Alpecin – Deceuninck – 18

Mais uma Grande Volta bem sucedida para uma das estruturas mais eficazes do pelotão internacional, saem da Vuelta de malas bem aviadas, com 3 vitórias em etapa e a classificação por pontos. É verdade que nas contas dessa classificação tiveram alguma sorte à mistura com o abandono de Wout van Aert, no entanto é preciso criar essa oportunidade. Groves provou uma vez mais que entrar em corridas onde poucos sprinters querem vir e aguentar a montanha compensa bastante e a aposta foi mais do que justificada, a Alpecin controlou alguns dias bem complicados e o australiano passou bem as dificuldades ao longo da prova, o comboio foi bastante eficaz.

Quinten Hermans teve a sua oportunidade, foi 2º no dia em que ganhou Eddie Dunbar e realmente era das jornadas que mais se adequava às suas características, Meurisse e Vergallito estiveram em algumas fugas, sem grande impacto.




Arkea – B&B Hotels – 10

Antes demais é preciso ver que a Arkea é uma formação com recursos limitados e que está envolvida na luta pelos pontos UCI, portanto não apresentou aqui um alinhamento propriamente muito forte. Quem mais deu nas vistas foi claramente Cristian Rodriguez, que teve uma estratégia e um resultado semelhante a 2023. Entrou na fuga onde Ben O’Connor ganhou muito tempo, graças a isso esteve alguns dias no top 10, depois foi dando o seu melhor e terminou em 13º, igualando o resultado do ano passado.

Thibault Guernalec foi uma pequena desilusão, Simon Gugliemi foi o sprinter de serviço não sendo ele propriamente um sprinter, o que não faz muito sentido tendo em conta que a equipa tem vários no plantel, pelo meio ainda fez 1 top 10. Por outro lado, Laurens Huys passou completamente despercebido, Mathis Le Berre deu boas indicações com 2 top 10.

 

Astana Qazaqstan Team – 8

Depois de boas indicações no Dauphiné e na Vuelta a Burgos devo dizer que Lorenzo Fortunato foi das maiores desilusões desta Vuelta pela falta de espírito ofensivo e combatividade quando a corrida estava claramente virada para fugas e a recompensar os atacantes. 16º lugar final, 75 pontos UCI, ninguém se vai lembrar deste resultado numa exibição extremamente modesta de um corredor que na Eolo-Kometa não era isto.

Foi Harold Tejada quem passou uma imagem bem melhor, faz 4 top 10’s em etapas, esteve presente em 5 fugas, uma Vuelta bem mais memorável e sai com 167 pontos UCI, também aproveitou melhor a ocasião. Até fazer esta análise não me lembrava que Santiago Umba ou Ide Schelling tinham estado presentes. Gianmarco Garofoli deixou boa impressão, 2 top 10’s na estreia em Grandes Voltas e apenas com 21 anos.

 

Bahrain – Victorious – 6

A partir do momento em que a equipa perde o capitão e gregário de luxo Damiano Caruso à etapa 7 e Antonio Tiberi, o líder, à etapa 9, as coisas nunca mais se endireitaram, foi uma Vuelta muito cinzenta da Bahrain. E foi uma pena, porque Tiberi estava em 4º da geral quando desistiu. 

A maior responsabilidade ficou em Jack Haig e o trepador australiano voltou a desapontar, começa já a ser um hábito, só esteve escapado no penúltimo dia, quando a fuga não resultou. De resto todo o alinhamento passou um pouco ao lado da competição, foi talvez em termos de resultados das piores, senão a pior equipa da Vuelta.

 

 

Cofidis – 9

Nada que não estivéssemos à espera. E atenção que, atendendo à qualidade global do plantel e ao alinhamento que estava aqui, era das equipas que mais responsabilidade tinha porque estava a fazer uma aposta muito grande nesta Vuelta. Guillaume Martin termina em 15º, mas é um bocadinho como Lorenzo Fortunato, só se viu na cauda do pelotão e a descolar, nunca conseguiu acertar na fuga certa e sai até com poucos pontos daqui.

