Está de regresso a alta montanha! O pelotão chega aos Pirenéus e logo com a primeira chegada em alto da competição. Teremos novo duelo entre Tadej Pogacar e Jonas Vingegaard?

 

Percurso

Não que as últimas etapas tenham sido aborrecidas, simplesmente a maioria dos fãs da modalidade estava à espera deste momento, o regresso da montanha e, possivelmente, dos duelos entre Tadej Pogacar e Jonas Vingegaard, com Remco Evenepoel à espreita. Com partida de Pau, onde a etapa terminou hoje, são apenas 152 quilómetros, mas com cerca de 4000 metros de acumulado ao todo. Os primeiros 70 quilómetros, até ao sprint intermédio, são planos e devem servir para as equipas da geral também colocar ciclistas satélite na frente da corrida, caso seja preciso a ajuda deles mais à frente.



Veremos se vai acontecer alguma coisa no Tourmalet, uma das subidas mais complicadas de todo o Tour, que totaliza 18,9 kms a 7,4%, uma dificuldade acrescida pela altitude acima dos 2000 metros no topo. A fase mais dura do Tourmalet são precisamente os últimos 1900 metros a 9,2%, com muito menos oxigénio disponível. Está a mais de 60 kms da meta e segue-se uma descida de 17 kms que leva os corredores a cerca de 17 quilómetros quase de falso plano, com um pouco mais dureza no final, qualquer ataque de longe precisa de ajuda neste precisamente aqui.

Depois há 10 kms de descida, mais 7 kms de plano até à subida final, o Pla d’Adet, uma categoria extra com 10,6 kms a 8% de inclinação média. Tendo em conta que pelo meio há 1000 metros planos e que os últimos 1600 metros são a 5%, isto diz bem da dureza da primeira metade da subida, é aí que as grandes diferenças vão ser feitas. O segundo, o quarto e o sétimo quilómetro são todos acima dos 10%, o quarto é inclusivamente a 12% de pendente média.

 

Táticas

Esta é uma etapa que pode cair para qualquer um dos lados. Os 70 kms iniciais planos não favorecem os puros trepadores, será bastante complicado para estes estarem na frente, terão de ter a ajuda da sua equipa para o conseguir. Ao mesmo tempo, é um terreno mais acessível para a perseguição ser executada pelo pelotão, os seus roladores conseguem fazer o trabalho, poupando os trepadores para as subidas mais importantes.

O Tourmalet deverá ser muito endurecido, não nos admirávamos que existissem ataques dos principais homens da geral, no entanto isso só irá acontecer se tiverem companheiros de equipa na frente de corrida, pois entre o topo do Tourmalet e o sopé de Pla d’Adet distam 50 quilómetros. É neste cenário que entram Visma|Lease a Bike e INEOS Grenadiers, são as equipas que mais podem endurecer a corrida e colocar ciclistas na fuga à espera dos seus líderes.

Quanto há UAE Team Emirates, deverá focar-se no pelotão e, como Tadej Pogacar é um corredor que tem muita vontade de vencer, pode querer vencer a etapa e colocar a sua equipa a controlar a diferença para a fuga depois da exibição menos conseguida na quarta-feira. Apesar de não terem Juan Ayuso, ainda têm um bloco forte. A chave entre a vitória da fuga e a vitória dos favoritos está no que a UAE Team Emirates quer da etapa.




Favoritos

Finalmente chegamos ao território de Jonas Vingegaard! O dinamarquês entra na alta montanha mais que motivado depoi da grande exibição e da vitória conseguidas na passada quarta-feira. Este é o terreno onde Vingegaard pode fazer diferenças, foi assim que aconteceu nas últimas edições do Tour, tudo depende é se as boas indicações deixadas nos últimos dias são para continuar, algo que acreditamos. Matteo Jorgenson será fundamental, não pode deixar o seu líder isolado contra a UAE Team Emirates muito cedo.

