Última chegada em alto e última tirada de montanha do Tour! Dia de tudo ou nada para Tadej Pogacar tentar quebrar com a resistência de Jonas Vingegaard. Quem sairá a sorrir?

Percurso

Último dia de montanha no Tour 2022 e novamente jornada curta, com apenas 144 quilómetros. Tal como hoje, o cenário inicial volta a repetir-se, praticamente 60 quilómetros planos, que se devem fazer a alta velocidade, antes do começo das dificuldades, com o complicado Col d’Ausbisque (16,4 kms a 7,1%).

Seguem-se 22 quilómetros quase todos eles em descida até ao sopé do Col de Spandelles (10,3 kms a 8,3%), uma subida que raramente baixa da sua média e tem na sua parte final um quilómetro a 9%. O topo da subida é atingido a 34 quilómetros do fim, sendo que pela frente estão 21 quilómetros de descida até ao início de Hautacam.

Serão 13 600 metros de muita dureza, a uma inclinação média de 7,8%. Com um início “suave” (raramente ultrapassa os 7%), a maior dureza está no seu miolo com 3 quilómetros acima dos 10% de média!

Tácticas

A performance da UAE Team Emirates hoje foi inesperada e veio alterar um pouco o panorama da corrida. A força de Bjerg e McNulty destruiu o pelotão, resta saber se amanhã terão a mesma disponibilidade física, mas é quase certo que vão tentar novamente e que a Jumbo-Visma tem de confiar em Sepp Kuss para estar o máximo de tempo possível com Vingegaard. A formação holandesa vai tentar infiltrar alguém na fuga (Laporte, van Aert ou van Hooydonck) caso o camisola amarela precise de algo.




O que aconteceu hoje foi algo estranho e as possibilidades da fuga dependem do que aconteça nos primeiros 60 quilómetros, tal como hoje. Na 17ª etapa a fuga só aconteceu na primeira subida, Bjerg fez a segunda subida e McNulty a terceira ascensão. Sim, o trabalho de Bjerg foi fenomenal, só que hoje foi numa segunda categoria, amanhã é no Aubisque. Hoje a fuga chegou à primeira subida sem vantagem, se a escapada se formar nos primeiros 30 quilómetros amanhã tem tempo para ganhar vantagem, a UAE não vai gastar os poucos cartuchos que tem na parte plana e a Jumbo-Visma está com o foco na amarela, até quer afastar as bonificações de Pogacar. Com o afastamento da Pidcock e Yates a Ineos-Grenadiers fica limitada a defender o pódio de Thomas e ir à procura de uma vitória em etapa.

Amanhã é a derradeira oportunidade para os trepadores que ainda não ganharam etapas e o dia decisivo para os candidatos à montanha. Geschke é o maior candidato, para ele a jornada acaba praticamente no Aubisque e praticamente só poderá perder para um dos ciclistas da geral, só que isso está longe do pensamento de Vingegaard, talvez esteja no de Pogacar. O único que ainda sonha com esse camisola fora destes 3 é Ciccone e nos primeiros 80 kms será uma guerra tremenda entre Cofidis e Trek-Segafredo. Como já dissemos, as probabilidades da fuga resultar aumentam exponencialmente se ela se formar logo ao início, se chegarmos ao Aubisque sem escapada, deverá dar para os favoritos.

Favoritos

Ficou hoje visto mais uma vez que Tadej Pogacar é muito mais explosivo do que Jonas Vingegaard e não é de descartar acontecer amanhã uma repetição de hoje. O esloveno não atacou de longe porque provavelmente não se sentia com capacidade para isso, amanhã pode sentir-se mais tentado a arriscar porque ganhou uma boa almofada sobre Thomas e porque sabe que amanhã joga o tudo ou nada. Só é uma escolha complicada porque sabe que ao sprint vs Vingegaard tem grande vantagem.




O que Nick Schultz fez hoje foi deveras impressionante, ele aguentou durante todas as montanhas com Gaudu e companhia sem estar a lutar pela geral, o que também não foi propriamente o mais inteligente a fazer com uma boa etapa para ele no dia seguinte. A BikeExchange claramente estava a tentar inclui-lo na fuga, o australiano tem de estar mais atento e seguir Michael Matthews, que é um excelente ciclista nestes cenários.

Outsiders

Alguém que fez a mesma coisa foi Luis Leon Sanchez, o espanhol nem sequer é um puro trepador e não chegou muito longe da frente. Está em 16º e sabe que se integrar a fuga pode subir ainda mais lugares e caso consiga a vitória salvar, de certa forma, o Tour da Bahrain-Victorious. O veterano desce muito bem e isso é uma grande mais valia.

Jonas Vingegaard não vai arriscar nada, a Jumbo-Visma fez os cálculos e acha que basta seguir na roda de Tadej Pogacar para o dinamarquês selar o Tour no contra-relógio. A grande questão é se o esloveno der tudo por tudo amanhã e gastar as balas todas visto que joga o tudo ou nada. Aí Vingegaard pode cheirar a sangue e atacar de forma decisiva se sentir que não corre o risco de quebrar mais à frente, é um cenário dentro dos 5 kms finais da etapa.

Já ontem mencionámos Andreas Leknessund e o norueguês não desapontou em nada, foi o último resistente da fuga e isso são sinais muito encorajadores. Depois ainda ajudou Romain Bardet, que já está num posto bem mais confortável na geral, o que pode dar mais liberdade ao seu companheiro da DSM. Precisa da ajuda de Chris Hamilton e de John Degenkolb para entrar no grupo certo.

Possíveis surpresas

Dos ciclistas dentro do top 12 da classificação geral só vemos 2 nomes com disponibilidade mental e atitude para atacar de longe, Romain Bardet na penúltima subida para tentar o top 5 e Alexey Lutsenko entrando na fuga como hoje fez, a questão é se o cazaque tem energia para isso depois do que fez hoje. Michael Woods e a Israel-Premier Tech vão certamente tentar, mas têm de saber escolher o momento certo, algo que não aconteceu hoje. A vantagem do canadiano face aos demais é que poupou alguma energia durante o Tour. Se tiver liberdade Michael Storer é um tremendo trepador e nunca pode ser descartado nestas jornadas, na Groupama-FDJ é Valentin Madouas que tem estado mais preso a David Gaudu. Damiano Caruso hoje mal se viu, como o italiano não está numa forma assim tão má é preciso ter cuidado com ele para amanhã, enquanto Patrick Konrad e Bob Jungels vão tentar novamente, a par de Rigoberto Uran, um ciclista que vinha com expectativas muito mais elevadas face ao que alcançou até agora. O mesmo se pode aplicar a Daniel Martinez, agora um pouco mais liberto com as quedas na geral de Yates e Pidcock, há mais ciclistas na Ineos que podem ficar junto de Thomas. De resto é preciso ter atenção a alguns ciclistas habituais nestas fugas de montanha do Tour, nomeadamente Gregor Muhlberger, Dylan Teuns, Neilson Powless, Bauke Mollema e Matteo Jorgenson.

Super-Jokers

Os nossos Super-Jokers são: Georg Zimmermann e Thibaut Pinot




 

 

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