A segunda semana do Giro d’Itália termina com a etapa rainha da competição! Longa etapa com subidas muito complicadas que podem causar diferenças importantes na classificação geral. Será alguém capaz de seguir Tadej Pogacar?

Percurso

A etapa rainha faz juz a isso mesmo, 222 quilómetros e 5724 metros de desnível acumulado positivo! Depois de 30 quilómetros percorridos aparece Lodrino (7,6 kms a 4,4%) e, logo de seguida, o Colle di San Zeno (13,7 kms a 6,7%). Ultrapassadas estas dificuldades e ainda mais de 180 quilómetros para o final, o que mostra a dureza que ainda está para vir.

Longa descida, praticamente 60 quilómetros de falso plano até ao temível Mortirolo! 12,6 kms a 7,7%, uma das subidas mais duras deste Giro e que já muito decidiu noutras edições na prova transalpina. O topo fica a 67 quilómetros do fim e, depois de nova descida, os ciclistas têm cerca de 50 quilómetros em subida, o início menos pronunciado, no chamado falso plano. A 29 quilómetros do fim, sprint intermédio localizado num pequeno topo, antes da temível sequência final.

O Passo di Foscagno são 14,6 kms a 6,3%, uma subida muito regular e que termina a apenas 9 quilómetros da meta. Rápida descida e 4600 metros de subida até Livigno. 7,7% de média, números que enganam já que a primeira parte é mais suave, antes dos últimos 2 quilómetros a 10%!

Táticas

Tudo vai depender do que a UAE Team Emirates quer desta etapa. Este é o grande dia deste Giro, a etapa rainha da competição, acreditamos que Tadej Pogacar vai querer ganhar e sentenciar, de vez, a classificação geral. A fuga não se vai formar assim tão fácil, acreditamos que apenas na segunda contagem de montanha é que vai constituir uma vantagem suficiente para ser considerada uma ameaça. O contra-relógio de hoje fez diferenças, ainda maiores, na classificação geral e, a partir de agora, vamos ver ciclistas perto do top-10 a tentar estar na frente para, dessa forma, recuperar tempo.

Se a fuga não for assim tão forte, a UAE Team Emirates vai conseguir controlar a mesma. Toda a etapa é muito dura e os últimos 60 quilómetros ainda mais, uma fuga para ter o seu sucesso tem de ter uma enorme vantagem nessa altura. De todas as equipas dos principais classificados da geral, Decathlon AG2R, BORA-hasngrohe e Bahrain-Victorious podem colocar ciclistas na frente mas também já vimos que se algum ciclista começar a perigar na geral, também vão perseguir no pelotão. Um dia tão duro tem de ser ganho pelos mais fortes.

Favoritos

Amanhã é dia para Tadej Pogacar acabar, de vez, com o Giro. O esloveno tem falado muitas vezes desta etapa quando dá entrevistas aos jornalistas, o que significa que tem os olhos postos na vitória. Já vimos que ninguém consegue acolhar Pogacar quando este ataca, veremos quando ele vai querer atacar pois amanhã podem-se fazer grandes diferenças.

Um dia de alta montanha é música para os ouvidos de Ben O’Connor. Entramos no território do australiano que tem mira apontada ao pódio final do Giro. Não diríamos que vá atacar no Mortirolo, ainda fica muito longe, mas O’Connor já nos habituou de atacar de longe, muito longe mesmo. Nem tem medo de o fazer e o contra-relógio de hoje vai dar boas indicações.

Outsiders

Geraint Thomas tem aqui uma etapa perfeita para o seu “motor a diesel”. Estas etapas longas e duras são ideais para o britânico, é aqui que se fazem grandes diferenças e onde já ganhou por muitas vezes. O ciclista da INEOS Grenadiers sabe o que fazer, a experiência é um posto neste tipo de tiradas. Não o devemos ver a atacar, amanhã não é dia para isso, sobreviver e ir colocando pressão nos rivais.

Hoje foi um dia para esquecer para Einer Rubio. O colombiano perdeu tanto tempo que acabou por sair do top-10 e amanhã é dia de ataque e estar na fuga para começar a recuperar tempo e voltar aos 10 melhores. Rubio conhece muito bem o Giro, uma etapa de alta montanha é perfeita para as suas características e para voltar a vencer na competição.

Valentin Paret-Peintre atingiu um novo nível neste Giro, a forma como tem estado na montanha é incrível. Muito franzino, o pequeno trepador gaulês será uma grande dor de cabeça para os seus adversários se estiver na fuga do dia, será muito complicado de o superar. Não sabemos que esteja a pensar nisso, mas amanhã é um dia importante para a montanha e já tem bastantes pontos.

Possíveis surpresas

Esta é uma etapa muito importante para Daniel Martinez. O colombiano é um excelente trepador, já o mostrou a espaços, no entanto ainda lhe falta a regularidade. Amanhã é o dia D para isso, vai ser importante ver se aguenta com os melhores ou acaba por ceder. Antonio Tiberi está muito forte, o italiano tem a camisola branca bem encaminhada e, no fundo, tem os olhos postos no pódio, à espera que algum rival quebre. Deve correr na expectativa. Thymen Arensman pode ser usado como um ciclista a atacar de longe, acreditamos que ainda é cedo para isso.

A partir do 7º lugar, qualquer ciclista pode tentar estar na fuga de amanhã, não será nada descabido, ainda para mais com o dia de descanso a seguir-se. Uma etapa com esta dureza é perfeita para Jan Hirt, um ciclista que começa a entrar na sua praia, a terceira semana das Grandes Voltas. Já tentou noutras fugas, amanhã é o dia ideal para isso. Romain Bardet já tentou noutras ocasiões, se amanhã não o fizer é de estranhar. Etapa ideal para o francês atacar o objetivo de vencer e voltar a recuperar algum do tempo perdido. Por falar em tempo perdido, Lorenzo Fortunato é outro nome do top-10 que também pode tentar estar na frente, o italiano tem tido uma consistência que ainda não lhe conhecíamos. Domenico Pozzovivo tem o objetivo top-10, amanhã é mais um que deve estar na frente. Já sem pensar na geral, muita atenção a Georg Steinhauser, Michael Storer Storer e Juan Pedro López.

Super-jokers

Os nossos super-jokers são Giulio Pellizzari e Aurélien Paret-Peintre.