AG2R Citroen Team
Por tradição, o Giro não é uma competição em que a equipa francesa aposte muito e isso repete-se em 2022. Tal como no ano passado a principal figura de cartaz é Andrea Vendrame, um italiano que passa bem a média montanha e tem uma boa ponta final. É muito consistente, mas é muito raro ganhar porque não é um sprinter de topo e não aguenta a alta montanha, o mais provável é que num grupo reduzido haja alguém mais rápido que ele.
Lilian Calmejane não está a conseguir voltar ao seu melhor nível e Nans Peters não tem estado muito certeiro. O foco na montanha estará em 2 jovens: Jaakko Hanninen, que ainda pouco mostrou ao mais alto nível, e Felix Gall, que já está a levantar algumas atenções. É um jovem que estava na DSM e está a tentar relançar a sua ainda curta carreira, bom trepador e com boa ponta final vai aqui estrear-se nas Grandes Voltas depois de ter sido 6º no Tour of the Alps e 12º na Volta ao País Basco.
Previsão: Andrea Vendrame e Felix Gall serão os principais animadores da equipa, com o jovem austríaco a conseguir a grande vitória da sua ainda curta carreira.
Alpecin – Fenix
A ausência de Tim Merlier, uma das figuras de 2021, abriu ainda mais as portas da liderança incontestada a Mathieu van der Poel, que vem com o pensamento de conquistar a camisola rosa. Veremos se o holandês chega ao fim das 3 semanas e eventualmente terá como objectivos a Maglia Ciclamino, mas há várias etapas que se adequam às suas características. Se quiser a classificação por pontos, Mareczko vai ter de se contentar com funções de lançador, caso contrário terá algumas chances, até porque o neerlandês não é um sprinter puro.
Ao longo da prova mais corredores terão certamente as suas, falamos de Oscar Riesebeek ou Dries de Bondt nas etapas de média montanha, mas para além de Van der Poel, estamos com muita expectativa para ver o que consegue Stefano Oldani, um ciclista que tem um bom sprint, adora condições adversas e está a correr em casa. Tobias Bayer é aquele que está mais em casa na montanha, mas ainda não teve grandes resultados este ano.
Previsão: A estreia de Mathieu van der Poel será coroada com duas vitórias em etapa e, possivelmente, com a camisola rosa.
Astana Qazaqstan Team
Levaram à letra o conceito de meter toda a carne no assador. Para além de Vincenzo Nibali (claramente longe do seu melhor, mas ainda capaz de fazer uma gracinha e ganhar uma etapa de montanha na despedida), a formação cazaque vem com a sua grande aposta de 2022, Miguel Angel Lopez. O colombiano tem estado muito apagado esta temporada e o triunfo no Tour of the Alps foi um rasgo depois de ter perdido minutos no dia anterior. Lopez tem problemas em colocar-se, a sua equipa terá problemas nos dias de média montanha e ainda perde muito tempo no contra-relógio. se juntarmos a isso os segundos que vai perder nas chegadas explosivas um triunfo no Giro parece-nos impossível.
Ainda assim atenção, apesar de todas as dificuldades financeiras e relativa crise de resultados que a equipa atravessa, conseguiram montar um alinhamento muito interessante, dos melhores blocos mesmo na montanha, com Joe Dombrowski, Harold Tejada, Valerio Conti, David de la Cruz e Fabio Felline. Se as coisas não correrem tão bem para Lopez, é uma equipa que pode conquistar bem mais do que 1 jornada.
Previsão: Miguel Angel Lopez centrou a sua primeira parte da temporada no Giro e não vai falhar, conseguindo terminar no top-5, depois de uma excelente semana final.
