O Giro continua a dirigir-se para Norte e para a montanha mas antes disso é tempo para mais um dia com vários cenários possíveis. Será a fuga capaz de enganar os sprinters? Conseguirão todos os sprinters passar a montanha?

 

Percurso

A cidade de Sanremo volta à ribalta do ciclismo, desta vez para a partida de uma etapa do Giro d’Itália. Ao quilómetro 44,2, após a passagem pelo sprint intermédio, surge a grande dificuldade do dia, o Colle di Nava (10,1 kms a 6,7%).



Ultrapassada a longa subida restam 95 quilómetros para a chegada a Cuneo, num terreno bastante rápido, contando apenas com um par de pequenos topos mas muito suaves, quando comparados com a contagem de montanha.

Os derradeiros 2000 metros são em ligeira subida, com 800 metros de pavê antes do quilómetro final que será a 3%. A reta da meta tem cerca de 1700 metros de extensão.

 

Tácticas

Ninguém sabe muito bem o que vai acontecer amanhã, é um bocadinho um exercício de adivinhação. Primeiro temos de ver o contexto, esta ainda não é a última oportunidade para os sprinters, essa estará na etapa 18, que tem um traçado muito mais fácil de controlar. Se não fosse a existência do Colle di Nava era um sprint certo, mas assim há dúvidas. É verdade que está a menos de 100 kms da meta, a questão é que é uma subida mesmo dura, pode-se perder minutos.

Quem está interessado em aumentar o ritmo na subida para eliminar alguns dos sprinters? No papel há algumas possibilidades, a mais óbvia seria a Alpecin-Fenix. Não nos parecem ter vontade disso, já ganharam 2 etapas, hoje desgastaram-se muito na fuga e não há garantia que Mathieu van der Poel vença num sprint em grupo reduzido, para além de que há ainda muito terreno para controlar. A Groupama-FDJ está focada em Demare, o francês tem a Maglia Ciclamino quase no bolso, se não quiserem correr riscos é deixar a fuga ficar com os pontos. A UAE Team Emirates até podia pensar na etapa, mas para quê tanto desgaste quando estão na luta pela geral e vem aí um fim-de-semana tão importante?



Resumidamente, e agora que Biniam Girmay foi para casa mais cedo, acho que não vai haver assim nenhum grande interesse de rebentar com a corrida na subida por parte de nenhuma equipa. O que não impede que um ou outro homem rápido fique para trás e passe mal. Qual é então a grande questão? A montanha está longe da meta, o que significa que também está perto do início da etapa, da partida até ao sopé distam 44 quilómetros.

Veredicto. Se a fuga se formar antes da subida e for de 5/6 elementos de equipas mais discretas, a etapa tem tudo para terminar ao sprint. Se ainda chegarmos ao sopé da contagem de montanha sem fuga aí não há hipóteses, as formações dos sprinters não vão conseguir controlar o número de elementos na escapada, vão ficar sem bloco e essa parte a subir vai ser feita a todo o gás. Apostamos mais neste segundo cenário. Outro problema, alguns dos elementos que amanhã poderiam ser favoritos estiveram na fuga de hoje.

 

Favoritos

Estará na lista de poucos, mas amanhã é uma boa etapa para Francisco Gavazzi. A Eolo-Kometa não tem conseguido repetir os brilharetes de 2021 e a opção mais lógica, Vincenzo Albanese, foi hoje para a fuga. Gavazzi tem experiência para dar e vender, mesmo aos 37 anos ainda tem uma boa ponta final e pareceu em boa forma na preparação para o Giro, na Volta a Turquia.

Antes da Volta a Itália havia grande expectativa para ver o que Felix Gall conseguia fazer. O jovem austríaco já fez um ou outro top 20 e nos últimos dias tem-se guardado para um derradeiro ataque, que pode surgir amanhã. A Ag2r não tem responsabilidade de sprint nem de geral, Gall tem liberdade, está sem pressão e tem uma boa ponta final em grupos reduzidos.

 

Outsiders

Fernando Gaviria é dos sprinters que mais gostaria que houvesse uma subida feita com alguma rapidez para eliminar outros homens rápidos. Cavendish já ganhou, Demare também, Nizzolo parece completamente fora de forma, o colombiano é aquele que tem maior motivação neste momento e nota-se perfeitamente essa vontade de ganhar. O seu lançador Richeze não passa nada mal as subidas.

Simone Consonni mostrou há 2 dias a sua ponta de velocidade e ao finalizar no pódio. Um sprint em grupo mais reduzido ainda favorece mais o ciclista da Cofidis, que inexplicavelmente foi desgastar-se na fuga hoje quando tem amanhã uma boa chance.



Se ganhar amanhã Arnaud Demare sentencia de vez a Maglia Ciclamino, apesar da mesma já estar muito próxima. Neste momento o francês tem o melhor comboio e uma equipa motivadíssima e somente focada nele. Isso dá outra calma e outra confiança, principalmente quando o principal objectivo já foi alcançado.

 

Possíveis surpresas

Obviamente que Mathieu van der Poel é um génio e nunca pode ser descartado, hoje trabalhou para os seus colegas, amanhã pode tentar integrar a fuga novamente ou esperar pelo final onde haja menos capacidade de controlo e atacar perto da meta, antecipando o sprint. Mark Cavendish dificilmente irá passar a subida junto dos melhores, o mesmo não podemos dizer de Giacomo Nizzolo, que ainda assim parece longe da sua melhor forma. Ciclistas como Andrea Vendrame ou Magnus Cort são apostas mais seguras para um top 10 em caso de um sprint a 80 ou 90, mas será complicado irem para a fuga. A Quick-Step pode dar liberdade a alguns dos seus gregários, nomeadamente Mauri Vansevenant, Pieter Serry e Mauro Schmid, e atenção que o suíço tem uma boa ponta final. A jornada parece-nos dura demais para Phil Bauhaus, Cees Bol ou Alberto Dainese. Há mais alguns nomes para a fuga que temos de destacar, primeiro o de Alessandro de Marchi, que bem tentou hoje, mas não conseguiu, tem de atacar de longe porque não tem um bom sprint. A Bora-Hansgrohe e a Intermarche estão na luta pela classificação colectiva e podem ver em Ben Zwiehoff e Loic Vliegen bons corredores para integrarem uma escapada, para além dos mais óbvios Kamna e Taaramae. Para uma fuga que se forme na subida olho ainda em Damien Howson, Tobias Foss, Lilian Calmejane, Fabio Felline e Davide Villella.

 

Super-Jokers

Os nossos Super-Jokers são: Nans Peters e Alessandro Covi.



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