A segunda semana do Tour fecha com mais um dia rompe-pernas, onde se espera mais uma luta entre as equipas dos sprinters e os classicómanos.
Percurso
A semana termina com mais uma maratona, esta acima dos 200quilómetros, numa etapa classificada como … plana. Este é um terreno bastante complicado, não estivessem os ciclistas a dirigir-se para os Pirenéus, depois de já terem passado pelos Alpes.
Depois de alguns pequenos topos, o Côte des Cammazes (5,4kms a 4%) será fundamental para qualquer tipo de decisão na corrida. Com o seu topo localizado a menos de 50 quilómetros da chegada, segue-se uma longa descida, interceptada por dois pequenos topos. Os derradeiros 12500 metros em direção a Carcassonne são totalmente planos.
Tácticas
Sprint ou fuga, eis a questão. O momento decisivo da etapa será a formação da fuga, as equipas interessadas num sprint têm de garantir que a escapada é pequena e que não tem grandes motores como há 2 dias (Ganna, Kung). Se virmos sinais de que essas formações estão a imiscuir homens na frente, aí é completamente dia para os fugitivos.
Quais são os interessados num sprint? A etapa tem 2400 metros de acumulado e as subidas não passam dos 5%, não são tremendamente complicadas. A BikeExchange já não tem essa responsabilidade com o triunfo de Matthews, Ewan está a passar muito mal depois da queda, a Jumbo-Visma está focada na amarela. A candidata mais óbvia é a Alpecin-Fenix de Jasper Philipsen, que ainda não ganhou neste Tour, vão precisar de ajuda. A Quick Step a ajudar é só nos momentos finais, quando já tiver a certeza que Jakobsen sobreviveu, restam a Trek de Pedersen, a Wanty de Kristoff e talvez a DSM de Dainese.
Dito isto, achávamos que ontem havia 80% de hipóteses da fuga vingar, hoje 100% e amanhã atribuímos uns 60% a isso.
Favoritos
Algum falou em etapas de média montanha acima de 200 kms? É que isso é música para os ouvidos de Matej Mohoric. A Bahrain-Victorious mostrou muita vontade hoje, só que Teuns gastou cartuchos a meio e acabou só com Sanchez na fuga. Wright está algo cansado e amanhã é dia de Matej Mohoric brilhar.
Tivemos sprinters a sorrir nos últimos dias e não seria de admirar que outro sprinter triunfe amanhã. Ninguém está a prestar muita atenção a Jasper Stuyven, mas o belga já mostrou excelentes pernas e a Trek já provou que sabe o que está a fazer com as fugas neste Tour.
Outsiders
Em caso de sprint em grupo reduzido Jasper Philipsen é o maior candidato, a Alpecin-Fenix sabe disso e pode optar pela estratégia alternativa de não querer perseguir o dia todo para nada, incluindo assim o sprinter e mais um companheiro na escapada.
A Ineos Grenadiers tem dado liberdade aos seus ciclistas para ir para a frente, Ganna ontem, Martinez hoje. Amanhã o perfil é bom para Dylan van Baarle, o holandês gosta destas corridas tácticas com algum sobe e desce e tem muita experiência nisso, já para não falar que ainda não se desgastou muito neste Tour.
Danny van Poppel é outro nome que tem passado algo despercebido e é outro sprinter que passa bem a montanha e que não tem tido grande desgaste. O holandês tem uma equipa muito forte com ele e com o potencial de serem muito representados na frente.
Possíveis surpresas
Dentro dos sprinters achamos que será duro demais para Jakobsen, Groenewegen ou Ewan, é mais o perfil de Alexander Kristoff, Mads Pedersen, Hugo Hofstetter ou Alberto Dainese. Obviamente que Wout van Aert não vai perder a oportunidade de sprintar caso isso apareça, mas é muito improvável. As equipas francesas estão com muita vontade, Edvald Boasson Hagen, Benjamin Thomas, Alexis Gougeard e Kevin Geniets são bons nomes para amanhã. Dylan Teuns e Fred Wright muito tentaram hoje, amanhã têm de jogar de uma forma muito mais estratégica. A Quick-Step tem cartas muito fortes para jogar, tanto Andrea Bagioli como Florian Senechal têm boas características para este perfil, os belgas não vão querer perseguir o dia todo. Mais nomes a ter em atenção para a fuga serão Nils Politt, Stefan Bissegger, Stan Dewulf, Florian Vermeesch, Hugo Houle e Taco van der Hoorn.
Super-Jokers
Os nossos Super-Jokers são Luka Mezgec e Andrea Pasqualon.