Bahrain-Victorious
Aparentemente o líder é Mikel Landa, mas será assim tão linear? O basco tem tido uma preparação cautelosa e sem ser a Liege-Bastogne-Liege onde fez um trabalho importante para os seus colegas, ainda não mostrou assim tanto. Landa tem 31 anos, o tempo está a passar rapidamente por ele e sabe-se que irá perder bastante tempo entre contra-relógios e chegadas explosivas. Ou seja, será talvez o principal impulsionador de dinamitar a corrida na alta montanha. A alternativa chama-se Pello Bilbao e tem ganho cada vez mais força com o passar das semanas. Foi 6º em 2018, 5º em 2020, é muito regular, é melhor que Landa em muitos terrenos e é uma excelente 2ª opção. Pela sua polivalência, versatilidade e principalmente capacidade nas descidas é bem possível que Bilbao faça um top 10 pelo que mostrou recentemente, senão mesmo um top 5.
O gregário de luxo chama-se Wout Poels, que muito provavelmente até ira passear um poucos nos primeiros dias e evitar problemas, para estar bem fresco na última semana, sendo que Santiago Buitrago evoluiu muito e pode ser outra ajuda importante. Jan Tratnik é incrível na média montanha, enquanto Jasha Sutterlin vai tentar guiar Phil Bauhaus nas chegadas rápidas. Não seria uma surpresa assim tão grande se o alemão vencesse 1 etapa.
Previsão: Mikel Landa e Pello Bilbao vão formar um duo muito perigoso nas etapas de montanha. Landa falhará num dos dias importantes o que fará com que Bilbao seja o melhor da equipa. Bilbao irá vencer uma etapa e ser o ciclista da equipa árabe no top 10 final. Ao sprint, Phil Bauhaus conseguirá um triunfo.
Bardiani – CSF Faizané
A típica equipa Pro Continental italiana, este ano com um alinhamento 100% transalpino num dia de veterania e juventude. No lado dos veteranos, temos o sprinter Sacha Modolo, que vai ter um lugar entre os melhores nas etapas planas. No entanto, é possível que em alguns dias a aposta recaia em Filippo Fiorelli, que tem obtido bons resultados. Alessandro Tonelli será um dos super combativos, a par de Samuele Zaccarato.
No lado da juventude, o grande destaque recai em Filippo Zana, um ciclista que acabaria por ser 3º na Volta a França do Futuro em 2021. Zana já no ano passado participou no Giro e desta vez já sabe o que a casa gasta, iniciou bem a temporada, mas os últimos resultados não indicam que esteja na melhor forma. Gabburo, Covilli e Rastelli completam o alinhamento.
Previsão: Muita combatividade ao longo das três semanas mas nada mais que isso.
BORA-Hansgrohe
Um dos blocos mais poderosos e que curiosamente ao mesmo tempo nos dá menos garantias. Wilco Kelderman parte como chefe de fila e realmente o neerlandês é tremendamente consistente em corridas de 3 semanas, mas em 2022 ainda não mostrou nem de longe nem de perto esse desempenho, especialmente o de 2020, quando fez pódio. Nesse Giro, também Jai Hindley fez pódio, que este ano voltar a compartilhar equipa com Kelderman e tal como o holandês tem tido uma temporada abaixo das expectativas. Em 2020 as coisas não correram na perfeição em termos de comunicação e também pretendem deixar isso para trás.
Emanuel Buchmann é uma grande incógnita, mas não auguramos nada de bom, o alemão desapareceu completamente dos primeiros lugares depois de 2019 e não parece estar a caminho disso, enquanto há esperança há vida. Gamper, Zwiehoff, Benedetti e Aleotti vêm para trabalhar, enquanto Lennard Kamna continua a sua transformação para um dos caça etapas mais eficazes do pelotão e terá liberdade para perder tempo e fazer a sua própria corrida.
Previsão: Nenhum dos três líderes conseguirá o objetivo final de terminar no top-10. O foco irá para as etapas e será Lennard Kamna a conseguir salvar a “honra do convento”.
Cofidis
Uma daquelas equipas que se renovou praticamente na sua totalidade face ao ano passado, do 8 escolhido em 2021 apenas Remy Rochas e Simone Consonni repetem a presença. Consonni entretanto foi promovido, com a saída de Viviani, a um dos principais ciclistas da equipa, que quer continuar a somar pontos para ficar no World Tour. Beneficia do facto de ser consistente, colocar-se bem e até passar bem as colinas. Terá Cimolai e Kreder para o lançar.
