Alpecin – Deceuninck

Numa Vuelta com muitas dificuldades, a principal esperança da equipa é o sprinter Kaden Groves. Não está a ser a melhor das temporadas para o australiano, as vitórias ainda não apareceram, mas nada melhor que regressar a uma prova onde, em 2023, venceu a classificação por pontos e 3 etapas. O Giro não foi famoso, somou alguns pódios mas a vitória nunca esteve perto de acontecer, está na hora de limpar a imagem. Edward Planckaert será o seu lançador, ainda com Maurice Ballerstedt e Juri Hollman a fazerem parte do comboio.

Numa equipa sem grandes figuras, acaba por se destacar Quinten Hermans. O belga tem alguns finais ao seu jeito, ele que também está a ter uma temporada modesta. Luca Vergallito faz a estreia em Grandes Voltas, não podemos esperar muito do trepador italiano. Xandro Meurisse e Oscar Riesebeek são os veteranos da equipa, devemos vê-los a trabalhar muitas vezes na frente do pelotão. Também não seria de estranhar ver Meurisse em fugas, chega em boa forma.

Previsão: Kaden Groves irá salvar a temporada e vencer uma etapa na Vuelta. Quinten Hermans vai estar perto em várias ocasiões mas irá haver sempre alguém mais forte.




Arkea – B&B Hotels

Tem sido uma temporada negativa para a equipa francesa que vem até à última Grande Volta da temporada com um alinhamento secundário. Cristian Rodriguez é a principal aposta da equipa, o trepador espanhol é bastante regular e pode conseguir vencer uma etapa através de uma fuga, apesar de não ser uma tarefa fácil. Foi 13º na Vuelta do ano passado, pode sonhar com o top-10.

Élie Gesbert regressa de lesão, é uma pequena incógnita, caso contrário uma boa aposta para as etapas de média montanha. É nesse terreno que também podem aparecer Laurens Huys, Simon Gugliemi e Michel Ries, no entanto pensar em algo mais já é sonhar muito alto com este tipo de ciclistas. Mathis le Berre, Thibault Guernalec e Lukasz Owsian completam o elenco.

 

Previsão: Muita combatividade, com Cristian Rodriguez a ser aquele que pode estar mais perto de vencer uma etapa.

 

Astana Qazaqstan Team

Lorenzo Fortunato chega como líder, foi 12º no Giro e mostrou-se bem na recente Vuelta a Burgos. O grande problema do italiano são os contra-relógios, no entanto numa Vuelta com tanta montanha pensar no top-10 não é descabido. Harold Tejada talvez venha pensar nas etapas de alta montanha e ajudar Fortunato, não é muito regular e isso paga-se caro neste tipo de competições. Santiago Umba e Harold Martin Lopez completam o bloco de montanha, dois trepadores muito jovens.

Ide Schelling está longe do seu melhor, só que o neerlandês é capaz do 8 e do 80 de um momento para o outro. Punchuer bastante competente, terá algumas etapas à sua medida, onde poderá ter a ajuda de Gianmarco Garofoli. Astana não era Astana sem trazer ciclistas cazaques, sendo eles Gleb Brussenskiy e Nicolas Vinokurov.

 

Previsão: Lorenzo Fortunato e Harold Tejada vão ter um dia mau cada um e vão ficar fora dos primeiros lugares. Fortunato irá vencer uma etapa a partir da fuga e, nesse momento, vai focar-se na classificação da montanha que vai acabar por vencer.

 

Bahrain – Victorious

Depois de ser 5º no Giro d’Itália, Antonio Tiberi tem passado um pouco ao lado das poucas corridas que fez. A recente Vuelta a Burgos mostrou sinais preocupantes na montanha, o italiano tem muito a melhorar se quer repetir a prestação do Giro. Damiano Caruso já não tem a regularidade de outros tempos, será um importante gregário mas também terá as suas oportunidades, algo que também vemos a acontecer com Jack Haig. Já sabem o que é fazer top-10 na Vuelta, podem transmistir conselhos importantes para Tiberi. Rainer Kepplinger e Torstein Traeen também fazem parte da equipa para a montanha.

