Ag2r Citroen Team – 14
Há males que vêm por bem. Este Tour confirmou que Felix Gall subiu vários patamares, algo que se viu a espaços na Volta a Suíça e que foi reafirmado na terceira semana, poucos certamente teriam o austríaco da Ag2r e que passou quase despercebido pela Team DSM a fazer 8º no final e a ganhar 1 etapa e a ser 2º na classificação da montanha. Obviamente ainda tem muitos aspectos a melhorar, não é propriamente o melhor a descer, o seu contra-relógio necessita de trabalho, mas enquanto continuar a subir assim tem tudo para continuar a fazer top 10’s em Grandes Voltas, mesmo que entre mais “frio” ou perca algum tempo em tiradas mais explosivas, depois compensa a ganhar minutos em subidas longas. É preciso ver que ele fecha em 8º depois de perder logo 5 minutos na 2ª etapa desta Volta a França.
O mal foi que Ben O’Connor, que já fez top 5 no Tour, e vinha com boas indicações e com expectativas de repetir esse resultado, não conseguiu corresponder na plenitude, não obstante uma boa última semana onde ajudou e muito Felix Gall, o que também diz muito dele após perder os objectivos pessoais. As questões que levantámos à volta de Aurelien Paret-Peintre confirmaram-se, o duro Giro passou factura, Clement Berthet foi uma boa ajuda a espaços e nomes mais sonantes como Stan DeWulf ou Benoit Cosnefroy mal se viram neste Tour, foi uma corrida bem discreta destes 2 elementos.
Alpecin-Deceuninck – 19
Vinham para vencer etapas e conseguiram isso categoricamente, com Jasper Philipsen a mostrar que em termos globais é neste momento o melhor sprinter do Mundo, como também comprova a conquista quase incontestada da camisola verde. É verdade que em algumas das suas vitórias fez alguns movimentos questionáveis e que seria bonito ter visto uma batalha mais a sério dele contra o compatriota Wout van Aert, não se pode retirar o mérito do corredor da Alpecin-Deceuninck. Não é qualquer um que ganha 4 etapas na Volta a França mais alguns pódios e da maneira que o fez, um misto de condição física e capacidade de colocação incríveis.
Depois é muito difícil falar de Mathieu van der Poel, em termos pessoais foi uma Volta a França de sofrimento para o holandês que infelizmente nas etapas mais talhadas para ele esteve debilitado fisicamente, de resto nunca baixou os braços e coube a ele a tarefa de lançar Philipsen a maior parte das vezes. O resto da equipa não teve grandes oportunidades esteve muito empenhado em perseguições e em controlar fugas, lembrando que noutros anos Philipsen não estava tão embrenhado na luta pela camisola verde. Não havia grande espaço de manobra a corredores como Hermans e Kragh Andersen.
Astana Qazaqstan Team – 8
Não foi surpresa nenhuma esta corrida discreta e este falhanço de objectivos, o plantel da Astana de 2023 não dá para muito mais neste momento. Mark Cavendish foi tentando dar pedradas no charco, até conseguiu um pódio e logo quando parecia a acreditar cada vez mais que era possível vencer uma queda veio estragar tudo e obrigou ao abandono do britânico.
É preciso reconhecer que mesmo longe da sua melhor versão Alexey Lutsenko foi remando contra a maré com o que tinha um bocadinho sempre na base do desespero e dos ataques demasiado longe da meta, diria que a grande oportunidade dele foi logo na 9ª etapa. O outro trepador, Harold Tejada, vinha de uma Volta a Suíça surpreendente e ao contrário de Felix Gall, por exemplo, não conseguiu confirmar essas indicações. Foi outro corredor que foi entrando em fugas um bocadinho na base da tentativa e erro e que nunca foi protagonista.
Gianni Moscon foi tentando ajudar nos sprints, os espanhóis David de la Cruz e Luis Leon Sanchez abandonaram muito cedo e após a retirada de Mark Cavendish foi o possante Cees Bol que ficou com a responsabilidade de sprintar, conseguindo fazer um quinto e um sexto lugar.