As agulhas viraram dos sprints para a classificação geral, visto que Guillaume Martin vai fazer a sua estreia na Volta a Itália. Em 2021 foi 8º no Tour e 9º na Vuelta, e o trepador gaulês vai querer continuar a melhorar, as subidas italianas assentam-lhe bem. Sempre com um espírito ofensivo, vem de fazer 8º na Volta a Catalunha e 9º no Paris-Nice, o top 10 final é muito provável. O problema é que na montanha não terá muita ajuda, Davide Villella, Remy Rochas e Anthony Perez são os que se defendem melhor, mas estão longe de ser grandes gregários.
Previsão: No seu estilo bastante discreto, Guillaume Martin finalizará no top-10, concluindo um importante marco na sua carreira.
Drone Hopper – Androni Giocatolli
Vai ser um importante teste para os comandados de Gianni Savio a este nível. Os 3 ciclistas com mais capacidade todos já tiveram bons resultados a nível dos circuitos continentais este ano, mas não no World Tour. O mais experiente de todos é Eduardo Sepulveda, que surpreendeu tudo e todos na Volta a Turquia ao vencer a etapa rainha. É alguém muito conhecedor do pelotão e inteligente a correr, mas o mais provável é ter alguém mais forte que ele nas fugas da montanha. Jefferson Cepeda é daquelas apostas da Androni a longo prazo, talvez uma transferência para uma grande equipa esteja no horizonte. Deu excelente indicações no Giro di Sicilia, ao fazer 2º, depois de um início de época calmo, pode estar a entrar num grande período.
O resto da equipa vai pensar em fugas, uns mais no terreno plano, outros mais na montanha, como Edoardo Zardini. No entanto, é preciso ter atenção a outras das pérolas do ciclismo africano, Natnael Tesfatsion. O eritreu de 22 anos ganhou a Volta a Ruanda este ano e vem de 2 top 6 no Tour of the Alps, onde esteve boa parte deste pelotão do Giro. É um trepador razoável, que tem uma boa ponta final, um puncheur que se vai focar nas etapas de média montanha.
Previsão: A formação de Gianni Savio será uma das grandes animadoras do Giro, Jefferson Cepeda e Natnael Tesfatsion serão dos mais inconformados, mas ainda não será este ano o regresso aos triunfos na Grande Volta italiana.
EF Education – EasyPost
Tal como no ano passado a aposta recai no britânico Hugh Carthy e depois de um razoável 8º posto em 2021, a expectativa está mais elevada. Mas apenas pelo passado mais longínquo, o passado mais recente tem sido bastante discreto, ainda não se viu Hugh Carthy em 2022 e sinceramente não temos qualquer expectativa sobre ele. Este Giro vai ser importante pois vai aferir se houve evolução na carreira ou a estagnação de alguém que continua a ter lacunas para discutir Grandes Voltas. A confiança em Carthy também diminuiu, a estrutura de apoio não é tão forte como em tempos e tem pouca experiência. Merhawi Kudus talvez seja o mais fiável, Simon Carr é irregular e Jonathan Caicedo nunca foi gregário de um grande líder.
No meio disto tudo vamos ver se o salvador da pátria não vai ser o irreverente Magnus Cort, um ciclista incrível que vence quando menos se espera e que é incrivelmente certeiro nas apostas que faz. O mais provável é um triunfo do dinamarquês sair de uma fuga.
Previsão: O Giro de Hugh Carthy será igual ao resto da temporada, não conseguirá finalizar entre os primeiros. Magnus Cort é um todo-o-terreno, e quando se focar em determinadas etapas, irá consegui-lo.
EOLO – Kometa
No ano passado havia zero expectativas e foram incríveis, esta época a responsabilidade é outra e têm entrado nas corridas com outra atitude. Boa parte da equipa é igual e está presente uma das estrelas, Lorenzo Fortunato. Este é o grande objectivo de temporada para ele, a forma tem subido aos poucos e o 2º lugar na Vuelta as Asturias é um bom indicador. Resta saber se ele vai tentar um bom lugar na geral ou se vai perder tempo logo nos primeiros dias para tentar ir à caça de etapas e possivelmente da classificação da montanha.
