AG2R La Mondiale – 13
Um herói improvável. De repente a meio da Vuelta surgiu um candidato impensável para a classificação da montanha: Geoffrey Bouchard. E não é que o francês de 27 anos conseguiu manter a excelente condição física na sua primeira Grande Volta e levar uma classificação secundária de vencida? Talvez a maior surpresa desta Vuelta, é a primeiro temporada dele como profissional.
Pierre Latour teve uma Vuelta de altos e baixos, começou muito bem, parecia claramente na luta pela top 10, até que teve um dia mau em Andorra. Depois esteve muito próximo de ganhar 1 etapa e quando se pensava que ia ser uma das grandes figuras da 3ª semana andou muito escondido. Clement Venturini foi muito regular como é seu apanágio e integrou por 4 vezes os 10 primeiros, o que é muito bom tendo em conta as escassas chances para sprinters.
Astana Pro Team – 14
Mais uma Grande Volta em que Miguel Angel Lopez parte como grande favorito ou um dos grandes favoritos e volta a não cumprir o objectivo. Desta vez o colombiano nem sequer terminou no pódio e tinha uma equipa de luxo ao seu lado. Começou em beleza, com a vitória no contra-relógio colectivo, a queda em Andorra quase andava ao ataque atrasou-o e depois variou entre brilhante (capaz de rebentar completamente com a corrida) e desapontante, como na etapa 20. Parece-nos que 2020 será crucial para Miguel Angel Lopez.
Jakob Fuglsang regressou de lesão depois do abandono no Tour e esteve muito bem, ajudou Lopez até onde conseguiu e ainda registou a sua primeira vitória em Grandes Voltas. Luis Leon Sanchez sacrificou várias vezes possíveis triunfos por Lopez e Ion Izagirre também esteve óptimo no apoio ao colombiano, só faltou mesmo Lopez finalizar em beleza.
Bahrain-Merida – 11
Foi uma Vuelta relativamente estranha para a Bahrain-Merida. Dylan Teuns chegou a andar de vermelho, em grande parte nesse dia abdicou na vitória na etapa para ter essa oportunidade. Apesar de Hermann Pernsteiner ameaçar o top 10 durante quase toda a Vuelta o austríaco teve um dia de pesadelo na 17ª etapa com as bordures e ficou de lado essa hipótese. No final de contas Teuns fechou em 12º e Pernsteiner em 15º, melhores resultados pessoais numa Grande Volta.
Esperávamos um pouco mais de Mark Padun, um jovem ucraniano de 23 anos muito talentoso que só apareceu realmente numa etapa. Phil Bauhaus deixou a prova bem cedo e ainda ontem ganhou uma competição em Itália, as voltas que o ciclismo dá. O resto da equipa esteve bem discreta.
Bora-Hansgrohe – 18
Sam Bennett continuou aqui a sua brilhante temporada com 2 triunfos em etapa, o irlandês até surpreendeu muita gente com a sua performance em chegadas bem duras. Não fosse a Quick-Step e Bennett teria vencido bem mais, ora vejamos, ficou em 2º 2 vezes atrás de Jakobsen, 1 vez atrás de Gilbert e a outra atrás de Cavagna, quando foi 2º foi sempre atrás de um corredor da Quick-Step.
Rafal Majka fez uma excelente corrida, quase sempre com os melhores especialmente na última semana e na alta montanha nem teve assim tanto apoio quanto isso, acabou em 6º. A equipa ficou desfalcada quando Muhlberger e Formolo foram obrigados a abandonar. Esperava-se um pouco mais de Felix Grosschartner, o austríaco não logrou integrar o top 10 em nenhuma etapa.
Burgos-BH – 17
Obviamente a épica vitória de Angel Madrazo no Observatorio Astrofisico de Javalambre é o grande destaque da Vuelta da Burgos-BH, um objectivo que parecia uma miragem à partida e que se tornou real naquele dia, que teve de tudo. O combativo ciclista espanhol ainda andou 2 semanas com a camisola da montanha mas compreensivelmente claudicou na última semana.
O resto da equipa foi muito discreta durante a prova tirando umas fugas longas do sempre combativo Diego Rubio, mas isso já se esperava tendo em conta o alinhamento desta formação, com muitos ciclistas sem grande experiência a este nível.