Bahrain-Victorious – 20
Impressionante como foi um Tour de um sucesso enorme mesmo com um líder que passou incógnito nas 3 semanas. Começando pelas conquistas nas etapas, Wout Poels fez uma das suas, andou escondido no pelotão 2 semanas para aparecer 1 dia e rebentar com toda a gente na montanha de uma forma espectacular, poucos corredores são tão eficazes como o holandês nisso, já quando estava na estrutura da Ineos e ajudava Froome era sempre nos momentos cruciais.
Matej Mohoric foi um eterno inconformado como sempre e recebeu o merecido prémio na última semana, um verdadeiro especialista em fugas na média montanha e que no fim deu uma das melhores entrevistas de sempre, recordando também tudo o que a equipa passou nos últimos tempos com o falecimento de Gino Mader.
Pello Bilbao fez a melhor Grande Volta de que me recordo, foi subindo de forma após um início bem complicada em casa, no País Basco, subiu quase sempre junto dos melhores na alta montanha e com uma consistência incrível e saiu recompensado com 1 etapa e o 6º posto final.
Quase toda a equipa esteve a bom nível, Jack Haig ainda a recuperar de um Giro complicado ajudou como pôde na montanha, Fred Wright foi muitas vezes importante na fase de formação da fuga e Phil Bauhaus mesmo sem grande comboio somou 3 pódios ao sprint, foi dos que mais luta deu a Philipsen antes de abandonar. Em relação a Mikel Landa, curiosamente falha os objectivos depois de uma temporada até regular, aqui nunca mostrou ter pernas, ainda assim o seu ADN combativo veio sempre ao de cima.
Bora-Hansgrohe – 18
Creio que podem sair deste Tour satisfeitos ainda que possam pensar que seria possível mais. A equipa veio dividida em 2 blocos e o bloco da geral teve um grande sucesso logo na primeira semana, Jai Hindley e os seus escudeiros conseguiram imiscuir-se num corte, vencer 1 etapa, ter o direito de levar a camisola amarela e ganhar boa vantagem para os rivais do pódio. Hindley parecia encaminhado para esse resultado, só que quando chegou a alta montanha não se conseguiu exibir ao nível de Adam Yates, Simon Yates e Carlos Rodriguez, perdeu esse comboio no dia errado e por isso terminou em 6º, o que ainda assim é que um resultado para uma estreia no Tour. O seu bloco esteve sempre com ele, já é hábito os gregários da Bora terem poucas chances, que o digam Buchmann, Konrad e Jungels.
Os responsáveis da formação germânica tomaram a decisão corajosa de deixar em casa Sam Bennett em detrimento de Jordi Meeus e essa opção foi questionada praticamente durante todo o Tour, o belga mesmo com o lançamento de Danny van Poppel raramente se conseguiu colocar em condições….até Paris. Foi nos Campos Elíseos onde conquistou a sua maior vitória e surpreendeu muita gente ao bater Philipsen, praticamente salvando a sua prestação nesta Volta a França.
Cofidis – 17
Acho que nos melhores sonhos dos responsáveis da formação gaulesa estava a conquista de 1 etapa, nem eles pensaram que era possível quebrar um jejum de 15 anos logo com 2 jornadas. Logo de entrada no Tour a pressão ficou aliviada, Victor Lafay fez a melhor exibição da carreira e surpreendeu tudo e todos no País Basco, com um ataque perfeito. O francês entrou tão bem na Volta a França que depois não se viu mais em fugas.
Depois a meio Ion Izagirre sacou uma cartada das suas, um triunfo da perseverança, da inteligência e da força por parte do basco que depois dedicou o resto do seu tempo a tentar cuidar de Guillaume Martin. E a cereja no topo do bolo veio mesmo na última semana, com o gaulês a subir ao 10º posto da classificação geral. Foi um Tour clássico por parte de Guillaume Martin, perdeu muito tempo logo de entrada, entrou em 4 fugas na segunda semana e na terceira semana foi sofrer na alta montanha.
