A segunda semana do Tour termina com nova chegada em alto. Uma tirada duríssima após o dia de hoje onde já se fizeram diferenças entre os homens da geral.
Percurso
Mais um dia decisivo neste Tour, mais uma etapa de montanha, desta vez com contornos totalmente distintos de hoje. Bem mais longa, com 185 kms e mais de 4300 metros de acumulado tem um perfil muito mais complicado de controlar por parte das equipas da classificação geral.
A primeira contagem de montanha só surge após cerca de 50 kms, o que deverá permitir que se constitua uma fuga bem grande. O Col de Montsegur não é muito duro, tem 6800 metros a 5,9%, e mais dificuldades só mesmo a partir do km 110, com o Port de Lers (11400 metros a 7%) Esta fase da corrida é non-stop, 16 quilómetros de descida e começa o Mur de Peguere, que terá um papel crucial nesta jornada, com os seus 9.3 kms a 7,7%. A parte decisiva são os últimos 3 kms, com uma média de 12% e rampas de 18%.
A aproximação à subida final pode permitir recuperações, há quase 20 kms de descida e 10 kms de falso plano em ligeira descida. A ascensão a Foix é a mais longa, com 11800 metros, mas não é muito inclinada, com 6,8% de inclinação média. Nesta subida há um início e um final acessíveis e 2 quilómetros bem duros no miolo, com mais de 10%.
Favoritos
Na etapa de hoje confirmou-se o que evidenciamos ontem. Pela Deceuninck-QuicStep a fuga podia chegar e foram as equipas da Movistar e da Groupama-FDJ a pegar na corrida. Após a etapa de hoje, FDJ e Jumbo-Visma são as equipas que saltam mais à vista para perseguir, mas a dureza de amanhã é muito mais pelo que será complicado uma equipa manter a fuga por perto durante as várias subidas.
Thibaut Pinot mostrou hoje estar em grande forma, destacando-se de toda a concorrência na parte final do Tourmalet. Amanhã, com mais dureza, a etapa é ainda melhor para o francês que precisa de continuar a recuperar tempo. Mais uma vez, David Gaudu será peça fundamental para mais uma vitória.
Hoje vimos Vincenzo Nibali bastante ativo mas quando se apercebeu que a fuga não teria o seu sucesso decidiu esperar pelo pelotão talvez já pensando na etapa de amanhã. Um dia muito duro, que o Tubarão de Messina está muito habituado ao longo da sua carreira. Parece estar com ideias para a classificação da montanha e amanhã é um dia importante.
Outsiders
Entre os favoritos, hoje Steven Kruijswijk esteve, finalmente, ao seu nível. É verdade que, até agora, não tinha tido subidas ao seu jeito e o Tourmalet mostrou todo o seu potencial. Quanto mais dura a etapa melhor já que o gigante holandês gosta de dias com grandes acumulados. Terá sempre apoio por parte de Bennett e De Plus, o que pode vir a ser fundamental.
Emanuel Buchmann continua a passar despercebido mas o certo é que o alemão está numa posição privilegiada. Hoje foi quem incentivou os ataques finais o que significa que está confiante. Continuamos a acreditar que não será tão marcado como os restantes.
Com Adam Yates já afundado na geral, a Mitchelton-Scott pode virar-se para as vitórias em etapas. Hoje Jack Haig foi fundamental para a recuperação de Yates numa primeira fase. O australiano é um dos super-gregários do pelotão mundial e quando lhe é dada liberdade costuma estar sempre na discussão. Muito bom trepador pode dar a segunda vitória à sua equipa.
Possíveis surpresas
Mikel Landa é, neste momento, a real ameaça da Movistar na luta pela geral. O basco é sempre combativo e nunca vira a cara à luta e parece ainda fresco depois do Giro. Egan Bernal não esperou por Geraint Thomas hoje e amanhã também deve ter carta branca. Um dia com bastante acumulado é bom para as características do colombiano. Veremos se hoje foi apenas um dia menos bom de Geraint Thomas, ele que ainda continua em excelente posição na geral e que já ganhou várias chegadas em alto no Tour. Julian Alaphilippe, Warren Barguil e Rigoberto Uran podem também eles vencer a etapa, mas achamos a sua tarefa complicada. Ilnur Zakarin vai tentar salvar o Tour da Katusha através de uma vitória em etapa e hoje já tentou. As descidas serão um problema para o russo que quando se foca num objetivo costuma cumpri-lo. Tim Wellens deve estar, mais uma vez, na frente para amealhar mais pontos para a montanha mas achamos difícil vê-lo a ganhar. Giulio Ciccone pode ter liberdade dentro da Trek-Segafredo para fazer um brilharete tal como aconteceu no Giro. Para a fuga, atenção, ainda, a Dylan Teuns, Gregor Muhlberger, Damiano Caruso e Sebastian Reichenbach.
Super-jokers
Os nossos super-jokers são Fabio Aru e Alexey Lutsenko.