Alpecin – Deceuninck
Tal como em 2023, a equipa vem com Kaden Groves como principal ciclista e líder da equipa, pelo menos nas etapas que tenham pouca montanha. Será mais uma boa oportunidade para o sprinter australiano que não começou bem a temporada. Por isso mesmo haverá algumas dúvidas em seu redor, chega aqui sem qualquer pódio, enquanto que em 2023 já trazia 3 vitórias na bagagem. Vem com um comboio razoável, mas é preciso lembrar que chances óbvias ao sprint há 5, depois há ali mais 3 ou 4 etapas onde é possível, no entanto é preciso boas pernas para passar as dificuldades.
Ciente que é um Giro com bastante montanha ao longo das jornadas, a Alpecin até vem com mais trepadores do que o habitual, sendo que Quinten Hermans, um experiente ciclista de 28 anos, com apenas 2 Grandes Voltas realizadas, vai ser sempre um corredor a ter em conta nas etapas de média montanha, sprinta bem em grupos reduzidos. Tobias Bayer e Nicola Conci vão tentar na alta montanha, duvido que consigam fazer estragos, um pódio numa etapa já seria muito bom.
Previsão: Há nove Grandes Voltas consecutivas que a equipa belga vence, algo que vai acabar neste Giro. Kaden Groves tera forte concorrêcia e vai continuar com o ano fraco. Quinten Hermans vai andar perto mas a vitória não vai sorrir.
Arkea – B&B Hotels
Uma das sensações das clássicas, obteve vários resultados surpreendentes que resultaram numa soma avultada de pontos para o World Ranking. Globalmente estava à espera de um alinhamento mais ambicioso, vêm com algumas segundas linhas, metade dos corredores contam para a juventude. Desses jovens destacam-se Louis Barré (6º no Tour of Guangxi em 2023 e que ainda não mostrou essas pernas em 2024) e Ewen Costiou (aquele que me desperta mais curiosamente, fez 17º no Paris-Nice e espero que ande bem na montanha).
A aposta recai mais nos sprints com a dupla Jenthe Biermans e David Dekker a tentar fazer uma gracinha, algo que não vai ser fácil perante os pesos pesados como Jakobsen, Milan ou Merlier. O inconstante Dekker fez 1 pódio no Giro em 2023 e Biermans, que está a passar muito bem as colinas, chega com 1 vitória em 4 pódios a este Giro, é alguém do qual espero alguns top 10.
Previsão: Num alinhamento sem grandes figuras também não se podem esperar milagres. Ewen Costiou vai continuar a mostrar-se mas pouco mais que isso.
Astana Qazaqstan Team
Considero que a formação cazaque foi muito inteligente na abordagem a este Giro. Vendo que o Tour ia estar mais do que recheado com estrelas e apercebendo-se de algumas lacunas nesta primeira Grande Volta do ano, decidiu mudar o planeamento de Alexey Lutsenko, que afinal está aqui presente. Lutsenko é sempre uma incógnita, ciclista capaz de fazer top 10 no Tour ou passar completamente despercebido durante 3 semanas, venceu recentemente o Giro d’Abruzzo de uma forma impressionante e depois só completou 1 etapa no Tour de Romandie. Na sua melhor versão é um sólido candidato a top 10 ou ganhar 1 jornada.
Lorenzo Fortunato, 16º em 2021, 15º em 2022, é outro sério candidato ao top 10, agora numa estrutura World Tour, 14º no Tirreno-Adriatico, 10º na Volta a Catalunha, costuma destacar-se na última semana, quando a dureza é maior, os quilómetros de contra-relógio vão ser prejudiciais. Cristian Scaroni e Simone Velasco serão sempre nomes a ter em conta nas etapas de média montanha, ambos têm uma boa ponta final. Para os sprints há Max Kanter (venceu recentemente 1 etapa na Volta a Turquia) e Davide Ballerini (na carreira tem 5 Grandes Voltas e em todas fez pelo menos um top 5 em etapa). Vadim Pronskiy e Henok Mulubrhan são 2 boas ajudas para todos os terrenos.
Previsão: A equipa cazaque precisa de resultados e pontos e vai consegui-lo. Alexey Lutsenko vai vencer uma etapa em fuga e Lorenzo Fortunato vai terminar no top-10 final.