A Cofidis terminou o Tour com algumas dificuldades, só 4 ciclistas chegaram a Paris, um deles o sprinter Bryan Coquard que fez até um bom Tour, regular nos sprints finais e nos sprints intermédios, terminou em 3º na classificação por pontos, não tem ponta final para os puros sprinters. Confessamos que Axel Zingle foi uma enorme desilusão, nem sequer entrou em qualquer fuga, esperávamos muito mais de um ciclista que foi uma das confirmações das clássicas.
Lidl-Trek – 16
Foi um Tour de muita resiliência por parte da Lidl-Trek, foi preciso remar contra a maré do azar e do negativismo, primeiro a verem um Philipsen tão forte e poderoso que deixou Pedersen KO para a camisola verde, depois Ciccone e Skjelmose ficaram fora da luta pelo top 10 na geral no mesmo dia. Reuniram o bloco e a recuperação começou de imediato, com o triunfo de Mads Pedersen no duro sprint da 8ª etapa e a partir daí também Ciccone começou a somar pontos para a classificação da montanha.
Com uma gestão perfeita na última semana e a ajuda dos seus colegas o italiano logrou levar para casa a classificação das bolinhas e bem precisou de lutar por isso nas últimas 2 etapas de montanha. Não se pode criticar muito o esforço de Skjelmose, caiu e ficou fora da geral e nesta semana final sacrificou possíveis ambições pessoais de vencer uma etapa para deixar a pele na estrada por Giulio Ciccone, um pouco como O’Connor fez com Felix Gall. O comboio Kirsch/Stuyven não foi tão superior à concorrência no último quilómetro como seria de esperar e o belga não apareceu em destaque nas últimas 2 etapas mais planas, bem ao seu jeito. Simmons deixou a corrida bem cedo, Lopez e Gallopin contribuíram como puderam.
EF Education-Easy Post – 8
Podíamos dizer que foi de mal a pior, mas não existe muito pior do que perder o líder para a classificação geral logo na segunda etapa, Richard Carapaz quase nem teve tempo para aquecer. Neilson Powless aproveitou a liberdade interna e externa para liderar a classificação da montanha durante quase 2 semanas e aparecer bastante na televisão, obviamente que chegou-se à terceira semana e já não havia gasolina no tanque do norte-americano.
Dos restantes ciclistas praticamente nenhum correspondeu como esperado, a excepção foi mesmo James Shaw que ainda assinou um 5º e um 7º lugar em fugas antes de ir para casa mais cedo.
De resto Rigoberto Uran até chegou em boa forma, mas teve um Tour muito infeliz, quando estava quase a chegar ao seu território teve uma queda e depois demorou um pouco a recuperar, Alberto Bettiol mostrou bons sinais logo nos primeiros dias, não logrou aproveitar quase chance em etapas de média montanha e nem falemos de Esteban Chaves e Magnus Cort, não fica na memória qualquer acção, em especial do dinamarquês que costuma ser tão eficaz em corridas de 3 semanas.
Groupama-FDJ – 12
Foi das classificações mais complicadas porque foi daquelas equipas que tentou dar espectáculo, foi adepta do ciclismo romântico, mas que se calhar graças a isso não conquistou um grande sucesso, mas sim um conjunto de resultados de bom valor.
A aposta foi total em David Gaudu e o francês nunca mostrou as mesmas pernas do Paris-Nice, onde esteve muito perto de fazer jogo igual com Vingegaard e Pogacar. Esteve sempre numa segunda linha, foi relativamente regular, bom sem nunca estar mesmo perto de conquistar 1 etapa até porque foi conservador. O antónimo de conservador foi Thibaut Pinot, que ciclista incrível que infelizmente pendura a bicicleta no final da temporada. Da 12ª etapa à 20ª etapa esteve 5 dias em fuga e nesta penúltima jornada merecia tanto ganhar diante de um público efusivo, talvez com alguma poupança extra em alguns dias tivesse tido forças para ganhar, mas é essa combatividade que adoramos em Thibaut Pinot.
