Como não podia deixar de ser o arranque desta 3ª semana de Vuelta é feito com alta montanha, será que Ben O’Connor é capaz de segurar a camisola vermelha mais 1 dia?

Percurso

Jornada com a mítica subida a Lagos de Covadonga e com quase 4000 metros de acumulado no total, espera-se outro bom espectáculo. Os primeiros 70 quilómetros não têm dificuldades de maior, ainda assim há algumas colinas para ultrapassar e espera-se uma velocidade alucinante para a fase de formação da fuga. O Mirador del Fito é a primeira grande subida do dia com 7 kms a 8%, mas o seu miolo tem 3000 metros acima dos 9%. O vale tem cerca de 30 kms até à Collada Llomena, uma ascensão duríssima com 7,5 kms a 9,3%, muito regular até entre os 7 e os 11%, não dá quase descanso aos corredores.

Segue-se uma longa descida e consequente fase de falso plano até aos Lagos de Covadonga, que oficialmente têm 12,2 kms a 7%, o maior problema para os ciclistas são os primeiros 8000 metros, com uma média de 9,1%, depois disso é muito mais irregular e até há 1000 metros a descer já perto do final.

Tácticas

A última etapa de montanha deixou tudo um pouco mais apertado no que toca à classificação geral, acho que com o estado desta Vuelta vamos continuar a ver o reinado das fugas, pelo menos nesta etapa porque a parte inicial não é muito propícia a diferenças. Há equipas que sabem que têm de atacar de longe se querem rectificar o panorama, a UAE já o fez 2 vezes, uma com Yates e outra com Sivakov, está a preparar um terceiro assalto, resta saber em que dia será. À partida eu diria que não é o traçado ideal, a questão é que sem ser amanhã talvez só jogar tudo por tudo na etapa 20 e é preciso não esquecer que tanto Carapaz como Landa também têm de arriscar se querem tirar tempo a O’Connor e estar no pódio final.




A responsabilidade está cada vez mais nos ombros da Red-Bull Bora, com esta situação de corrida Roglic é cada vez mais líder virtual da corrida apesar de não ter a camisola vermelha por causa do último contra-relógio e a Decathlon-Ag2r desperdiçou uma cartada que teve durante 1 semana e que poderia deixar outros em apuros que se chama Felix Gall, agora muito atrasado o austríaco vai dedicar-se completamente à causa Ben O’Connor. Creio que amanhã a UAE vai tentar fazer alguma coisa outra vez, têm demasiado atraso para esperar somente pela etapa 20 e aguardar pela última subida beneficia Roglic pela capacidade do esloveno nestas subidas.

Favoritos

Max Poole – O britânico já bateu várias vezes na trave (2 pódios) ao longo desta Vuelta e claramente já está na categoria de merecer uma vitória por tudo o que já fez. Neste momento a DSM já não tem outros objectivos, o trabalho anda à volta de colocar Poole na fuga, deixar 1 ou 2 trepadores lá com ele e depois na subida final tem de fazer o seu papel.

Matthew Riccitello – O norte-americano é um trepador exímio, que ocasionalmente mostra grande capacidade de andar com os melhores. A Israel-Premier Tech já não tem aquela pressão de ganhar e conta com corredores como Marco Frigo, que têm sido incansáveis no apoio aos seus líderes. Riccitello disse que tem estado algo irregular, acho que esta etapa é boa para as suas capacidades e que o dia de descanso pode ter um efeito positivo nele.

Outsiders

Adam Yates – Já fez um grande raid de montanha, será que está a preparar um segundo? Acho mais provável isso acontecer hoje do que no penúltimo dia da competição, até porque o britânico não parece muito fresco. Resta também saber como está McNulty depois da aparatosa queda, seria importante McNulty e Soler estarem presentes na escapada junto de Yates.

Primoz Roglic – A Red Bull-Bora tem sido uma equipa muito ciente das suas capacidades, em vez de querer ganhar etapas e controlar as mesmas, sabe que muito provavelmente não tem poder de fogo para isso e concentra-se em fazer as maiores diferenças possíveis na última subida de cada dia. Isso tem resultado porque vai de encontro ao que Roglic quer, no único dia que isso não aconteceu e com subidas mais longas o esloveno pareceu mais vulnerável, caso os favoritos disputem a etapa é o vencedor mais provável.




Michael Woods – É mais uma chegada boa para as características do canadiano, que quando teve uma oportunidade não a desperdiçou. Nesta fase a Israel-Premier Tech está somente à caça de etapas, se não for com Woods é outro ciclista protegido e bom trepador como Riccitello.

Possíveis surpresas

Richard Carapaz – Está a chegar o território do equatoriano, subidas mais longas. E quando o desgaste acumulado é muito geralmente Carapaz vem ao de cima, estou muito curioso para ver o que o corredor da EF consegue nesta 3ª semana.

Enric Mas – Tem sido constantemente o que mais próximo de Roglic tem estado, curiosamente no único dia que a Movistar trabalhou mais a sério perdeu algum tempo.

Sepp Kuss – Parece estar a melhorar um pouco com o passar dos dias, não entrou na Vuelta a 100% e o tempo que já perdeu pode-lhe permitir alguma liberdade agora nesta semana, será sempre um pouco perseguido por equipas do top 10.

Pablo Castrillo – O espanhol está simplesmente em modo demolidor, já ganhou 2 jornadas e não se pode afastar a hipótese de ganhar uma 3ª, até porque bater Sivakov e Vlasov não é para um qualquer.

Jack Haig – Não tem sido uma Vuelta por aí além do australiano, espero vê-lo bem mais activo e com mais capacidade nesta 3ª semana, até porque se tem poupado em certos dias.

Florian Lipowitz – Vamos imaginar um cenário de uma corrida completamente louca e em que a Red Bull-Bora usa esta carta para obrigar outros a trabalhar colocando o alemão na frente da corrida, não esquecer que esta equipa é tem origem na Alemanha, o grande problema aqui é a camisola da juventude, com Rodriguez e Skjelmose perto.




Felix Gall – Agora muito atrasado na classificação geral pode integrar as fugas e todos sabem que está com boa condição física. Pode ser usado pela Decathlon-Ag2r para atacar a etapa e ao mesmo tempo recuar caso seja mesmo necessário.

Brandon McNulty – Numa fuga em que apenas se jogue a etapa e não lugares de top 10 na geral o norte-americano tem de ter algum grau de favoritismo, felizmente saiu da aparatosa queda aparentemente só com escoriações.

Tao Hart – Ainda não apareceu e o britânico ao seu melhor nível tem capacidade para fazer estragos, veremos se surge a um bom nível nesta última semana.

Super-Jokers

Os nossos Super-Jokers são: Carlos Verona e Marc Soler

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