Terceira batalha consecutiva na montanha entre os “aliens”, será que algum deles vai quebrar e será que finalmente a fuga tem hipóteses de vencer?
Percurso
Engane-se quem achar que os primeiros 80 quilómetros são acessíveis apenas com 1 contagem de montanha. 4 subidas não categorizadas, com extensões que vão dos 1000 metros a quase 9 quilómetros. O Col de la Forclaz de Montmin (7,2 kms a 7,3%) é a primeira grande subida do dia, praticamente a meio da etapa. Após a descida, seguem-se mais 10 quilómetros de subida não categorizada (a 3,2%), antes da entrada na fase decisiva da etapa.
Os últimos 66 quilómetros são brutais, começando com o Col de la Croix Fry (11,3 kms a 7,1%) que, logo de seguida vê aparecer o Col des Aravis (4,4 kms a 6,2%). Duas subidas particamente sem descanso, antes de uma descida de 12 quilómetros, outros tantos de falso plano, até mais uma vertiginosa descida, esta com um total de 9 quilómetros.
Rapidamente os ciclistas chegam à parte final da etapa e as últimas duas subidas, situadas em pouco mais de 10 quilómetros. A abrir, o Côte des Amerands (2,7 quilómetros a 10,1%), uma curtíssima descida e depois subida final para Saint-Gervais Mont Blanc. 7700 metros a 6,9%, longe de ser a subida mais dura do dia mas já com muito acumulado e quilómetros nas pernas vai pesar. Apesar de tudo é uma subida que engana na média já que no seu miolo tem dois quilómetros com 9% e 10,8% de média.
Tácticas
A análise de ontem estava errada, pensámos que a Jumbo-Visma apenas ia fazer isto na etapa de Courchevel, decidiu tentar mais cedo para testar Pogacar e isso matou qualquer hipótese para a fuga. Será que amanhã vai acontecer o mesmo? O final é mais explosivo, apesar da jornada ter sensivelmente o mesmo acumulado e a última subida é mais favorável a Pogacar do que a Vingegaard pelo esforço ser mais curto. Isso pode levar a que a Jumbo-Visma não queria “oferecer” a oportunidade das bonificações a Pogacar, por outro lado quanto mais ritmo colocar nas outras subidas mais anula a explosividade do esloveno.
Consideramos que em condições normais este seria dia para a fuga, mas não estamos num Tour normal, UAE Team Emirates e Jumbo-Visma estão a tentar de tudo para quebrar a concorrência, mesmo em dias em que não se esperava. Quem sabe não é a equipa de Pogacar a tentar controlar a fuga amanhã, outro factor favorável a uma vitória de um homem da geral é o facto de Segunda ser dia de descanso, pode não haver qualquer poupança. No entanto, também há factores que beneficiam os corredores que forem para a fuga, primeiro os últimos 2 dias foram diabólicos, será que há capacidade física dos 2 grandes blocos para perseguir um 3º dia seguido? Segundo, com tão pouca gente a menos de 10 minutos da geral, há imensos ciclistas com liberdade para entrar na escapada. Por isso mesmo, consideramos que em condições normais seria 100% de hipóteses da fuga resultar, num Tour que está neste estado, achamos que é um 50/50.
Favoritos
Giulio Ciccone – Não é a primeira vez que está nesta categoria. Não obstante a queda sofrida há alguns dias parece estar bem fisicamente e as indicações de hoje foram agradáveis. Está ainda na luta pela montanha, esse é o grande foco actualmente da Trek-Segafredo neste momento e joga a seu favor o facto de ter desligado mais cedo da corrida hoje, poupou algumas energias graças a isso.