Caja Rural-Seguros RGA – 12
Uma Volta a Espanha um bocadinho ingrata a Caja Rural, sai com o título de única equipa Profissional Continental que ficou de mãos a abanar, mas de forma injusta julgamos nós. Houve 3 corredores claramente em destaque. Começando pelos sprints Jon Aberasturi veio como único sprinter e não desiludiu, 4º lugar nas etapas 3 e 21 é um motivo de orgulho, principalmente este último depois de 3 semanas de competição, bom sinal para o espanhol.
Depois houve o núcleo de fugas, formado por Jonathan Lastra e Alex Aranburu, que aproveitaram a média montanha das jornadas 8, 11 e 12 para andar na frente, depois disso apareceu a alta montanha e ambos acusaram o desgaste. Aranburu foi 2º nas tiradas 8 e 12, Lastra registou esse mesmo lugar na etapa 11.
CCC Team – 7
Com Victor de la Parte, a grande esperança da equipa para a geral e para a montanha, fora logo na 6ª etapa todos tiveram carta branca na CCC para procurar a glória. Patrick Bevin esteve a poupar-se para o contrarrelógio e na preparação para o Mundial só foi batido por Primoz Roglic. Jonas Koch foi a escolha da formação polaca para as chegadas com alguma dureza e o alemão correspondeu, 5º na etapa 8, 7º na etapa 14 e 6º na etapa 17.
Já o velocista Szymon Sajnok conseguiu o 2º pódio da CCC Team mesmo no cair do pano, em Madrid, depois de ter estado no top 10 logo no início da Vuelta. Acima de tudo esta Vuelta voltou a vincar de forma clara que a CCC precisa de aumentar a profundidade do plantel para 2020, algo que já está a ser tratado.
Cofidis, Solutions Crédits – 17
Tirando os irmãos Herrada e Nicolas Edet realisticamente não há muito a falar sobre esta Cofidis tendo em conta que Darwin Atapuma e Jesper Hansen quase nunca se fizeram ver. O destaque obviamente vai para Jesus Herrada, que triunfou naquela que seria a única oportunidade, derrotando Dylan Teuns, ele que foi muito frio nesse dia e lucrou com isso. Nicolas Edet andou um dia de vermelho, sempre algo importante.
Depois também fica na memória a batalha de José Herrada contra a dupla na Burgos-BH na 5ª etapa, em que o espanhol teve talvez a oportunidade de uma carreira.
Deceuninck-QuickStep – 20
A equipa que mais ganhou. De longe. E à partida parecia que tinham uma boa equipa, não sendo um grande alinhamento. Fabio Jakobsen conseguiu derrotar Sam Bennett por 2 vezes, o que é algo que não muitos ciclistas podem dizer nos últimos meses. Sempre secundado por um comboio brilhante onde se destaca Maximiliano Richeze.
Philipp Gilbert voltou a mostrar que velhos estão os trapos e o belga que está de saída para a Lotto-Soudal venceu por 2 ocasiões, a primeira numa fuga e a segunda no dia louco das bordures, nesse dia a equipa belga colocou praticamente todos na frente. E para colocar a cereja no topo do bolo Remi Cavagna teve um rasgo de genialidade em solitário mesmo no final da Vuelta. Pena a queda de James Knox mesmo no final quando o britânico parecia encaminhado para um top 10 relevador da sua qualidade. Uma das melhores equipas da competição como seria de esperar.
EF Education First – 13
É uma avaliação muito complicada de fazer tendo em conta que ao 7º dia já estavam sem Rigoberto Uran, Tejay van Garderen e Hugh Carthy. Cedo se viu que Sergio Higuita ia ser a grande esperança da EF Education First, e o colombiano que este ano esteve em destaque na Volta ao Alentejo, não desiludiu, ganhando a etapa 18 de uma forma espectacular, terminando a sua primeira Grande Volta em 14º na geral.
Daniel Martinez não andou como se esperava, mas acaba por ser normal derivado à lesão prévia à competição. Lawson Craddock foi dos mais combativos desta Vuelta, esteve próximo da vitória e acabou com 4 top 10.
Euskadi Basque Country-Murias – 16
A formação basca raramente fica mal na fotografia e isso voltou a acontecer. O triunfo de Mikel Iturria em Urdax-Dantxarinea foi o ponto alto de uma Volta a Espanha de excelente nível, marcando quase sempre presença nas fugas e estando na discussão das etapas, e por vários ciclistas. Por exemplo, o talento de Sergio Samitier viu-se na 20ª etapa.
