Os sprinters têm nova oportunidade para brilhar nesta Vuelta, no entanto a organização não facilitou a vida aos homens rápidos já que o final é bastante complicado.
Percurso
Em teoria um dia plano mas, estando em Espanha, o terreno é bastante ondulante apesar de não existirem contagens de montanha após a saída em Ronda. Serão 164 quilómetros assim até à chegada à cidade de Montilla. A 2200 metros do fim, os ciclistas terão pela frente uma rampa de 700 metros a 5%. Este pequeno topo deixa os ciclistas muito perto do último quilómetro, sendo que também ele é em ligeira subida.
Tácticas
A Quick-Step não vai perseguir a fuga, resta saber a atitude das equipas dos sprinters. Num pelotão já por si bastante frágil há o problema das equipas dos sprinters já terem ganho, o que os faz fugir um pouco à responsabilidade da perseguição. Isto aplica à Cofidis de Bryan Coquard, à Alpecin-Fenix de Tim Merlier e à Bora-Hansgrohe de Danny van Poppel.
Tendo em conta isto e o perfil da etapa e o final da mesma vemos apenas 3 ou 4 possibilidades de formações se envolverem na perseguição. A mais óbvia é a Trek-Segafredo, que quer aproveitar o excelente momento de forma de Mads Pedersen. Tem o problema de já não contar com Daan Hoole e alguns dos elementos não parecem na melhor condição física. A BikeExchange de Kaden Groves deve ajudar, o sprinter australiano ganhou recentemente, Simon Yates foi para casa e os pontos de uma vitória ou de um pódio serão bastante úteis. As outras possibilidades mais remotas são a Arkea-Samsic de Dan McLay e a Bahrain-Victorious de Fred Wright.
Favoritos
Se Mads Pedersen conseguiu discutir uma chegada com 1000 metros a 8%, certamente que pretende estar na luta num final que é bem menos duro. Não só o controlo da corrida será um problema, a maior questão será o apoio do dinamarquês na fase final, Lopez e Elissonde não são roladores e não parecem estar num bom momento.
Danny van Poppel será um perigo à solta num final destes, o holandês terminou o último sprint com uma velocidade vertiginosa e muito próximo da vitória, terá uma grande vantagem comparativa nestas rampas. Habitualmente coloca-se muito bem pela sua experiência como lançador.
Outsiders
Entre os sprinters Kaden Groves também passa relativamente bem a montanha e vai ser um perigo. A BikeExchange fez um excelente trabalho na última etapa ao sprint e o triunfo soltou certamente Groves e retirou-lhe alguma pressão de cima dos ombros. A motivação continua claramente alta porque os comandados de Matthew White precisam dos pontos atribuídos aos primeiros da etapa.
É inevitável mencionarmos o britânico Fred Wright numa etapa destas. Pensamos que o corredores da Bahrain-Victorious não vai esperar pelo sprint final pelo perigo dos mais puros sprinters, mas pode ganhar através da fuga e principalmente com um ataque tardio, já dentro dos 3 kms finais, como tentou fazer no Tour.
Uma possibilidade para a fuga tendo em conta este perfil seria outro britânico, falamos de Ben Turner. O ciclista da Ineos-Grenadiers poderá ter liberdade num dia destes, é um excelente rolador e puncheur que teve uma prestação brilhante nas clássicas e que poderá surpreender.
Possíveis surpresas
Um final destes não é perfeito para Tim Merlier, mas se o belga da Alpecin-Deceuninck aguentou até aqui é porque considera ser capaz de estar na discussão. O mesmo se aplica da Dan McLay, que tem sido um dos mais regulares nas etapas ao sprint, a Arkea-Samsic tem feito um bom trabalho. A UAE Team Emirates tem de se organizar no aspecto do comboio, veremos se a aposta recai em Pascal Ackermann (muito apagado até agora) ou em Juan Sebastian Molano, até foi o colombiano a sprintar na última etapa. Entre os sprinters destaque ainda para Bryan Coquard (que se tem colocado muito mal), John Degenkolb (que lançou o sprint desde muito longe na última etapa) e para Daryl Impey (que gostará certamente de um final com ligeira inclinação como este. Atenção a alguns dos mais explosivos da geral, nomeadamente Primoz Roglic, que com a ajuda de Mike Teunissen (outro nome a considerar) pode começar o sprint em subida bem posicionado para atacar as bonificações. Num sprint destes é preciso também ter um olho em Quentin Pacher, a Groupama-FDJ ainda está de mãos a abanar e o francês é explosivo neste terreno. Outros nomes interessantes para a fuga são Dylan van Baarle, Raul Garcia Pierna e Maxim van Gils e Nans Peters.
Super-Jokers
Os nossos Super-Jokers são: Jesus Ezquerra e Robert Stannard.