Bryan Coquard, com uma lista de sprinters paupérrima, sai apenas com um 4º e um 8º posto e o mais inconformado até foi Ion Izagirre, já sem aquele fulgor físico de outros tempos. Sai de Espanha com 5 fugas, 3 top 10’s e um total de 175 pontos, não era o objectivo certamente. Thomas Champion, Ruben Fernandez estiveram no anonimato, Kenny Elissonde abandonou cedo, Jesus Herrada ainda tentou por 3 vezes, está claramente longe do seu melhor.




Decathlon AG2R La Mondiale Team – 18

Foi das equipas que mais me surpreendeu ao longo da Vuelta, não só porque cumpriram e superaram os objetivos, mas também pela qualidade geral e organização. De um modo global, foram capazes de gerir bem a corrida, mantiveram o seu líder 13 dias com a camisola vermelha e para além disso saem com um pódio na geral e uma vitória de etapa. 

Ben O’Connor faz 2º nesta Vuelta com mérito, mas também certamente deixa um gostinho agridoce andar tantos dias de vermelho e perder a camisola tão perto de Madrid. O que fizeram na etapa 6 foi de génio, colocaram todas as outras equipas da geral a minimizar perdas e o australiano voou autenticamente na parte final, depois foi perdendo a vantagem principalmente porque nunca foi capaz de acompanhar os melhores nos clássicos “muritos” espanhóis, nas rampas de duplos dígitos. Esperava mais dele na parte de gerir o esforço, em alguns dias tentou seguir Roglic e Mas e depois partiu o motor e acabou por ceder muito tempo quando o que importava era chegar à meta o mais rápido possível. Foi imperial nas verdadeiras etapas de alta montanha, é aí que ele se sente bem e nesse departamento não foi em nada inferior a Roglic, o contra-relógio final provou que este pódio é merecido, até pela audácia que tiveram em atacar.

Valentin Paret-Peintre numa segunda fase, Felix Gall numa primeira fase estiveram excelente na defesa da camisola vermelha, Ben O’Connor deve-lhes uma caneca de cerveja pelas vezes que o ajudaram e que estavam lá para o seu líder. Os restantes ciclistas não eram trepadores, ainda assim Bruno Armirail ajudou no que pôde e de resto foi controlar fugas.

 

EF Education – EasyPost – 12

Creio que é talvez a equipa que sai da Vuelta mais frustrada, por vários motivos. Em primeiro lugar, obviamente, os resultados não foram os esperados, Richard Carapaz vinha para ganhar e terminou no 4º posto, até afastado do pódio e não conseguiram ganhar qualquer etapa. Mas também porque a equipa vinha com 3 gregários de montanha para ajudar o equatoriano (Rui Costa, Rigoberto Uran e Jefferson Cepeda) e ao 6º dia já só restava Cepeda devido a quedas. Isso alterou radicalmente os planos e condicionou bastante a forma de correr da formação de Jonathan Vaughters porque limita os ataques de longe, que era precisamente o que Carapaz precisava de fazer depois de ceder demasiado tempo nos primeiros dias.

Carapaz teve uma Volta a Espanha parecida com Ben O’Connor no sentido em que perdia sempre tempo nas chegadas mais explosivas e nos dias com mais de 4000 metros de acumulado via-se que era superior, no entanto sem equipa também é complicado fazer estragos aí.

 

Equipo Kern Pharma – 20

Acho que nem nos melhores sonhos a equipa da Kern Pharma imaginaria que saíria daqui com 3 vitórias em etapas. Só para se ter uma noção, isso é o que normalmente esta estrutura tem durante 1 temporada inteira. De certo modo fez-me lembrar uma Vuelta em que a Burgos-BH, com um plantel limitadíssimo, somou 2 triunfos.