Muita atenção ainda a Diego Rosa, que tenta aqui uma nova aventura na carreira, com outra liberdade. A época não estava a correr bem até ao Giro di Sicilia, a forma está a melhor. Vincenzo Albanese, com a sua boa ponta final, é um perigo constante para as etapas de média montanha. Mirco Maestri será um dos animadores nas etapas planas.
Previsão: Pelo segundo ano consecutivo, a formação de Alberto Contador conseguirá ser lembrada no final do Giro. Lorenzo Fortunato voltará a ser o destaque, desta vez finalizando no top-10 final. Vincenzo Albanese também chega em grande e vencerá uma tirada de média montanha.
Groupama-FDJ
Arnaud Demare não se pode queixar de falta de oportunidades. Numa formação com tantos trepadores de qualidade, a escolha foi trazer uma equipa completamente para o sprinter francês, com o seu comboio completo. E a pressão é grande, apesar de uma boa Milano-SanRemo, Demare chega ao Giro sem grande ritmo, sem vitórias e com apenas 1 pódio numa altura em que Pinot e Storer estão a ganhar outro estatuto interno. Mesmo com um comboio desta qualidade (Jacopo Guarnieri, Ramon Sinkeldam e Miles Scotson), Demare muitas vezes perde-se dele nos finais confusos, tem de confiar mais.
Attila Valter, 4º na Strade Bianche e 5º no Tour of the Alps, vai ter liberdade para fazer a sua equipa, mas não muito apoio ao longo da mesma. Foi 14º no ano passado, sem equipa não parece poder fazer muito mais, talvez aposte numa etapa este ano.
Previsão: Com quase toda a equipa focada em Arnaud Demare, o francês não vai falhar e vai regressar aos triunfos em Itália. A consistência fará com que Demare ganhe a classificação por pontos.
INEOS Grenadiers
O grande bloco a abater. A formação britânica está a viver um período de ouro depois do que conseguiu nas clássicas do empedrado e quando assim é tudo parece fluir de outra forma. E tem aquele que é talvez o maior candidato à vitória: Richard Carapaz. O equatoriano começou a temporada como é seu apanágio, devagar e a ganhar ritmo. O que fez na Volta a Catalunha foi algo incrível para voltar a entrar na luta pela corrida, a preparação correu sem grandes problemas, sabe o que é ganhar o Giro, é consistente e parece que fica melhor com o passar dos dias.
Numa segunda linha, a Ineos Grenadiers irá colocar Pavel Sivakov e Richie Porte, serão estas as principais ajudas a Carapaz em muios momentos e o mais incrível é que seriam líderes indiscutíveis em metade das outras equipas. Apenas têm de evitar grandes problemas de saúde e quedas, podem muito bem acabar no top 10 final. Jonathan Castroviejo é incrível em todos os terrenos, Ben Tulett é um talentoso trepador e Jhonatan Narvaez continuou a evoluir este ano, será útil até no terreno plano. Salvatore Puccio e Ben Swift serão essenciais para comandar as tropas e colocação no terreno plano.
Previsão: Richard Carapaz já sabe o que é ganhar o Giro e isso será fundamental para que, daqui a 3 semanas, volte e levantar o troféu final. Pelo meio, triunfará numa etapa de montanha. Richie Porte também fará top-10.
Intermarché – Wanty – Gobert Matériaux
Uma das equipas do momento, estão a fazer uma época de outro Mundo com as armas que têm. A grande estrela é Biniyam Ghirmay, depois do que o eritreu fez nas clássicas. Ainda não se percebeu muito bem a sua especialidade como ciclista, pois não parece ser um puro sprinter e não aguenta muita montanha, é um corredor para esforços explosivos e que com a colocação certa pode bater muitos sprinters. O plano é Ghirmay fazer o Giro até ao fim, dependendo de como correrem os primeiros dias porque não pensar na classificação por pontos?
