resguardado para as etapas mais duras e importantes. Wilco Kelderman e Dylan van Baarle também vêm do bloco vencedor do Tour, dois corredores muito completos. Attila Valter tem sido um corredor importante e merece a chamada, deverá ter muito trabalho, tal como Jan Tratnik e Robert Gesink, dois corredores muito experientes e versáteis, tal como a Jumbo-Visma gosta.
Previsão: Jonas Vingegaard é o melhor voltista do pelotão e vai vencer a vencer, com Primoz Roglic a acompanhá-lo no pódio, no 3º lugar. Vingegaard vence duas etapas e Roglic uma.
Movistar Team
Após o abandono precoce no Tour, Enric Mas parte ainda com mais pressão para a Vuelta. Esta é a prova onde o espanhol consegue render sempre mais, por 3 vezes já foi 2º, será desta? Não corre desde o abandono no Tour, preparou-se especificamente. Einer Rubio e Ruben Guerreiro serão os principais apoios na montanha, longe dos blocos de outras equipas, mas se estiverem bem devem estar com Mas até uma fase bastante adiantada das etapas.
Ivan Garcia Cortina deverá ter liberdade para os sprints mas poderá ser em fugas que terá mais sorte, tal como o campeão espanhol Oier Lazkano, um autêntico quebra-cabeças para o peloão, sempre que está em fuga é difícil de apanhar, basta ver a recente vitoria na Vuelta a Burgos. Jorge Arcas e Imanol Erviti serão importantes para o terreno plano, numa equipa que fica completa com o todo-o-terreno Nelson Oliveira. O português é capaz de fazer de tudo um pouco, é dos ciclistas mais completos da equipa e que mais pode dar a Enric Mas.
Previsão: Enric Mas vai salvar a temporada com um top-10 final, vai saber a pouco mesmo assim. Oier Lazkano chega muito forte e vai vencer em fuga.
Soudal – Quick Step
Conseguirá Remco Evenepoel defender o título conquistado no ano passado? A tarefa do campeão do Mundo de contra-relógio não será fácil, a concorrência deste ano é mais forte, só que todos sabemos da sua qualidade, da forma como evoluiu na montanha e como se foca nos objetivos que delineia. Os dias de muita montanha podem ser complicados e aí o apoio da equipa será fundamental.
Jan Hirt, James Knox, Louis Vervaeke e Mattia Cattaneo são os corredores para a montanha, um bloco sólido e coeso, bastante competente que, em forma, dará muito boa conta de si e deixará tudo na estrada em prol do líder. Andrea Bagioli é completo, estará muitas vezes em destaque no apoio, com Casper Pedersen a ser o homem de proteção no terreno plano. Todas as equipas precisam de um capitão na estrada e esse papel cabe ao superexperiente Pieter Serry.
Previsão: Remco Evenepoel não vai conseguir defender o título conquistado o ano passado e vai acabar por abandonar a Vuelta. A equipa não se vai recompor e vai falhar a vitória em etapa.
Team Arkea-Samsic
Fazer pior que nas outras Grandes Voltas da temporada é um cenário muito difícil, a época não está a ser positiva. Cristian Rodriguez é o nome mais experiente para a montanha, o espanhol tem vindo a andar bem este ano, em algumas fugas pode ser muito perigoso, tem que ter a sorte da corrida do seu lado. Elie Gesbert é muito regular mas falta-lhe sempre algo para conseguir uma grande vitória. Kevin Vauquelin faz a estreia em Grandes Voltas, um ciclista muito talentoso e completo, irá correr sem pressão mas não nos admirávamos que o melhor resultado da equipa viesse por intermédio do jovem gaulês.
Hugo Hofstetter é o homem para os sprints, um corredor bastante regular, irá marcar presença em alguns top-10, mais que isso já será pedir demais. Mathis le Berre, Kevin Ledanois, Lukasz Owsian e Michel Ries completam o elenco, devemos vê-los em muitas fugas, tentando o protagonismo.
Previsão: A Vuelta será igual à restante temporada, muito discreta.
Team dsm–firmenich
Apesar da presença de Romain Bardet, o gaulês não vai correr para a geral mas sim focar-se em etapas, talvez se estiver bem a geral venha por acréscimo mas preferimos ver a versão ofensiva de Bardet, dá muito mais espetáculo. Max Poole e Oscar Onley estreiam-se em Grandes Voltas, os dois jovens talentos estão a fazer temporadas muito boas, a espaços conseguem resultados excelentes, claro que uma Grande Volta é outro nível mas muitos dos finais que teremos encaixam nas características de ambos. Romain Combaud e Chris Hamilton são os restantes trepadores, deverão estar mais no apoio.
