AG2R Citroen Team – 10
Um Giro muito cinzento e seria ainda mais cinzento não fosse um combativo Andrea Vendrame, que alcançou 5 top 10, não conseguindo repetir o triunfo do ano passado. Teve uma oportunidade de ouro já nesta última semana, mas a etapa tinha dureza a mais para ele. Como referimos na antevisão da corrida, nos grupos reduzidos haveria sempre alguém mais rápido que ele e nos sprints compactos nem sequer se meteu ao barulho, essa tarefa foi para Lawrence Naesen, que raramente conseguiu entrar no top 15. A solução para a vitória de tirada seria sempre a fuga e desta vez as condições não se reuniram para tal.
O resto da equipa mal se viu, de Lilian Calmejane fica na retina a perseguição que fez à fuga na etapa do Etna para depois chegar à conclusão que gastou energia a mais. Felix Gall desiludiu tendo em conta o que tinha feito nas semanas anteriores, só esteve em 2 fugas, 1 delas resultou e foi 11º, com uma mão cheia de corredores mais fortes do que ele. Os restantes mal se viram.
Alpecin – Fenix – 19
Continua a ser incrível a eficácia desta equipa, confirma o grande momento nas Grandes Voltas. Mathieu van der Poel elevou a presença da Alpecin-Fenix no Giro a outro patamar, não só pela vitória na primeira etapa e consequente camisola rosa, mas principalmente por tudo o que rodeou o holandês. Pelo carisma, pelo mediatismo, pela interacção nas redes sociais, pelo combativismo mesmo em etapas que no papel eram duras demais para ele, até no fair play quando perdeu um sprint para Biniam Girmay. O holandês vai, sem dúvida, ser marcante nestes anos de ciclismo.
Para além do que falamos, van der Poel foi essencial no trabalho para colegas em algumas fugas onde esteve, nunca se escondeu e os seus colegas também beneficiaram ao ter menos pressão competitiva. O triunfo de Dries de Bondt foi espectacular e merecido para o belga que teve tantos problemas há alguns anos, chegando mesmo a estar em risco de vida. A vitória de Stefano Oldani também foi marcante para o transalpino e vamos ver se a partir daqui começa a confirmar todo o seu potencial mais regularmente. Jakub Mareczko não se pode chamar propriamente uma desilusão, abandonou muito cedo, só que nem sequer era para estar no Giro, foi chamado à última hora.
Astana Qazaqstan Team – 14
Vincenzo Nibali foi uma das surpresas agradáveis deste Giro e foi o “velhinho” Tubarão de Messina a salvar a honra do convento da Astana na sua despedida do Giro. Os resultados anteriores não indicavam que Nibali estaria a este nível, este foi o seu melhor resultado desde o Giro de 2019 e nem o próprio vinha com este objectivo. Queria ser protagonista, queria dar espectáculo e atacar nas principais etapas de montanha, só que nunca teve propriamente liberdade para isso. Perdeu muito tempo no Etna, só que a equipa ficou orfã de Miguel Angel Lopez e o italiano encontrou as pernas de outrora, que já há muito não tinha, a experiência e a consistência fizeram o resto.
O resto da equipa esteve relativamente desaparecida, Vadim Pronskiy foi a única nota positiva de todos os gregários, Fabio Felline não andou mal, ainda fez alguns top 15, Joe Dombrowski, Harold Tejada e Valerio Conti estiveram em 1 ou 2 fugas e David de la Cruz mal se viu, foi uma sombra do David de la Cruz que fazia sempre excelentes terceiras semanas e acabava sempre perto do top 10.
Bahrain-Victorious – 17
Foi uma das forças dominantes desta Volta a Itália, não foi por acaso que terminaram com 2 ciclistas no top 5 e ficaram com a classificação colectiva. Ganharam 1 etapa e fizeram mais 4 pódios, com vários ciclistas, mas faltou aquele pontinho extra para deixar uma marca ainda maior da corrida. Pello Bilbao fez uma resultado dentro das expectativas, sempre muito regular, sempre discreto, sem se meter em grandes aventuras. Mikel Landa tinha aqui uma oportunidade de ouro, talvez a maior da carreira para ganhar uma Grande Volta, pouco contra-relógio, uma equipa forte focada nele e o factor sorte durante a corrida. Não foi desta, muito provavelmente nunca será. O que desiludiu mais foi a relativa falta de ambição para destruir a corrida de alguém que não será propriamente lembrado por este 3º lugar.