Bahrain – Victorious
A liderança para a classificação é partilhada entre a juventude e a veterania. Por um lado temos Antonio Tiberi, 22 anos, que vem claramente em crescendo, 8º na Volta a Catalunha, 3º no Tour of the Alps, deu um grande passo em frente este ano. 18º na Vuelta em 2023, é uma boa base para este ano, ainda há algumas dúvidas sobre a sua capacidade na alta montanha quando a corrida rebentar, veremos como se comporta nessa situação. Damiano Caruso está certamente numa das últimas presenças nesta que é uma das suas corridas favoritas, em 2023 foi 4º à geral com 35 anos, mas nesse ano a preparação tinha corrido melhor. Ainda assim, não pode ser excluído da luta pelo pódio tendo em conta os seus pergaminhos.
O regular Phil Bauhaus lidera a equipa nas etapas mais planas, apoiado por Andrea Pasqualon e Jasha Sutterlin. É curioso que o alemão ainda nunca conseguiu triunfar numa Grande Volta na sua carreira. Os restantes ciclistas são para tentar ajudar Tiberi e Caruso, Rainer Kepplinger, que teve um belo início de 2024, Edoardo Zambanini e Torstein Traaen, que mesmo assim não têm muita experiência nestas andanças.
Previsão: Uma equipa habituada a dar espetáculo e que vai acaar por triunfar com Damiano Caruso. Na geral, Antonio Tiberi vai confirmar-se como um voltista, terminar em 5º e conquistar a camisola da juventude.
BORA – hansgrohe
Este Giro deu um bocadinho para o torto mesmo antes de começar. Emanuel Buchmann veio a público expressar a sua frustração por ter ficado de fora de uma Volta a Itália onde lhe tinha sido prometida a co-liderança da equipa. A formação alemã parecia acreditar cegamente em Daniel Martinez, um ciclista que começou bem o ano mas que é muito inconsistente, que já não compete há quase 2 meses e que tirando o 5º lugar que fez no Giro 2021 quando estava ao serviço de Egan Bernal não tem mais nenhum top 20 em Grandes Voltas.
A alternativa é o jovem Florian Lipowitz, alemão de 23 anos que irrompeu para um estatuto superior ao fazer 3º no Tour de Romandie na semana passada, quando em 2023 já tinha demonstrado potencial em provas menores. Giovanni Aleotti e Maximilian Schachmann serão ajudas para a montanha, o germânico ainda longe do seu melhor nível. Com Patrick Gamper, Ryan Mullen e Jonas Koch para o terreno mais acessível parece que falta aqui um sprinter puro porque seria um bom comboio. Estes corredores vão tentar lançar Danny van Poppel, um ciclista que não é um sprinter da elite mundial e que beneficia muito quando há alguma dureza no percurso.
Previsão: Não será um Giro para recordar para a equipa alemã que, mesmo assim, verá Daniel Martinez terminar no top-10 final. Florian Lipowitz vai andar perto de vencer uma etapa.
Cofidis
A temporada não está a correr de feição e com este alinhamento duvido que dê uma reviravolta aqui. Stefano Oldani corre em casa com o dorsal 1 e será o ciclista protegido para os sprints em pelotão mais reduzido (não faz um top 10 desde Janeiro), Stanislaw Aniolkowski tentará nos sprints com pelotão compacto (só tem 2 top 10 em 2024).
Para a montanha a aposta recai em 2 veteranos que ainda mal se viram no pelotão este ano, Ruben Fernandez e Simon Geschke, sendo que a equipa deseja um pequeno milagre de Benjamin Thomas numa tirada de média montanha. Este alinhamento indica mesmo isso, é esperar que alguém tenha um momento de inspiração porque não tem um fio condutor. Marcam também presença Harrison Wood, Thomas Champion e Nicolas Debeaumarche.
Previsão: Muitas fugas, alguns top-10 mas nada mais que isso.
