A segunda semana da La Vuelta termina com uma grande etapa de montanha! Dia muito duro com chegada ao Cuitu Negru, uma subida capaz de fazer diferenças enormes. Será Ben O’Connor capaz de aguentar a liderança? Teremos Primoz Roglic a mostrar que é o mais forte?
Percurso
A segunda semana encerra com uma das chegadas mais duras desta Vuelta, mais uma montanha com vários quilómetros acima dos 10%. Os primeiros 30 quilómetros não têm qualquer contagem de montanha, no entanto o Alto de la Colladiella (6,5 kms a 8%) tem de ser ultrapassado por 2 vezes e é uma subida bastante dura, veremos se é usada por equipas da geral para lançar ciclistas ao ataque, especialmente a última passagem não está assim tão longe de Cuitu Negru.
O Cuitu Negru totaliza 18900 metros a 7,1% de inclinação média, mas isto são dados que enganam bastante pois tem várias fases distintas, os 3 primeiros kms variam entre 5 e 6%, os 3 seguintes entre os 7% e 8%, o bloco de 3 kms a seguir é uma fase de descanso a rolar. Chegamos a metade da subida e mais um bloco de 3000 metros, este a 8%, antes de 1000 metros a 11,7%. Segue-se mais 3 kms que servem para os ciclistas respirar antes do agonizante final, os últimos 1900 metros são a 14% de inclinação média.
Táticas
Última etapa da segunda semana da Vuelta, um dia de montanha, finalmente montanha dura. 3 subidas de primeira categoria e uma categoria especial no menu de hoje, subidas muito duras e extensas que podem fazer grandes diferenças. Desta forma, acreditamos que finalmente a Red Bull-BORA-hansgrohe vai pegar na corrida desde cedo, endurecendo a mesma ao máximo e, como consequência, a fuga não vai ter hipóteses.
Se a equipa alemã se guardar para as últimas subidas, possivelmente as últimas duas, aí sim a fuga pode voltar a vingar, tal como aconteceu nas últimas etapas de montanha. A questão principal estará se a Red Bull-BORA terá apoio, talvez da Movistar que, a correr em casa tem mais responsabilidade.
Favoritos
Primoz Roglic mostrou no Puerto de Ancares que está em grande forma, fez descolar tudo e todos. Este é o tipo de subidas para o esloveno, com rampas muito duras. Apesar de tudo, é uma subida longa, no entanto feita em patamares. Roglic tem a melhor equipa, temos visto que quando acelaram conseguem partir o pelotão por completo, cabe ao seu líder corresponder.
A expectativa em torno de Enric Mas era muita mas o espanhol falhou na passada sexta-feira. Novo dia e nova etapa para tentar o assalto ao primeiro lugar, uma tarefa que não se avizinha fácil. Se há ciclista que já fez descolar Roglic foi o espanhol, ainda para mais numa subida longa como esta.
Outsiders
Sem nunca ir ao choque, Mikel Landa tem feito uma corrida muito sólida e isso tem permitido estar entre os primeiros e ir ganhando tempo. O basco é um corredor muito experiente, sabe gerir o seu esforço como poucos e, ao contrário de outras temporadas, não o vemos a tentar os ataques kamikaze. Se estiver num dia super, a vitória de Landani pode surgir.
Richard Carapaz é ciclista para voltar a atacar de longe, já o fez uma vez. Esta é uma montanha bem mais longa, ao estilo do equatoriano, ao contrário do que tivemos até agora. Também já vimos que, em luta direta, não tem as armas dos seus rivais, terá de surpreender. Tem de ser à base da força, não vão deixar sair Carapaz de qualquer maneira.
Matthew Riccitello é feito para estas subidas, basta ver o seu histórico. O franzino trepador norte-americano tem a missão de integrar a fuga do dia e, posteriormente, aguentar até à subida final onde, com toda a certeza, será dos melhores. Tem estado discreto nas últimas etapas, é ciclista para aparecer do nada.
Possíveis surpresas
Carlos Rodriguez está a ir de menos a mais na Vuelta. O espanhol está a chegar ao seu território e esperamos que continue a evoluir no seu estado de forma, mas para vencer não pode esperar pelo final. Uma corrida mais controlada e sem grandes ataques, apenas na parte final seria perfeita para Mattias Skjelmose, um ciclista muito explosivo naquele tipo de rampas duras e inclinadas. Se a corrida for muito dura terá mais dificuldades, não é um puro trepador. Acreditamos que Sepp Kuss vai começar a aparecer, apesar do norte-americano não estar na forma de outros anos está, aos poucos, a mostrar que quer dar mais. Nos seus dias um dos melhores do Mundo. Por fim, mencionar Pavel Sivakov para um ataque de longe e David Gaudu caso haja hesitação entre os favoritos.
Em cenário de fuga, voltamos a referir Max Poole. O britânico viu que ontem não tinha hipóteses e decidiu reservar energias para um dia bem mais dura e ao seu jeito. Corredor explosivo, adora as inclinações elevadas que vamos ter na parte final. Se a Movistar não apostar tudo em Mas, pode colocar Einer Rubio em fuga, alguém que tem estado discreto mas que do nada consegue sacar um coelho da cartola. A Astana tem estado muito ativa com Harold Tejada, o colombiano até pode voltar a tentar, mas vemos Lorenzo Fortunato como uma melhor opção, um ciclista que sempre se deu bem neste tipo de subidas. Marc Soler deve voltar a estar na frente, o combativo espanhol não vai desistir de tentar. Eddie Dunbar e Filippo Zana são um duo perigoso dentro da Jayco AlUla.
Super-jokers
Os nossos super-jokers são Jefferson Cepeda e Felix Gall