Tadej Pogacar – A Jumbo-Visma tudo fez e tudo tentou para quebrar com a sua resistência e o esloveno aguentou firme, no final de contas até salvou o dia de certa forma e só ficou 1 segundo mais longe de Jonas Vingegaard, o que dará certamente alguma moral extra para encarar a etapa de amanhã. Final explosivo, bonificações em jogo, esta seria uma altura perfeita para assumir a camisola amarela, assumindo que Vingegaard faz 2º, precisa de lhe ganhar 7 segundos na estrada, já provou que em esforços de 400/500 metros em explosão está mais forte.
Outsiders
Wout Poels – Passou completamente incógnito pelas 10 primeiras etapas, agora tem feito aparições ocasionais sem gastar muita energia, estamos a entrar no território em que ele é melhor, a terceira semana montanhosa de uma Grande Volta, pode colocar na estrada toda a energia que não tem dispendido.
Jonas Vingegaard – É dos corredores que melhor recupera do esforço e hoje mostrou isso mesmo, a sua capacidade de explosão é subestimada, só mesmo Pogacar é melhor do que ele nisso e não é por muito. Também é muito bom em pendentes inclinadas, é mais “puro trepador” do que o esloveno.
Pierre Latour – Tem mostrado as suas debilidades a descer, mas também excelentes pernas a subir, por isso mesmo só pode ganhar num final em alto, tem aqui a sua derradeira oportunidade. A TotalEnergies não tem ninguém a lutar por nenhuma classificação, têm de empenhar todo o esforço em apoiar quem mais chances tem de vencer.
Possíveis surpresas
Carlos Rodriguez – Talvez aconteça o mesmo de hoje, a UAE persegue a fuga, Pogacar ataca, Vingegaard responde à altura e caso os “monstros” se fiquem a olhar mutuamente o espanhol pode aproveitar
Adam Yates – Que grande Tour está o britânico a fazer, uma ofensiva não será respondida directamente por Vingegaard, não é a luta do dinamarquês, pode lucrar com isso.
Thibaut Pinot – É um corredor que até recupera bem do esforço, foi ao vermelho hoje mas não por muito tempo, depois até desligou nos quilómetros finais e isso dá-lhe vantagem competitiva face aos homens da geral.
Felix Gall – Está claramente em subida de forma em comparação aos rivais, a grande dúvida é se alguns rivais do top 10 vão permitir que vá para a fuga, é muito no limite.
Guillaume Martin – Tem de atacar e ir para a fuga se quer terminar no top 10 do Tour e para isso a Cofidis vai ter o ajudar e muito. Já terá mais liberdade do que Gall, não é visto como um perigo tão grande e parece também estar em subida.
Mikel Landa – Altamente descomplexado, o espanhol vai tentar de tudo para vencer uma etapa e dar espectáculo, não está cá para fazer 13º em vez de 15º, todos sabem que na etapa do Col de la Loze a Jumbo-Visma não deve dar grandes hipóteses….
Jonathan Castroviejo – Um super gregário que raramente tem a sua oportunidade de glória mas….tem conseguido subir com os melhores (está lá sempre em grupos de 20) e a Ineos-Grenadiers precisa de bons trepadores na fuga porque lidera a classificação colectiva.
Jack Haig – Capaz de excelentes exibições na alta montanha, a grande interrogação é se ainda existe gasolina no tanque depois de fazer o Giro e o Dauphine quase seguidos.
Michael Woods – Parece ainda ter algumas forças, desde que ganhou a etapa não se mexeu até hoje e amanhã é hora de dar tudo novamente num final que lhe assenta na perfeição.
Matteo Jorgenson – Já muito tentou e já esteve próximo por mais de 1 ocasião, será que ainda sobra gasolina no tanque do norte-americano que tem sido uma das revelações de 2023?
Rui Costa – É tempo de usar toda a energia que conseguiu conservar em etapas planas e de média montanha, hoje já se apresentou melhor e sem Louis Meintjes para proteger tem de colocar todas as cartas na mesa.
Super-Jokers
Os nossos Super-Jokers são: Daniel Martinez e Rigoberto Uran