Um pouco sem apoio, apenas Sean Flynn e o campeão do Mundo de contra-relógio sub-23 Lorenzo Milesi, Alberto Dainese vai tentar destacar-se nas etapas ao sprint. Muito irregular, veremos que versão de Dainese teremos, se se conseguir posicionar bem é um perigo, o problema é que nem sempre o consegue e o apoio para tal não será o melhor. Vai ser preciso ter a sorte do seu lado para repetir os triunfos conseguidos no Giro.
Previsão: Alberto Dainese vai conseguir acertar o posicionamento num dos dias e isso vai valer-lhe uma vitória em etapa. Na montanha, entre Bardet, Onley e Poole a equipa vai dar muito espetáculo.
Team Jayco-AIUla
Eddie Dunbar deverá chegar cheio de confiança, o 7º lugar no Giro mostrou que consegue lutar pelos primeiros lugares nas Grandes Voltas. Filippo Zana deverá ter um papel livre, tal como aconteceu no Giro irá apoiar Dunbar e atacar as etapas de montanha, se mostrar as pernas que teve no Giro é um perigo para as fugas nas jornadas mais complicadas da Vuelta. Matteo Sobrero é um corredor bastante completo, o contra-relógio é a sua principal arma, só que num dia de média montanha não pode ser descartado de uma grande exibição.
Estamos curiosos para ver o que será capaz de fazer Felix Engelhardt, um corredor rápido em grupos restritos, muitas etapas da Vuelta acabam neste cenário. Michael Hepburn e Callum Scotson serão o homem de proteção no terreno plano, dois ciclistas já bastante experientes. Jan Maas e Welay Berhe completam o elenco, muito curiosos para ver o eritreu, tem aparecido a espaços com boas exibições na montanha, mais recentemente na Volta a Áustria.
Previsão: Eddie Dunbar vai voltar a finalizar uma Grande Volta no top 10 e, tal como no Giro, Filippo Zana vai vencer uma etapa de montanha em fuga.
TotalEnergies
Um alinhamento relativamente fraco, ao nível do que tem sido a temporada. Steff Cras pode ser o salvador da pátria, o belga estava a fazer um excelente Tour até abandonar (estava no top-15), se voltar a atingir esse nível de forma pode aparecer nas etapas de montanha. É aí que Pierre Latour se pode destacar, antigo vencedor de etapa na Vuelta, só que o francês não pode apanhar descida, por pouco técnicas que sejam, fica logo para trás no grupo, até mete dó o medo com que desce.
Geoffrey Soupe ou Dries van Gestel podem imiscuir-se nas chegadas ao sprint mas fazer um bom resultado é complicado. Aos restantes, Thomas Bonnet, Fabien Doubey, Alan Jousseaume e Paul Ourselin é pedir presenças em fugas.
Previsão: Mais uma Grande Volta muito discreta para os comandados de Jean-René Bernardeau, o alinhamento não leva a milagres.
UAE Team Emirates
Uma equipa dividida em dois blocos tal como no ano passado. Juan Sebastian Molano é o sprinter de serviço, o colombiano é capaz do melhor e do pior, no ano passado venceu, numa altura em que era lançador. Inicialmente, Ivo Oliveira e Rui Oliveira eram os seus lançadores, sobra apenas o Rui, um comboio super-curto.
Para a classificação geral a cantiga é outra, o bloco é muito forte. Juan Ayuso regressa motivado depois do 3º lugar do ano passado, na sua estreia. O espanhol tem vindo em crescendo de forma, totalmente recuperado da lesão que o afastou dos primeiros meses da temporada. Caiu na aproximação à Vuelta, nunca é bom isso acontecer. João Almeida é o outro líder da equipa, 3º no Giro, 5º na Vuelta do ano passado, o português é muito regular, está sempre entre os melhores e um resultado bom aqui seria importante para cimentar o seu lugar na hierarquia interna. Esteve bem na Volta a Polónia, muito discreto nos Mundiais, veremos como aparece.
O enigmático Jay Vine será o joker. Foi na Vuelta do ano passado que deu nas vistas, vencendo duas etapas de forma fabulosa, o que lhe valeu o contrato com a UAE Team Emirates. É importante manter-se na bicicleta, tem caído em todas as provas, só assim conseguirá ser uma ajuda importante para Ayuso e Almeida. Finn Fisher-Black é muito certinho no seu trabalho, apesar de jovem tem uma mentalidade incrível sempre que é chamado ao trabalho. Marc Soler conhece muito bem a Vuelta e está já habituado ao trabalho de gregário de luxo. Domen Novak é o substituto de Ivo Oliveira, mais um corredor para o bloco da montanha mas que não tem tido uma grande temporada, está uns furos abaixo do esperado, deverá ser o primeiro a ser sacrificado.
Previsão: Juan Ayuso vai conseguir melhorar o resultado do ano passado e vai terminar em 2º da geral, conseguindo levar de vencida a juventude. João Almeida irá manter a regularidade e vai terminar no top-10 final. Ambos vão ganhar uma etapa.