A entrada no fim-de-semana faz-se com mais uma etapa de média montanha, onde se espera uma luta intensa pela presença na fuga do dia. Teremos nova escapada a triunfar?
Percurso
É praticamente impossível desenhar uma etapa que grite mais fuga do que esta. A meio de uma Grande Volta depois de uma semana desgastante e antes de uma jornada importante de alta montanha, com muitas equipas já desfalcadas. Os primeiros 45 kms serão em falso plano, até à contagem de 3ª categoria, é possível que a escapada só saia nesta fase.
O Col de Montsegur, a meio da jornada, é a subida mais dura, com 4,3 kms a 8,1%, mas ainda muito longe da meta. Caso o grupo seja muito grande as subidas que estão nos quilómetros 110,5 e 126,5 podem ser importantes para seleccionar este grupo. Caso isso não aconteça tudo se pode decidir na contagem de 2ª categoria de Col de Saint-Louis, com 4,6 kms a 6,8%, estando a 16,5 kms da meta. É uma subida muito dura de entrada, com os 2 primeiros kms acima de 9%.
A aproximação até à meta é muito rápida e não permite grandes recuperações, sendo que os últimos 2 kms são planos.
Táticas
Esta etapa “cheira” a fuga por todo o lado. Dia longo, depois de uma semana bastante cansativa e antes de um dia importante na luta pela classificação geral. A luta pela presença na fuga irá ser muita, os primeiros quilómetros deverão ser feitos a alta velocidade com ataques e contra-ataques até que se forme a verdadeira fuga do dia. Aí esperamos uma mistura de trepadores com classicómanos/corredores completos. Muitas equipas ainda não venceram neste Tour e as oportunidades são cada vez menores.
Favoritos
Wout van Aert está numa forma incrível, a vitória conseguida no dia do Mount Ventoux foi impressionante, está a ir de menos a mais. O início plano favorece-o, terá mais facilidade em entrar na fuga mas sabe que estando nela todos irão correr contra si, terá que estar forte e correr de forma inteligente.
A Deceuninck-QuickStep não quererá falhar a fuga e amanhã é dia para Kasper Asgreen. O completo corredor dinamarquês não sabe andar mal neste tipo de terreno, é um poço de força e se o apanham sozinho na frente será complicado apanhá-lo. Até num grupo reduzido tem hipóteses, lembrem-se que já derrotou Mathieu van der Poel.
Outsiders
A Astana veio para vencer etapas mas até agora nada conseguiu. Esta é uma etapa à imagem de Omar Fraile, o basco gosta de dia com algumas subidas, não muito longas, e que terminem com um final plano, onde é bastante forte. Entrou em grande forma no Tour e até agora pouco se viu do campeão espanhol.
Sonny Colbrelli está na forma da sua vida no entanto ainda não conseguiu o seu objetivo que é vencer uma etapa. Esta tirada faz lembrar uma clássica, onde o campeão italiano também é forte. Muito rápido, poucos quererão colaborar consigo. É curioso que o seu melhor lugar foi conseguido numa chegada em alto e não numa etapa ao sprint.
Jasper Stuyven já esteve presente em algumas fugas e, numa delas, foi 2º, numa etapa também ela dura e bastante longa. O belga é muito forte neste tipo de terreno e, apesar da sua excelente ponta final, raramente espera pelo sprint, prefere atacar. O início e o final plano beneficiam-no.
Possíveis surpresas
Magnus Cort e Michael Valgren devem ser as apostas da EF Education NIPPO para a etapa de amanhã. Ambos os dinamarqueses andam bem na 2ª metade das Grandes Voltas, quando alguns corredores já estão mais desgastados e têm uma excelente ponta final. Matej Mohoric venceu uma etapa num terreno muito semelhante a este, está em grande forma e no triunfo é possível. Greg van Avermaet e Oliver Naesen são opções muito credíveis na AG2R Citroen, ao passo que Anthony Turgis tem que ser a aposta da Total Energies. Foi bom ver Ivan Cortina na disputa de hoje, é sinal que o espanhol está com vontade e em boa forma, é um corredor ofensivo. As oportunidades de Michael Matthews começam a escassear, tem que começar a entrar em fugas para aí tentar vencer, uma vez que ao sprint é impossível. Por fim, olho em Franck Bonnamour, Thomas de Gendt e Bauke Mollema. Entre os favoritos não acreditamos em diferenças entre os primeiros e se houver discussão da etapa, Tadej Pogacar e Jonas Vingegaard são os corredores mais rápidos.
Super-jokers
Os nossos super-jokers são Patrick Konrad e Alex Aranburu.