Só que estas vitórias foram diferentes, Pablo Castrillo mostrou-se imperial na montanha e sempre perante concorrência de peso, na primeira etapa superioriza-se a Max Poole e Marc Soler com um ataque na altura certa, depois ganha a Vlasov e Sivakov numa batalha épica. O outro triunfo surgiu por parte de Urko Berrade, onde também contou o poderio global da Kern Pharma visto que tinham a superioridade numérica nesse grupo. Para além disso fica a impressão muito positiva deixada por Pau Miquel, faz 5 top 10’s no total, incluindo um pódio, viu-se que tem muita margem de evolução como ciclista que passa bem a média montanha e tem uma excelente ponta final.

 

Euskaltel-Euskadi – 11

Já se sabia que era uma missão quase impossível, ainda assim não foi uma Vuelta nada má dos bascos, foram um bocadinho ofuscados pelo ProTeam mencionada acima. Jon Aberasturi abandonou muito cedo, mas ainda aproveitou para fazer 3º e 7º em estradas portuguesas, foram 2 bons resultados. 

Txomin Juaristi tem um ataque muito inteligente na etapa 10 para fazer 6º e resgatar 45 pontos UCI, Xabier Berasategui fez as vezes de Aberasturi e fez 9º e 10º em 2 sprints para fazer também 55 pontos, Mikel Bizkarra fez 8º na etapa 13, Joan Bou 11º na etapa 6, Xabier Isasa esteve em 4 fugas e Luis Angel Mate foi protagonista nas primeiras 2 etapas em linha, cumpriram o seu papel e as expectativas que havia sobre eles.




Groupama – FDJ – 14

Podem sair desta Vuelta bem contentes, até porque traziam como líderes Stefan Kung e David Gaudu, 2 corredores que estavam a andar bem abaixo do que nos habituaram em temporadas anteriores e, de certa forma, até lançaram uma tábua de salvação na temporada nesta Vuelta. Este resultado certamente elevou o nível de confiança de David Gaudu, que termina no 6º posto da classificação geral e claramente com a sensação de que foi de menos para mais, foi subindo lugares na classificação e fez uma última semana muito assertiva, o contra-relógio continua a ser um grande calcanhar de aquiles. Nota importante é que este resultado foi obtido quase sem ajuda na montanha, o francês já fez top 10 no Tour, mas na altura com um super apoio de Valentin Madouas.

Stefan Kung alcançou um marco na carreira, quebrou um jejum de 2 anos de meio da equipa francesa sem vencer em Grandes Voltas e ganhou pela primeira vez numa corrida de 3 semanas ao levar o contra-relógio final. Quentin Pacher esteve a um bom nível, aguentou com Gaudu até onde conseguiu e ainda fez 2º em Baiona, perdendo apenas para Wout van Aert. O resto da equipa esteve bastante discreta.

 

INEOS Grenadiers – 7

Mais um pequeno desastre para a formação britânica, já começa a ser uma tendência, resultados bem abaixo das expectativas para uma estrutura que tem um dos maiores orçamentos do pelotão internacional. Carlos Rodriguez tinha sido 6º em 2022, tinha feito um Tour abaixo do esperado e até nem estava mal classificado até que quebrou na 20ª etapa, logo num dia em que a Ineos forçou o ritmo para o espanhol tentar fazer diferenças. Não é um corredor explosivo e nem na alta montanha mostrou capacidade física para estar no pódio, foi dos mais discretos de todo o top 10, terminando no último lugar desses 10 primeiros.

Thymen Arensman abandonou numa altura em que já não estava a lutar por nada, continua a desiludir como voltista, Laurens de Plus adoeceu e Joshua Tarling falhou por muito o objectivo de vestir a camisola vermelha no primeiro dia, foi 6º. Jhonatan Narvaez bem tentou remar contra a maré, fez 4 top 10’s, esteve em 4 fugas, curiosamente está de saída da Ineos.