Numa equipa bastante completa, a experiência será dada por Kamil Gradek e Jasha Sutterlin, dois ciclistas muito possantes e que serão essenciais nas etapas planas. O jovem Fran Miholjevic vem para ganhar experiência, fazendo a estreia em 3 semanas.

 

Previsão: Damiano Caruso irá picar o ponto na última semana, rende sempre bastante. Antonio Tiberi irá falhar na geral, não vai estar ao nível do Giro.

 

Cofidis

Normalmente, a equipa francesa aposta sempre na Vuelta no entanto este ano parece fazer uma aposta reforçada, talvez em busca dos necessários pontos. Guillaume Martin é o homem para a geral, veremos o que o gaulês faz depois de ser 13º no Tour e ter vindo, a público, criticar o peso das bicicletas. Kenny Elissonde é o outro trepador da equipa, alguém que deve ter mais liberdade.

A correr em casa, Jesus Herrada é sempre um perigo nas etapas de média montanha, raramente falha e, por norma está na discussão das etapas. Ion Izagirre esteve mal no Tour, a Vuelta nunca foi a sua prova preferida mas é um ciclista que se adapta bem a este tipo de terreno. Jonathan Lastra e Ruben Fernandadez não serão mais que gregários, não têm capacidade para render mais nesta altura da carreira. Bryan Coquard é a seta apontada para os sprints, um corredor muito regular mas que poucas vezes vence. Com um startlist de homens rápidos mais fraca, Le Coq pode surpreender. Thomas Champion será o seu lançador.

 

Previsão: Jesus Herrada aparece sempre bem na Vuelta mas a idade já começa a pesar, saindo de mãos a abanar. Muita regularidade de Bryan Coquard nas chegadas ao sprint.




Decathlon AG2R La Mondiale Team

Após um Tour de France para esquecer, a equipa francesa quer e precisa de fazer mais. Ben O’Connor é o principal líder, o australiano foi 4º no Giro e pretende despedir-se da melhor maneira possível da equipa onde deu o salto como ciclista da geral. Normalmente tem um dia mau, tem que evitar isso. Já Felix Gall vem tentar apagar o fraco Tour que realizou, a qualidade está lá mas isso nem sempre chega.

Valentin Paret-Peintre é um perigo para as fugas das etapas de montanha, se estiver como no Giro é provável que vença uma tirada, só que não mostrou muito desde a prova italiana. Os combativos Bruno Armirail, Clement Berthet e Geoffrey Bouchard também devem tentar, têm um espírito muito ofensivo. Victor Lafay está muito fresco, iniciou a temporada há poucas semanas. Totalmente recuperado de lesão, o gaulês é muito perigoso para as etapas de média montanha. Sander de Pestel é a aposta para as etapas planas.

 

Previsão: Ben O’Connor vai terminar no top-10 final, para a despedida na equipa francesa. Victor Lafay regressou em boa forma e vai confirmar isso com um triunfo em etapa.

 

EF Education – EasyPost

Richard Carapaz chega motivado depois de um Tour onde venceu uma etapa e a classificação da montanha. Para a sua segunda Grande Volta do ano, o foco é na classificação geral, prova onde o equatoriano já foi 2º. Se estiver nos seus dias é um dos candidatos aos primeiros lugares, um dos melhores trepadores presentes. O apoio para a montanha não é assim tanto: Rigoberto Uran vem para a despedida, já não é o mesmo de quando discutia Grandes Voltas; Jefferson Cepeda alterna boas exibições com exibições menos conseguidas; James Shaw e Darren Rafferty não são trepadores, são corredores completos. Olho em Rafferty se tiver oportunidade numa ou outra fuga.