Decathlon AG2R La Mondiale Team
Uma das equipas sensação de 2024 e tem tudo para continuar a ser assim, a formação gaulesa faz uma aposta muito inteligente neste Giro quando outras equipas fogem devido à presença de Tadej Pogacar. Ben O’Connor tem de ser encarado como um dos grandes candidatos ao pódio. Até agora foi 2º no UAE Tour, 5º no Tirreno-Adriatico e 2º no Tour of the Alps, já ganhou etapas no Giro e no Tour, já fez 4º no Tour e 8º na Vuelta e creio que nunca teve uma equipa tão forte em seu redor. Acima de tudo parece haver uma grande aura de confiança em redor dele e no seio da Decathlon-Ag2r.
Valentin Paret-Peintre e o seu irmão Aurelien Paret-Peintre têm sido excelente gregários ao longo da época, sempre disponíveis e abnegados à causa, presentes nos momentos mais importantes e Aurelien é um nome a ter em conta a sprintar em grupos reduzidos. Larry Warbasse é um trepador muito experiente, Alex Baudin foi um surpreendente 10º classificado na Volta ao País Basco, Damien Touzé é um bom rolador e cuidado com Andrea Vendrame e Bastien Tronchon nas jornadas de média montanha caso tenham alguma liberdade.
Previsão: A aposta no Giro vai trazer frutos. Ben O’Connor vai terminar no pódio, em 3º lugar, depois de três semanas muito positivas. Os irmãos Paret-Peintre serão essenciais e terão alguma liberdade, acabando por conquistar uma etapa.
EF Education – EasyPost
Esperava lá no fundo que mudassem o calendário de Richard Carapaz e o levassem ao Giro. O equatoriano tinha aqui sérias hipóteses de pódio na forma em que está. Optaram por trazer umas segundas linhas que manifestamente só vão tentar caçar etapas, nem Simon Carr nem Esteban Chaves mostraram este nível ter capacidade para acompanhar de forma consistente os melhores na alta montanha, portanto o melhor é almejar algumas etapas específicas com montanha mais para o meio da prova e estou certo que Georg Steinhauser e Jefferson Cepeda também vão tentar nesses dias.
Depois trazem 3 puncheurs que estão a tentar voltar ao seu melhor nível após problemas físicos, os dinamarqueses Michael Valgren e Mikkel Honoré e o transalpino Andrea Piccolo, uma inclusão surpresa neste alinhamento tendo em conta que já não compete desde o Paris-Nice. Stefan de Bod é o 8º elemento.
Previsão: Com tantos “caça-etapas” sair do Giro sem um triunfo seria mau demais. Simon Carr costuma escolher os dias certos e vai salvar a honra do convento.
Groupama – FDJ
Um alinhamento muito jovem que deve dar chance a todos os corredores de se mostrarem, estou surpreendido por não trazerem Romain Gregoire, David Gaudu ou Lenny Martinez, pelo menos um deles para fazer um teste. O teórico líder será Laurence Pithie, uma das grandes revelações das clássicas e aquele que será a melhor aposta para ganhar uma tirada, talvez num sprint em grupo reduzido ou numa fuga de média montanha.
Os restantes ciclistas não são desconhecidos, Lewis Askey fez top 10 por 3 vezes na Vuelta em 2023, poderá ser ele a aposta para sprints em pelotão compacto, Lorenzo Germani é um trepador que ainda não deu o salto para corresponder ao potencial demonstrado em 2022 e o mesmo se aplica a Enzo Paleni. Fabien Lienhard, Cyril Barthe, Clement Davy e Olivier Le Gac são os restantes ciclistas.
Previsão: Laurence Pithie tem sido o ciclista do quase. Teve uma temporada de clássicas muito positivas mas nos momentos cruciais tinha uma quebra. Vai bater várias vezes no poste neste Giro.
INEOS Grenadiers
Esta pode ser a última “grande dança” de Geraint Thomas na liderança de uma Grande Volta. Aos 37 anos, o britânico fez uma preparação semelhante a 2023 e até os resultados foram parecidos, não se deixem enganar porque ele vai entrar no Giro bem melhor do que mostrou até agora. E é uma aposta inteligente, com muitos ciclistas da geral a fugir de Tadej Pogacar o pódio está perfeitamente ao alcance e é fazer o melhor possível porque o esloveno pode ter algum azar, este traçado com muito contra-relógio favorece bastante Geraint Thomas.
