A última semana do Giro d’Itália inicia-se com mais uma etapa de alta montanha! Nova etapa com final em alto, depois de muitas subidas, que promete mais espetáculo. Será que Tadej Pogacar vai voltar a vencer?

 

Percurso

Se tudo correr conforme esperado, a etapa de amanhã tem 206 quilómetros e pouco mais de 4000 metros de desnível acumulado positivo. O Passo dello Stelvio já ficou de fora, mais alterações podem ser efetuadas no entanto vamos falar com o que está anunciado.



Os primeiros 50 quilómetros são muito mas muito duros. Os ciclistas iniciam a etapa a 1900 metros de altitude para subir o Passo d’Eira (4,7 kms a 6,3%) e logo de seguida apanham o Passo del Foscagno (4 kms a 6,5%). Estão feitos os primeiros 11,5 quilómetros de etapa, seguindo-se uma longa descida até ao sopé do Umbrailpass (16,7 kms a 7,2%). Esta foi a subida encontrada para substituir o Stelvio, realisticamente é o Stelvio subido por outra vertente não tão dura e que não vai até tanta altitude. Os 120 quilómetros que se seguem são … diferentes do habitual numa etapa de alta montanha uma vez que os ciclistas entram numa zona de vale até aos últimos 33,5 quilómetros.

O Passo di Pinei são 23,3 kms a 4,7%, uma subida feita em patamares: os primeiros 7400 metros são a 7,2%, praticamente 10 quilómetros de falso plano, antes dos derradeiros 5,3 kms a 7%. O topo da subida fica a apenas 9 quilómetros da chegada, uma rápida descida a ascensão final do Monte Pana (6,5 kms a 6,3%). Esta é uma subida que engana, o início é bastante suave, ao contrário dos últimos 2000 metros, que são a 11,8% de média! Uma parede brutal para terminar uma longa e dura jornada.

 

Táticas

A etapa de amanhã tem tudo para ser mais um grande dia de ciclismo. Primeiro é mais uma etapa de alta montanha, depois tem subidas bastante duras e espalhadas ao longo do percurso e, por fim, a meteorologia ainda vem dar um traço mais épico a esta jornada. Espera-se uma etapa muito fria, com temperaturas muito baixas, com a chuva a fazer-se acompanhar. Com os ciclistas a começarem a uma altitude considerável, a neve pode marcar presença, apesar de ser improvável. Já a chuva vai ser presença desde o início da jornada e, com muitos quilómetros de descida no início, talvez até se possa falar de neutralização.

Não considerando esse cenário, e apesar das duas pequenas subidas a abrir a etapa, a fuga deve formar-se no Umbrailpass. Como tal, só um excelente trepador poderá estar na frente da corrida, veremos é que tipo de vantagem é que os fugitivos têm no topo da mesma. Se a vantagem não for muita, a zona de vale irá definir o desfecho, com a UAE Team Emirates a poder controlar para nova vitória de Tadej Pogacar, caso contrário a fuga terá cartão verde para disputar o triunfo parcial.




Favoritos

Magnus Sheffield tem estado amarrado a Geraint Thomas, as apostas da INEOS Grenadiers para as fugas têm sido. Amanhã pode ser o dia do norte-americano brilhar, ele que está em excelente forma e tem surpreendido bastante com a forma como tem subida as montanhas mais duras. O segredo vai estar em sofrer em Umbrailpass, os puros trepadores podem colocar pressão, mas na forma em que está Sheffield consegue aguentar. O final é mais acessível, pode antecipar os principais ataques. Caiu no sábado, esteve dia de descanso veio mesmo a calhar para recuperar.

Um ciclista que está em subida de forma é Damiano Caruso. O italiano caiu nos primeiros dias, já recuperou e nas últimas etapas tem sido o braço direito de Antonio Tiberi. Agora está na hora de ter alguma liberdade, numa Bahrain-Victorious que costuma dar carta branca aos seus ciclistas. Caruso conhece estas estradas como poucos, é muito experiente e deverá apostar tudo nesta derradeira semana de competição.

 

Outsiders

Aurélien Paret-Peintre quer tentar seguir as pisadas do seu irmão Valentin e também vencer neste Giro. Esta é uma etapa mais ao jeito do mais velho Paret-Peintre, subidas não tão íngremes na parte final e alguma explosão necessária para a chegada. A Decathlon AG2R tem apostado nas fugas, também importante para a classificação por equipas, e somar nova vitória neste Giro seria a cereja no topo do bolo.

Um dos ciclistas que tem mostrado muita combatividade na montanha é Georg Steinhauser. O jovem alemão tem sido um dos corredores mais ofensivos quando a estrada inclina e, ontem, voltou a mostrar isso mesmo. Não tem medo de atacar, até pode ser dos ciclistas que inicia a formação da fuga. Isso pode não o ajudar, desgastando-se em demasia, mas num dia tão duro a condição física conta muito.




Attila Valter não começou o Giro da melhor forma no entanto temos visto o húngaro em crescendo de forma, apontando baterias à semana final. Numa Visma|Lease a Bike já reduzida, Valter é a grande esperança da equipa e, por isso, todos irão trabalhar no objetivo de colocar o seu “líder” na frente. É um corredor explosivo, ideal para o final da etapa de amanhã.

 

Possíveis surpresas

Nairo Quintana voltou às grandes exibições no domingo e só um enorme Tadej Pogacar impediu o colombiano de erguer os braços. Nairoman é feito para estes dias de alta montanha, com muito acumulado e, depois de ontem, a confiança estará em alta para voltar a tentar. Valentin Paret-Peintre já venceu, pode voltar a fazê-lo, tem sido um dos grandes apoios de Ben O’Connor mostrando ainda estar fresco nesta parte final do Giro. Nicola Conci tem sido uma das agradáveis surpresas nos dias mais duros, o italiano não é um puro trepador no entanto as pendentes das subidas finais são ideiais para si. Simon Geschke e Christian Scaroni estão numa luta pela montanha, cada vez mais longe de Pogacar, e por isso devem estar na frente, podem é desgastar-se em demasia antes da chegada.

Depois entramos nos homens da geral, entre o 7º e o 14º lugares, qualquer um pode estar na frente na tentativa de subir lugares. Romain Bardet é a apota óbvia, o francês foi o melhor dos restantes ontem, já andou em fuga e não vai desistir até vencer uma etapa. Michael Storer tem tentando por diversas vezes, o australiano tem mostrado muita disponibilidade física. Domenico Pozzovivo também vai tentar, é certo, o italiano não se quer despedir do Giro sem se mostrar. Einer Rubio tem sido muito regular e sabe o que precisa para estar na frente, tal como Lorenzo Fortunato, teve ontem um dia menos bom e quererá recuperar tempo para reentrar no top-10.



Caso a luta seja entre os primeiros da classificação geral, é difícil ver alguém a bater Tadej Pogacar. O esloveno está numa corrida à parte, os seus rivais já nem o tentam seguir e tanto pode esperar pelos quilómetros finais, como atacar de longe. Num final explosivo, Daniel Martinez pode ter algumas chances de dar luta, o colombiano adapta-se bem a estas rampas inclinadas. Para Geraint Thomas e Ben O’Connor será uma questão de aguentar os ataques, são os menos explosivos.

 

Super-jokers

Os nossos super-jokers são Mauri Vansevenant e Jan Tratnik.

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