Para deixar essa marca extra faltou atacar de longe e para isso faltou um Wout Poels mais regular. O holandês esteve incrível em alguns dias e abaixo das expectativas noutros, precisamente um ou outro dia em que não podia falhar. Santiago Buitrago foi uma das confirmações desta edição do Giro e a partir daqui terá certamente outro estatuto na Bahrain-Victorious, não é para qualquer um andar na montanha como ele fez. Phil Bauhaus esteve em bom plano para alguém que não tinha comboio e Domen Novak ia surpreendendo na penúltima etapa. E pensar que a Bahrain fez este bom Giro sem Jan Tratnik, que abandonou bem cedo.
Bardiani – CSF Faizané – 13
De uma forma surpreendente até foi, na nossa opinião e tendo em conta o alinhamento que tinha, a melhor equipa Pro Continental italiana, mesmo com o abandono prematuro de Filippo Fiorelli, o sprinter de serviço. Sacha Modolo ainda fez um top 10 substituindo Fiorelli nessas lides, Filippo Zana foi muito combativo nas etapas de montanha e Luca Covilli surpreendeu ao fazer um 6º lugar e ao terminar em 24º.
Mas a grande figura acabou mesmo por ser Davide Gabburo, um puncheur que aproveitou da melhor maneira as oportunidades, entrou sempre nas fugas certas e conseguiu um 2º e um 4º lugar, o que é muito acima do esperado para um ciclista como Gabburo a este nível. Alessandro Tonelli também surpreendeu a fechar o Giro, com um pódio em mais uma escapada.
BORA-Hansgrohe – 20
Primeira vitória numa Grande Volta para a equipa alemã, que também coincidiu com a estreia de Jai Hindley e com a primeira prova de 3 semanas de Enrico Gasparotto como director desportivo. Uma formação que partia para o Giro com 3 líderes possíveis (Kelderman, Hindley e Buchmann) e que rapidamente ficou sem Kelderman para essas contas, no Blockhaus. A partir daí houve 2 etapas decisivas e uma delas foi uma armadilha montada pelos alemães em Torino, para a qual Kelderman foi decisivo.
Muitos possíveis adversários foram afastados e o aviso à navegação estava feita. A partir daí foram extremamente analíticos, tirando a etapa 19 onde fizeram uma perseguição um pouco sem nexo. Hindley limitou-se a seguir Carapaz guardando as forças para um derradeiro ataque, onde esperava quebrar o equatoriano e fazer diferença suficiente para o contra-relógio. E Carapaz rebentou o motor por completo, o Giro ficou para Hindley, Buchmann regressou ao top 10 de uma Grande Volta e Kelderman ficou com o prémio de um dos melhores gregários, curiosamente de um colega em relação ao qual as coisas já tinham azedado uma vez.
Quase ninguém esperava este desempenho de Hindley e os motivos são óbvios, nunca mais o australiano tinha mostrado o nível do Giro de 2020, nem lá perto. Mesmo dando a mão à palmatória em relação a 2021, repleto de azares e problemas físicos. Esta época não tinha deslumbrado, o que melhorou face a Março é algo astronómico e nenhum dos rivais estaria à espera disso.
Lennard Kamna foi outro ciclista que esteve a um nível enorme neste Giro, venceu uma etapa, ajudou os seus companheiros e auxiliou a sua equipa ao 2º lugar colectivamente. É a prova que por vezes mais vale os ciclistas afastarem-se e regressarem em força, a bem da saúde mental.
Cofidis – 9
Foi um Giro um bocado incompreensível, optaram por uma estratégia conservadora de quem tudo quer e no final tudo perderam porque nenhum grande objectivo foi alcançado. A solução para uma vitória com Consonni seria uma possível fuga na média montanha, escolheram a etapa errada. O italiano até nem esteve mal, a questão é que não tem a ponta final de um puro sprinter, fez o melhor que conseguiu.
Guillaume Martin é que desiludiu, foi daqueles que perdeu muito tempo em Torino e depois foi atacando vezes sem conta, muitas vezes sem cabeça e acabou por fazer apenas 14º na geral num percurso que até era bom para ele e saiu de mãos a abanar. Quando entrava numa fuga ou falhava o momento decisivo ou trabalhava demais e o acumular dos esforços foi passando factura.
Perichon e Kreder foram os gregários de serviço, Cimolai ainda fez um top 10, Anthony Perez foi uma grande desilusão para o que nos vinha habituando a fazer, Remy Rochas esteve em 2 fugas e foi Davide Villella a fazer o segundo top 5 da equipa, na chegada a Potenza, de uma forma surpreendente
Drone Hopper – Androni Giocatolli – 6
Não queremos ser mauzinhos, mas foi um autêntico desastre, um alinhamento que de certa forma até prometia, foi desde que temos memória a pior Volta a Itália dos comandados de Gianni Savio. Dos ciclistas que mais exposição teve foi Mattia Bais, esteve em 5 fugas, na maioria delas quase ninguém queria estar e gastou muita energia nisso, o mesmo se aplica a Filippo Tagliani, também ele com 5 fugas, sem grandes proveitos.