A equipa também pensa na classificação geral, Domenico Pozzovivo está a andar bem e sabe perfeitamente o que fazer para alcançar esse objectivo, contando ainda com a ajuda preciosa de Jan Hirt e Rein Taaramae. O ciclista da estónio está a andar muito bem e é um grande candidato a vencer 1 etapa através de uma escapada. Lorenzo Rota é muito regular e muito completo, Barnabas Peak não tem um mau sprint e Loic Vliegen e Aime de Gendt são muito versáteis.
Previsão: Biniyam Ghirmay será um dos principais animadores, no entanto terá sempre grande concorrência em todo o tipo de terreno e por isso não conseguirá vencer. No entanto, a equipa belga vencerá através de Rein Taaramae.
Israel – Premier Tech
Uma equipa que precisa de resultados e de pontos e que espera isso mesmo do sprinter Giacomo Nizzolo. A equipa está toda montada para o veterano italiano que venceu a classificação por pontos em 2015 e 2016, mas que curiosamente apenas em 2021 se estreou a ganhar aqui. Ainda não venceu em 2022 e apenas tem 1 pódio no World Tour, mas por vezes também optou por corridas menos boas para ele em detrimento de uma melhor preparação para o Giro, vamos ver se compensa. O comboio é bom, com Dowsett, Biermans e Zabel, que é um lançador muito experiente.
Alessandro de Marchi vai ter liberdade nas etapas de montanha para fazer o que melhor sabe, integrar fugas, só que o nível é muito elevado e vamos ver se o corredor de 35 anos ainda tem capacidade para grandes triunfos.
Previsão: Giacomo Nizzolo foi a grande contratação do ano e vai confirmar o porquê, triunfando numa das chegadas ao sprint e discutindo a Maglia Ciclamino até ao fim.
Jumbo-Visma
Apesar de envergar o dorsal 1 da equipa, Tom Dumoulin chega aqui sem pressão e focada em ajudar a equipa e conquistar etapas, tendo oportunidades óbvias nos contra-relógios. O holandês ainda está muito intermitente, viu-se isso no UAE Tour e parece ter recuperado alguma alegria ao fazer as clássicas.
O líder na estrada deverá ser Tobias Foss, que vem a falar e a preparar este objectivo há muito tempo. O norueguês é um bom contra-relogista que precisa de melhorar na montanha. Até começou bem na Volta ao Algarve, depois pouco competiu e as expectativas também são baixas, vamos ver o que sai do Etna.
Edoardo Affini está a preparar-se para estes contra-relógios há muito tempo e diríamos que é a aposta mais certa para uma etapa, enquanto Sam Oomen e Koen Bouwman podem ser muito úteis a Foss caso o norueguês esteja na luta por um bom lugar na geral.
Previsão: Edoardo Affini vencerá um dos contra-relógios e Tom Dumoulin triunfará numa etapa de montanha, já depois de estar fora da luta pela classificação geral.
Lotto Soudal
Numa equipa altamente dependente de Caleb Ewan, o australiano chega aqui com uma pressão enorme em cima dos ombros, ainda por cima o leque de sprinters não é assim tão forte quanto isso. O mais certo é não completar o Giro, portanto vai dar tudo em 4 ou 5 dias que tem apontados no livro de prova. As 2 vitórias na Volta a Turquia deram-lhe confiança, no entanto continuam os problemas de colocação ocasionalmente para Ewan, que vem com o seu comboio habitual de Kluge e Selig.
Harm Vanhoucke vai tentar fazer uma gracinha na montanha, é preciso que se poupe e perca tempo nos primeiros dias, é um caça etapas já com alguma experiência. Matthew Holmes também deve tentar algo, enquanto Thomas de Gendt está bem longe do seu melhor e do que já conseguiu fazer em Grandes Voltas.
Previsão: Caleb Ewan confirmará o estatuto de grande sprinter do pelotão internacional, vencendo por duas vezes.
