No meio das montanhas, o Giro d’Itália conseguiu descobrir uma oportunidade para os sprinters resistentes disputarem o triunfo. Teremos o quarto triunfo de Jonathan Milan ou alguém irá parar o poderoso italiano?

Percurso

Dia praticamente plano, um deserto na terceira semana do Giro. 178 quilómetros entre Fiera di primiero e Padova, apenas uma contagem de montanha de 4ª categoria, ainda no primeiro terço do percurso, sendo que até meio é em ligeira descida. O final em Padova é muito rápido mas também bastante técnico, com muitas curvas na aproximação à chegada. Analisando o quilómetro final, e depois de 2 quilómetros praticamente em linha reta, o mesmo tem duas curvas apertadas, antes da reta da meta que terá sensivelmente 450 metros de extensão.

Táticas

Penúltima oportunidade para os sprinters presentes no Giro. Os últimos dias viram muitos abandonos entre os homens rápidos, no entanto os principais nomes ainda permanecem em competição. Falamos de Jonathan Milan, Tim Merlier e Kaden Groves. Destes nomes, apenas Groves não conseguiu vencer e a Alpecin-Deceuninck mostrou, nas últimas etapas ao sprint, que está disposta a perseguir. Se a equipa belga estiver na frente, Soudal QuickStep e Lidl-Trek também irão ajudar. Estas etapas também costumam trazer surpresas, com os roladores a atacarem, formarem uma fuga bastante forte e, no final, enganar o pelotão e discutir a vitória.

Favoritos

É difícil não apontar Jonathan Milan como o principal candidato. Três vitórias em 5 oportunidades, sendo que quando não venceu foi 2º. Praticamente com a maglia ciclamino no bolso, o poderoso italiano poderá correr com menos pressão e isso pode libertá-lo para um grande resultado. O seu comboio tem funcionado na perfeição, se o voltam a deixar na frente é meio caminho.

Alberto Dainese apenas soma um top-5 em etapas ao sprint, manifestamente pouco para a sua qualidade. O italiano é um ciclista algo irregular que aparece quando menos se espera, basta ver que tem vitórias sempre na segunda metade do Giro. Tende a render bem nesta altura das competições, tem que confiar nos seus lançadores e não se perder dos mesmos.

Outsiders

Tim Merlier pode já começar a acusar algum desgaste, fruto das 17 etapas desgastantes. É verdade que a fadiga aparece para todos, mas Merlier rende muito mais no início das Grandes Voltas. O belga foi um dos dois ciclistas que já bateu Milan neste Giro, deverá motivá-lo para voltar a conseguir esse feito.

O adiantar de uma Grande Volta são boas notícias para Kaden Groves. O australiano não é o mais puro dos sprinters mas nesta altura a capacidade de recuperação conta muito e Groves tem isso a seu favor. A Alpecin-Deceuninck tem conseguido fazer excelentes trabalhos na aproximação às chegadas, tem faltado algo a Groves, principalmente a colocação.

Apesar do muito trabalhos, Juan Sebastian Molano deve ser dos sprinters mais frescos. O colombiano recupera muito bem ao longo de 3 semanas e é sempre nesta fase que costuma vencer. Conta com Rui Oliveira e, quem sabe, se Tadej Pogacar não vai dar uma ajuda extra.




 

Possíveis surpresas

Fernando Gaviria tem sido bastante regular mas, ao mesmo tempo, nunca tem estado perto do triunfo. Com várias curvas no quilómetro final, não nos admirávamos que voltasse a tentar surpreender de longe, a sua imagem de marca. Stanisław Aniolkowski foi um surpreendente 2º na última etapa ao sprint, o polaco chega cheio de confiança e à procura de mais. Será desta Caleb Ewan? Já começa a ser cansativo mas o pequeno australiano continua a desiludir, nem um lançador como Luka Mezgec consegue fazer milagres. Hugo Hofstetter, Giovanni Lonardi, Madis Mihkels e Laurence Pithie costumam colocar-se bastante bem e, no final de uma Grande Volta, devem conseguir bons resultados, recuperam melhor que os sprinters mais puros. Por fim, Tim van Dijke e Tobias Lund Andresen são ciclistas que também podem finalizar nos 10 primeiros.

Não podemos descartar uma fuga ou um ataque tardio de ter o seu sucesso. Um nome que destacamos é Filippo Ganna. O italiano já tem a sua vitória neste Giro mas se sentir a oportunidade de voltar a vencer não vai desperdiçar. Davide Ballerini, Filippo Fiorelli e Mirco Maestri são outros nomes para a fuga do dia.

Super-jokers

Os nossos super-jokers são Enrico Zanoncello e Michael Valgren.