As dificuldades voltam a aparecer no Tour com uma etapa de média montanha. Vários cenários serão possíveis, com uma fuga a poder ter o seu sucesso e os favoritos a testarem-se nas dificuldades do percurso.

 

Percurso

177,8 quilómetros entre Saint-Paul-Trois-Châteaux e Superdévoluy numa clássica etapa de média montanha do Tour de France. Os primeiros 130 quilómetros são os mais fáceis de explicar, sempre em ligeira subida, um falso plano mas sem grandes dificuldades. Depois uma curta descida até Gap e ao sopé da primeira subida do dia, o Col Bayard (6,9 kms a 7,1%).  Curta descida, seguido de uma colina com 1400 metros a 6% e nova montanha categorizada, o Col du Noyer (7,6 kms a 7,9%). Este pode ser um ponto fulcral da etapa, uma subida bastante regular que tem perto do topo um quilómetro a 10,5%.



O topo fica a 12,5 quilómetros da meta e, até ao final, será bastante rápido. Descida de 7500 metros e ascensão final ao Monteé de Superdévoluy. 3900 metros a 5,7%, uma média que engana já que os primeiros dois quilómetros são os mais duros (8% e 6,6%, respetivamente), tornando-se uma falsa subida na parte final.

 

Táticas

A alta montanha ainda tem de esperar por isso é tempo para os ciclistas mais completos terem as últimas oportunidades para brilhar. Trocando isto por outras palavras a etapa de amanhã não tem um final suficientemente duro mas os homens da geral, teriam de atacar na penúltima subida, e o esforço dispendido poderia não valer a pena. Desta forma, esta etapa tem tudo para ser discutida pela fuga e por uma fuga bastante numerosa, algo que ainda não vimos acontecer na edição deste ano do Tour 2024.

Vai ser uma batalha entre os trepadores e os ciclistas mais completos. Os trepadores quererão uma corrida mais endurecida pois sabem que a subida final não é dura o suficiente para se fazerem diferenças e a etapa pode decidir-se ao sprint num pequeno grupo. É aí que entram os ciclistas mais completos, terão de sofrer ao máximo para aguentar o ritmo mais exigente. A fuga de la fuga também não pode ser descartada, não resulta muitas vezes, mas um ataque ainda antes de começar as dificuldades montanhosas pode ter o seu sucesso se tiver a representação certa.

 

Favoritos

Oier Lazkano tem tentando de todas as formas e feitios, são já 5 fugas desde o início do Tour, só que escolhe sempre os dias errados. Amanhã é a etapa ideal para o espanhol estar na frente, dificilmente a vitória não será para a fuga e com a capacidade que Lazkano tem apresentado a subir poucos ou ninguém o podem fazer descolar. Num sprint, também será difícil de superar.



Outro corredor que tem tentado bastante é Ben Healy. O irlandês até tem estado em diversas fugas com Lazkano, os dois já se conhecem bastante bem e, tal como o seu rival, é um ciclista que está a subir muito bem e que não tem medo de atacar de longe. Sabe que só atacando nas partes mais duras pode vencer, não é rápido em grupos restritos.

 

Outsiders

Tobias Halland Johannessen esta em crescendo de forma, antes da alta montanha e esta é a etapa perfeita. A Uno-X tem tentado muito neste Tour, é uma das equipas que merecia a vitória, a sua pérola norueguesa pode ser o salvador. Mais que um trepador, Johannessen é um ciclista muito completo, adapta-se muito bem a este perfil de subidas.

Um ciclista que entra na categoria da fuga de la fuga é Bob Jungels. O luxemburguês já ganhou desta forma no Tour e tem a experiência necessária para o voltar a fazer. Numa Red Bull-BORA-hansgrohe que precisa de vencer, Jungels até nem deve estar sozinho na frente de corrida, o que também o favorece, pois, atrás, podem marcar os ataques dos rivais.



Simon Yates já tentou no Plateau de Beille mas não teve sucesso, a etapa de amanhã é uma nova oportunidade. Um dos melhores trepadores que não está na luta pela geral, Yates sabe que tem qualidade mais que suficiente para vencer uma etapa em fuga. Não tem medo de atacar de longe, de forma a partir a corrida o mais cedo possível. Tem vários roladores dentro da Jayco que o podem ajudar a colocar na fuga.

 

Possíveis surpresas

Já mencionamos ciclistas da Movistar, EF Education e Red Bull-BORA-hansgrohe, no entanto estas equipas têm mais opções. Na equipa espanhola, Davide Formolo e Enric Mas são as alternativas, dois ciclistas que sabem que têm de chegar sozinhos se querem vencer, atacando de longe. A formação norte-americana tem sido uma das mais combativas do Tour, é incrível como ainda não venceram. Richard Carapaz deve voltar a tentar, o equatoriano prefere quebrar que não tentar. A juntar ao campeão olímpico, temos Neilson Powless e Rui Costa. Por fim, na equipa alemã, Jai Hindley e Matteo Sobrero são as opções, um para uma corrida mais endurecida e outro para a já referida fuga de la fuga.

A Groupama-FDJ tem estado em muitas fugas, Romain Gregoire e Valentin Madouas são os ciclistas mais capazes de vencer amanhã, dois corredores que passam bem a montanha e, caso necessário têm uma excelente ponta final. O combativo Toms Skuijns é a carta dentro da Lidl-Trek e talvez vejamos Georg Zimmermann a ter liberdade dentro da Intermarché-Wanty, uma equipa que corre sem pressão fruto do que já conseguiu. Kevin Vauquelin e Steff Cras podem dar novas vitórias às suas equipas neste Tour. Dificilmente vemos os homens da classificação geral a discutir a etapa de amanhã, mas caso esse cenário aconteça, é muito provável que Tadej Pogacar some nova vitória. Não há ninguém ao nível do esloveno neste tipo de chegada.



 

Super-jokers

Os nossos super-jokers são Carlos Verona e Odd Christian Eiking.

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