O co-líder, principal escudeiro e alternativa para a geral é Thymen Arensman, alguém que também precisa de muita competição para atingir o seu melhor nível. É normal que vá melhorando ao longo da corrida e duvido que a Ineos o sacrifique totalmente logo de início. Tobias Foss é uma espécie de joker, não se sabe bem o que esperar dele, continuo a achar que o norueguês não é trepador suficiente para disputar provas de 3 semanas. Filippo Ganna e Magnus Sheffield são boas ajudas que devem ter oportunidades ao longo da prova, também para tentar que Tadej Pogacar não ganhe tantas etapas, devem ser dos maiores rivais nos contra-relógios. Connor Swift, Ben Swift e Jhonatan Narvaez são os restantes gregários, o equatoriano também de olho em algumas etapas com finais mais explosivos.
Previsão: Geraint Thomas confiou na sua preparação e vai voltar a terminar o Giro em 2º, novamente com Thymen Arensman em grande plano, em 6º. Filippo Ganna vai vencer um dos contra-relógios.
Intermarché – Wanty
Biniam Girmay tem uma nova oportunidade de liderar a equipa numa corrida que o eritreu tanto gosta. Girmay tem desiludido porque não teve a curva ascendente que se esperava dele a partir de 2022, tem até estagnado e esteve abaixo das expectativas novamente nas clássicas. Aqui não se pode queixar de apoio, diria mesmo que a Intermarche-Wanty tem um comboio fora do normal, é que para além de Dion Smith e Adrien Petit, 2 elementos já habituados a estas andanças, estão presentes Dries de Pooter e Madis Mihkels, sprinters mais puros e inexperientes, com 21 e 20 anos, respectivamente. Duvido que os 2 façam parte do comboio ao mesmo tempo, o que me leva a questionar se a equipa não vai optar por sprintar com Mihkels caso veja que nos sprints em pelotão compacto Girmay não consegue competir com os melhores ou tem receio na colocação, é que o ciclista da Estónia tem mostrado grandes sinais de evolução em 2024 depois de um final de 2023 conturbado.
Para a montanha trazem Lilian Calmejane e Kevin Colleoni, 2 ciclistas com papel livre nas etapas de média e alta montanha e que não estão para um bom lugar na geral.
Previsão: Longe de estar a ser uma temporada positiva para a equipa belga que aposta as suas fichas em Biniam Girmay. Foi em 2022 que o eritreu venceu no Giro e, dois ano depois, vai voltar a fazê-lo.
Israel – Premier Tech
Uma das equipas convidadas para a competição que vai tentar, pelo menos, repetir o ano passado. É certo que não venceu, mas Derek Gee deu muito espetáculo. Este ano o canadiano não está presente e cabe ao seu compatriota Michael Woods liderar a equipa, ele que chega depois de ter falhado as Ardenas por doença. Poderá ir de menos a mais e atacar as fugas das etapas de alta montanha. Marco Frigo irá apostar na média montanha, no ano passado esteve perto, com Simon Clarke e Nick Schultz a serem peças perigosas.
Para os sprints as opções são duas. Riley Pickrell será, essencialmente, o lançador de Hugo Hofstetter ou Ethan Vernon. Em teoria, Vernon é o mais rápido dos dois e aquele que mais garantias dá nos dias planos. Hofstteter é mais regular. O israelista Nadav Raisberg completa o elenco.
Previsão: Sem muita pressão, a equipa israelista tem conqusitado excelentes resultados nas provas World Tour. Acreditamos que vai continuar na onda positiva e vai triunfar em duas etapas de média montanha, com Nick Schultz e Marco Frigo a conseguirem as vitórias.
Lidl – Trek
A motivação chega em altas, a equipa norte-americana está a realizar uma temporada muito positiva. Jonathan Milan regressa ao Giro um ano depois de um grande brilharete ao vencer uma etapa e conquistar a maglia ciclamino. O possante sprinter italiano terá em Simone Consonni um dos melhores da prova, contando, ainda, com Edward Theuns, Jasper Stuyven e Dan Hoole. Um comboio de luxo!