Rui Costa estará muito motivado para voltar a vencer na Vuelta, uma prova onde foi feliz em 2023. O campeão nacional terá algumas etapas mesmo ao seu jeito, a experiência será fundamental para um bom resultado. Owain Doull e Harry Sweeney serão o apoio de Carapaz nas etapas mais planas.

 

Previsão: 3º lugar para Richard Carapaz, com o equatoriano a conquistar uma etapa pelo caminho. Jefferson Cepeda gosta de entrar em fugas e irá triunfar.

 

Equipo Kern Pharma

Uma das equipas convidadas para a edição deste ano da Vuelta. Diretamente da Volta a Portugal chega José Félix Parra, em teoria o melhor trepador da equipa. Não esteve em grande destaque na Grandíssima, apontando o pico de forma para a Vuelta. O objetivo é aparecer. Quem se pode destacar é o jovem Pablo Castrillo, terá de ter sorte nas fugas onde esteja. Apenas 23 anos mas um trepador competente e um ciclista completo, vem de ser 7º na Vuelta a Burgos e já tinha sido 5º na Volta a Eslovénia. 

Muitas fugas é o que esperamos da equipa espanhola. Urko Berrade e Jorge Gutierrez são opções mais discretas para a montanha, com Unai Iribar, Ibon Ruiz e Antonio Jesus Soto a terem a missão nas etapas mais planas. Nas chegadas ao sprint, a aposta recai em Pau Miquel, um top-10 já seria muito positivo.

 

Previsão: Pablo Castrillo será o ciclista que vai estar mais perto, mas ainda não tem estofo nem qualidade para vencer uma etapa numa Grande Volta.

 

Euskaltel-Euskadi

Será que a Volta a Portugal deu sorte à equipa basca? Mikel Bizkarra, Joan Bou e Luis Angel Maté disputaram a Grandíssima e até se evidenciaram bastante, os dois primeiros terminando no top-10 e o último vencendo uma etapa. São os melhores trepadores da equipa, a par de Txomin Juaristi. Numa formação sem objetivos para a geral, vão tentar estar no máximo de fugas possíveis para mostrar os patrocinadores e, quem sabe, triunfar numa tirada. Esta parte já será muito difícil de acontecer, nunca o conseguiram fazer nas várias presenças que tiveram na Vuelta.

Gotzon Martin é um corredor completo, com uma boa ponta final em grupos restritos, deve ter as suas oportunidades e tentar apoiar Jon Aberasturi nas chegadas em pelotão compacto. Num pelotão sem grandes sprinters, o veterano espanhol pode sonhar com bons resultados. Xabier Berasategi e Xabier Isasa completam o “oito” basco.

Previsão: Muita combatividade ao longo das 3 semanas com os seus trepadores, bem como Jona Aberasturi vai andar entre os primeiros nas chegadas ao sprint.




Groupama – FDJ

Depois de um Tour de France para esquecer, David Gaudu vai tentar salvar a temporada com uma vitória em etapa. A regularidade em 2024 não tem existido, pensar em mais que isso já será demais para o trepador francês. Remy Rochas, Kevin Geniets e Reuben Thompson são apoios razoáveis, para a Vuelta são suficientes para a ajuda na montanha, tudo depende do nível de forma do seu líder.

Quinten Pacher deve ter as suas chances nas etapas de média montanha e com finais explosivos, é alguém que se pode destacar neste terreno. Stefan Kung vem com a mira nos contra-relógios mas todos sabemos que o helvético é mais que isso, as etapas estilo clássicas também são alvos. Para além disso, deve querer testar-se, a Vuelta servirá para preparar os Campeonatos do Mundo. Entre Sven Erik Bystrom e Lorenzo Germani deve estar o sprinter que deve tentar estar na luta pelas chegadas rápidas, algo que não se avizinha fácil.

Previsão: Mais uma Grande Volta para esquecer para David Gaudu, vai voltar a falhar redondamente. Stefan Kung vai estar perto mas como sempre falha nos momentos decisivos.

