A derradeira semana da Volta a França arranca com uma etapa complicada mas com as subidas algo distanciadas da meta. Como reagirão alguns ciclistas ao esforço após o dia de descanso?
Percurso
A começar a 3ª semana temos mais uma etapa de montanha, mas onde as principais dificuldades estão bem longe do final. Ao todo são mais de 3200 metros de acumulado, praticamente sem subidas na parte final.
Os primeiros 36,5 kms vão ser rapidíssimos, quase sempre em descida, mais ou menos íngreme, antes do Col de Port (11,4 kms a 5,5%), é muito possível que a fuga só se forme aqui, com um bom lote de trepadores. Uma emboscada será muito complicada porque há 30 kms até ao Col de la Core (13 kms a 6,6%). Está a subida mais difícil do dia, é relativamente regular, nunca baixando dos 5%, nunca subindo dos 9%, o miolo é o mais complicado.
Segue-se mais uma longa descida e 15 kms de falso plano, até ao Col de Portet d’Aspet. É uma contagem com um final muito complicado, apesar de ter 5,4 kms a 6,6%, os últimos 2,6 ms têm 9%. Esta subida está a 32 kms da meta e ainda há uma pequena colina de 900 metros a 7,8% a 7 kms da meta. O final em Saint-Gaudens, mais precisamente os 400 metros finais, são a 8,4%.
Táticas
Este é mais um dia que desde o início do Tour é praticamente garantido para a fuga. Dia muito duro para os sprinters e, com tanta dureza nos dias seguintes para os trepadores, estes não deverão querer desperdiçar energias, para além das subidas estarem bastante longe da meta.
Resta saber onde se vai formar a fuga, se nos primeiros 70 quilómetros ou se só no Col de Port. Se numa primeira fase os rolares e puncheurs saem benefícios, mais à frente serão os trepadores a saírem a sorrir. O final é perfeito para os puncheurs o que faz prever uma enorme lotaria.
Favoritos
Alejandro Valverde apareceu, pela primeira vez, no passado domingo, um excelente exibição a deixar água na boca. Não parece que o murciano tem 41 anos dada a forma como corre. Muito completo, tem capacidade para integrar a fuga em qualquer cenário e o final é perfeito para si, fazendo lembrar algumas clássicas que já venceu.
Wout van Aert está na luta pela montanha e ontem viu-se que em luta direta em finais mais duros as hipóteses de pontuar serão mais reduzidas pelo que amanhã é um dia importante para si. Terá muito pontos pela frente e, com as subidas mais longe, os ataques não deverão ser tantos. O final é perfeito para o campeão belga, será é marcado por todo o pelotão quando quiser estar na frente.
Outsiders
A Bora-Hansgrohe tem dado liberdade aos seus ciclistas e quem mais tem lucrado é Patrick Konrad, já conta com um pódio e outro top-5. Trepador competente, tem uma excelente ponta final em grupos restritos e, quando a estrada inclinada ainda o beneficia mais. Está em excelente forma.
A Astana tem começado a aparecer e Omar Fraile tem sido um dos mais ofensivos. A boa forma dos campeonatos nacionais que venceu ainda lá está, foi 6º no sábado num final bastante complicado. Com as subidas mais duras longe da meta sairá beneficiado, ele que também desce muito bem e sprinta bem em grupos restritos.
Já se viu que a UAE Team Emirates não se importa com as fugas e, tal como vimos Guillaume Martin a atacar, porque não pensar em Pello Bilbao? O basco está em 10º mas a mais de 10 minutos e, pela equipa árabe, poderá estar na frente, tudo depende se as restantes equipas vão começar a defender as suas posições. Se tiver alguma liberdade, tem aqui uma etapa ideal, corredor muito completo, anda bem em todo o tipo de terreno.
Possíveis surpresas
A Deceuninck-QuickStep colocará, com quase toda a certeza, ciclistas na fuga, sendo que Julian Alaphilippe, Mattia Cattaneo e Kasper Asgreen são as principais cartas. São 3 corredores que estão a fazer um excelente Tour, têm estado muitas vezes ao ataque e já merecem algo mais. Para defender a classificação coletiva, a Bahrain-Victorious deve colocar mais ciclistas em fuga e Matej Mohoric e Dylan Teuns são outras opções a considerar, já venceram no Tour, tiveram uma fase mais apagada, mas parecem estar a melhorar outra vez. Dentro da EF Education NIPPO, metade da sua equipa pode vencer, no entanto destacamos Magnus Cort, Ruben Guerreiro e Sergio Higuita, corredores que sobem bem e têm uma excelente ponta final em rampas mais inclinadas. Muita atenção a nomes como Jasper Stuyven, Bauke Mollema, Franck Bonnamour e Aurelien-Paret Peintre. Se a INEOS Grenadiers der liberdade a Michal Kwiatkowski, o polaco tem aqui uma etapa perfeita para si.
Super-jokers
Os nossos super-jokers são Alex Aranburu e Michael Valgren.