Os trepadores da equipa abdicaram na geral, primeiro Mikel Bizkarra, que ainda foi 7º na etapa 16 e depois Oscar Rodriguez, que esteve próximo de fazer mais uma gracinha, desta vez no Santuario del Acebo. No meio disto tudo também Fernando Barceló esteve próximo da vitória em Bilbao, logo a seguir a Iturria ter ganho. Um tipo de equipa que muita falta faz a uma Vuelta.
Groupama-FDJ – 6
Não se esperava muito da equipa francesa e foi isso mesmo que aconteceu. A sua principal referência foi Marc Sarreau que, por 3 vezes, finalizou entre os melhores. Poucas foram as chegadas ao sprint para o jovem francês teve para mostrar o seu potencial.
Pouco se viu da restante equipa, apenas destaque para Kilian Frankiny, jovem trepador suíço que terminou em 21º da geral, tendo sido muito regular ao longo das 3 semanas, talvez se entrasse numa ou outra fuga podia ter estado na discussão. Tobias Ludvigsson nem no contra-relógio apareceu.
Lotto Soudal – 14
Pode ter faltado a vitória em etapa mas o 8º lugar que Carl Frederik Hagen conseguiu na classificação geral é bastante honroso. Em estreia em Grandes Voltas, o norueguês não teve medo de atacar e colocar-se em fugas e depois, muito forte, foi aguentando com os melhores nas etapas duras.
Tosh van der Sande com cinco top-10 foi quem esteve mais perto do triunfo, continuando o seu bom momento de forma que trazia de Valónia. Thomas de Gendt acusou o cansaço da 3ª Grande Volta e mal se viu. Esperávamos mais de Tomasz Marczinski, que nem em fuga apareceu. O resto da equipa mal se viu.
Mitchelton Scott – 10
Não fosse o 10º lugar de Mikel Nieve na classificação geral, conseguido mesmo à justa e quase nem nos lembrávamos da presença da equipa australiana em Espanha. Esteban Chaves desde cedo ficou afastado da geral, mostrando que está longe dos seus melhores tempos.
Luka Mezgec era a referência para os sprints, conseguiu dois top-5 mas uma queda obrigou o esloveno a ir para casa quando estava em excelente forma. Tsagbu Grmay, Dion Smith e Damien Howson entraram em algumas fugas mas pouco mais.
Movistar Team – 18
Mais uma vez, a Movistar é uma equipa complicada de analisar. 3 ciclistas no top-10, vencedores de duas etapas e, como sempre, ganharam a classificação coletiva. É impossível dizer que a Movistar esteve mal, principalmente comparando com a globalidade das equipas, mas … esperava-se mais dos comandados de Eusebio Unzue.
Alejandro Valverde esteve a um nível altíssimo, foi 2º, picou o ponto em Mas de la Costa, realizando a melhor Grande Volta dos últimos tempos. Nairo Quintana também venceu, termina em 4º, talvez a melhor versão do colombiano esta temporada. Marc Soler ainda foi 9º, finalizando pela primeira vez entre os 10 melhores. Nelson Oliveira e Antonio Pedrero foram os principais gregários, trabalhando bastante.
Team Dimension Data – 5
A Vuelta foi o espelho da temporada da equipa sul-africana, um desastre. Louis Meintjes apareceu apenas num dia e Edvald Boasson Hagen continua longe do seu melhor, somando apenas dois top-10. As duas principais referências da Dimension Data falharam redondamente.
Amanuel Ghebreigzabhier vinha em grande forma de Burgos e acabou por duas vezes entre os 10 melhores, antes de ser obrigado a abandonar. Ben King não conseguiu repetir, nem de perto, a Vuelta que fez no ano passado e os restantes elementos fizeram apenas figura de corpo presente.
Team Jumbo-Visma – 20
O objetivo era vencer a Vuelta e foi conseguido com distinção! A Grande Volta espanhol até começou mal com a queda no contra-relógio coletivo e o abandono de Steven Kruikswijk no entanto Primoz Roglic conseguiu virar a Vuelta a seu favor, atacando por diversas vezes, até quase “sentenciar” a prova no contra-relógio individual que viria a ganhar. A partir daí seguiu os seus rivais, ganhando quase sempre a todos. A prova da sua regularidade é a vitória na classificação por pontos.