 

INEOS Grenadiers

Carlos Rodriguez é o líder da equipa britânica para mais uma Vuelta. 6º em 2022, o espanhol é a grande esperança para um bom resultado, ele que esteve um pouco abaixo de esperado no Tour, quando se pensava que poderia lutar pelos primeiros lugares. Thymen Arensman é o seu braço direito e, quem sabe, também não possa vir a ser poupado até ver onde consegue ir. O neerlandês é um verdadeiro voltista, vai sempre de menos a mais e ainda este ano foi 6º no Giro.

Laurens de Plus é um gregário de montanha fabuloso, nos seus dias é dos melhores do mundo. Oscar Rodriguez e Brandon Rivera completam o bloco de montanha, dois ciclistas muito fiáveis. Jhonatan Narvaez não vai querer deixar a INEOS sem vencer uma etapa, já o conseguiu no Giro e fazer o mesmo na Vuelta na mesma temporada seria impressionante. Um perigo para as fugas das etapas de média montanha. Kim Heiduk é o gregário para o plano, a par de Joshua Tarling, ciclista que vai, com toda a certeza, brilhar nos dois contra-relógios.

 

Previsão: Carlos Rodriguez vai terminar no top-10, consolidando o seu estatuto de líder na equipa britânica. Joshua Tarling vai vencer um dos contra-relógios, Jhonatan Narvaez e Thymen Arensman vão vencer etapas em fugas na 2ª e 3ª semanas.

 

Intermarché – Wanty

Biniam Girmay, o principal protagonista da equipa, está a preparar outros objectivos, o que é perfeitamente compreensível tendo em conta o que fez no Tour e as etapas desta Vuelta. Para os sprints estão os jovens Arne Marit e Vito Braet, 2 corredores um pouco diferentes, Marit mais um puro sprinter, que este ano já fez 1 pódio na Volta a Catalunha, Braet passa bem a montanha, foi 2º na Figueira Champions Classic, e sprinta bem em grupos reduzidos.

Depois têm vários trepadores que tradicionalmente são mais caça etapas (Meintjes não tanto no passado, tem feito essa transição). O sul-africano foi 20º no Tour e em 2022 fez 10º na Vuelta, conquistando também a melhor vitória na carreira, deve entrar bem na segunda Grande Volta do ano. Dificilmente Rein Taaramae será superior à concorrência aos 37 anos, Kobe Goossens e Lorenzo Rota são 2 nomes a ter em conta na média montanha. Rota não tem conseguido mostrar o nível de 2022, no entanto foi vice-campeão nacional de estrada e fez uma boa San Sebastian, Goossens esteve lesionado no início da época e ainda não encontrou a condição física de 2023, que pode perfeitamente chegar depois do Tour.

 

Previsão: Uma equipa talhada para as fugas, com Kobe Goossens e Lorenzo Rota a tentarem por diversas vezes mas sem sucesso. Entre Arne Marit e Vito Braet, um deles vai conseguir um top-3 numa chegada ao sprint.

 

Israel – Premier Tech

Estão a fazer uma bela temporada comparando com o passado recente, ainda não picaram o ponto em Grandes Voltas. A estratégia passa por apostar em Corbin Strong para os primeiros dias, que incluem algumas oportunidades para sprinters assim. Strong está em boa forma, ganhou recentemente no Tour de Wallonie, e não há assim tantos homens rápidos, o apoio será composto principalmente por Marco Frigo e Riley Sheehan, na sua estreia em corridas de 3 semanas.

A própria equipa menciona que não sabe bem o que esperar na classificação geral, os ciclistas protegidos são Michael Woods, George Bennett e Matthew Riccitello, a partir da etapa 9 vão avaliar a situação e se for necessário mudar a estratégia para caçar etapas. Riccitello foi uma bela surpresa na Volta a Suíça e se confirmar a sua evolução tem tudo para ser o melhor dos 3 na geral, Woods diz que já debelou os problemas de saúde, será sempre um perigo nas chegadas mais empinadas. Creio que o perfil das jornadas da Vuelta não é o melhor para Bennett, que não gosta de esforços explosivos.