Os resultados surgiram por Simone Ravanelli, um 12º lugar e o mais eficaz foi Natnael Tesfatsion, com um 8º e um 7º posto. De resto, Sepulveda, Ponomar e Cepeda não se viram na corrida toda e Edoardo Zardini foi o mais inconformado na última semana, disparando tiros de pólvora seca.
EF Education – EasyPost – 10
Parecia um alinhamento frágil e a estrada comprovou isso mesmo. Muito se falou da falta de apoio que João Almeida teve durante as etapas, no entanto pode-se aplicar o mesmo a Hugh Carthy. Que resultado teria feito o britânico com um bom auxílio da equipa? Carthy perdeu 17 minutos para os melhores na etapa de Torino, jornada onde esteve sempre isolado da equipa, e na geral terminou praticamente a essa distância, o 4º lugar teria sido perfeitamente possível, recordando que ele era 20º após essa tirada e acabou em 9º. Carthy é um excelente trepador, continua a precisar de melhorar na colocação e nas etapas de média montanha para ter hipóteses de fazer estragos na última semana.
Magnus Cort entrou um pouco a frio no Giro, mas nem esteve mal na etapa inaugural, depois não teve a sua habitual eficácia, fazendo 3º em Treviso e 7º no contra-relógio final. Doull desistiu cedo, Simon Carr também, Kudus esteve desaparecido em combate, van den Berg esteve em 1 fuga, Caicedo mal se viu e Camargo ainda tentou sem grande sucesso.
EOLO – Kometa – 12
Na antevisão, em relação a esta equipa falámos de expectativas. É justo então falarmos disso novamente para tentar relativizar que não foi um Giro propriamente mau para uma formação Pro Continental italiana, a questão é que havia grandes expectativas depois do que fizeram no ano passado.
Parece-nos que em 2022 Lorenzo Fortunato esteve mais preocupado com a classificação geral, não poupou energia em certos dias e isso custou caro em certas fugas. Outro problema é que na maioria das fugas esteve sozinho, algo que também não ajuda na optimização dos resultados. Terminou o Giro em 15º e sem top 10 em etapas.
Vincenzo Albanese esteve muito bem, foi um poço de regularidade, só lhe faltou aquele instinto matador numa fuga. Totalizou 9 top 15 e 1 pódio, um registo impressionante. Bais e Gavazzi não se viram, Fetter e Rivi estiveram num par de escapadas, Maestri foi muito combativo, sem grande recompensa e Diego Rosa até esteve bem ao envergar a camisola da montanha durante alguns dias, depois quebrou na segunda metade de Volta a Itália.
Groupama-FDJ – 19
Daquelas equipas que jogava tudo por tudo numa vertente e foram brilhantes, alcançaram todos os objectivos e mais alguns. Depois de um 2020 muito bem sucedido e de um 2021 complicado, Arnaud Demare voltou ao seu melhor nível e foi, de longe, o melhor sprinter do Giro, levando com justiça a Maglia Ciclamino. Justificou a aposta completa dos comanados de Marc Madiot e será algo a repetir, principalmente se estiver incrível comboio de Guarnieri e Sinkeldam se mantiver. Para tal também Miles Scotson terá sido uma preciosa ajuda, mais um elemento explosivo para fazer aquele trabalho de entrada nos 2 kms finais.
Attila Valter teve liberdade na última semana, até aí esteve a proteger, e bem, o seu líder. Fez 15º e 4º nas últimas etapas, uma prestação razoável.
INEOS Grenadiers – 15
A equipa britânica estava em controlo absoluto do Giro até ao Passo Fedaia e tudo parecia correr como planeado. Richard Carapaz era líder há pouco mais de uma semana, ainda não tinha perdido tempo, mas o que poucos esperavam aconteceu e o campeão olímpico teve uma quebra enorme. 2º lugar final no Giro, que acaba por saber a pouco, ainda para mais sem uma vitória em etapa.
Aos 20 anos, Ben Tulett mostrou todo o seu potencial, em estreia em Grandes Voltas, teve um papel fundamental nas etapas de montanha e ainda foi a tempo de fazer top-10 nos dois contra-relógios. Na montanha, destaque para Pavel Sivakov, o maior apoio de Carapaz ao longo das 3 semanas, e, pela negativa, Richie Porte, apareceu apenas a espaços. Os restantes elementos da equipa cumpriram o seu papel, não lhes sendo dada liberdade para procurar vitórias parciais, principalmente a Jhonatan Narvaez.
