O Tour regressa à estrada com uma etapa de média montanha onde a fuga tem tudo para vingar, quem será que vai sorrir em Issoire?

 

Percurso

Uma clássica jornada de média montanha do Tour. Não é uma etapa nada fácil, 3100 metros de acumulado em apenas 168 kms, logo com 2 contagens de montanha dentro dos 30 kms iniciais. Mais importante do que isso, os primeiros 6 kms são logo a subir, isso pode fazer com que se destaque um grupo com muitos trepadores, possivelmente com alguém às portas do top 10 a tentar recuperar tempo. Para além das subidas categorizadas, que são 5, há imensas colinas que não chegam a estar classificadas. A última contagem está a 28 kms da meta e tem 6,6 kms a 5,5%, incluindo 3 kms a quase 7%. Daí até à meta é quase sempre a descer, tirando 2 pequenos topos, 2 kms a 3,7% e 0,9 kms a 5,2%, estes quilómetros finais deverão ser muito rápidos.



 

Tácticas

Creio que este perfil grita fuga a plenos pulmões. Não haverá grandes interessados em controlar a fuga, nenhuma equipa de sprinters vai querer perseguir para a Jumbo-Visma sufocá-los todos na última subida e a Jumbo-Visma não se vai querer desgastar o dia todo para Wout van Aert, o mais fácil é simplesmente enviar o belga para a escapada. Para além disso os primeiros quilómetros da etapa são tremendamente ondulados, vai ser uma guerra terrível para integrar o grupo que deve discutir o triunfo.

 

Favoritos

Matej Mohoric – Foi impressionante o que fez ontem numa etapa que nem era talhada às suas características. Entrou na fuga quase por acaso, a ideia até era estar ao serviço de um dos trepadores, os grandes objectivos (disse ele à imprensa eslovena) eram as etapas 10 e 12. Pois bem, o perigoso esloveno não tem por hábito falhar nas etapas designadas e este perfil assenta-lhe que nem uma luva, especialmente a parte rápida até à meta. O desgaste de ontem foi mitigado pelo dia de descanso.

Wout van Aert – É uma grande oportunidade para ele e para a Jumbo-Visma, para o belga finalmente conseguir o tão desejado objectivo de conquistar uma etapa e para a sua equipa para poder estar finalmente toda a gente focada na conquista da camisola amarela. Wout van Aert não deverá ser necessário para controlar a etapa, vai ter de tentar levar a corrida mais ou menos controlada na fuga até à última contagem, aí até pode colocar ritmo para não haver anarquia e na discussão ao sprint é fortíssimo.

 

Outsiders

Alberto Bettiol – Preenche muitos dos requisitos para ganhar esta etapa. Neilson Powless deve querer ir para a fuga por causa dos pontos da montanha e isso pode distrair os rivais em relação a Bettiol e fazer com que a EF tenha mais do que 1 elemento. Bettiol tem uma boa ponta final e entrou neste Tour muito bem, foi dos que aguentou com o grupo dos favoritos na etapa de Bilbao, num lote com cerca de 30 unidades. Ponto negativo, não é um ciclista que geralmente seja muito matador em fugas.



Soren Kragh Andersen – É praticamente o oposto de Bettiol neste campo, é um daqueles corredores que quando entra numa escapada é para ganhar. A Alpecin sabe que esta etapa não é para Philipsen e sabe que tem de colocar ciclistas na fuga, o maior problema para o dinamarquês vai ser resistir àqueles quilómetros iniciais a subir.

Felix Grossschartner – Está a fazer um trabalho incrível para Tadej Pogacar neste Tour e amanhã poderá receber luz verde para tentar a sua sorte e com as pernas com que o austríaco está é preciso cuidado com ele. Dizemos que existe esta possibilidade porque a 11ª etapa é plana, não existe aquele perigo de desgaste em demasia e também é bom para a classificação colectiva.

 

Possíveis surpresas

Mathieu van der Poel – Sabe que não consegue ganhar na montanha e que tem de ajudar Philipsen nas etapas planas, não restam muitas oportunidade para o holandês tentar a sua sorte, esta é uma delas e vai fazer de tudo para estar na frente, veremos se as subidas mesmo assim não são um pouco longas demais para ele.

Rui Costa – Já tentou em diversas etapas entrar na fuga, ainda não teve sorte, tem tudo para ser amanhã. Gostaria de um final mais complicado, precisa de encontrar o grupo certo para se escapar já dentro da fuga. Tem poupado energias quase todos os dias para este género de tiradas.

Magnus Cort – Ainda não o vimos no Tour, nada que seja invulgar, geralmente quando aparece é para ganhar e atenção que a jornada de amanhã até tem um bom perfil para ele.

Michal Kwiatkowski – Impressionou de sobremaneira no dia em que Tadej Pogacar ganhou, primeiro resistiu ao ritmo diabólico de Wout van Aert, depois ainda seguiu por momentos Pogacar e Vingegaard, está numa boa condição física. Deverá ter liberdade para entrar na fuga e tem a experiência necessária para dela sair vencedor.

Stefan Kung – Não terá muitas chances neste Tour, esta será uma das poucas e poupou-se em alguns dias para isso mesmo. Tem um motor incrível e gostará que as subidas não são muito inclinadas, também sabe que tem de chegar sozinho para ganhar.



Julian Alaphilippe – Até agora tem mostrado poucas pernas para ser considerado favorito, está a ceder muito cedo na montanha e a fazer muitos ataques de pólvora seca, quase que parece ter demasiada vontade de ganhar.

Fred Wright – Uma excelente alternativa a Mohoric, o mais provável é que até esteja na fuga conjuntamente com o esloveno. Deve resguardar-se mais, tem uma boa ponta final, e Mohoric é mais corredor de atacar de longe, isso pode beneficiar e muito o britânico.

Alex Aranburu – De todo o alinhamento da Movistar creio ser o ciclista com mais perfil para esta etapa, as subidas de 3ª categoria sem grandes pendentes são excelentes para ele e depois também é relativamente explosivo, será um perigo à solta.

Victor Lafay – Já ganhou 1 etapa e as pernas não desaparecem por magia, está a voar e não seria uma surpresa absoluta festejar novamente.

Victor Campenaerts – Um pouco como Stefan Kung, não tem muitas chances neste Tour, entre a alta montanha e proteger Caleb Ewan, é alguém exímio em entrar em fugas e mesmo dentro delas não tem medo de se isolar.

Krists Neilands – Está a ter um Tour de bom nível, tem estado particularmente activo em fugas, mais discreto nos últimos dias. Ainda assim, tem mostrado boas pernas e o terreno amanhã é bom para ele.

Ben O’Connor e Valentin Madouas – Nomes que devem querer integrar a fuga para recuperar tempo e eventualmente reentrar num bom lugar na geral, isso significa que não estarão para discutir a etapa.

 

Super-Jokers

Os nossos super-Jokers são: Matteo Trentin e Daniel Martinez.



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