 

Previsão: Corbin Strong e Michael Woods vão dar uma vitória cada um à equipa. Na geral, nada a apontar, a montanha será dura demais para a fraca regularidade que apresentam os seus líderes.



Lidl – Trek

Isto é o que se chama colocar toda a carne no assador no que toca respeito à classificação geral. Depois de liderar a equipa na Volta a França, Giulio Ciccone terá um papel teoricamente mais secundário e de ajuda aos seus colegas até porque o ciclista mais protegido será Mattias Skjelmose, o dinamarquês preparou este objectivo com todo o afinco e realmente é um traçado que se adequa às suas características.

Tao Geoghehan Hart não teve uma época de estreia na Lidl-Trek nada fácil, entre quedas e lesões o britânico teve a sua preparação comprometida e inclusivamente foi obrigado a falhar a Volta a França, até na Vuelta a Burgos teve azar e abandonou na 2ª etapa. O britânico chega com um papel de co-liderança, vai tentar ganhar ritmo para ver o que consegue fazer. O lote de trepadores para apoiar a causa de Skjelmose e tentar ganhar etapas é muito bom, Patrick Konrad, Sam Oomen e Carlos Verona, parece-me dos blocos mais sólidos aqui presentes, Konrad está em boa forma. Para o terreno mais plano há Otto Vergaerde e Mathias Vacek, que também é um nome a ter em conta na média montanha.

 

Previsão: Mattias Skjelmose vai-se estrear na Vuelta com um top-10 final, uma vitória em etapa e a classificação da juventude. Patrick Konrad vai integrar uma fuga vitoriosa.

 

Lotto-Dsnty

A formação belga aposta tudo em Lennert van Eetvelt, o jovem belga surpreendeu em Fevereiro ao ganhar o UAE Tour, fez uma boa Strade Bianche e depois sofreu um contratempo com uma lesão no joelho. Regressou aos poucos, ganhou ritmo no Sibiu Tour e vem de um pódio em San Sebastian, é dos ciclistas que mais pode surpreender, na minha opinião, que tem mais potencial.

Creio que a Lotto-Dstny sabe disso e vem quase com a melhor equipa possível para o ajudar tendo em conta as armas que tem: os experientes Thomas de Gendt e Victor Campenaerts e depois alguns trepadores que têm qualidade, casos de Andreas Kron, um perigo também para as etapas, Eduardo Sepulveda, Sylvain Moniquet ou Jonas Gregaard.

 

Previsão: Lennert van Eetvelt vai surpreender e terminar no top-10.

 

Movistar Team

Enric Mas já fez pódio na Vuelta por 3 vezes e tem aqui uma última oportunidade para salvar uma época que está a ser decepcionante, tanto em termos exibicionais como em termos de resultados, com apenas 1 pódio em 2024. Pela observação podemos aferir que geralmente Mas anda muito bem no final de época, não o esperamos tão discreto como no Tour. Nairo Quintana terá as suas chances, uma vitória em etapa será o objectivo e Einer Rubio também ganhou o estatuto de ciclista protegido com o 7º posto no Giro.

Com a dupla Pelayo Sanchez e Oier Lazkano diria que dificilmente a equipa da “casa” vai sair da Vuelta sem uma vitória em etapa, especialmente se Lazkano conseguir manter a condição física que mostrou no Tour. Nelson Oliveira vai tentar brilhar nas ruas de Lisboa, Carlos Canal é um ciclista rápido em grupos reduzidos e Jorge Arcas vem para ajudar no que puder.

 

Previsão: Enric Mas vai continuar a sua senda de azares e vai ter uma Vuelta para esquecer, acabando por abandonar. Nairo Quintana vai voltar aos grandes momentos e vencer uma chegada em alto.