Intermarché – Wanty – Gobert Matériaux – 20
A expectativa em torno de Biniam Girmay era muita e o eritreu esteve a um nível muito elevado, até abandonar devido ao incidente com a rolha. Em 10 dias de competição, Girmay fez por 6 vezes top 5 e, antes de se despedir, venceu pela primeira vez em Grandes Voltas. Estava numa luta muito apertada com Arnaud Demare pela maglia ciclamino, se tivesse ficado em prova o desfecho poderia ter sido outro.
O abandono de Girmay mudou a estratégia da equipa. Começou a apostar em fugas e, numa semana final fabulosa, Jan Hirt venceu uma das etapas mais complicadas e terminou em 6º. Domenico Pozzovivo fez mais um Giro muito regular e, aos 39 anos, foi 8º, um resultado que poderia ter sido melhor não fosse uma queda na semana final. Lorenzo Rota e Rein Taaramae mostraram toda a sua combatividade em várias etapas de montanha.
Israel – Premier Tech – 5
Alguém viu a Israel-Premier Tech no Giro? Em busca dos muito importantes pontos do World Tour, a formação israelista apostou todas as suas fichas em Giacomo Nizzolo e o italiano correspondeu com … 1 pódio e mais 2 top-10. Muito fraco para o sprinter da equipa, a conduzir com a temporada abaixo do esperado.
Talvez Alessandro de Marchi pudesse ter aparecido mais em alguns fugas, no entanto a idade já começa a pesar no experiente italiano. De resto, pouco ou nada a destacar, apenas Matthias Brandle e Alex Dowsett, que tentaram ser competitivos nos contra-relógios … mas ficaram apenas pelas tentativas.
Jumbo-Visma – 17
A equipa neerlandesa soube superar as adversidades, reinventou-se e acabou por ser um dos destaques. Tom Dumoulin e Tobias Foss partiam com ambições para a classificação geral, após o primeiro contra-relógio até estavam entre os primeiros, mas o Monte Etna veio colocar um ponto final nas ambições de ambos.
A partir daqui, surgiu o nome de Koen Bouwman. Logo na primeira tentativa, venceu numa fuga (diga-se com um papel fundamental de Dumoulin) e assumiu-se como um sério candidato à camisola da montanha. Chegou a perder esta liderança, mas quando a alta montanha chegou, o neerlandês voltou à carga vencendo com 131 pontos de avanço. Na semana final ainda foi a tempo de vencer outra etapa.
Com 5 fugas e outros tantos top-10, Gijs Leemreize é um dos destaques do Giro, começa a confirmar todo o seu potencial. Pascal Eenkhoorn também se mostrou muito combativo. Edoardo Affini apareceu nos contra-relógios e numa fuga na semana final, estando perto da vitória. Sam Oomen tem estatuto e devia ter feito melhor.
Lotto Soudal – 12
Não fosse o renascer do combativo Thomas de Gendt e tinha sido uma Volta a Itália para esquecer para a equipa belga. Sem muito se esperar, o belga voltou às grandes exibições, triunfando numa etapa de montanha, num dia em que a equipa esteve brilhante, com Harm Vanhoucke a ajudar muito. Por falar em Vanhoucke, podia e devia ter rendido mais, só apareceu nesse dia. Sylvain Moniquet foi o mais combativo nos dias de montanha.
Caleb Ewan era a grande aposta, queria vencer etapas mas não passou da intenção. Caiu logo a abrir, pode ter sido um dos problemas, só que para além disso, nem sempre a colocação foi a melhor, num comboio que, por vezes, mostrou falhas. Giro muito fraco do Pocket Rocket, que foi para casa com apenas 1 pódio.
Movistar Team – 9
Não fosse o velhinho Alejandro Valverde e o que seria da Movistar? Há tantos anos que esta afirmação é proferida e continuar a fazer sentido prova atrás de prova. Já longe dos seus tempos áureos, o antigo campeão do Mundo foi 11º e foi o mais inconformado da equipa, a par de Antonio Pedrero, que tentou várias vezes a vitória em fuga, somando dois top-5.
Ivan Ramiro Sosa vinha com aspirações ao top-10 mas cedo se afundou, desperdiçando mais uma oportunidade de liderança. A restante armada espanhola e Will Barta foram puros espectadores de tudo o que aconteceu nas últimas 3 semanas.