 

Intermarché – Wanty – 8

Alguém deu pela presença da equipa belga? Com um alinhamento fraco também não se podia pedir muito, no entanto acabou por ser fraco. Apenas metade dos ciclistas terminaram a Vuelta e, no total, conseguiram 5 top-10. Vito Braet conseguiu o único pódio e Arne Marit pouco apareceu nos sprints, os dias que tinham pequenas subidas ficava logo para trás. Apesar de tudo, até superaram com o que esperávamos, cada um deles conseguiu um pódio.

Louis Meintjes continua a ser o homem do leme do pelotão, só que já não tem a capacidade para aguentar tanto nas subidas com os melhores, foi um discreto 28º. Esperávamos mais de Lorenzo Rota, o italiano é um ciclista muito combativo, mal se viu. Os restantes elementos estiveram muito discretos, também não tínhamos expectativas muito altas, ou eram muito jovens ou estão numa fase descendente da carreira.

 

Israel – Premier Tech – 14

Tal como prevíamos, Michael Woods conseguiu integrar e triunfar a partir de uma fuga, fê-lo no Puerto de Ancares. O calcanhar de Aquiles do canadiano foi tentar estar na frente, muitas vezes falhava e quando tentava correr atrás do prejuízo já era tarde. Marco Frigo mostrou toda a sua combatividade com 6 fugas, havia sempre alguém mais forte que o italiano. Matthew Riccitello começou muito bem, 6º em Pico Villuercas, mas depois teve um dia mau e pouco se viu. George Bennett também chegou a estar no top-10 da geral mas esta era uma luta a mais para o neozeladês.

5 top-10 para Corbin Strong, o sprinter da equipa mostrou toda a sua regularidade mas verdade seja dita, nunca esteve perto de vencer, esperávamos mais do neozelandês. Quem esteve muito fraco foi Dylan Teuns, o belga tem experiência e qualidade para mais, passou ao lado da corrida.




Lidl – Trek – 16

No final de contas, Vuelta muito positiva para a equipa norte-americana. Mattias Skjelmose preparou ao pormenor a prova e termina com um incrível 5º lugar e a camisola da juventude. Nunca indo ao choque, e indo de menos a mais ao longo de 3 semanas, o franzino dinamarquês fez a sua corrida e, no final, colheu os seus frutos. Os mais conceituados Giulio Ciccone e Tao Geoghegan Hart foram apenas gregários, mal se viram nas etapas. Eram ciclistas que podiam ter rendido mais, já que tinham alguma liberdade para estar em fugas tal como aconteceu com Carlos Verona que somou 2 top-10.

Mathias Vacek foi uma das confirmações da prova, um nome a reter para próximas provas. O checo conseguiu 5 top-10, mostrando muita polivalência, ao destacar-se em contra-relógios, sprint em grupos restritos e fugas. Sam Oomen foi a outra nota positiva, algumas fugas e boas exibições. Patrick Konrad abandonou a meio, devido ao COVID-19, era um ciclista que podia ter rendido mais, tinha etapas ao seu jeito na segunda metade da competição.

 

Lotto-Dsnty – 7

Lennert van Eetvelt chegava com grandes expectativas e esperanças de top-10 e até começou bem. Alguns top-10, chegou a estar entre os melhores mas, subitamente teve um problema de saúde e foi forçado a abandonar a Vuelta. A equipa belga estava muito dependente do jovem talento, ainda para mais Andreas Kron também já tinha abandonado.

Restava Victor Campenaerts, um ciclista que tentou várias vezes, mas poucas eram as etapas ao seu jeito e isso também não abonou a seu favor. Arjen Livyns foi o sprinter que a equipa encontrou, 3 top-10 acaba por ser bastante positivo. Thomas de Gendt despedia-se de Grandes Voltas e saiu pela porta pequena, não nos lembramos de o ver uma única vez na frente. Sylvain Moniquet foi tentando nas fugas das etapas de montanha, mas não tem qualidade para muito mais que o que fez.

 

 

Movistar Team – 15

Mais uma vez a melhor versão de Enric Mas apareceu na Vuelta. Sem nunca deslumbrar, o espanhol termina pela 4ª vez no pódio, este ano foi 3º mas nunca pareceu ameaçar o triunfo final. É certo que se mostrou mais combativo que o habitual mas, por uma razão ou por outra, quando se destacava acabava sempre por ver os rivais se juntarem, muitas vezes por falta de ambição.

