Está na hora de uma das etapas mais aguardadas do Giro! É tempo para a mini-Strade Bianche e, por isso, espera-se muito e bom espetáculo!

 

Percurso

Mini Strade Bianche! 10 anos depois o pelotão do Giro regressa a Montalcino para uma etapa que promete muitos nos seus 70 quilómetros finais. É aí que aparece o primeiro setor de steratto, um total de 9 quilómetros, sendo este o mais fácil.



Os motores já estarão preparados e 15 quilómetros volvidos aparece o segundo setor, o mais longo do dia, com 13500 metros de steratto! A juntar a isso, a subida a Castiglione del Bosco (3700 metros a 8,3%) aparece depois de 2 quilómetros. Passados 10 quilómetros em terreno mais plano, surge uma pequena subida, coincidente com a contagem de montanha de Passo del Lume Spento.

Uma descida de 10 quilómetros leva a mais um longo setor de steratto, este com 7600 metros. O setor não é plano, é em sobe e desce constante, surgindo 1 quilómetro a 6,4% pelo meio. Após nova descida, o pelotão chega ao derradeiro setor de steratto, num total de 5000 metros.

Quando este acabar, começa a subida final, uma nova variante de Passo del Lume Spento (9,3 kms a 4,5%, onde os primeiros 1800 metros são a 9,4%). A subida termina a 2900 metros da chegada, um final que se espera bastante rápido.

 

Tácticas

Acreditamos que a corrida não tem sido assim tão agressiva porque havia algum medo deste dia. Existe muito potencial para fazer diferenças, ainda para mais porque não é incomum os ciclistas terem dias maus após o dia de descanso. Vai haver muito nervosismo no pelotão, muito luta pelo posicionamento, isso vai anular completamente as hipóteses da fuga do dia e pode causar quedas. Por outro lado, pode haver uma grande luta para entrar nessa escapada, as equipas vão querer colocar alguém na frente caso aconteça algo aos líderes.



Se alguém perder o contacto no primeiro grande sector de gravilha em subida, arrisca-se a perder o Giro, tal como uma possível avaria na altura errada. Na última vez que houve uma tirada destas na Volta a Itália choveu a potes, um grande espectáculo para os fãs, mas não para os ciclistas. O 20º na altura chegou a 2:53, o 20º neste momento está a 2:31.

Em relação a historial na Strade Bianche nos últimos anos há alguns ciclistas que fizeram top 10, em termos de geral Romain Bardet, Davide Formolo, Egan Bernal e Pello Bilbao, sendo que ao 2 últimos foram este ano. Há corredores que esperam simplesmente minimizar as perdas, Dan Martin não é propriamente o melhor tecnicamente em cima da bicicleta, Hugh Carthy e Aleksandr Vlasov também e não são nada explosivos, podem ter problemas. No caso de Carthy beneficia do facto de ter um bloco que está muito forte de momento (Guerreiro, Bettioll e Carr). Corredores como Soler, Formolo ou Bardet vão querer recuperar terreno.

Os blocos da Deceuninck-Quick Step e da Ineos-Grenadiers parecem os mais sólidos neste tipo de terreno, na equipa britânica Ganna e Moscon serão uma ajuda preciosa, e na Quick-Step Masnada e João Almeida têm mostrado boas pernas recentemente. Com a geral em jogo é muito pouco provável que Ruben Guerreiro ou João Almeida tenham liberdade para atacar, a menos que se forme um grupo com “segundas linhas”, corredores como Nibali, Bilbao, Martinez.

Em relação ao clima, a zona de Montalcino apresenta cerca de 20% de probabilidade de chuva, sendo mais provável que esta caia da parte da manhã e não deverá estar muito vento.

 

Favoritos

Egan Bernal mostrou na última chegada em alto que neste momento é o ciclista mais forte deste Giro. O colombiano é bastante explosivo e a parte final não o assusta. A experiência que teve da Strade Bianche será preciosa para gerir o esforço ao longo do dia. Gianni Moscon será um elemento decisivo nesta estratégia.



Romain Bardet é outro corredor com um excelente historial na Strade Bianche, tipicamente é um corredor que se dá bem em clássicas e isto basicamente é uma clássica dentro de uma Grande Volta. Bardet tem vindo a mostrar sinais cada vez melhores e, com Hindley e perder cada vez mais tempo, a DSM vai concentrar-se mais em Bardet. Tem também a vantagem de não ser um corredor tão marcado como outros e caso se isole com Bernal ou Remco pode ficar ele com a etapa em troca de ajuda para ganhar tempo.

 

Outsiders

O céu é o limite para Remco Evenepoel, veremos se esta etapa será o céu. O jovem prodígio belga nunca fez a Strade Bianche, mas certamente reconheceu esta jornada, a Quick-Step prepara muito bem estas corridas e tem conhecimento sobre o terreno. Evenepoel tem cometido alguns pequenos erros de posicionamento, que não podem acontecer amanhã. A questão é se mantém a confiança nas descidas depois do acidente que lhe aconteceu.

Davide Formolo é um ciclista mais ou menos na mesma situação que Romain Bardet. Alguém que anda bem em clássicas (ver Strade Bianche ou Liege-Bastogne-Liege), que é explosivo, conhece bem estas estradas e tem alguma liberdade. Formolo sabe que tem algumas debilidades na alta montanha, se quer fazer top 10 no Giro tem de ganhar algum terreno aos rivais. Diego Ulissi pode ser uma boa ajuda.



Giulio Ciccone tem sido aquele que melhor tem respondido numa primeira fase aos ataques de Egan Bernal, está bastante explosivo. O italiano está a entrar em terreno desconhecido, não sabe até quando vai ter estas boas pernas e tem de se aproveitar desse facto. Amanhã é dia da Trek-Segafredo (com Mollema, Brambilla e Nibali) se focar só em Ciccone e não na etapa. É possível que Ciccone também seja um dos primeiros a mexer, o que neste tipo de terreno tem mais vantagem do que em estrada.

 

Possíveis surpresas

Sem ser os ciclistas da classificação geral não vemos muitos corredores com capacidade para ganhar aqui, há alguns nomes com experiência do ciclo-crosse, como Quinten Hermans ou Gianni Vermeesch, que estão em boa forma e não têm ido ao limite todos os dias, podem ter mais energia por causa disso. Se não tivesse de proteger Hugh Carthy, também Alberto Bettiol seria uma boa carta para a vitória, mas a EF já provou que está unida junto a Carthy. A Ineos-Grenadiers é a equipa com a 2ª opção mais bem colocada na geral, Dani Martinez está em contacto com os melhores e caso haja o tal grupo de segundas linhas a fugir, é um nome a ter em conta, tal como João Almeida ou Ruben Guerreiro. Pello Bilbao está algo longe da geral, também devido a alguns azares nesta corrida, mas o basco não é ciclista de baixar os braços e provavelmente vai mexer na corrida amanhã, a Bahrain está a correr com sangue na guelra depois de perder o líder. Simon Yates será das grandes incógnitas para amanhã, se o britânico quer ganhar o Giro tem de aparecer no sterrato, será que se tem poupado até agora ou é mesmo falta de pernas? Teoricamente a orografia é boa para Dan Martin, mas o irlandês não gosta estradas técnicas, vai precisar e muito da ajuda de Alessandro de Marchi. Por fim, estamos muito curiosos em relação a Marc Soler, já vimos o espanhol brilhar quando menos se esperava, aprecia condições adversas.



Super-Jokers

Os nossos Super-Jokers são: Damiano Caruso e Aleksandr Vlasov.

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