Quick-Step Alpha Vinyl Team – 12
O Giro até começou bastante bem para a formação de Patrick Lefevere, Mark Cavendish triunfou ainda em solo húngaro, só que a partir desse momento as vitórias não mais apareceram. O britânico bem tentou e ainda somou mais quatro top-10, mas nunca mais esteve perto de vencer, talvez sentindo a falta de Michael Morkov, que abandonou ainda cedo.
No seu estilo sempre combativo, Mauri Vansevenant andou numa mão cheia de fugas, só que existiram sempre ciclistas mais fortes. Mauro Schmid confirmou-se como um grande talento, com quatro top-10, dois em contra-relógio, uma chegada em alto e uma etapa de média montanha. Com alguma sorte poderia ter conseguido o triunfo. James Knox esteve bastante apagado.
Team BikeExchange – Jayco – 16
Mais um ano e mais uma tentativa falhada de Simon Yates vencer o Giro. O britânico até entrou a todo o gás, venceu o contra-relógio de Budapeste e colocou pressão nos seus rivais, mas ao 9º dia o Blockhaus foi demais para si, dizendo adeus à geral. Focou-se nas vitórias parciais e venceu uma das etapas mais animadas da prova, saindo com dois triunfos, antes de abandonar.
Matteo Sobrero confirmou a sua evolução no contra-relógio, vencendo em Verona, depois de uma exibição fabulosa. Já Lawson Craddock desiludiu na sua maioria especialidade. Lucas Hamilton teve um Giro discreto, mas foi 13º, somando importantes pontos World Tour, depois de bem apoiado por Damien Howson.
Team DSM – 15
Tinha tudo para ser um grande Giro para a Team DSM … Romain Bardet vinha em grande forma, estava em 4º, mas foi forçado a abandonar durante a etapa 13. Inglório para o francês que tinha aqui uma grande oportunidade para vencer uma Grande Volta.
Thymen Arensman tentou substituir o gaulês, não conseguiu o top-10 final mas procurou muito a vitória em etapa até ao último dia. Aos 22 anos foi muito combativo. A vitória surgiu pelo inesperado Alberto Dainese, um triunfo que ninguém espera pois no dia em que vence o sprinter da equipa era, inicialmente, Cees Bol. Longe de ser uma equipa de estrelas, os restantes ciclistas cumpriram o seu papel.
Trek – Segafredo – 17
Pouco pensavam à partida para o Giro que o grande protagonista da equipa seria Juan Pedro Lopez. O espanhol agarrou a maglia rosa ao quarto dia e só a largou dez etapas depois, num dia em que tentou seguir os ataques dos grandes candidatos e rebentou o motor. Continua a sua prova de regularidade e finalizou em 10º, juntando a camisola branca da juventude (aqui com alguma sorte, devido ao abandono de João Almeida).
Giulio Ciccone era o líder mas, talvez como previmos, cedo ficou arrumada essa questão. Focou-se em etapas, vencendo logo numa das primeiras oportunidades. Tentou a classificação da montanha, mas não estava forte o suficiente para tal objetivo. Bauke Mollema tentou, tentou e tentou, sempre que entrou em fuga foi protagonista, mas houve sempre alguém mais forte.
Edward Theuns deu um ar da sua graça ao sprint, principalmente na primeira metade do Giro, conseguindo três top-10. Em estreia, Mattias Skjelmose não se destacou conforme esperávamos.
UAE Team Emirates – 13
Giro com sabor agridoce para formação árabe. Com o objetivo definido desde o início de 2022, João Almeida foi dando conta do recado durante toda a prova. Quase sempre sem apoio nas partes decisivas das etapas, o ciclista português, ao seu estilo sofredor, foi subindo na classificação geral. Estava em 4º, muito perto do pódio, e com a camisola da juventude praticamente assegurada, quando foi forçado a abandonar antes da 18ª etapa, devido a um teste positivo à COVID-19.
Davide Formolo foi o espelho de quase toda a equipa no apoio a João Almeida. Integrou várias fugas, sempre sem resultados de relevo, e a ajuda ao seu líder foi pouca. Diego Ulissi esteve muito apagado, nem pareceu o mesmo de outras Voltas a Itália. Rui Costa foi dos corredores mais importantes, ajudou Almeida em diversos terrenos. Alessandro Covi também teve liberdade e, já depois do abandono do português, conseguiu uma vitória espetacular, após um solo fabuloso numa das etapas mais duras deste Giro.
Rui Oliveira e Maximiliano Richeze tiveram duplas funções, ajudando, também, Fernando Gaviria. O colombiano andou muito perto da vitória, foram três pódios e mais dois top-10, só que faltou sempre uma pontinha de sorte para conseguir levantar os braços.