Movistar Team
Uma daquelas equipas que pode ter uma grande influência neste Giro. Apesar de partir com o dorsal 1, Alejandro Valverde está aqui para ganhar etapas e ver o que consegue na geral, todos sabem que o espanhol tem fragilidades nas jornadas com alta montanha e muito acumulado. Ivan Sosa é um grande joker nesta corrida, vem de uma moralizadora vitória na Vuelta as Asturias e a Movistar tem esperanças no colombiano que veio da Ineos precisamente para ter um papel mais importante. De recordar que nas Asturias Sosa bateu Fortunato, que é um bom trepador a este nível, e que esse foi o mesmo caminho que Carapaz e Landa fizeram quando estiveram a top no triunfo do equatoriano.
O bloco de apoio até é bastante bom e sabe para o que vem, especialmente os espanhóis Antonio Pedrero e Sergio Samitier, bons trepadores. Jose Joaquin Rojas será o capitão, Barta e Arcas mais para o terreno plano e Lazkano vem ganhar experiência a este nível.
Previsão: Ivan Sosa vai confirmar o bom momento, terminando no top-10 final. Alejandro Valverde vai fechar a sua última presença no Giro com um triunfo.
Quick-Step Alpha Vinyl Team
Tendo em conta o que vimos esta temporada, poderá ser a última grande chance de Mark Cavendish vencer numa Grande Volta, é preciso recordar que o britânico já tem 36 anos, e até agora este ano tem-se mostrado menos forte que em 2021. Cavendish continua a ser incrível na colocação e o race craft, apesar de débil na montanha, as outras equipas vão querer aproveitar-se disso. Conta com um dos melhores lançadores do Mundo em Michael Morkov, ainda tem Bert van Lerberghe e Davide Ballerini, é o melhor comboio do Giro.
Os restantes terão o papel livre, nomeadamente Mauri Vansevenant, uma enorme promessa que tarda em confirmar-se no World Tour. Tem mostrado alguns laivos de genialidade, um triunfo aqui catapulta-o para outro nível internamente. Caso vá para a geral vai contar com o apoio de James Knox e de Pieter Serry, enquanto Mauro Schmid vai ser muito perigoso em fugas de média montanha.
Previsão: Com Michael Morkov a guiá-lo, mais tarde ou mais cedo, Mark Cavendish conseguirá vencer uma etapa. Com liberdade, Mauro Schmid vai confirmar que a vitória do ano passado não foi um acaso, conseguindo novo triunfo.
Team BikeExchange – Jayco
Não tendo as armas de anos anteriores, esta é a grande aposta não só de Simon Yates, mas também da formação australiana em 2022. Este bloco de ciclistas tem-se preparado para este momento desde o início do ano e dentro do possível tudo está bem. Yates continua a ser um ciclista do 8 ou 80, nunca sabemos se vai ter uma grande quebra ou uma grande vitória, ainda agora se viu nas Asturias, a facilidade com que tem um dia mau. Para ganhar ou fazer pódio aqui precisa de ter esse dia mau no dia certo e minimizar perdas e mesmo assim pode não ser suficiente.
O bloco da BikeExchange não é incrível, estonteante, mas também não é terrível. Damien Howson é muito desvalorizado nas tarefas que faz, tem um motor enorme na montanha e dá tudo por um líder. Lawson Craddock é completo e faz boas exibições na montanha e a peça chave será Lucas Hamilton, que em 2022 ainda não fez grande coisa, é preciso que esteja a 100% para ajudar Yates nos momentos cruciais. Sobrero também pode dar uma mãozinha na montanha, enquanto Scotson, Hepburn e Juul Jensen são para o terreno plano.
Previsão: Simon Yates será o grande rival de Richard Carapaz e vai terminar o Giro em 2º lugar. O britânico é um corredor muito ofensivo e isso valer-lhe-á um triunfo.
Team DSM
A DSM está numa boa fase, as vitórias conseguidas recentemente, nomeadamente no Tour of the Alps, deram outra folga para trabalhar e correr. Bardet fez uma excelente exibição da corrida italiana e já estará recuperada da queda da Liege-Bastogne-Liege. O percurso é muito bom para o francês pelos poucos quilómetros de contra-relógio, ele que adora subidas empinadas também. O seu braço direito, tal como nos Alpes, será Thymen Arensman, um ciclista que tem subido paulatinamente dos rankings e que agora tem de ser considerado candidato ao top 10 em qualquer prova por etapas com montanha onde entre.