Amanhã com o início plano podemos muito bem ver Tom Pidcock integrar a fuga. O britânico tem tido liberdade dentro da INEOS Grenadiers e não vai querer deixar o Tour sem vencer uma etapa. Está cada vez melhor a subir, a chegada a Pla d’Adet não o vai assustar. Será importante ter alguém da sua equipa na frente, para não dispender tanta energia. Depois do Alpe d’Huez quererá juntar ao currículo outra subida importante.

 

Outsiders

Em teoria, Tadej Pogacar deveria correr mais na defensiva mas o esloveno não é assim. Se se sentir bem, Pogacar vai querer atacar para testar os seus rivais, tal como o fez na etapa 10 onde resultou com todos menos com Vingegaard. Apesar de tudo, o esloveno ainda está com a camisola amarela de forma confortável e tem ao seu lado Adam Yates e João Almeida (Juan Ayuso pouco trabalhava). Com um bloco forte e com Pogacar a grande nível, só ele pode ameaçar Vingegaard na luta pela vitória.



Oier Lazkano já tentou várias fugas e mostrou-se muito forte em ambas só que escolheu os dias errados para estar na frente já que os favoritos discutiram as etapas. O início plano favorece-o, será mais fácil estar na frente do que para os puros trepadores. A partir daqui é acreditar que o antigo campeão espanhol tenha a capacidade física que vem a demonstrar desde o Dauphine, onde atingiu um novo nível como trepador.

Simon Yates já pode esquecer a geral, está na hora de se focar nas etapas. O britânico tem andado discreto, pensando neste fim-de-semana de alta montanha. Quando corre sem pressão consegue excelentes resultados, basta ver que já venceu duas etapas no Tour dessa forma. Trepador com muita experiência e que terá uma equipa dedicada para o colocar na frente a poupar energia antes da chegada das subidas.

 

Possíveis surpresas

Muito provavelmente, a UAE Team Emirates vai estar totalmente dedicada a Tadej Pogacar no entanto se há ciclistas que podem vencer num final mais tático são João Almeida e Adam Yates. Seria necessário ambos não trabalharem muito e, também, atacarem antes dos principais favoritos. O cenário não é o mais plausível mas pode acontecer, se tentarem roubar bonificações. Chegamos ao terreno de Carlos Rodriguez, até agora foi uma questão de sobrevivência. O espanhol sabe que agora começa o seu Tour e onde tem de atacar o pódio, ele que tende a melhorar com o passar da competição. Vai ser um teste muito importante para Remco Evenepoel saber se está pronto ou não para as etapas mais duras. Apesar de tudo, o belga continua a ser uma incógnita, deverá fazer a sua corrida sem nunca ir ao choque, gerindo o seu esforço.



Richard Carapaz e Tobias Halland Johannessen estiveram ao ataque no dia de hoje, não seria de estranhar se amanhã voltassem a estar na frente. Esta é uma etapa que se adapta muito bem a ambos, veremos se as energias dispendidas hoje não farão falta. Romain Bardet já venceu a sua etapa, o seu Tour está feito, o que vier agora é bónus. Mesmo assim, acreditamos que o francês vai continuar a tentar, não é de ficar guardado no pelotão, quer despedir-se em grande. Santiago Buitrago está no limite dos ciclistas que podem entrar na fuga, dependendo das ideias do pelotão, as equipas do top-10 podem persegui-lo. O colombiano é muito combativo, já venceu nas outras Grandes Voltas, tem de pensar nesse objetivo. Sem Primoz Roglic, Jai Hindley pode procurar a glória pessoal. Até agora não tem sido o melhor Tour, o seu apoio a Roglic também não foi fantátisco, talvez apontando o pico de forma às 2ª e 3ª semanas, onde estão as etapas mais duras. Outros nomes a ter em consideração para a fuga são David Gaudu, Harold Tejada, Javier Romo, Laurens de Plus e Chris Harper.

 

Super-jokers

Os nossos super-jokers são David Gaudu e Lenny Martinez.

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