A montanha está de volta e com nova chegada em alto! Num dia sem grandes dificuldades, tudo se vai decidir na última subida. Terá a queda afetado Primoz Roglic ou o esloveno voltará a ganhar tempo a Remco Evenepoel?
Percurso
Regressa a montanha mas não com um dia de grande dificuldade. 162,3 quilómetros em terreno de sobe e desce constante, raramente há um metro plano, com a animação a estar toda guardada para os últimos 15 quilómetros.
A anteceder a subida final de Monasterio de Tentudia existe uma colina com 2300 metros a 7,1%, que servirá para fazer a primeira seleção. A subida final tem um total de 9400 metros a 5,2%. Esta é uma escalada que fica estragada por 3 quilómetros planos ainda na sua primeira metade. Os derradeiros 4000 metros são a 7,4%.
Tácticas
Das 4 etapas de montanha consecutivas que vamos ter nesta semana final de Vuelta esta é aquela que é mais acessível e onde teoricamente haverá menos potencial para haver diferenças entre os favoritos. Ainda há alguma frescura depois do dia de descanso, a jornada é relativamente fácil e a subida final não é assim tão complicada. Obviamente que deve haver ataques na última montanha, mas pode haver algum receio de queimar cartuchos para os dias seguintes.
Desta forma, o mais lógico é uma fuga vingar, uma escapada que seja relativamente grande e que até poderá ter alguns elementos do top 20, naquela clássica tentativa de entrar no top 10, um pouco como Wilco Kelderman e Jan Polanc fizeram na segunda semana.
Favoritos
Rein Taaramae ainda não apareceu praticamente nada nesta Vuelta, o ciclista da Estónia só entrou numa fuga e foi 3º nesse dia. A partir daí tem subido lugares atrás de lugares na geral e já está às portas do top 10. Ao contrário dos protagonistas de muitas escapadas, tem-se resguardado um pouco e este final numa subida que nem é muito complicada é perfeito para ele. A ascensão que fez na Sierra Nevada foi impressionante, ainda tem algumas reservas.
Um ciclista com a reputação e o pedigree de Sergio Higuita tem de ser actor principal nestas últimas semanas e o colombiano vai tentar certamente limpar a imagem menos boa que tem deixado, sempre em dificuldades para acompanhar os favoritos. Corredores desta qualidade lutam sempre e veja-se o que aconteceu com Carapaz, que nunca pareceu capaz de acompanhar os melhores e sacou 2 etapas. Higuita tem a ponta final para bater a maioria dos ciclistas num sprint, o que ajuda tacticamente nesta subida também.
Outsiders
Seria um bonito momento ver Alejandro Valverde trinfar amanhã, naquela que é a despedida dele da Volta a Espanha e das Grandes Voltas. É uma etapa em que Enric Mas não precisará de muito apoio e em que o veterano espanhol pode subir alguns lugares na geral e aproximar-se do top 10, o que também seria excelente para a Movistar.
António Tiberi está a fazer uma belíssima temporada e uma vitória aqui seria o coroar disso mesmo, da afirmação do jovem italiano, que nos parece o elemento mais forte dentro da Trek-Segafredo para além de Mads Pedersen. Tiberi adora estas subidas sem grandes pendentes e já mostrou que consegue avaliar o seu esforço praticamente na perfeição.
Se houver equipas interessadas e se a fuga não for assim tão forte, uma ascensão destas é perfeita para o explosivo Primoz Roglic visto que não vemos grandes diferenças a serem feitas. As bonificações iriam aproximar o esloveno de Remco Evenepoel e dar outra moral para o que falta percorrer nesta Vuelta. Veremos que consequências teve a queda sofrida no final da etapa de hoje.
Possíveis surpresas
Entre os favoritos não estamos a ver muitos vencedores possíveis porque Roglic é muito explosivo, talvez apenas Juan Ayuso pela sua aceleração ou Remco Evenepoel se estiver como na primeira semana, João Almeida prefere muito mais fazer subidas a ritmo. Há alguns corredores que estão com vontade de entrar na fuga para ver se conseguem um top 10 na geral, é provável a presença na escapada de David de la Cruz, Jan Polanc ou Wilco Kelderman. Este perfil também agradará muito ao veterano Luis Leon Sanchez, que já no Tour não esteve longe de vencer num final deste género, experiência e conhecimento de corrida não falta ao ciclista da Bahrain-Victorious. Thibaut Pinot e Mark Padun têm andado mais desaparecidos nos últimos dias, resta saber se por falta de pernas ou se por falta de sorte para entrar na fuga, no segundo caso têm boas chances amanhã porque já mostraram boa condição física nesta Vuelta. Há mais corredores perigosos num final destes e que podem entrar na fuga, ciclistas que não são puros trepadores e que veem aqui uma chance de ouro, falamos de Elie Gesbert, Rudy Molard, Xandro Meurisse, Jesus Herrada, Samuele Battistella ou Patrick Bevin.
Super-jokers
Os nossos super-jokers são Marco Brenner e Carlos Verona.