Antes do regresso das etapas decisivas para a classificação geral, os sprinters têm a última oportunidade de brilhar na segunda semana de competição do Giro. Conseguirá alguém impedir novo triunfo de Jonathan Milan?

 

Percurso

179 quilómetros separam Riccione de Cento, naquela que é a etapa mais plana desta Volta a Itália. Não há contagens de montanha, apenas 202 metros de desnível acumulado positivo, um paraíso para os sprinters e para os roladores. Uma tirada que começa junto à costa mas acaba já bem dentro de território transalpino. Olhando para o final, um ponto fulcral estará a menos de 2 quilómetros do fim, depois da passagem por uma ponte, com uma espécie de chicane a estar à espera dos ciclistas. Segue-se uma reta em curva para a esquerda, antes da viragem final para a reta da meta, localizada a 450 metros da chegada.



Táticas

Depois da etapa supersónica de hoje, amanhã tem tudo para ser um dia relativamente calmo. Ciclistas das equipas italianas na frente, para mostrarem a camisola e darem tempo de antena aos seus patrocionadores e Alpecin-Deceuninck, Soudal QuickStep e Lidl-Trek a controlar no pelotão. Já há algumas equipas sem sprinters, pelo que pode haver mais ciclistas a atacar, só que esta é uma etapa demasiado simples para isso. O final é algo traiçoeiro, vai ser preciso estar bem posicionado, ter o lançador à sua frente antes da reta da meta é fundamental.

 

Favoritos

Jonathan Milan tem estado praticamente perfeito nas chegadas ao sprint, o pior que fez foi … 2º. O gigante italiano tem demonstrado ser o sprinter mais regular deste Giro e, aliado a isso, tem um comboio muito forte com Jasper Stuyven e Simone Consonni a fazerem um trabalho brilhante. Partindo da frente ou embalo, Milan não tem dado hipóteses. Numa etapa tão simples deverá chegar ainda mais fresco e sabe que um triunfo aqui pode começar a sentenciar a maglia ciclamino.

O único ciclista que foi capaz de derrotar Milan foi Tim Merlier. Todos sabemos que quanto mais adiantado for numa Grande Volta, pior é o estado de Merlier, começa a ficar sem forças e por isso, um dia totalmente plano é perfeito para si. Bert van Lerberghe tem sido um ótimo lançador e o próprio sprinter belga tem conseguido colocar-se muito bem, essencial para amanhã. A Soudal QuickStep chega ainda mais motivada depois do triunfo de hoje.

 

Outsiders

Kaden Groves não começou muito bem mas, aos poucos, tem começado a cheirar a vitória. Esta não é uma etapa ideal para o australiano, gostava que existissem mais dificuldades no entanto o avançar da competição favorece-o. Tem uma equipa totalmente dedicada para si e o seu comboio tem sido um dos mais regulares do Giro. Se quer vencer vai ter de surpreender, tem de sair tudo perfeito.



Hoje não foi um dia de muito trabalho para Juan Sebastian Molano, estará mais fresco. O colombiano já sabe o que é vencer numa fase adiantada de uma Grande Volta e vimos nas últimas etapas que até o apoio de Tadej Pogacar tem tido. Isso motivará muito Molano, para poder entregar uma vitória à UAE Team Emirates. Rui Oliveira é um lançador exímio, se Molano o conseguir seguir no final, a vitória estará mais perto.

Curva final a 450 metros do fim é perfeito para o longo sprint de …. Fernando Gaviria. O sprinter da Movistar ainda não o tentou uma única vez neste Giro, também é certo que os finais têm sido mais simples. Esta é a sua imagem de marca e amanhã pode funcionar, já que os sprinters podem entreolhar-se e não querer arrancar tão cedo. Já não vence há muito tempo em Grandes Voltas.

 

Possíveis surpresas

Alberto Dainese costuma aparecer quando ninguém dá nada por ele e, depois de um sprint desastroso ontem, amanhã pode ser esse o caso. Um verdadeiro underdog que já tem a experiência de vencer no Giro e conta com o experiente Matteo Trentin. Phil Bauhaus tem passado ao lado do Giro, é certo que o apoio não é o ideal mas esperavamos mais do alemão que, nos seus melhores dias é um dos bons sprinters do pelotão mundial. Talvez quando menos se esperar consiga tirar um coelho da cartola. Já não há forma de desculpabilizar Caleb Ewan. O australiano queixa-se sempre da falta de apoio da equipa no entanto ele próprio consegue-se perder do comboio e amanhã isso é algo que não pode acontecer. Quem tem um lançador como Luka Mezgec tem de fazer muito mais, o Pocket Rocket anda desaparecido mas a qualidade está lá, tem é de demonstrar isso.



Giovanni Lonardi conseguiu o pódio no dia de ontem, um resultado que até o próprio italiano não deveria sonhar. Confiança em alta, tem um bom bloco no seu apoio mas gostava de um dia com mais dureza. Um dia 100% plano são notícias perfeitas para o gigante David Dekker que terá contra si o facto do final não ser assim tão simples, peca um pouco pela colocação. Stanisław Aniołkowski, Hugo Hofstetter, Danny van Poppel e Madis Mihkels são ciclistas muito regulares, conseguem colocar-se relativamente bem com o pouco apoio que têm, esperamos mais do mesmo amanhã. Laurence Pithie e Davide Ballerini são ciclistas para etapas mais duras, amanhã é uma etapa muito simples, a favor de ambos joga o final mais técnico, se se conseguirem colocar bem podem conseugir um bom resultado.

 

Super-jokers

Os nossos super-jokers são Enrico Zanoncello e Tobias Lund Andresen.

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