Está na hora de uma das etapas mais difíceis desta edição da Vuelta, num dia que termina em Espanha e no famoso Col du Tourmalet! Teremos ataques e diferenças entre os favoritos?
Percurso
Apenas 135 quilómetros mas que 135 quilómetros! A etapa inicia-se com o Puerto de Portalet (4,4 kms a 5,4%) e desta forma os ciclistas chegam a França. Seguem-se 29 quilómetros de descida, até ao sopé de uma mítica subida, o Col d’Aubisque (16,6 kms a 7%). Subida habitual na Volta a França que é muito regular, tendo no seu miolo a parte mais dura. Uma curta descida leva a 2100 metros a 5%, antes de uma descida de 13 quilómetros.
Os ciclistas chegam ao Col de Spandelles (10,4 kms a 8,2%), mais uma subida bastante dura que no seu topo tem bonificações. Lá em cima, praticamente 50 quilómetros para a meta, 15 em descida, 18 em falso plano e 18,8 em subida, e que subida!
Tudo se vai decidir no Col du Tourmalet (18,8 kms a 7,4%). Será nas estradas francesas que os ciclistas vão batalhar, uma subida muito regular, não estivéssemos nós nos Pirenéus. A parte mais dura encontra-se no final, dificilmente os ataques acontecerão cedo.
Táticas
Primeira grande etapa de montanha desta Vuelta, é certo que já existiram várias chegadas em alto, no entanto toda a sequência que leva os ciclistas até ao Col du Tourmalet antevê um dia muito mais duro. Para além disso, etapa curta que acreditamos que seja a grande velocidade. A fuga não se deverá formar na primeira subida, só mesmo no Col d’Aubisque, já dentro dos 100 quilómetros finais.
Neste momento, pode já ser tarde para uma fuga consolidar uma vantagem que a permita sonhar com a vitória, os interesses na geral são muitos, a partir de agora começa-se a jogar, de forma mais séria a Vuelta. Jumbo-Visma e UAE Team Emirates têm 3 corredores cada no top-10 da geral, vão querer atacar para isolar os rivais, se o fizerem cedo, a fuga não terá hipóteses, caso contrário ainda existe alguma esperança. O facto da distância entre o Col Col de Spandelles e o Col du Tourmalet ser de mais de 30 quilómetros pode favorecer o segundo cenário.
Favoritos
Primoz Roglic é uma das cartas da Jumbo-Visma para amanhã e deverá ser a mais resguardada, apenas para o Tourmalet. O esloveno ainda não mostrou fraquezas e é um corredor que preparou a Vuelta ao pormenor, acreditamos que o pico de forma está a chegar. Adora estas etapas e já mostrou que pode atacar e não esperar pelo sprint.
João Almeida vence no Monte Bondone, porque não colecionar um triunfo no Tourmalet? Seria um grande feito para a carreira do português que está cada vez mais forte, o contra-relógio foi incrível e deve ter dado ainda mais confiança ao português. Um dia com muitas subidas longas é perfeito para o motor a diesel do ciclista nacional.
Outsiders
É evidente que Jonas Vingegaard não está na forma do Tour no entanto também ainda não está fora da luta, nem perto disso. As etapas onde o dinamarquês se pode destacar são estas, esperamos vê-lo na ofensiva, dinamitando a corrida e isolando os seus rivais. A vencer tem que ser isolado, quebrando com todos.
Juan Ayuso tem que começar a recuperar tempo se quer cumprir com o objetivo de pódio e já vimos nesta Vuelta que é um ciclista ofensivo. A ausência de Jay Vine vai pesar, poucos serão os gregários para o final, vai ter que esperar que a corrida seja endurecida, é aí que o jovem espanhol se torna mais forte.
É na alta montanha que Enric Mas se destaca, principalmente na alta montanha da Vuelta. Já com ritmo competitivo nas pernas, o espanhol é dos ciclistas que mais tem a recuperar depois do contra-relógio. Não é muito ofensivo, apenas o faz quando se sente forte mas já o vimos capaz de seguir com os melhores, são boas indicações para o que resta.
Possíveis surpresas
Amanhã é um dia muito importante para Remco Evenepoel, o belga deve ficar isolado cedo, as equipas rivais vão fazer isso, terá que estar num dia muito bom para aguentar tudo isto. Para além disso, a altitude e o muito acumulado vai fazer sentir. Se estiver bem pode discutir a etapa, tem é que estar perfeito. Não podemos descartar nova vitória de Sepp Kuss, o norte-americano é um dos melhores trepadores do pelotão, veremos é se não começa a acusar o longo desgaste da temporada, até agora esteve perfeito, a camisola vermelha deu-lhe asas. A fuga também tem possibilidades de vingar, tal como já referimos na análise tática e, num dia tão duro, serão os trepadores que irão esfregar as mãos. Romain Bardet te tentado muito, tal como Damiano Caruso, esperamos vê-los novamente na frente. Wout Poels é cirúrgico, já tentou uma vez, é um homem de grandes momentos. Com o passar dos dias Hugh Carthy tende a melhor, está na hora do gigante britânico aparecer. Olho, ainda, em Einer Rubio, Michael Storer, Cristian Rodriguez, Santiago Buitrago e Egan Bernal, todos eles trepadores de grande qualidade que se têm mostrado bem e se têm poupado nos últimos dias, já pensado nas etapas do fim-de-semana.
Super-jokers
Os nossos super-jokers são Steff Cras e Elie Gesbert.