Terminou a temporada UCI de estrada e graças a isso podemos ter uma visão clara e inequívoca dos rankings de 2024. Apesar que um ranking é isso mesmo, é um bom retrato do que se passou na temporada, mas não é um espelho da mesma.

A nível individual o que se viu na estrada traduz-se bem nas contas finais, Tadej Pogacar fez mais de 11 000 pontos e só Remco Evenepoel fez mais do que metade dos pontos do esloveno que ganhou Giro, Tour e ainda foi campeão do Mundo numa das melhores época de sempre de um ciclista. O lugar mais baixo do pódio ficou para Jasper Philipsen, curiosamente num ano em que o belga não foi tão dominador nos sprints, principalmente na segunda metade do ano. Ainda assim venceu a Milano-SanRemo, fez 2º no Paris-Roubaix e ainda ganhou 3 etapas no Tour. Foi um ano em que grande parte dos protagonistas foram os mesmos, face a 2023 só há 3 entradas no top 10 de pontos a nível individual e a grande surpresa está no 4º lugar com o australiano Ben O’Connor, que foi 4º no Giro, 2º na Vuelta depois de andar 2 semanas de vermelho e ainda 2º nos Mundiais.



Marc Hirschi também é uma entrada depois de ter sido 12º em 2023, foi 6º em 2024 e Biniam Girmay tem uma das subidas mais exponenciais, ao passar de 113º para 9º, finalmente confirmando todo o potencial que se lhe adivinhava. Em relação às saídas face a 2023, falta Mads Pedersen, que foi 12º, Adam Yates, que cai de 8º para 22º e João Almeida, que baixa de 10º para 26º. Apesar de quedas graves Vingegaard e Van Aert ainda terminam no top 10, sendo 7º e 10º, respectivamente. Dos ciclistas que mais progrediram face ao ano passado também de notar Maxim van Gils, Jhonatan Narvaez, Tim Merlier, Richard Carapaz ou Jonathan Milan. Há apenas 2 ciclistas que passam de estar fora do top 200 para estar dentro do top 50, falamos de Daniel Martinez e de Stephen Williams. A maior subida em termos absolutos do top 100 é Joseph Blackmore, o jovem britânico da Israel-Premier Tech fechou 2023 fora dos 1000 melhores do ranking UCI e terminou 2024 com quase 1000 pontos, no 91º posto.

O melhor português foi, naturalmente João Almeida, com mais de 2 000 pontos, António Morgado subiu de 293º para 129º e fez cerca de 750 pontos, Rui Oliveira foi o 3º melhor ciclista luso. Do pelotão português quem somou mais pontos foi Afonso Eulálio, logo seguido por Afonso Silva.

Por equipas o pódio foi igual a 2023, UAE Team Emirates, Visma-Lease a Bike e Soudal-Quick Step, por esta ordem, sendo que este ano a diferença pontual foi bem maior do 1º para o 2º lugar. Há 2 grandes curiosidade aqui, Tadej Pogacar sozinho fez mais pontos UCI do que quase metade das equipas do World Tour, estaria no 12º posto do ranking colectivo com uma “empresa unipessoal”. Para além disso, a UAE mesmo sem os pontos de Pogacar seria 1ª nesta classificação, o que demonstra bem o domínio global e a presença constante nos primeiros lugares. Há 2 formações que têm grandes subidas, a Red Bull-Bora, que salta da 10ª para a 5ª posição e principalmente a Decathlon-Ag2r, que passa de 18ª para 6ª. A maior queda, por larga margem, é da Bahrain, passando de 6ª para 17ª e de notar que Lotto-Dstny e Israel-Premier Tech, 2 ProTeams, foram 9ª e 11ª, respectivamente. A melhor equipa Continental foi novamente a Terengganu, uma estrutura malaia que compete imenso na Ásia.



Ao falarmos do ranking colectivo temos de analisar o ranking 2023-2025, uma classificação do triénio que servirá para atribuir as licenças World Tour para 2026, também válidas por 3 anos. Neste momento parece-me haver claramente uma luta a 4, que potencialmente poderá ser a 6 para 2 ou 3 lugares. Se tudo acabasse como está subiriam Lotto-Dstny e Israel-Premier Tech e passariam a ProTeams a Astana e a Arkea-B&B Hotels, que estão claramente em dificuldades. A luta só passará a 6 se a Astana tiver uma temporada fenomenal (neste momento está muito atrasada) e/ou se a Intermarche tiver uma época desastrosa. A batalha está mais centrada entre DSM e Cofidis (com cerca de 18 500 pontos) e Uno-x e Arkea (com cerca de 15 500 pontos), só há 2 vagas para estas 4 equipas, sendo que recuperar de uma desvantagem de 3 000 pontos não é impossível.

Em relação à realidade nacional, a Rádio Popular Paredes Boavista foi 170ª com 92 pontos, a Aviludo-Louletano-Loulé Concelho 166ª com 98 pontos, a Credibom/LA Alumínios/MarcosCar 150ª com 121 pontos, a GI Group Holding – UDO 144ª com 139 pontos, a APHotels&Resorts/Tavira/SC Farense 125ª com 195 pontos, a ABTF Betão-Feirense 122ª com 202 pontos, a Efapel Cycling 116ª com 231 pontos, a Tavfer/Ovos Matinados/Mortágua 94ª com 306 pontos e a melhor equipa portuguesa voltou a ser a Sabgal/Anicolor com 492 pontos, o que lhe valeu o 71º lugar, 4 posições melhor do que em 2023.

Por fim, no que toca ao ranking das Nações, a vitória voltou a sorrir à Bélgica, com a Eslovénia a conquistar a 2ª posição muito graças ao desempenho de Tadej Pogacar. Neste ranking só contam os 8 melhores ciclistas de cada país e graças a algumas boas exibições dos seus principais ciclistas a Espanha conquistou o lugar mais baixo do pódio, diante da França e Dinamarca, que tinha sido 2ª em 2023. Não houve entradas ou saídas do top 10, República Checa, Equador e Eritreia subiram 6 posições, enquanto Portugal caiu de 12º para 18º muito por causa dos pontos de João Almeida. A Áustria caiu 5 posições, Canadá 6 lugares e Cazaquistão outros 7.

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