A montanha está de regresso! Primeiro de três dias de todas as decisões com mais uma chegada em alto no Giro. Voltará João Almeida a botar lume nas estradas italianas?

 

Percurso

A etapa não é muito longa, mas tem praticamente 4000 metros de acumulado, tem alguma dureza especialmente na parte final. Os trepadores esperam que nos primeiros 25 kms planos não se forme a fuga, é que o Passo Della Crosetta (13,5 kms a 7,1%) é uma subida realmente dura e aí deve haver alguma separação das águas, existindo também a possibilidade de alguns ciclistas entre o 11º e o 20º posto integrarem a escapada.

Posto isto, segue-se uma fase de ligeiro sobe e desce, com uma 4ª categoria e o sprint intermédio, que levará os ciclistas até à fase decisiva, é um período importante para a fuga, caso resulte tem de chegar com alguma margem aos 30 kms finais. Esta dura sequência começa com Forcella Cibiana (9,6 kms a 7,6%), é uma montanha que seria muito interessante se coincidisse com a meta pois tem 4 kms a 10% já na parte final. Uma descida de igual extensão leva os corredores ao sprint bonificado, a 3 kms de falso plano e à subida onde todos esperam haver ataques e algumas diferenças.




A subida de Coi é terrível, 5 kms a 9,8%, com o quilómetro do meio a ter uma média de 12,5%, são ascensões bem diferentes face a ontem. Rápida descida e a contagem de 2ª categoria coincidente com a meta tem 2,3 kms a 7%, os últimos 300 metros são quase planos. Globalmente é uma etapa menos dura face à de ontem e é menos provável haver grandes diferenças a menos que haja alguém com um dia estupendo ou alguém com um dia muito mau, é que o perfil não dá para colocar tanto desgaste acumulado antes das subidas mais duras.

 

Táticas

Mais um dia de montanha e mais uma etapa para se decidir a classificação geral. Primeiro de 3 dias decisivos e, depois da etapa ontem, a estratégia das equipas será, completamente, diferente. Não vemos a Jumbo-Visma a perseguir a fuga durante todo o dia depois do dia menos conseguido de Primoz Roglic, a INEOS Grenadiers vai correr na defensiva, primeiro porque tem a camisola rosa e segundo porque tem apenas 5 atletas. A única equipa que pode mexer é a UAE Team Emirates, mas com a segunda e a terceira subidas bastante distantes, acreditamos num ritmo mais tranquilo nessa fase, o que vai favorecer, e muito, a fuga do dia. A juntar a isto, a etapa de sexta-feira é muito mais dura e todas as forças serão precisas.

Para além da geral, também a classificação da montanha será jogada amanhã. Ben Healy está na liderança mas o irlandês já não parece com a mesma frescura física, o que abre as portas a outros ciclistas. Thibaut Pinot e Einer Rubio são os seus grandes rivais, é certo que estão perto na geral e podem não ter tanta liberdade para estar na frente, no entanto se a fuga apenas se formar no Passo della Crosetta será uma história diferente.

 

Favoritos

Filippo Zana foi, sem sombra de dúvidas, o ciclista mais forte da fuga de ontem. Nesta altura de uma Grande Volta, a frescura física conta muito e o campeão italiano está, ainda em grande forma, depois de apanhado ainda ajudou bastante o seu líder. Sobe muito bem e vencer com o tricolor vestido teria um sabor especial, veremos se a Jayco AlUla lhe dá liberdade como aconteceu ontem, já que Eddie Dunbar também precisa de apoio.



Ilan van Wilder está a mostrar o porquê de ter sido escolhido como o braço direito de Remco Evenepoel, o belga está a acabar o Giro muito bem, em crescendo e, certamente, irá tentar estar na frente. O apoio de Pieter Serry será importante para estar na frente e, a partir daqui, será o talento do belga a fazer diferenças. Adora estes finais mais explosivos.

 

Outsiders

Um ciclista que chegou ao Giro em grande fore até agora mal se viu foi Lorenzo Fortunato. As expectativas sobre o italiano eram grandes mas o líder da EOLO-Kometa tem passado ao lado da corrida, será que se está a resguardar para estes dias finais? Excelente trepador, o franzino ciclista terá todo o apoio da equipa para estar na frente onde, se conseguir, estará mais resguardado, guardando tudo para o final.

Foi impressionante a forma ofensiva como João Almeida correu na etapa de ontem. Nem sempre vemos o campeão nacional assim, e se o fez é porque sente capacidade física e mostra ambição. A vitória deu-lhe, ainda mais, moral e sabe que tem que continuar a recuperar tempo para chegar à rosa. Está muito forte, com acelerações muito explosivas.



Primoz Roglic tem um final perfeito para si, veremos se ontem foi apenas um dia menos conseguido. É aqui que o esloveno tem que dar resposta e dizer que ainda está na luta pelo Giro. Não o vemos a atacar de longe mas sim a guardar-se para a subida final, perfeita para as suas características, isto assumindo que está bem e totalmente recuperado da queda.

 

Possíveis surpresas

Jack Haig parece não ter graves consequências da queda sofrida na segunda semana, o australiano tem estado ao ataque. A Bahrain-Victorious tem colocado, sempre alguém em fuga nas etapas de montanha e Haig tem sido a escolha, um corredor já experiente mas que ainda não sabe o que é vencer numa Grande Volta. A EF Education também vai tentar, isso é certo, tem sido uma equipa muito combativa e pode jogar em duas frentes. Jefferson Cepeda pode ser poupado para o final e Ben Healy irá defender a montanha. O equatoriano não se vê ao ataque desde a etapa 13, tem estado mais no apoio a Carthy, com o irlandês a desgastar-se muito nos vários sprints. Nesta luta, Thibaut Pinot e Einer Rubio também devem estar na frente, trepadores muito fortes, mas tal como já referimos, desgastarem-se durante a etapa não ajuda para a chegada, é preciso estarem muito bem. Desta forma, na Movistar, uma alternativa bem séria é Carlos Verona, o trepador espanhol tende a melhorar com o passar dos dias de competição. Joe Dombrowski é o homem da terceira semana do Giro, ainda não atacou, amanhã deverá ser o dia, numa Astana que ainda procura a vitória. Lorenzo Rota e Warren Barguil têm tentado mas sempre sem sucesso, as pernas não têm correspondido, veremos se amanhã muda o cenário. A UAE Team Emirates deverá dar liberdade a um ciclista seu, amanhã acreditamos que pode ser o dia de Davide Formolo, esteve muito bem no seu trabalho na etapa de ontem na subida final. Olhando para os homens da geral, claro que Geraint Thomas é um candidato, o britânico irá seguir os seus rivais mas se sentir a oportunidade de ganhar tempo não irá despediçar. A luta pelo 4º lugar está interessante e é aqui que podem surgir mais ataques, com Damiano Caruso e Eddie Dunbar a serem aqueles que mais sucesso podem ter.

 

Super-jokers

Os nossos super-jokers são Santiago Buitrago e Hugh Carthy.



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