Juan Pedro Lopez é a aposta para a montanha, o espanhol vem a voar do Tour of the Alps! Lopez está longe de ser consistente, mas foi no Giro que se deu a conhecer à elite, e um top-10 não seria de descartar. Amanuel Ghebreigzabhier é o único apoio na montanha. Andrea Bagioli tenta aparecer, pela primeira vez, na temporada, o italiano tem estado desaparecido. Com várias etapas ao seu jeito pode ser um perigo. Stuyven também poderá ter um papel livre, o belga adora fugas em etapas mais duras e já venceu assim no Giro.
Previsão: Juan Pedro Lopez chega confiante e vai voltar a terminar o Giro no top-10 fruto da sua preserverança e fruto de uma recuperação que lhe vai valer uma vitória numa fuga. Jonathan Milan vai ser um dos principais sprinters deste Giro, conquista três etapas e vence a maglia ciclamino.
Movistar Team
Não se deixem acreditar que Nairo Quintana vem para fazer um brilharete. Longe estão os tempos em que o colombiano era um favorito à vitória em Grandes Voltas. Já não compete desde março, é uma incógnita. Einer Rubio tem sido presença assídua no Giro, venceu uma etapa no ano passado, esteve na luta da montanha e às portas do top-10. Creio que será o melhor da Movistar na montanha e pode ter bastante destaque.
Pelayo Sanchez irá atacar as etapas de média montanha, o espanhol tem tido uma evolução muito sustentada nos últimos meses. Lorenzo Milesi e Will Barta são dois corredores completos, devem aparecer nos contra-relógios e ser ciclistas de trabalho. Fernando Gaviria já venceu 5 etapas no Giro, só que a última foi em 2019. O sprinter colombiano continua a não conseguir destacar-se nas chegadas rápidas, ora porque lança o sprint demasiado cedo, ora porque não se consegue colocar. Albert Torres e Davide Cimolai serão os seus lançadores.
Previsão: Um Giro para esquecer para os comandados de Eusebio Unzué. Einer Rubio vai tentar remar contra a maré negativa da equipa.
Soudal Quick-Step
Uma equipa focada em caçar etapas! Tim Merlier é a grande aposta da formação belga, o sprinter tem sido um dos grandes destaques da temporada e chega a Itália com seis triunfos no bolso. Depois de um 2023 sem Grandes Voltas, quer provar o seu valor. Bert van Lerberghe é o seu fiel lançador, com Luke Lamperti e Josef Cerny a serem as restantes carruagens do comboio.
Julian Alaphilippe também deverá fazer a aproximação nos quilómetros finais, mas o gaulês é mais que isso. Fez um Tour de Romandie de bom nível, há algum tempo que não víamos o antigo campeão do Mundo a andar com este nível. Será muito combativo e pode surpreender nas etapas de média montanha. Jan Hirt adora o Giro, já venceu e fez top 10 na geral, um homem de 3ª semana e de alta montanha. Mauri Vansevenant chega a voar das Ardenas, onde foi 4º na Amstel e 6º na Liege-Bastogne-Liege. O combativo belga é um talento enorme, uma vitória aqui seria formidável. O capitão Pieter Serry completa a equipa.
Previsão: Esperamos uma equipa muito ativa ao longo das três semanas de competição. Tim Merlier vai picar o ponto nas etapas ao sprint, com dois triunfos, e Mauri Vansevenant vai vencer através de uma fuga.
Team dsm-firmenich PostNL
Romain Bardet chega confiante, 2º na Liege-Bastogne-Liege e 5º no Tour of the Alps, mostram um francês em forma. Há algum tempo que não víamos Bardet a andar assim, contra si terá os muitos quilómetros de contra-relógio mas isso poderão libertá-lo para atacar, algo que não tem medo de fazer. Chris Hamilton, Gijs Leemreize e Kevin Vermaerke fazem parte do bloco de montanha, onde destacamos Vermaerke, um ciclista que se tiver alguma liberdade nas etapas de média montanha pode surpreender.
O bloco da equipa vem dividido em dois e o outro líder é Fabio Jakobsen. A época não tem corrido de feição, apenas venceu uma etapa na recente Volta a Turquia e viu o seu lançador Tobias Lund Andresen conquistar três. Precisa de vencer rapidamente para libertar a pressão e partir para uma boa corrida. Andresen estará ao seu lado, com Bram Welten e Julius van den Berg.