Valentin Madouas foi uma relativa desilusão depois de um espectacular título nacional de estrada, chegou em grande forma e ajudou bastante Gaudu apesar de não ter estado tão preso ao líder como em 2022, na média montanha não chegou a aparecer e terminou sem qualquer top-10. Num percurso mau para ele nitidamente Stefan Kung não estava a 100% fisicamente e mentalmente, e tirando Quentin Pacher raramente se viu os restantes elementos da equipa comandada por Marc Madiot.
Ineos-Grenadiers – 17
Uma das previsões que acertámos, Carlos Rodriguez foi mesmo a melhor aposta e o líder da Ineos-Grenadiers, o espanhol é mesmo um enorme talento que tem um pódio em Grandes Voltas nas pernas, resta saber quando. Foi extremamente regular ao longo da competição, defendeu-se mesmo no terreno onde teoricamente é mais fraco e na 20ª etapa mostrou a sua resiliência ao aguentar o 5º posto final não obstante uma queda aparatosa.
Thomas Pidcock ainda levantou alguma expectativa, foi uma primeira metade de Volta a França quase incólume e em Puy de Dome faz uma grande subida que leva a equipa a protegê-lo bastante, quebrou bastante a partir da 12ª etapa e a partir daí foi sempre a cair, já tinha o tanque na reserva e já não dava para ir ganhar etapas, o que foi um problema. Terminou em 13º e deixou novamente a questão no ar se é ciclista para 3 semanas, continuamos a achar que não.
Egan Bernal mostrou que ainda não está ao nível do passado, nem de competir a sério com os melhores num Tour tão duro e desgastante, sofreu um grande apagão na última semana. Daniel Martinez mal se viu, parece que terminou o seu ciclo dentro desta estrutura, enquanto que os eternos Jonathan Castroviejo (15º lugar final) e Michal Kwiatkowski (1 etapa épica) mostraram novamente que são corredores fundamentais mesmo com os líderes e os ciclos a passar por eles. Fraile e Turner ajudaram como puderam.
Intermarche-Circus-Wanty – 7
As coisas não correram como esperado, bem longe disso. Começando pela luta do top 10, tudo ia bem encaminhado para Louis Meintjes, o sul-africano parecia em excelente forma e não tinha ainda perdido muito tempo, estava mais ou menos no mesmo caminho de Guillaume Martin que terminou em 10º. O problema foi uma queda, que afastou o sul-africano do objectivo e o deixou fora da Volta a França.
Com liberdade acrescida apareceu Georg Zimmermann, um corredor ofensivo por natureza, entrou em 3 fugas e mostrou boas pernas em todas elas, foi inclusivamente 2º no dia em que Pello Bilbao ganhou, esteve a poucos metros de um triunfo histórico. Relativamente ao bloco da montanha, mal se viu Lilian Calmejane e Rui Costa surgiu mais em destaque na última semana, estava em subida de forma, mas não em condições de ganhar 1 etapa, que é bem cara numa prova deste género. De referir que estes 2 corredores também trabalharam para o bloco do sprinter.
Esse bloco foi encabeçado por um Biniam Girmay que provou mais uma vez algumas coisas de que falámos aqui. Primeiro que tudo não é um mestre da colocação, não arrisca tanto como alguns dos seus rivais, não tem tanto corpo para ganhar posição como um Philipsen, como um Bauhaus ou um Groenewegen. Para além disso não é um puro sprinter, a sua especialidade são sprints em grupos reduzidos (não houve praticamente nenhum) ou em subida (ganhou Pedersen), traçados como o da Vuelta ou o do Giro são muito melhores para ele tradicionalmente. Em tantos sprints saiu apenas com um 3º e um 6º posto.
Israel-Premier Tech – 13
Não tão combativa como noutras edições do Tour ou mesmo no Giro deste ano, no entanto a equipa israelita, no papel uma ProTeam, cumpriu. Michael Woods vinha para caçar etapas e conseguiu-o num local mítico, o Puy de Dome, depois de uma recuperação fabulosa. Esteve bem no início no País Basco e raramente se viu depois, foi eficaz.
