A Volta a Itália está de regresso e logo com uma etapa de média montanha onde vários cenários se colocam em cima da mesa. Teremos sprint, ataque a solo ou um grupo reduzido no final?

 

Percurso

A Volta a Itália regressa à estrada depois do dia de descanso com uma jornada que quase parece uma Milano-SanRemo em ponto pequeno. Os primeiros 100 quilómetros serão disputados junto à costa, em estradas muito expostas e onde o vento lateral pode ser um factor decisivo.



Os últimos 95 quilómetros são um carrossel autêntico, onde há 1700 metros de desnível, numa série atribulada de colinas. O primeiro ponto importante nesta sequência poderá ser a subida de Recanati, com 3000 metros a 6,9%. É claramente a subida mais difícil do dia e será crucial ver a que ritmo é feita, pois tem a dureza necessária para deixar a maioria dos sprinters para trás. Nos últimos 40 kms há 1000 metros a 5%, 2700 metros a 4,2%, 1900 metros a 5,3% e a última contagem de montanha que está a 9 kms da meta tem 1700 metros a 6,2%. Essa colina tem no seu miolo 500 metros a 8,1%, que podem fazer muitos estragos. O final da etapa é em ligeira subida, o que também favorece os puncheurs.

 

Tácticas

Bom, é muito complicado prever o que vai acontecer nesta etapa. Desde logo há 2 candidatos um pouco mais óbvios e que terão a vida dificultada por isso mesmo. Mathieu van der Poel já tem a sua vitória em etapa, mas não está neste Giro para fazer número, o holandês quer sempre mais e mais. Depois desta etapa ele não tem mais nenhuma oportunidade assim tão óbvia, talvez as etapas 12 e 14, só que com algumas subidas acima dos 10 minutos nessas jornadas, a tirada de amanhã é mesmo a que melhor assenta nele visto também que não é um puro sprinter. Biniam Girmay é outro dos nomes sonantes, a questão é que o eritreu está a ser cada vez mais marcado, é visto como uma ameaça à Maglia Ciclamino de Arnaud Demare e não fez propriamente muitos amigos na última fuga em que esteve.

Há várias equipas que querem que a fuga resulte, pela Trek-Segafredo e pela Groupama-FDJ isso bem pode acontecer, a Lotto-Soudal também já ganhou e não deve perseguir, a dúvida será a UAE Team Emirates.

 

Favoritos

Esta parece-nos uma etapa onde os favoritos mais óbvios podem muito bem não vencer e temos gostado do que Fernando Gaviria tem feito neste Giro. O colombiano está a subir bem e comparativamente às corridas anteriores tem-se apresentado bem nos sprints compactos. Está muito motivado e com muita vontade, precisa de concentrar isso em eficácia na estrada e o dia de descanso pode ter-lhe feito bem a reunir as ideias no sítio certo. Rui Costa e Alessandro Covi podem ajudar a fechar espaços na parte final.



Uma tirada deste género é perfeita para as características de Mauro Schmid. Já mencionámos o suíço algumas vezes nas etapas de média montanha e na última fuga falhou o grupo certo e ficou no bloqueio de Girmay e van der Poel. Ainda assim, foi demonstrado capacidade física, tanto no Etna, como nessa jornada. Schmid sabe como ganhar no Giro e no ano passado triunfou por volta desta etapa. É uma forte possibilidade para um ataque perto do final.

 

Outsiders

Mathieu van der Poel é um sério candidato e quase de certeza que vai correr altamente descomplexado, sabe que tem de mexer na corrida e atacar de longe se quer deixar para trás os principais sprinters, o ideal seria a Alpecin-Fenix endurecer a subida de Recanati para ver os homens rápidos que caem. A partir daí o holandês sabe que tem de se livrar de Girmay e o principal problema pode ser claramente esse.

Arnaud Demare está numa forma incrível e 1700 metros de acumulado não assustam o francês, ele quase que sobreviveu a uma Milano-SanRemo rapidísisma em Março, para além de que está pleno de confiança. Demare tem uma grande vantagem, vai ter a Groupama-FDJ completamente consigo, sem outras preocupações e também já mostrou que mesmo se descolar em algum momento não vai desistir. Adora finais em ligeira subida.



Será que é desta que vamos ter festa na rija na Eritreia com uma vitória de Biniam Girmay? O eritreu tem estado a bater na trave, muito por causa de Mathieu van der Poel e passar estas subidas está perfeitamente ao seu alcance, a questão é que se ficar somente focado na roda do holandês pode haver uma espécie de bloqueio. O melhor para Girmay e a Wanty é deixar van der Poel ir e confiar no trabalho de elementos como Rota, de Gendt ou Taaramae, esperando que haja mais uniões. Porque se fica um grupo de 30/40 elementos sem grandes elementos de trabalho aí vão chover ataques.

 

Possíveis surpresas

Estas subidas são mesmo no limite para Caleb Ewan, mas acreditamos que se o australiano estiver num dia sim e tiver uma boa colocação nos momentos chave pode perfeitamente disputar o final junto dos melhores. Um sprint em pelotão mais reduzido é melhor para ele porque tem manifestas dificuldades no posicionamento. Entre os sprinters um dia destes é a praia para os italianos, nomeadamente Vincenzo Albanese, Andrea Vendrame e Simone Consonni, ambos estão bastante confiantes de sobreviverem num grupo de 50 elementos e depois têm uma boa ponta final. Não seria uma surpresa total ver um deles a imiscuir-se no pódio. A Quick-Step vai tentar que Cavendish sobreviva, mas isso é muito pouco provável de acontecer, um sprint em grupo reduzido também é bom para Davide Ballerini, que teria aqui a sua segunda oportunidade neste Giro. Giacomo Nizzolo ainda não se encontrou neste Giro, mas é a grande esperança da Israel-Premier Tech, é alguém muito experiente em Grandes Voltas e que por vezes ganha quando já poucos esperam. Se não estava a fazer bluff o mais provável é que Magnus Cort esteja muito melhor nesta fase no Giro do que na primeira semana, o que assusta um pouco tendo em conta que o dinamarquês já tem um top 5. A EF não tem muitas opções e amanhã juntamente das etapas 12 e 14 são as melhores para o irreverente Cort. Caso a corrida parta muito na parte final, se ocorrer uma grande selecção em Rocarato, o ponteiro pode virar para elementos da geral que sejam menos marcados, falamos de Pello Bilbao, Thymen Arensman ou Davide Formolo. Nomes como Natnael Tesfatsion, Diego Ulissi ou Edward Theuns são ciclistas a considerar para o top 10. No caso de uma fuga grande se formar no início da etapa olhamos mais para Felix Gall, Francisco Gavazzi, Mattias Jensen ou Pascal Eenkhoorn.

 

Super-Jokers

Os nossos Super-Jokers são: Phil Bauhaus e Stefano Oldani.



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