A Vuelta regressa à estrada com mais uma etapa de montanha e, pela segunda vez nesta edição, teremos uma etapa “unipuerto”. Veremos nova fuga a triunfar ou conseguirá alguém fazer frente à Jumbo-Visma?
Percurso
Este é apenas uma espécie de aquecimento para o que vamos ter nesta última semana de competição da Vuelta, uma etapa “Unipuerto” com apenas 120 quilómetros e que termina num autêntico muro. É uma etapa acessível, mas com um percurso que até engana, são 2000 metros de desnível positivo, a única contagem está na meta e apenas tem 400 metros desses 2000. O que significa que todas as pequenas colinas não categorizadas ao longo do dia totalizam 1600 metros de desnível.
A subida final em Bejes é para ciclistas bem explosivos, os primeiros 1000 metros apresentam logo uma parede de 11%, a fase intermédia é mais acessível e depois os 2 quilómetros finais são novamente muito duros, a cerca de 9,3% de média.
Táticas
Esta é a primeira de 3 etapas de montanha da Vuelta na derradeira semana e, também, a mais acessível de todas. Segunda etapa “unipuerto” da competição e, no seguimento da etapa de que terminou em Lagunas Negras, a fuga volta a ter grandes hipóteses de triunfar, não só devido à falta de dificuldades que antecede a subida final mas também porque acreditamos que dois dias muito duros pela frente, nenhuma equipa se vai desgastar a assumir a perseguição.
Isto abre as portas para a vitória da fuga, muitos ciclistas têm aqui a última oportunidade de vencer, já que não se sabe se as etapas de montanha que faltam, muito mais duras, podem ser discutidas pelos homens da geral ou, numa fuga, através dos puros trepadores. Mais um início muito rápido, em que a fuga se demore a constituir, é o cenário que esperamos.
Favoritos
A Bahrain-Victorious tem sido uma das equipas mais ativas nas fugas das etapas de montanha e amanhã é uma etapa ideal para Wout Poels. O neerlandês adapta-se que nem uma luva à subida final e o início plano beneficia-o face aos trepadores, já que se defende muito bem. Já afirmou que gostava de vencer na Vuelta e pouco tem tentado nos últimos dias.
Lennert van Eetvelt está, finalmente, a aparecer na Vuelta, depois de um período onde este doente. Já com melhores sensações, o talento belga sonha em vencer uma etapa na sua estreia e uma etapa destas é perfeita para si. Preferiria mais dureza no seu início, a seu favor tem a subida final, não muito longa e explosiva.
Outsiders
Romain Bardet tem tentado de todas as maneiras e feitios, só que falta-lhe sempre algo para vencer. A forma ainda é bastante boa, não é qualquer um que consegue acompanhar Remco Evenepoel durante grande parte de uma etapa. O francês é um corredor muito explosivo e é daqueles que prefere quebrar a tentar do que não fazer nada.
Se há equipa que vai colocar mais que um ciclista na fuga é a Bahrain-Victorious e, depois de ter estado perto ontem, Santiago Buitrago vai voltar a tentar. O colombiano raramente falha nas Grandes Voltas e a sua forma ainda é excelente. Corredor muito explosivo, a subida final é perfeita para si e, numa fuga, poderá jogar com a superioridade numérica da equipa.
Um ciclista que tem estado em bom nível e, ao mesmo tempo, discreto é Cristian Rodriguez. O espanhol é um trepador bastante competente e já experiente, o que é importante para uma terceira semana. Longe de ser um ciclista explosivo, terá que antecipar as movimentações se quiser vencer.
Possíveis surpresas
É expectável vermos alguns “cromos” repetidos na fuga, a condição física é cada vez mais importante e quem já se mostrou bem vai aproveitar isso para voltar a estar na frente. Michael Storer esteve entre os melhores na etapa 14, não conseguiu fazer a ponte para a frente e pagou caro. Agora numa etapa sem tanta dificuldade, tem que se concentrar na subida final, explosiva como gosta. O começo plano beneficia, e muito, Lennard Kamna, é aqui que o alemão pode tirar vantagem face aos puros trepadores e, com alguma sorte, acabar numa fuga sem escaladores muito importantes. Por que não pensar em nova vitória de Rui Costa? Com duas grandes etapas de montanha pela frente, esta é uma das grandes oportunidades que o poveiro tem, a experiência será fundamental, sabe muito de ciclismo. Amanhã Remco Evenepoel deverá ter um dia mais calmo, o que abre as portas a Louis Vervaeke e Mattia Cattaneo, dois fiéis gregários que costumam aproveitar as chances que lhe são dadas. Por fim, destacar, ainda, Andreas Kron, Romain Gregoire e Jesus Herrada. Se os favoritos lutarem pela vitória, será mais uma batalha contra a Jumbo-Visma. Primoz Roglic encaixa na perfeição nesta subida, tem vitórias e vitórias neste tipo de perfil. Juan Ayuso será o seu grande rival mas não podemos descorar Jonas Vingegaard, Enric Mas e, em movimentações táticas, Sepp Kuss e Aleksandr Vlasov.
Super-jokers
Os nossos super-jokers são Antonio Tiberi e Juan Pedro Lopez.