Dylan Teuns costum aparecer nos grandes momentos, no entanto este ano não foi o caso, tentou em algumas escapadas e sai com dois 8º lugares. Simon Clarke e Hugo Houle tentaram repetir os brilharetes do ano passado, estiveram em algumas fugas mas sempre sem sucesso. Krists Neilands tentou o protagonismo para si próprio, esteve em 6(!) fugas, estando perto de ganhar num dos dias, mostrou a sua enorme veia combativa. Talvez Nick Schultz e Corbin Strong pudessem ter rendido um pouco mais, são ciclistas muito completos, só que competir no Tour é muito diferente e mais exigente que no circuito europeu.
Lotto-Dstny – 6
Não falhamos na previsão, Caleb Ewan continuou a sua temporada muito fraca e saiu do Tour de mãos abanar. Ainda ameaçou o triunfo com dois pódios logo a abrir mas a partir daqui desapareceu. Abandonou e foi criticado pela direção da equipa, não deve ficar durante muito mais tempo. Sem o seu sprinter presente, Jasper de Buyst e Frederik Frison andaram um pouco perdidos, tentaram ser combativos.
Victor Campenaerts foi o grande animador da equipa, o super-combativo do Tour. Não venceu, nem perto esteve, mas fartou-se de atacar ao longo das 3 semanas, pelo menos uma mão cheia de vezes em fugas. Pascal Eenkhooorn aproveitou o trabalho de Campenaerts para ser 2º numa etapa, esteve muito perto do triunfo. Maxim van Gils e Florian Vermeersch eram dois nomes importantes dentro do alinhamento e mal se viram. O único dia onde Van Gils apareceu foi na etapa do Grand Colombier, foi 2º a partir da fuga, mas muito longe de ter sonhado com o triunfo.
Jumbo-Visma – 20
Era a equipa a abater e confirmou com o estatuto de grande bloco que tinha à partida. Com a sua maneira de correr mais fria, Jonas Vingegaard leva de vencida a 2ª Volta a França consecutiva. Vestiu a amarela ao fim de 6 etapas e nunca mais a largou, vencendo uma etapa pelo meio e dominando a semanal final, onde arrasou a concorrênica. Quando ia perdendo segundos para Pogacar sempre disse que o Tour ia ser decidido por minutos e isso aconteceu, venceu por 7:29!
Sepp Kuss está em nova conquita de Grande Volta, o norte-americano começa a ser um talismã, esteve presente nas últimas vitórias. Ia a caminho de fechar no top-10 da geral mas uma queda na etapa 20 atirou-o para o 12º posto. Wilco Kelderman, Dylan van Baarle e Tiesj Benoot cumpriram todos com o seu papel, sempre muito importantes nas etapas de montanha. Nathan van Hooydonck foi fundamental nos dias planos, era o primeiro a entrar ao serviço.
Para a cereja no topo do bolo, faltou Wout van Aert vencer uma etapa. O belga bem tentou nos diversos terrenos, foram 7 top-10 incluindo 4 pódios, mas a vitória não chegou. Quando foi para casa, Christophe Laporte assumiu o protagonismo nas fugas, fazendo dois top-10. Não esquecer as exibições impressionantes de ambos nas etapas de montanha, principalmente Van Aert continua a fazer de tudo um pouco, um monstro de polivalência.
Movistar Team – 6
E tudo o País Basco estragou! Enric Mas caiu logo na etapa inicial e foi para casa, estragando os planos da formação espanhola. O foco passou a ser nas etapas, Ruben Guerreiro, Matteo Jorgenson e Antonio Pedrero eram os principais nomes a estarem ativos mas nunca estiveram na discussão e depois foram todos para casa mais cedo. O português conseguiu 2 top-10 em fuga, Jorgenson foi 3º e 4º (esteve perto de vencer em Puy de Dome, apanhado já perto do fim) e Pedrero um 6º numa etapa de montanha.
