Segunda chegada em alto consecutiva da Vuelta a Espanha, onde dia que termina no duríssimo Puerto de Ancares! Teremos Primoz Roglic e Enric Mas a atacar Ben O’Connor?

 

Percurso

Lugo acolhe a partida da 13ª etapa da Vuelta, um dia com 176 quilómetros e 3700 metros de desnível acumulado positivo. A primeira metade da etapa tem duas contagens de montanha, Alto Campo de Arbre (5 kms a 5,9%) e Alto O Portel (7,7 kms a 5,1%), mas que não devem ter influência na classificação final. 3500 metros a 4,8% antecede o sprint intermédio em Sésamo e o começo das últimas dificuldades.



O Puerto de Lumeras (6,6 kms a 5,9%) é uma subida bastante regular, cujo topo fica a 20 quilómetros do fim. Muito rapidamente os ciclistas vão chegar ao sopé do Puerto de Ancares. Os ciclistas já vêm subir há alguns quilómetros antes de entrar, oficialmente, na contagem de montanha com 7500 metros a 9%. Esta é uma média que engana, já que os dois primeiros quilómetros são praticamente planos e, a partir daí, as rampas raramente baixam dos 10%, sendo que o penúltimo quilómetro é a 14,3% … de média!

 

Táticas

Após um dia relativamente calmo, onde o pelotão conseguiu descansar depois da formação da fuga, voltamos às etapas importantes. A alta montanha começa a aparecer aos poucos, a parte final da etapa é muito dura e só a subida para Puerto de Ancares pode fazer grandes diferenças se, até lá, a corrida for muito endurecida. Como tal, a partir do Puerto de Lumeras esperamos ver a Red Bull-BORA-hansgrohe a pegar na corrida, tal como tem acontecido nos momentos decisivos das últimas tiradas. Depois de ver Enric Mas a realizar uma grande subida, a Movistar pode dar uma ajuda importante.

A questão fundamental estará em saber se estas duas equipas irão colocar-se ao trabalho desde cedo ou apenas nesta fase. O início bastante ondulante pode fazer com que a fuga se formou durante ou até depois do Alto Campo de Arbre. Com tudo isto, a fuga pode não ter grande margem para ver a sua margem crescer e, dessa forma, termos uma luta pela vitória entre os favoritos da Vuelta.

 

Favoritos

Enric Mas está em grande forma, como há muito não víamos. O espanhol parece determinado em conquistar uma grande vitória para si e para a Movistar e, no último domingo, mostrou ser o mais forte entre os favoritos. A correr em casa, a motivação é sempre elevada e, depois de uma temporada menos positiva, tudo parece estar a sair bem a Mas.



A subida final é ideal para Primoz Roglic. O esloveno gosta destas subidas não muito longas e com inclinações mais elevadas, onde consegue fazer fortes acelerações e, até agora, apenas Mas o tem seguido de forma mais direta. Já vimos que o espanhol deve colaborar consigo e, se chegarem juntos ao final, Roglic não vai dar hipóteses, é um canibal quando vê a linha de meta.

 

Outsiders

Mikel Landa ainda não chegou ao seu terreno predileto e, até agora, tem dado muito boa conta de si o que demonstra que está em excelente forma. O ciclista basco tem estado mais discreto, pouco ofensivo, jogando mais defensivo nas subidas que não são do seu agrado. Apesar de não muito longa, as inclinações ajudam o carismático ciclista a destacar-se.



Aos poucos, Carlos Rodriguez tem subido o seu nível de forma, um ciclista que tende de ir de menos a mais. O espanhol já perdeu algum tempo pelo que pode ter alguma liberdade para atacar antes dos principais favoritos. Se isso acontecer, pode-lhe ser dada margem para escapar para a vitória mas, mesmo assim, é preciso vermos a melhor versão de Rodriguez, algo que ainda não aconteceu.

Numa fuga, Tao Geoghegan Hart é a nossa aposta. A Lidl-Trek está apostado em vencer uma etapa e tem tentado muitas vezes nas fugas, principalmente nos últimos dias. O britânico tem estado mais resguardado, acreditamos guardando energias para este fim-de-semana complicado. Hart é um enorme talento, tem sido muito fustigado por lesões.

 

Possíveis surpresas

David Gaudu tem sido uma agradável surpresa, há muito que não víamos o francês tão bem numa prova. Gaudu corre um pouco por fora, tem mostrado boa forma, pelo que pode conseguir atacar de longe. Esta não é uma subida à imagem de Richard Carapaz, falta extensão à mesma mas quando a dureza surge o equatoriano costuma aparecer. Tem passado menos bem nos muritos, veremos a resposta que dá numa montanha mais extensa mas inclinada. Ben O’Connor sempre se deu melhor em subidas mais longas, é aqui que o australiano se consegue destacar, o problema pode estar nas elevadas pendentes, onde nem sempre se consegue defender. Será dia para sofrer. A UAE Team Emirates tem sido uma equipa muito ofensiva, no entanto não tem os ciclistas mais fortes, pelo que o mais natural será vermos Adam Yates e/ou Pavel Sivakov a tentar antecipar os favoritos e ver se resulta.



Estas inclinações são ideais para Michael Woods. O canadiano só tem de acertar na fuga, algo que não tem sido fácil, apesar de grande parte da Israel-Premier Tech conseguir estar nas fugas. Max Poole tem-se aproximado cada vez mais da vitória, 3º ontem e 2º hoje, será 1º amanhã? Pode já acumular algum desgaste, mas o mesmo se pode dizer do resto do pelotão. O jovem britânico está bem, numa subida destas é bastante forte. Lorenzo Fortunato pode ser a opção da Astana para amanhã, o italiano gosta destas subidas, onde consegue colocar em prática o seu estilo de pedalar mais em pé. A vitória conseguida ontem pode dar asas a Eddie Dunbar, numa Jayco AlUla que também tem em Filippo Zana outra séria aposta, um ciclista muito ofensivo. Olho, ainda, em Einer Rubio, Attila Valter, Jack Haig e Guillaume Martin.

 

Super-jokers

Os nossos super-jokers são Cristian Rodriguez e Matthew Riccitello.

By admin