O sprinter de serviço será Alberto Dainese, é ele a aposta nas etapas planas, com Cees Bol a ter as suas chances quando Dainese não conseguir passar as dificuldades. Depois parece-nos é que falta uma segunda linha de apoio tanto aos sprinters como aos trepadores, sendo que na montanha a condição física de Chris Hamilton vai ditar muito do que poderá ser o suporte a Bardet e Arensman.
Previsão: Romain Bardet confirmará o seu regresso aos bons momentos com o top-5 na classificação geral final.
Trek – Segafredo
Um dos alinhamentos mais estranhos deste Giro, na nossa opinião. Giulio Ciccone estava a fazer um Giro incrível em 2021, quando foi obrigado a abandonar, o que claramente foi um rude golpe psicologicamente para o transalpino. Havia grandes expectativas sobre o que poderia fazer em 2022, e até agora tem desiludido, não se sabe muito bem em que condição física chega ao grande objectivo do ano nem o que esperar dele. Em grande parte o mesmo se aplica a Bauke Mollema, um veterano que supostamente vem caçar etapas, que não está a 100% e que foi 7º aqui em 2019 e 28º em 2021.
No meio disto tudo ainda há os jovens trepadores que estão a evoluir a olhos vistos, especialmente Mattias Jensen, 3º no Tour de la Provence e 16º numa muito dura Volta a Catalunha. Juan Pedro Lopez e Dario Cataldo vêm apoiar para o que for preciso, enquanto Edward Theuns tem aqui uma rara oportunidade para sprintar nas etapas em que conseguir ficar com o grupo principal.
Previsão: Giulio Ciccone virá a pensar na geral mas vai acabar por desistir dessa ideia e focar-se em etapas, objetivo esse que cumpirá. Por arrasto, começar a somar pontos para a montanha, classificação essa que vencerá no final da competição.
UAE Team Emirates
A esperança nacional! João Almeida regressa ao Giro depois de ter feito 4º em 2020 e 6º em 2021 (mesmo trabalhando e perdendo tempo na fase inicial). É muito raro um ciclista aos 23 anos ter este registo, 2 Grandes Voltas e 2 top 6. João Almeida é daqueles ciclistas que tem andado sempre bem na última semana, começou o ano de forma algo morna no UAE Tour e no Paris-Nice e despontou na Volta a Catalunha para acabar em 3º da geral. Precisa de mitigar os dias maus que tem e corrigir o posicionamento nas etapas, daí precisar de uma equipa experiente ao seu redor, está com as ambições altas depois de um estágio em altitude com o bloco da UAE Team Emirates.
Davide Formolo já afirmou há muito tempo que vai ter um papel livre neste Giro, quase como fazer o que quer. Obviamente que se João Almeida cedo ficar de rosa não vai ser bem assim. Rui Costa e Rui Oliveira têm treinado com João Almeida e fazem parte do núcleo duro do corredor de Caldas da Rainha.
No entanto temos algumas reservas sobre o resto da equipa por alguns motivos. Comparando com a Astana, a Ineos e a BikeExchange, dando apenas alguns exemplos, a UAE Team Emirates é a única que vem com um sprinter e respectivo lançador (Gaviria e Richeze), mesmo com o colombiano a não dar grandes garantias de vitória num sprint principalmente face a Ewan. Possivelmente úteis no terreno plano, não poderão fazer nada na montanha. Diego Ulissi e Alessandro Covi são bons ciclistas, mas são puncheurs e não trepadores, e mesmo Covi não parece na forma com que arrancou 2022. Essencialmente, nenhum deles tem grande experiência a correr uma Grande Volta para um grande líder, o que prejudica na gestão de certas situações. Esperamos obviamente que o bloco se supere e que João Almeida esteja a um bom nível para vermos isso a acontecer.
Previsão: João Almeida será um dos grandes animadores do Giro, vencerá um dos contra-relógios, terminará em 3º e, por consequência, vencerá a classificação da juventude. Fernando Gaviria vai confirmar a boa temporada com uma vitória em etapa.