Antes do regresso da alta montanha, o Tour volta a ter uma etapa de média dificuldade, perfeita para mais uma fuga poder triunfar. Teremos mais uma tirada corrida a toda a velocidade?

Percurso

Uma jornada até muito semelhante à de ontem, uma distância não muito longa, várias contagens de montanha, cerca de 3100 metros de acumulado e a última subida ainda um pouco longe da meta. E tem tudo para ser mais um arranque muito veloz, os primeiros 10 kms são em falso plano, sempre em ligeira subida, segue-se 5,5 kms em ligeira descida e a primeira contagem de montanha com 4,4 kms a 5,6%. Se a fuga ainda não estiver estabelecida aí quase de certeza que até ao quilómetro 38 teremos uma situação de corrida mais definida.



Depois haverá uma fase de transição, cerca de 60 kms de sobe e desce constante até à sequência final de subidas, veremos se alguma equipa da geral vai querer mexer aqui (também tendo em conta as debilidades mostradas ontem por Bardet e Gaudu), começa com 5,2 kms a 6%, continua com 5,5 kms a 6,2% e finaliza com 5,4 kms a 7,7%, claramente a subida mais complicada das 3 e está a 28,5 kms da meta. Tem inclusivamente 1000 metros a 9,1%, onde haverá espaço para ataques e com sprint bonificado no topo, 8, 5 e 2 segundos para os 3 primeiros. Daí até ao risco de meta é muito rápido, somente uma colina de 1700 metros a 5,1% interrompe isso.

 

Táticas

Esta etapa antecede o regresso da alta montanha, pelo que o mais provável é estar ser mais uma etapa a sorrir para a fuga. Como acontece nestes dias de média montanha, as escapadas demoram bastante a formar-se, os ciclistas sabem que é o dia ideal para estar na frente e as tentativas são muitas. O início bastante complicado pode fazer com que a fuga se form relativamente cedo, para o que é normal.

A partir daqui, a história da etapa vai-se resumir às 3 subidas finais, onde os trepadores que estiverem na frente vão endurecer a corrida para tentar deixar para trás os ciclistas mais rápidos que estiverem no grupo. Até ao final a distância ainda é muita, pelo que podem existir reagrupamentos. Na luta pela geral, não acreditamos em mexidas, vêm aí 3 dias muito importantes e, como já referimos, a última subida fica bastante longe do final.

 

Favoritos

Tobias Halland Johannessen já esteve em fuga neste Tour e mostrou estar em muito boa forma, sendo o melhor da escapada nesse dia. O norueguês tem estado mais discreto, poupando energias para estes dias. Johannessen sabe que tem de endurecer bastante a corrida na parte mais dura para deixar os ciclistas mais rápidos para trás, no entanto ele próprio tem uma boa ponta final.



Será que amanhã é o dia de Wout van Aert? O belga tem tentado de todas as maneiras e feitios no entanto ainda não conseguiu a desejada vitória, ora porque há alguém mais rápido no grupo, ora porque chega alguém isolado. É certo que vêm etapas importantes pela frente só que o belga já tem muito estatuto e deverá ter liberdade para estar na frente, onde será o ciclista mais marcado pois pode vencer em diversos cenários.

 

Outsiders

Já aqui referimos que Matej Mohoric marcou esta etapa no seu livro e, se falhou na etapa 10, amanhã não quererá ir pelo mesmo caminho. Longe de ser um trepador, o esloveno está a subir muito bem, basta ver o que fez em Puy de Dome e, para além disso, desce como poucos, caso seja necessário fazer recuperações. Sabe analisar muito bem a corrida, gosta de atacar de longe, esperamos vê-lo na luta amanhã.

Maxim van Gils encaixa que nem uma luva neste perfil, o belga adora estes dias muito acidentados e, em grupos restritos tem uma boa ponta final. Está numa Lotto-Dstny qye procura vencer etapas e se não consegue com Caleb Ewan tem que ser com o seu talentoso ciclista. Muito explosivo, Van Gils está a ir de menos a mais neste Tour.



Felix Gall entra na categoria dos trepadores com uma boa ponta final e que já mostrou boa forma antes e durante o Tour. O austríaco sabe que tem de fazer diferenças a subir, já se viu que não desce muito bem, mas se estiver num grupo restrito a tarefa será mais facilitada. Com uma invejável envergadura física, tem as características ideais para conseguir integrar a fuga a parte mais rolante.

 

Possíveis surpresas

Com um perfil tão idêntico ao de ontem, não seria de estranhar vermos alguns repetentes na frente. Georg Zimmermann só foi batido por Pello Bilbao, pelo que deverá voltar a tentar, o alemão é muito combativo e adora este tipo de terreno. Outro ciclista muito combativo é Krists Neilands, o letão esteve muito perto na etapa de ontem, atacando de longe como tanto gosta, mostrando enorme disponibilidade física. Julian Alaphilippe até consegue estar na frente, no entanto ataca vezes sem conta e não está com o fulgor de outros tempos, o que faz com que fique para trás relativamente cedo. No entanto nunca podemos descartar o antigo campeão do Mundo, do nada pode sacar um coelho da cartola. Se a Groupama-FDJ der liberdade aos seus ciclistas, Valentin Madouas é um sério candidato, o campeão francês sobe bastante bem e em grupos restritos é muito rápido, podendo dar uma importante vitória aos pupilos de Marc Madiot. Há várias equipas com duos bastante perigosos. Começando pela Movistar, tem Matteo Jorgenson e Ruben Guerreiro dois ciclistas que já se evidenciaram neste Tour, dois trepadores com uma boa ponta final. A Lidl-Trek deve apostar em Mattias Skjelmose ou Gulio Ciccone, um deles deve atacar e o outro resguardar-se para o fim-de-semana, a etapa assenta que nem uma luva a ambos. Por fim, a EF Education com os perigosos Magnus Cort e Alberto Bettiol, longe de serem bons trepadores mas que quando estão bem consegue fazer maravilhas.

 

Super-jokers

Os nossos super-jokers são Daniel Martínez e Rui Costa.



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