Nova chegada em alto, desta vez no mítico Angliru, uma subida capaz de fazer grandes diferenças na classificação geral! Aguentará Sepp Kuss a camisola vermelha?

 

Percurso

Dia de Angliru! Vai ser novamente uma jornada bastante explosiva, uma chegada em alto numa tirada somente com 125 kms. O início será mais acessível do que hoje visto que havia muitos altos e baixos, nos primeiros 65 kms não há praticamente uma colina. Só que o terreno de aproximação ao Angliru é bem mais duro com 2 contagens de primeira categoria, primeiro 6,5 kms a 8% e depois 5,7 kms a 8,5%. São 2 subidas que, caso não houvesse o Angliru a seguir, poderiam fazer diferenças.



Depois é tempo para o grande monstro desta Vuelta, que totaliza 13100 metros a 9,5%, uma ascensão que é feita em 2 fases, a primeira com 4,7 kms a 7,3% (que servirá para seleccionar o grupo e aumentar o desgaste) e a segunda com 6500 metros a 13,3%. De lembrar que os 500 metros finais são a descer e o 11º quilómetro da subida tem 17,3%, com rampas de 20%.

 

Táticas

Primeiro há que analisar um pouco o que aconteceu hoje. O ataque de Vingegaard é claro sinal de que a Jumbo-Visma acha que Kuss (devido a ser a 3ª Grande Volta e ao facto de não se dar bem como líder) não dá garantias de uma vitória final. Vingegaard teve problemas gástricos durante a primeira semana, está em recuperação e hoje mostrou-se a um nível ainda melhor do que no Tourmalet, está em subida de forma e a realidade ele tinha menos de 1 minuto para Ayuso, agora está muito mais confortável.

Se a Jumbo-Visma não tinha esta corrida quase ganha, agora tem a Vuelta completamente no bolso. O que aconteceu hoje foi compreensível e quase totalmente justificável, excepto o ataque de Roglic que ajudou a acelerar o ritmo no grupo perseguidor, pelo menos no lado da Jumbo-Visma. Já a UAE, enfim, o 2º lugar de Fisher-Black não serve de nada e se o neozelandês ficasse para ajudar Ayuso, o espanhol teria perdido menos tempo para Vingegaard e ganho mais a Kuss.

Para a formação holandesa acho que não interessa quem ganha, são metódicos, realistas e frios e esta vantagem de Vingegaard face à concorrência dá mais alguma tranquilidade para não atacarem mais caso haja o acordo interno para que Kuss ganhe. Foram para a etapa de hoje porque era uma boa oportunidade, não creio que amanhã aconteça o mesmo, principalmente durante as 2 subidas de 1ª categoria. Veremos o que faz a UAE, João Almeida parece bem melhor e Juan Ayuso já disse que quer o pódio e pode encarar esta jornada como uma oportunidade para recuperar tempo face a Kuss. Dito isto, acho que se a fuga se formar durante os primeiros 50 kms tem tudo para resultar, a partir daí é uma pequena lotaria.

 

Favoritos

Wout Poels adora as terceiras semanas das Grandes Voltas, hoje voltou a estar em destaque, acreditamos que amanhã vai voltar a tentar. O neerlandês adora estas subidas longas e inclinadas, e já assumiu o desejo de vencer na Vuelta. Muito combativo não irá desistir enquanto houver chances.



Romain Bardet chegou a estar na fuga de hoje, mais uma vez não teve muita sorte. O francês tem sido dos ciclistas mais combativos da Vuelta, tem tentado e muito, só que por diversas razões não tem conseguido vencer. Estas subidas são a sua praia, um puro trepador que gosta de grandes inclinações.

 

Outsiders

Jonas Vingegaard está cada vez melhor, os problemas de saúde já estão ultrapassados e hoje vimos um Vingegaard muito perto do nível apresentado no Tour. O dinamarquês parece ter programado o pico de forma da preparação, para as etapas de alta montanha e com subidas longas, tal como amanhã. Já venceu em vários lugares míticos, quererá juntar o Angliru.

Michael Storer está a acabar bem a Vuelta, hoje saiu do grupo dos favoritos para ser 4º, o melhor resultado da prova. Dá-se muito bem nestas subidas de pendentes inclinadas e, numa Groupama-FDJ onde há liberdade, ter a companhia de um colega seria fundamental para não se desgastar tanto.



Remco Evenepoel disse que ia perder tempo e cumpriu. Amanhã o campeão belga regressa à luta, em busca de nova etapa e de mais pontos para a montanha. Não deverá ter dificuldade em estar na frente, sabe ler a corrida, o problema é que todos vão correr contra si, vai ser preciso estar muito forte se quer vencer.

 

Possíveis surpresas

Juan Ayuso prometeu que ia atacar e procurar o pódio, está na hora de começar a recuperar tempo e movimentar-se. Amanhã é uma etapa perfeita para si, veremos se tem pernas para cumprir com a promessa. Enric Mas tende a melhorar com o passar dos dias, esperamos vê-lo entre os melhores, o seu problema é não ser um corredor ofensivo e existir alguém sempre mais forte. Primoz Roglic já aqui esteve e passou dificuldades, este ano parece bem no entanto não está com capacidade para distanciar os rivais, a vencer será com jogada tática ou no sprint final num grupo restrito. O que pensar de Sepp Kuss? A alta montanha é a sua praia, a Jumbo-Visma não se deve focar só em si, acreditamos que se vai defender bem, este tipo de subidas encaixam que nem uma luva no norte-americano. O dia de descanso fez bem a João Ameida, o português parece recuperado e numa subida longa pode fazer a sua corrida e ir ultrapassando os rivais. Pode tentar antecipar com um ataque de longe. Santiago Buitrago é outro nome a ser referenciado na Bahrain-Victorious, o colombiano poderá formar uma dupla perigosa com Poels, está habituado a vencer no final das Grandes Voltas. A Soudal-QuickStep não tem só Evenepoel, James Knox e Jan Hirt podem acabar por ter a sua oportunidade se o seu líder for bastante marcado, ambos têm estado muito bem no apoio. Hugh Carthy e Einer Rubio são dois puros trepadores que adoram estas inclinações, vão dar tudo para estar na frente. Por fim, olho no jovem Lenny Martinez, Juan Pedro Lopez e Bauke Mollema.

 

Super-Jokers

Os nossos Super-Jokers são: Joe Dombrowski e Lennert van Eetvelt.



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