 

Red Bull BORA-hansgrohe

Uma equipa com mais incógnitas do que certezas. A primeira é a condição física de Primoz Roglic, abandonou o Tour com uma vértebra fraturada e a sua participação estava em dúvida, acaba por ser um regresso onde já foi feliz, em 2019, 2020 e 2021 e a uma corrida que é claramente a melhor Grande Volta para as suas qualidades. Aleksandr Vlasov está numa situação parecida, partiu o tornozelo no Tour, certamente não é a melhor preparação e em termos hierárquicos parte da mesma posição.

Isto porque não há Jai Hindley, mas há Daniel Martinez, 2º classificado no Giro 2024. Desde então só fez 2 dias de competição, foi 25º nos Jogos Olímpicos e não terminou em San Sebastian, no entanto também não fez um pré-Giro por aí além e fez 2º. As incógnitas estendem-se um pouco aos gregários, Roger Adria, Florian Lipowitz (atenção ao alemão que fez 3º no Tour de Romandie e ganhou o Sibiu Tour) e Patrick Gamper não têm muita experiência nestas funções e numa prova desta envergadura. Nico Denz irá comandar as tropas.

Previsão: Primoz Roglic adora a Vuelta e vai vencer duas etapas no entanto não vai triunfar na geral, terminando em 2º. Florian Lipowitz vai confirmar a boa temporada que está a ter, com uma vitória em etapa.



Soudal Quick-Step

Depois de ajudar Remco Evenepoel a obter o pódio no Tour, Mikel Landa tem aqui uma belíssima oportunidade para também confirmar tudo o que fez em estradas francesas, foi 5º nas contas finais, fez 5º também na Vuelta em 2023, também por isso é um dos candidatos mais sólidos ao top 5. Landa terá um ponto a seu favor, não é alguém que se contenta com um lugar de honra, mesmo com poucas forças vai sempre lutar por algo mais nesta fase da carreira.

De resto, o alinhamento conta com vários trepadores bastante competentes, sem serem incríveis. Louis Vervaeke é muito experiente neste contexto, Mauri Vansevenant deve ser muito perigoso nas etapas de média montanha, fez uma belíssima campanha nas Ardenas, Mattia Cattaneo e Kasper Asgreen são muito completos e James Knox pode ser aquele que mais perto vai andar de Landa na alta montanha. Casper Pedersen é um nome a ter em conta em grupos reduzidos e William Lecerf, um jovem que este ano já impressionou, vai ter oportunidade de se estrear em Grandes Voltas.

 

Previsão: Mikel Landa vai fazer 5º lugar na geral e Mauri Vansevenant dará a vitória em etapa que a equipa belga vai procurar ao longo das 3 semanas.

 

Team dsm-firmenich PostNL

Um alinhamento novamente marcado por muita juventude e por alguns estreantes em Grandes Voltas, a equipa sabe muito bem o que quer e vem com agulhas apontadas principalmente na geral e nas poucas chegadas ao sprint. Pavel Bittner foi dos homens rápidos que mais subiu no ranking ultimamente, um pódio na Volta à República Checa, 2 vitórias em Burgos, o checo de 21 anos chega pleno de confiança e com pouca concorrência pode surpreender. O bloco de apoio não é super potente, Julius van den Berg deve ser uma boa ajuda.

Para a classificação geral, as agulhas estão apontadas para Max Poole, que recentemente desafiou até ao limite Sepp Kuss na Vuelta a Burgos. O britânico esteve presente em 2023, foi o primeiro líder da corrida e ganhou muita experiência e rodagem, fraturou o cotovelo em Março e a partir daí este é o grande objectivo da temporada, um top 10 já seria considerado objectivo cumprido. Esta estrutura não tem propriamente grande apoio na montanha, ter Chris Hamilton e Gijs Leemreize já não é nada mau para Poole.

 

Previsão: Apesar da enorme expectativa, a equipa neerlandesa vai sair de mãos a abanar. Pavel Bittner e Max Poole vão andar próximos do triunfo.

