Entramos na altura decisiva do Tour com o regresso das chegadas em alto! Quem será o mais forte em Peyragudes?
Percurso
As chegadas em alto estão de regresso! Apenas 129,7 quilómetros mas 4 subidas pelo caminho. 53,5 quilómetros planos antecedem a tormenta para muitos corredores, com a subida ao Col d‘Aspin (12 kms a 6,5%), rapidamente seguido do Hourquette d’Ancizan (8,2 kms a 5,1%), uma subida feita em duas fases.
Com os motores já bem aquecidos, os ciclistas entram nos 30 quilómetros finais ainda com duas subidas pela frente! Primeiro o Col de Val Louron-Azet (10,7 kms a 6,8%) e, para terminar Peyragudes (8 kms a 7,8%). A escalada final tem nos seus 2000 metros finais a parte mais dura com rampas acima dos 10%, incluindo uma fase a 16%! O final é a 13%.
Tácticas
Todos esperavam que estas etapas fossem disputadas entre os favoritos, mas os últimos acontecimentos não estão a propiciar essa situação. Se tiver alguma capacidade física Pogacar vai atacar Vingegaard, mas hoje isso não aconteceu porque o esloveno estava no limite e tal pode colocar algum receio na cabeça do esloveno. A Jumbo-Visma não quer arriscar, acha que estes 2 minutos que o dinamarquês tem de vantagem para o vencedor do Tour de 2020 e 2021 são suficientes para o contra-relógio e não pretende colocar as bonificações em jogo.
Os últimos acontecimentos que nos referimos em cima envolvem os abandonos que afectaram as equipas dos favoritos. Mesmo que a Jumbo-Visma quisesse perseguir a fuga para a vitória na etapa perderam Roglic e Kruijswijk, Benoot foi ao chão também, mesmo que a UAE Team Emirates quisesse perseguir a fuga para a vitória na etapa perderam Vegard Stake Laengen, George Bennett, Marc Soler e Marc Hirschi está muito longe do nível esperado e desejado. Com 3 contagens de montanha de 1ª categoria amanhã é um dia absolutamente decisivo para a classificação da montanha, onde Simon Geschke ganhou hoje uma boa vantagem, mas pode acusar algum desgaste.
No meio de tanta debilidade temos curiosidade em ver o plano da Ineos-Grenadiers, no final de contas é uma equipa que não se contenta com o pódio e que ainda tem 3 ciclistas nos 10 primeiros. Esperamos outra vitória da fuga, com alguns elementos a resistir a um pelotão onde Jonas Vingegaard não pode desperdiçar a oportunidade de testar as pernas de Pogacar, nunca se sabe o que acontece até ao final do Tour.
Favoritos
A Ag2r Citroen Team mostrou grande ambição antes da etapa de hoje, mencionado que colocar Bob Jungels na fuga era um grande objectivo. Acabaram por falhar e o dia foi mais tranquilo para o luxemburguês, que amanhã tem obrigação de estar na frente se quer realmente lutar pela camisola das bolinhas e, eventualmente, ainda sonhar com o top 10.
A tentativa da Movistar hoje foi um bocadinho de desespero, mas se Enric Mas quer ameaçar os primeiros lugares amanhã tem mesmo de estar na fuga do dia, é quase uma obrigação, e com a ajuda de mais 1 ou 2 colegas de equipa para manter a fuga com um ritmo bem vivo. O espanhol tem estado algo irregular, fraquejou na altitude, mas amanhã raramente se passa dos 1500 metros, boas condições para ele recuperar lugares na classificação geral.
Outsiders
Num cenário onde os candidatos à vitória no Tour batalham na última subida, é Jonas Vingegaard que tem dado os sinais mais fortes, tem respondido sempre com prontidão e aparente facilidade a Tadej Pogacar e hoje seguia-se a um ritmo confortável com ele. Um dia com bastante acumulado é do agrado do dinamarquês, prefere muito mais assim do que os dias com somente 1 chegada em alto.
Thomas Pidcock entra no grupo de ciclistas que tem de fazer alguma coisa nos próximos dias e o britânico já nos mostrou que consegue fazer grandes diferenças nas descidas. Pidcock está a 10 minutos e a Jumbo-Visma até pode querer que ele vá para a fuga, a ver se outras formações do top 10 lhes dão uma mãozinha. A Ineos-Grenadiers tem de fazer alguma coisa e pode começar por aqui.
Nick Schultz tem impressionado ao longo deste Tour e inclusivamente já esteve muito perto do triunfo. Hoje, apesar de não estar na fuga, não terminou nada longe dos favoritos, o que indica claramente que as pernas ainda estão lá. O australiano não é propriamente um puro trepador, mas Hugo Houle também não e ganhou, tudo é possível quando a condição física está lá.
Possíveis surpresas
Veremos se amanhã aparecem finalmente alguns nomes sonantes que estão a ter um Tour para esquecer do que à caça da vitória diz respeito, falamos dos trepadores Giulio Ciccone, Ion Izagirre e Dylan Teuns, no início da Grande Boucle esperava-se muito deles. A Trek-Segafredo tem também a carta de Bauke Mollema para jogar, o holandês é muito experiente, resta saber se já ultrapassou os recentes problemas físicos. Entre os candidatos à vitória não estamos a ver ninguém a ganhar para além do camisola amarela e de Tadej Pogacar, todos sabem que o esloveno vai cair de pé, se cair de todo. Thibaut Pinot é um nome quase consensual para um triunfo muito popular, ainda para mais numa chegada em alto nos Pirinéus, hoje foi dia para Storer e Madouas, que podem perfeitamente repetir a presença. Já sem Lennard Kamna, a Bora-Hansgrohe tem em Patrick Konrad a sua melhor carta, o austríaco é bastante completo e já fez um bom 5º lugar em Mendé, num dia onde esteve bem. A quebra de Romain Bardet pode causar que Andreas Leknessund, que já fez top 15 em corridas World Tour este ano tenha alguma liberdade, o norueguês é um bom talento desta geração. Michael Woods vai tentar novamente nos próximos dias, talvez já amanhã, há a tendência para o canadiano ser cada vez mais competitivo depois de recuperar da queda sofrida. Pierre Latour é outro nome a ter em conta, o francês tem contra ele o facto de descer muito mal, o final em alto ajuda. Para a fuga olho ainda em Neilson Powless e Simon Geschke, a lutar pela montanha, Alexey Lutsenko, que quer reentrar no top 10, e aos combativos Fred Wright e Franck Bonnamour.
Super-Jokers
Os nossos Super-Jokers são: Joe Dombrowski e Rigoberto Uran.