Previsão: Romain Bardet está a andar muito bem, talvez a um nível que já não o víamos há muito tempo. 4º lugar final no Giro, depois de muito atacar para recuperar o tempo perdido nos contra-relógios.
Team Jayco AIUla
Mais uma equipa focada em várias frentes. Eddie Dunbar regressa um ano depois de ser 7º mas 2024 está a ser muito negativo, sem nenhum resultado de relevo. Luke Plapp está a ser preparado como o líder de futuro para as Grandes Voltas e num Giro com tanto contra-relógio poderá surpreender. Tem alternado entre grandes exibições e grandes falhanços, é uma autêntica caixinha de surpresas. O mais regular até pode vir a ser Filippo Zana, no entanto não o vemos a discutir a geral mas sim etapas de montanha, tal como aconteceu no ano passado. Alessandro de Marchi é uma das velhas raposas do pelotão, quando menos se espera pode sacar um coelho da cartola numa fuga.
O outro líder da equipa é … Caleb Ewan. O regresso à equipa australiana não está a ser tão feliz como se esperava, apenas 1 triunfo e mais 3 top-10. O Pocket Rocket continua a pecar na colocação e desiste muito cedo dos sprints. Luka Mezgec e Max Walscheid são dois lançadores de luxo, exige-se mais de Ewan. Michael Hepburn será um ciclista de muito trabalho.
Previsão: Caleb Ewan vai cotninuar a sua temporada cinzenta, os resultados não vão aparecer. Filippo Zana aparece sempre bem no Giro e não será exceção, confirmando-se como o rei dos trepadores em Roma.
Team Polti Kometa
Todos os anos a equipa de Alberto Contador consegue surpreender. Em 3 edições de Giro, venceu em duas delas, não podemos descartar a equipa italiana de nada. Davide e Mattia Bais e Mirco Maestri são 3 ciclistas muito combativos, vamos vê-los em muitas fugas a mostrar o patrocinador. Andrea Pietrobon e Francisco Muñoz também entram nesta categoria, eles que se estream em Grandes Voltas e entram num novo patamar.
Sobram os trepadores da equipa. Primeiro o “veterano” Matteo Fabbro. O italiano veio para a equipa em busca de oportunidade e tem-nas tido, numa fuga certa pode conseguir algo muito positivo. Apesar da experiência de Fabbro, Davide Piganzoli é o mais sério candidato a destacar-se na montanha. Apenas 21 anos, o talentoso trepador transalpino venceu o Tour of Antalya e foi 10º no recente Tour of the Alps. O Giro é uma corrida de outro nível mas um talento destaca-se em qualquer lado. Vamos colocar Piganzoli no radar.
Previsão: Muita combatividade e muitas fugas. Giovanni Lonardi vai conseguir alguns top-10, os irmãos Bais podem conquistar alguma classificação secundária (combatividade ou sprints intermédios).
Team Visma | Lease a Bike
Quem diria que a equipa neerlandesa chegaria com alguma pressão ao Giro? É certo que os seus líderes estão de fora por lesão mas já não vencem desde 27 de março e a temporada de clássicas foi muito fraca. Cian Uijtdebroeks foi contratado e prometida a liderança no Giro e aí está ela! O belga foi 8º na Vuelta 2023, a sua estreia em 3 semanas, e espera mais e melhor. 5º no Gran Camiño e 7º no Tirreno-Adriático, antes de abandonar na Catalunha. Não corre desde aí, esteve em estágio e acreditamos que estará muito melhor, é alguém que precisa de competição. Attila Valter, Robert Gesink e Jan Tratnik serão o apoio mais direto a Uijtdebroeks.
Numa equipa onde estava previsto Wout van Aert, Olav Kooij será o sprinter de serviço. O neerlandês estreia-se em Grandes Voltas numa temporada onde já venceu no UAE Tour e no Paris-Nice. Já é um dos melhores sprinters do Mundo e contará com Christophe Laporte e Tim van Dijke para o posicionar. Edoardo Affini será um ciclista de muito trabalho, vai aparecer muitas vezes na frente do pelotão.