A equipa telefónica focou-se muito no seu líder e deixou de lado as etapas. Oier Lazkano esteve em algumas fugas, só que o tanque do espanhol já está um pouco vazio, nunca conseguiu dar verdadeira luta. Einer Rubio e Nairo Quintana foram, simplesmente, gregários de Mas, fugas não foi com eles e, com sorte, até podia ter estado em diversas. O foco em Mas também tirou liberdade a Carlos Canal, um ciclista competente em grupos restritos. Mais uma Grande Volta terminada para Nelson Oliveira, a 21ª começada e terminada com sucesso.

 

Red Bull BORA-hansgrohe – 19

As incógnitas em torno de Primoz Roglic eram muitas, mas o esloveno não falhou no objetivo final e, pela quarta vez na carreira, venceu a Vuelta! Não foi um Roglic dominador do princípio ao fim, a melhor versão do esloveno apareceu a espaços, mas foi suficiente para vencer com uma larga vantagem e ainda conquistar 3 etapas. A equipa alemã cometeu um erro quando deu muita margem a Ben O’Connor mas conseguiu redimir-se a tempo. Sabia que não tinha uma equipa para controlar e endurecer as etapas de início ao fim, focando-se nas partes finais para maximizar, dessa forma, as diferenças. O objetivo foi cumprido e a Red Bull BORA-hansgrohe conquistou a segunda Grande Volta da sua história.

Desde cedo viu-se que o foco em Roglic era total, Aleksandr Vlasov e Daniel Martinez foram perdendo tempo e acabaram por ser gregários, mas também com algumas falhas, já que nem sempre estavam bem. Florian Lipowitz acabou por ser a revelação, 7º na geral, luta até ao fim pela juventude e braço-direito de Roglic, um nome a ter em atenção na próxima temporada. Giovanni Aleotti e Roger Adriá também foram muito importantes nas fases iniciais.




Soudal Quick-Step – 12

Vindo de ajudar Remco Evenepoel no Tour, Mikel Landa partia com grandes esperanças. O ciclista basco deu muita luta durante quase todos os dias. Quase todos porque a etapa 18 foi fatal, perdeu mais de 3 minutos e disse adeus à luta pelo top-5. Termina em 8º, uma classificação que acaba por ser penalizadora mas a estrada não engana. Por falar na etapa 18, a direção da equipa esteve muito mal, tinha ciclistas em fuga e mandou recuar, sendo que Mattia Cattaneo tinha a possibilidade de vencer a etapa e foi mandado parar a 12 quilómetros do fim. O italiano mostrou-se muito regular, um gregário de luxo.

Em estreia nas Grandes Voltas, William Junior Lecerf deu muito boa conta de si, apareceu no apoio nas etapas mais importantes e conseguiu integrar algumas fugas. Mauri Vansevenant foi igual a si, muito combativo, mas mesmo assim esperávamos mais. James Knox e Louis Vervaeke são gregários competentes, não falharam no papel quando foram chamados ao trabalho … e não foram poucas vezes. Kasper Asgreen esteve muito mas muito apagado.

 

Team dsm-firmenich PostNL – 14

A equipa neerlandesa vinha com o objetivo de vencer etapas em duas frentes e quase que cumpriu ambas. Pavel Bittner chegava cheio de confiança e, na primeira semana, estreou-se a ganhar em Grandes Voltas e ainda somou mais 3 top-10. O jovem checo tem muito potencial, foi muito importante ter vencido na estreia, ainda para mais tinha algum apoio mas não uma equipa totalmente focada.