Sobraram 4 ciclistas para metade do Tour, ainda entraram em algumas escapadas mas sem resultados de relevo. Alex Aranburu tinha etapas ao seu jeito mas não estava com a capacidade de outras provas, Gorka Izagirre, Gregor Muhlberger e Nelson Oliveira tentavam nas etapas mais duras só que, como seria de esperar, havia sempre ciclistas mais fortes na montanha.
Soudal – Quick Step – 13
Não fosse o brilharete na semana final de Kasper Asgreen e a análise da prestação da equipa de Patrick Lefevere tinha sido completamente diferente. O dinamarquês apareceu em grande nas etapas 18 e 19, ganhando a primeira e sendo 2º na outra, perdendo por muito pouco. Muitas escapadas e parece que o melhor Asgreen está de regresso.
Julian Alaphilippe bem tentou, praticamente todos os dias atacava no entanto no momento das decisões nunca estava na frente, ou porque a fuga era apanhada ou porque ficava sem forças cedo demais, prova disso é que o melhor resultado conseguido foi um 10º. Fabio Jakobsen era o líder da equipa, prova disso era o bloco que vinha em seu torno, com Dries Devenyns, Tim Declercq, Remi Cavagna, Yves Lampaert e Michael Morkov. O campeão da Europa era a aposta para as chegadas ao sprint mas não passou de aposta. 4º ao 3º dia, caiu na etapa seguinte e a partir daqui andou a arrastar-se. Ainda se tentava imiscuir nas chegadas só que não dava mais até abandonar antes da etapa 12, muito pouco para um ciclista desta qualidade e que tinha todo este apoio.
Team Arkea-Samsic – 7
O alinhamento era fraco, a temporada não estava a ser positiva, e o Tour foi apenas um continuar do que está a ser 2023, uma temporada relativamente fraca. O grande nome era Warren Barguil e, depois de fazer o Giro, o francês tentou de tudo para dar uma alegria à Arkea-Samsic entrou em 4 fugas vitoriosas, somou 3 top 10 mas o triunfo esteve sempre muito longe. Clement Champoussin podia ser a alternativa, mas o francês esteve desaparecido em combate.
Houve muitas fugas, os veteranos Anthony Delaplace e Laurent Pichon mostraram a camisola da equipa em algumas etapas onde sabiam que não iriam ser protagonistas no final, no entanto não passou disso. Jenthe Biermans, Matis Louvel e Simon Gugliemi vieram ganhar experiência. Luca Mozzato acabou por ser o elemento mais regular, longe de ser um puro sprinter, o ciclista transalpino conseguiu 4 top-10, resultados que estão dentro daquilo que é capaz para este nível.
Team dsm–firmenich – 6
Alguém notou pela presença desta equipa no Tour 2023? Até abandonar Romain Bardet estava muito discreto, o próprio afirmou que iria passar a procurar vitórias através de fugas no entanto não foi a tempo de executar tal plano devido a queda. Os restantes treapdores da equipa eram muito jovens, não se podia esperar muito de Matthew Dinham e Kevin Vermaerke. Chris Hamilton devia ter aparecido mais quando a equipa precisava nas etapas de montanha.
Sam Welsford fazia a estreia em Grandes Voltas e era a grande esperança da equipa para vencer uma etapa, só que, como é habitual a sua colocação foi péssima, o que lhe valeu somente um 10º lugar. John Degenkolb e Alex Edmondson têm experiência, mas sozinhos não fazem milagres num comboio tão curto. Nils Eekhoff acabou por trazer para casa o melhor resultado em etapa da equipa, foi 5º na etapa de Limonges, o que não é nada de especial, desempenho muito fraco no geral.
Team Jayco-AIUla – 16
A formação australiana vinha com um dupla objetivo e mesmo não tendo cumprido um deles, até se pode dizer que o outro foi cumprido com sucesso, talvez até excedendo as expectativas. Simon Yates nunca primou por ser um ciclista regular, normalmente tem um dia mau ao longo de 3 semanas e este ano não aconteceu. O britânico foi por duas vezes segundo, quando perdeu algum tempo integrou fugas e recuperou e terminou no 4º posto, o melhor da carreira no Tour.