Tudo correu de forma perfeita que até Sepp Kuss conseguiu vencer uma chegada em alto após presença em fuga. George Bennett foi um dos braços direitos de Roglic, quando a montanha chegava, já depois de Robert Gesink e Neilson Powless fazerem o seu trabalho. Tony Martin e Lennard Hofstede passaram centenas de quilómetros na frente do pelotão nas fases iniciais das etapas.
Team INEOS – 8
Uma Vuelta para esquecer por parte da formação britânica. As ambições dos comandados de Dave Brailsford eram reduzidas mas mesmo assim esperava-se muito mais. Wout Poels foi uma das grandes desilusões, a par de David de la Cruz. Dois ciclistas que caíram na Vuelta de “para-quedas” o que pode explicar, de certa maneira, esta situação.
Tao Geoghegan Hart foi o mais inconformado, estando em fuga pelo menos uma mão cheia de vezes. Por duas vezes finalizou no pódio, mas sempre houve alguém mais forte que o britânico. Alguém se lembra dos outros elementos da INEOS? Nós não, o que demonstra a fraca prestação da equipa.
Team Katusha-Alpecin – 9
Quando se fala da equipa russa na Vuelta só há um nome que nos vem à cabeça: Ruben Guerreiro. A estreia do português em Grandes Voltas foi bastante positiva, tendo sido 17º na classificação geral, para além deum 2º e um 4º em etapas e diversas presenças em fugas. Mais que um puncheur, o português está a subir melhor que nunca.
Daniel Navarro está longe do seu melhor e Enrico Battaglin não consegue mostrar o porquê de ter sido contratado. Os jovens Matteo Fabbro e Steff Cras tentaram em fugas mas outro dos destaques foi o combativo Willie Smit, nas etapas mais planas.
Team Sunweb – 15
As expectativas eram baixas, a temporada não está a correr bem, no entanto a Vuelta pode ter sido um ponto de viragem. A boa prestação da equipa alemã começou a desenhar-se logo ao 2º dia, quando Nicolas Roche subiu à liderança. 3 dias com a camisola vermelha para o irlandês.
Na 9ª etapa, Wilco Kelderman arriscou tudo, colocou-se numa fuga perigosa, subiu ao top-10 da geral e nunca mais saiu de lá. Muito regular, algo que ainda não tínhamos visto esta temporada, o holandês subiu muito bem, aproveitou o contra-relógio e acabou a Vuelta em 7º, somando alguns top-10 pelo caminho. Quem também aproveitou bem a Vuelta foi Nikias Arndt que somou uma vitória importante na 8ª etapa. Talvez Robert Power e Michael Storer pudessem ter andado melhor, tal como o gigante sprinter Max Walscheid que, apenas por uma vez, terminou no top-10, pecando sempre na colocação, apesar do sempre bom trabalho de Arndt.
Trek-Segafredo – 10
A equipa norte-americana bem tentou mas saiu da Vuelta de mãos a abanar. Gianluca Brambilla foi o mais inconformado na montanha, algo que já estávamos à espera, conseguiu três top-10. Peter Stetina e Niklas Eg não confirmaram o bom momento de forma que traziam do Utah.
Edward Theuns e John Degenkolb dividiram entre si as oportunidades nas chegadas ao sprint, o belga esteve perto do triunfo logo ao 3º dia no entanto foi a única vez, apesar do bom comboio que conseguiram fazer nos finais, com Kiel Reijnen e Alex Kirsch. Somente Theuns conseguiu finalizar no top-10, fazendo-o na etapa já referida e ontem, em Madrid.
UAE Team Emirates – 19
Tadej Pogacar carregou a equipa árabe às costas nesta Vuelta! Três etapas, 3º lugar na geral e vencedor da juventude, praticamente sem apoio nas partes mais decisivas. Tudo isto aos 20 anos! O esloveno é um talento enorme e confirmou isso na sua primeira Grande Volta.
Fabio Aru até começou bem mas acabou por abandonar. Sergio Henao chegou a lutar pela montanha durante uma parte da Vuelta mas não teve forças para mais. Valerio Conti mal se viu, tal como Marco Marcato e Oliviero Troia. Por fim, Fernando Gaviria. O colombiano caiu logo ao primeiro dia, passou bastante mal e apenas somou um top-10 em toda a Vuelta.