Max Poole era a grande aposta para as etapas de montanha e … quase resultou. 5 fugas e 4 pódios conseguidos, a vitória esteve perto, muito perto mesmo, no entanto faltava sempre algo ao britânico. Talvez se devia ter poupado em certos momentos, tinha disponibilidade física a mais. Possivelmente com a ajuda de Chris Hamilton ou Gijs Leemreize nessas fugas conseguisse ter vencido, tinha alguém na ajuda e para fechar os ataques dos principais adversários.

 

 

Team Jayco AIUla – 16

O objetivo era vencer etapas e pode-se considerar que tenha sido um sucesso. A geral foi deixada de lado tanto por Eddie Dunbar como Filippo Zana e vimos duas versões ofensivas. Dunbar esteve numa fuga … e venceu! Depois ficou sempre com os favoritos e … voltou a vencer em Picón Blanco, terminando em 11º, uma Vuelta de grande nível. Zana conseguiu 2 top-10, não são maus resultados mas, para um ciclista da qualidade do antigo campeão transalpino, acaba por ser uma exibição relativamente discreta.

Quem merecia mais era Mauro Schmid. O campeão suíço esteve incansável à procura da vitória, só na segunda metade da Vuelta foram 3 fugas e dois segundos lugares. Faltou-lhe ajuda, quem sabe, a falta Chris Harper que foi forçado a abandonar cedo. Ainda conseguiu 2 top-10 nos contra-relógios. A restante equipa esteve discreta, Alessandro de Marchi tentou esporadicamente. Felix Engelhardt tem qualidade para fazer mais nas chegadas ao sprint, principalmente naquelas após dias mais complicados.

 

Team Visma | Lease a Bike – 15

Uma Vuelta que pode ser dividida em duas fases. Até à etapa 16, Wout van Aert estava a carregar a equipa neerlandesa às costas. 3 vitórias em etapa, 2 dias de liderança, camisola por pontos praticamente conquistada, liderança da classificação da montanha e muito espetáculo dado, para além dos diversos pódios. O belga estava a voar, a realizar exibições como há muito não víamos e foi forçado a abandonar devido a queda. Novamente, o azar a bater à porta em 2024. Edoardo Affini estava a ser o grande ajudante de Van Aert, revelou-se um gregário muito fiável, mais quem um contra-relogista.

A partir daqui, a nota tem de ser negativa. Sepp Kuss vinha de ganhar a Vuelta a Burgos, no ano passado tinha ganho a Vuelta e esperava-se muito mais. Nunca conseguiu ombrear com os melhores, estava sempre em dificuldades e, depois, nem tentou integrar fugas em busca da vitória em etapa. Sai com um discreto 14º. Cian Uijtdebroeks, Attila Valter, Steven Kruijswijk mal se viram, têm de fazer mais e melhor para ciclistas desta qualidade e numa equipa como a Visma|Lease a Bike. Robert Gesink também termina a carreira de forma discreta.



UAE Team Emirates – 18

Uma equipa que se conseguiu adaptar às circunstâncias. João Almeida era o líder definido, o português estava bem, era 3º a poucos segundos de Roglic antes da etapa onde teve a quebra devido ao COVID-19. Sem o seu líder e com os restantes ciclistas atrasados, a equipa redefiniu estratégias e apostou em fugas, algo que resultou logo no dia seguinte com Adam Yates a vencer uma etapa fabulosa. Apesar de tudo, foi o único dia onde vimos o britânico a render em grande nível.

Pavel Sivakov aproveitou uma fuga para ganhar algum tempo, colocou-se no top-10 e não mais saiu de lá, terminando em 9º. Marc Soler e Jay Vine focaram-se na montanha, uma tarefa que ficou facilitada com o abandono de Wout van Aert e, no final, Vine venceu a classificação e Soler triunfou numa etapa mítica em Lagos de Covadonga, depois de muitas e muitas tentativas. Para trás, já Brandon McNulty tinha ganho o contra-relógio de abertura e envergado a camisola vermelha. Com isto tudo, Isaac del Toro esteve bastante discreto, era a sua estreia em Grandes Voltas, teve COVID-19, mas quando apareceu não foi com a qualidade e capacidade que já demonstrou.

 

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