 

Team Jayco AIUla

É uma formação com uma mentalidade bastante ofensiva e não escondem isso na antevisão para esta corrida, não fosse o director desportivo Pieter Weening. Aparentemente chegam sem pretensões para a classificação geral, aquele que terá mais condições para tal, também dependendo das circunstâncias da corrida é Filippo Zana, 11º no Giro e um corredor que fez uma preparação específica para esta competição.

Chris Harper teve vários problemas de saúde durante o Tour e já teve estar em melhor forma, enquanto a condição física de Eddie Dunbar é um pequeno mistério, não deu grandes indicações nas últimas corridas. Acho que Mauro Schmid vai ser um grande problema para os rivais nas etapas de média montanha, 4º na Arctic Race e 1º na Volta a Eslováquia, está claramente em melhor forma do que no início do ano. Felix Engelhardt é o mais rápido desta equipa, que conta também com Alessandro de Marchi, Welay Berhe e Callum Scotson.

 

Previsão: Mauro Schmid está muito sólido e chega forte. Tudo isto vai levar a uma vitória em etapa.

 

Team Visma | Lease a Bike

Procuram defender o título conquistado em 2023 e para tal trouxeram precisamente o campeão da Vuelta, Sepp Kuss. O norte-americano já confessou não gostar da responsabilidade da liderança, os melhores resultados dele aconteceram quando não tinha essa pressão, no entanto vai ter de assumir as rédeas e os sinais que mostrou em Burgos foram encorajadores.

Não acredito num papel muito influente de Cian Uijtedebroeks, não obstante o 8º posto na geral em 2023, o belga não tem progredido como se esperava e os resultados estão muito aquém. Esta não é uma formação incrível para a alta montanha, Kuss vai ter de confiar nas capacidade de Steven Kruijswijk e Attila Valter, principalmente tendo em conta que Wout van Aert vem a pensar em etapas e há algumas que se adequam ao seu perfil. Robert Gesink dá ainda mais experiência, Dylan van Baarle e Edoardo Affini capacidade de protecção no terreno plano.

 

Previsão: Wout van Aert vai vencer, pelo menos, duas etapas e conquistar a classificação por pontos. Sepp Kuss não vai cosneguir defender o título conquistado no ano passado, terminando em 4º.




UAE Team Emirates

É a equipa mais bem apetrechada da Vuelta em termos de classificação geral, depois de Tadej Pogacar ter arrecadado o Giro e o Tour cabe a outros corredores a responsabilidade de completar o “hat-trick” de Grandes Voltas. Para isso, a formação que lidera o UCI World Ranking escolheu deixar de fora Juan Ayuso e elegeu João Almeida e Adam Yates como líderes principais, até os próprios já admitiram que será essa a hierarquia, um pouco como aconteceu na Volta à Suíça.

De Adam Yates já se sabe o que esperar, é um dos voltistas mais consistentes da actualidade, mas também não o estou a ver a ganhar uma Grande Volta, já João Almeida mostrou sinais de melhoria no Tour, terminou em 4º mesmo a trabalhar para Tadej Pogacar e parte numa posição de candidato para esta Vuelta, até porque também já fez pódio no Giro no passado. Espero uma UAE mais ofensiva globalmente, Pavel Sivakov e Marc Soler terão mais liberdade e de Isaac del Toro não se sabe muito bem o que esperar, o talentoso mexicano tem um potencial muito elevado e um motor muito grande. Vamos ver o papel de Brandon McNulty, que no passado já intuiu querer liderar a equipa e que está a fazer uma época de boa qualidade. Jay Vine vem para ajudar e ganhar ritmo competitivo depois da longa paragem que teve e Filippo Baroncini faz a estreia em Grandes Voltas.

 

Previsão: João Almeida vai fazer história e, em Madrid, vai celebrar o triunfo final na Vuelta 2024! O português e Brandon McNulty vão vencer uma etapa cada um.

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