Nova etapa de média montanha na Vuelta, será que vamos ter nova fuga a triunfar ou a última subida bastante inclinada e perto da meta vai abrir o apetite aos ciclistas da geral?

 

Percurso

A etapa de amanhã é feita em circuito, com partida e chegada no Campus Tecnológico Cortizo Padron, na Corunha. Praticamente 2900 metros de desnível acumulado positivo, não é das etapas mais duras mas se for muito atacada dá para fazer diferenças. O Puerto San Xusto (10,2 kms a 4,2%) aparece ao quilómetro 32 mas antes aparecem dois pequenos topos com cerca de 2 quilómetros cada que pode alongar o pelotão.



Ao quilómetro 68, os ciclistas passam uma primeira vez na meta, para percorrerem um circuito por duas vezes. Esse circuito tem como principal obstáculo o Puerto Aguasantas (5,6 kms a 6,1% mas com os dois primeiros kms acima dos 10%). 49 quilómetros restam na segunda passagem pela subida, rápida descida até ao sprint intermédio que leva a 4300 metros a 4,3%. O terreno torna-se bastante mais rápido nos quilómetros seguintes, até o pelotão apanhar a última subida do dia.

Puerto Cruxeiras são 2800 metros a 9,2%, uma subida que tem várias centenas de metros acima dos 10%, mas não de forma consecutiva. No topo, restam 8 quilómetros para a chegada, 6 em descida e os últimos 2 planos.

 

Táticas

Creio que a etapa de hoje não correspondeu às expectativas, não teve qualquer impacto na classificação geral, não estavam reunidas as condições para fazer grandes diferenças, na óptica de muitas equipas. Amanhã julgo que vamos ter uma corrida um pouco partida como tivemos hoje, uma luta pela vitória de etapa que será entre a fuga e posteriormente os favoritos a batalharem pela geral na última subida do dia, que é a praia de Primoz Roglic e Enric Mas, espero pelo menos algum tipo de movimento aí porque é um terreno onde Carapaz ou O’Connor não se sentem tão confortáveis.

Para além dos nomes habituais neste tipo de terreno olharia também aos ciclistas que, estando aparentemente em boa forma, hoje perderam tempo e pouparam energias precisamente para uma próxima oportunidade, como esta jornada.

 

Favoritos

Michael Woods – Quase que não consiga imaginar um dia melhor para o canadiano, que hoje até perdeu quase 6 minutos para o grupo dos favoritos, talvez precisamente para ter essa liberdade extra de entrar na fuga sem que as equipas da geral tivessem a preocupação dele entrar de volta no top 10. Um mestre em terreno acima dos 9% e subidas explosivas, Woods é o tipo de corredor que precisa de muita ajuda para entrar na escapada.





Brandon McNulty – Isto agora é quase tentar adivinhar o ciclista da UAE Team Emirates que vai conseguir entrar na fuga para tentar a sua sorte, McNulty bem tentou, mas hoje calhou a Marc Soler e acredito que o norte-americano vá tentar novamente, sabendo que estas subidas lhe assentam bem e que tem uma boa ponta final num sprint a 2 ou a 3.

 

Outsiders

Eddie Dunbar – Também acho que este terreno é bem melhor para ele do que propriamente a alta montanha, o irlandês sempre foi um ciclista algo explosivo e estando a quase 16 minutos da liderança pode gozar de alguma liberdade. O colega Alessandro de Marchi será essencial nos primeiros quilómetros para o guiar na fase de formação da fuga.

Quentin Hermans – Corredor muito bom na média montanha e que está muito longe na classificação geral, não tendo nenhum líder para proteger amanhã, a Alpecin tem por hábito incorporar ciclistas na fuga e o belga é dos que terá melhor perfil para tentar dar mais um triunfo amanhã, recorde-se que já fez pódio na Liege-Bastogne-Liege.



Primoz Roglic – Há uma remota possibilidade da Red Bull-Bora tentar de certo modo controlar mais ou menos a etapa e a fuga, pensando que a subida final é perfeita para Roglic tentar recuperar mais tempo e para tentar somar as bonificações. Mas para isso precisa de ter muita sorte e engenho na fase de formação da fuga.

 

Possíveis surpresas

Jack Haig – É um ciclista que tem dado sinais de ir melhorando com o decorrer da Vuelta e a Bahrain pode dar tudo por tudo para o colocar na fuga visto que está a cerca de 12 minutos na geral, a subida final pode ser suficiente para ele fazer diferenças.

Marc Soler – O espanhol não é ciclista de desistir, e mesmo com a tentativa falhada de hoje pode perfeitamente voltar a tentar amanhã, sabe que mais para a frente pode ficar agarrado a funções de gregário.

Mauro Schmid – Depois de ver que não conseguia lutar pela etapa visto que falhou a fuga desligou completamente o motor já a pensar em próximas oportunidades, por vezes essa atitude é importante porque graças a isso conserva muita energia.

Mauri Vansevenant – Chegou a estar integrado num grupo que esteve escapado durante a primeira subida, sinal de que até estava com boas pernas, não seria uma surpresa voltar a tentar amanhã.

Enric Mas – Tem estado muito sólido durante toda a Vuelta, no tal cenário da Red Bull-Bora controlar as operações, o tiro pode sair pela culatra e a vitória cair indirectamente no colo do espanhol.

Jhonatan Narvaez – Esta é uma opção para qualquer cenário, é alguém que já mostrou capacidade de se aguentar de vez em quando com os melhores da geral, quando as subidas não são muito longas, mas também tem liberdade para entrar em escapadas.





Harold Tejada – É a melhor opção da Astana neste momento visto que Lorenzo Fortunato prefere esforços mais longos e está na luta por um lugar honroso na geral, o colombiano é o mais explosivo e mais ofensivo.

Max Poole – O britânico vinha para um bom lugar na geral, os últimos dias da primeira semana foram em quebra e abdicou desse objectivo, veremos se está a guardar alguma coisa para este tipo de jornadas.

Filippo Zana – Mal se viu ainda nesta Vuelta e o italiano tem capacidade e talento para conseguir bem melhor, até tem obtido bons resultados em provas de 1 dia como os Nacionais e este traçado assemelha-se a uma prova desse género.

Lorenzo Rota, Ion Izagirre e Patrick Konrad – Corredores muito semelhantes e que também têm em comum o facto de serem bons especialistas de fugas, apesar de que neste momento acho que não serão os mais fortes no grupo em que estejam, nomes a considerar para um pódio.

 

Super-jokers

Os nossos super-jokers são: Aleksandr Vlasov e Urko Berrade.

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