Previsão: Cian Uijtdebroeks não vai falhar e vai terminar no top-10 final, quem sabe, melhorando o resultado da Vuelta do ano passado. Olav Kooij vai confirmar o estatuto de um dos melhores sprinters e, com o forte comboio que tem, vai vencer duas etapas.
Tudor Pro Cycling
A formação de Fabian Cancellara estreia-se em Grandes Voltas numa temporada onde está a andar muito forte. Michael Storer é o reforço principal para a montanha e o australiano já mostrou que é um ciclista de 3 semanas. 7º no Tour of the Alps mostra que chega em forma e pronto para a luta. O apoio na montanha será escasso, só Florian Stork o pode ajudar.
Alberto Dainese está longe de ser um sprinter regular. O italiano tanto pode vencer como ficar fora dos 100 primeiros, uma autêntica caixinha de surpresas. Quando menos se espera, ele aparece e basta ver que no ano passado participou em 2 Grandes Voltas e venceu em ambas. Matteo Trentin, Robin Froidevaux, Alexander Krieger, Alexander Kamp e Marius Mayrohfer formam um bloco muito sólido. Não acreditamos que todos farão parte do comboio, os 3 primeiros devem ser os mais talhados para tal. Trentin e Mayrohfer terão as suas oportunidades nos dias mais duros, passam bem a média montanha.
Previsão: A estreia em Grandes Voltas não será em falso. Michael Storer vai perder tempo na primeira semana, depois entra em fugas e acaba por vencer num dia bastante duro.
UAE Team Emirates
All-in para Tadej Pogacar! O esloveno inicia o seu duplo objetivo de Grandes Voltas com o Giro d’Itália. Por larga margem, o principal candidato à vitória, poderá sentenciar a classificação geral logo na primeira semana e, a partir daí, controlar. O apoio na montanha não é o ideal, Felix Grosschartner, Domen Novak e Rafal Majka são aqueles que mais perto estarão. Têm dado boas indicações e, estando no Giro, este apoio poderá ser suficiente. Caso contrário, Pogacar pode, várias vezes, atacar de longe como tanto gosta.
Numa ocasião rara, a equipa traz um sprinter por intermédio de Juan Sebastian Molano. O colombiano tem capacidade de surpreender numa chegada mais confuso e com o apoio de Rui Oliveira estará mais perto de um triunfo. Mikkel Bjerg e Vegaerd Stake Laegen serão ciclistas de trabalho em todo o tipo de terreno, seja no plano ou na montanha devemos vê-los muitos quilómetros na frente.
Previsão: Por larga margem, Tadej Pogacar vai conquistar o Giro d’Itália! O esloveno vai conquistar 4 etapas pelo caminho e só não vence mais porque vão existir fugas a triunfar.
VF Group – Bardiani CSF – Faizanè
Terminamos a nossa análise com a última equipa convidada, a sempre combativa Bardiani. Domenico Pozzovivo regressou a casa para encerrar a sua carreira e longe vão os tempos em que lutava pelo top-10. O pequeno trepador italiano deverá focar-se nas fugas e, quem sabe, possa ter sorte na composição da mesma. Giulio Pelizzari é o principal trepador da equipa, 8º no Tour of the Alps onde quase venceu uma etapa. Apenas 20 anos, um dos grandes talentos da sua geração. É preciso dar tempo ao tempo mas não podemos descartar Pelizzari de um brilharete.
Depois entramos nos combativos Martin Marcellusi, Manuele Tarozzi, Luca Covilli e Alessandro Tonelli. Estes são 4 ciclistas que devemos ver em diversas fugas ao longo de 3 semanas, aquelas fugas que sabemos logo que não devem ter hipóteses. Por fim, os dois sprinters: Filippo Fiorelli, mais completo para as chegadas mais reduzidas, e Enrico Zanoncello, para as chegadas mais rápidas. Terminar no top-10 será o objetivo para ambos.
Previsão: Mais uma equipa que vai lutar por classificações secundárias (combatividade e sprints intermédios), uma subida ao pódio é sempre fundamental. Giulio Pelizzari pode aparecer nos primeiros dias, enquanto não entra em território desconhecido (muitos dias de competição).