Chris Harper foi um grande gregário, estava sempre na fase decisiva das etapas de montanha, prova disso é o 16º lugar final. Lawson Craddock também cumpriu. O restante bloco, composto por Luke Durbrdige, Chris Juul-Kensen, Elmar Reinders e Luka Mezgec estava destinado a ajudar Dylan Groenewegen nas etapas ao sprint e, apesar do neerlandês não ter ganho não foi por falta de apoio. Todos sabemos que a colocação é a sua grande falha, nem sempre Mezgec consegue fazer tudo, mas quando estava bem colocado Groenewegen de muita luta, conseguindo 4 top-5, incluindo 2 pódios. Para um vencedor de etapas no Tour sabe a muito pouco mesmo assim.
TotalEnergies – 7
A expectativa não era muita, o bloco não era muito forte e no final, a formação de Jean-René Bernardeau saiu de mãos a abanar. Como seria de esperar, os veteranos Peter Sagan e Edvald Boasson Hagen mal se viram ao longo das 3 semanas, o antigo tri-campeão do Mundo só por uma vez finalizou no top 10! Pierre Latou bem tentou nas etapas de montanha, ainda foi 2º no Puy de Dome, mas mal aparecia uma descida lá ficava para trás, o seu medo é fatal. Nem se notou pela presença de Valentin Ferron e Anthony Turgis.
Steff Cras estava a ser o homem da equipa apontado para a geral, estava às portas do top 10 quando uma queda provocada por um espectador o fez abandonar à 8ª etapa. O grande destaque da equipa foi o combativo Mathieu Burgardeau, 4 fugas e pódio em duas delas, a vitória não esteve muito longe para o jovem gaulês.
UAE Team Emirates – 18
A preparação de Tadej Pogacar não era a ideal, vinha de lesão, no entanto as duas primeiras semanas foram de grande nível. Apesar da perda de tempo inicial, o esloveno já tinha uma etapa no bolso e estava a apenas 10 segundos da liderança. A terceira semana chegou e, pela primeira vez, vimos um colapso da super-estrela, perdeu muito tempo no contra-relógio e colapsou no Col de la Loze. Recompou-se e ganhou a última etapa de montanha, à qual juntou a 4ª classificação da juventude consecutiva.
Adam Yates era o plano B da equipa e a correr sem tanta pressão o britânico conseguiu o melhor resultado da carreira em Grandes Voltas, ao ser 3º na geral final. A regularidade não costuma ser o seu forte no entanto desta vez não houve falhas a apontar, sempre com os melhores e um fiél gregário de Pogacar. Não se pode dizer que a restante equipa esteve mal, sempre que foram chamados ao trabalho Mikkel Bjerg, Felix Grosschartner, Vegard Laegen, Rafal Majka, Marc Soler e Matteo Trentin cumpriram e mostraram sempre um bloco muito unido em prol do seu líder. Simplesmente houve alguém mais forte.
Uno-X Pro Cycling Team – 12
Em estreia no Tour de France e em Grandes Voltas, a equipa norueguesa foi uma das grandes animadoras, ainda para mais numa formação onde apenas Alexander Kristoff não fazia a primeira prova de 3 semanas. Por falar em Kristoff, o Viking acabou por ser a grande desilusão, é certo que já não tem a velocidade de outros tempos mas conseguiu apenas 3 top-10. Soren Waerenskjold foi o seu fiel lançador e teve a oportunidade pessoal nos Campos Elísios. Rasmus Tiller foi um ciclista de muito trabalho e Jonas Abrahamsen apareceu em algumas fugas, conseguindo um dos 2 pódios da equipa.
Tobias Halland Johannesen foi a figura na montanha. O talentoso norueguês entrou em 3 fugas e por 3 vezes finalizou entre os melhores, uma das quais já na terceira semana. Chegou a estar na luta pela montanha mas cedo desistiu desse objetivo. Anthon Charmig foi uma sombra de si próprio, Jonas Gregaard mal se viu e de Torstein Traeen não se pode apontar muito, caiu logo na 1ª etapa, fazendo todo o Tour com o cotovelo fraturado.