Última etapa de média montanha da edição deste ano da Volta a França. Depois de uma etapa de loucos, esperamos mais um dia a todo o gás, com a fuga a ter grandes hipóteses de voltar a ter sucesso.

 

Percurso

Última etapa de média montanha do Tour 2024, com 179,5 quilómetros de extensão. Partida de Gap logo com 2800 metros a 4,8%, antes de uma curta descida que leva ao Col du Festre (4 kms a 6,6%). Longa descida, praticamente 20 quilómetros até nova subida, o Côte de Corps (2,2 kms a 6,5%) e, pouco depois, Les Costes (2,6 kms a 6,1%). A meio da etapa o Col de Manse (5,2 kms a 3,7%) leva a uma curta descida e uma zona de vale, antes da entrada nas últimas dificuldades do dia.



O Côte de Saint-Apollinaire (7,1 kms a 5,6%) aparece a 68 quilómetros do fim, a subida mais longa do dia pode servir para alguns ataques na fuga. Rápida descida até à derradeira subida categorizada do dia, o Côte des Demoiselles Coiffées (3,5 kms a 5,3%). No topo ainda restam 41 quilómetros para o final, com o terreno a tornar-se mais fácil até à chegada em Barcelonnette. Sempre em ligeira subida, os últimos quilómetros não apresentam grandes dificuldades no entanto, com o acumular do desgaste, podem tornar-se complicados para os ciclistas. O final é plano.

 

Táticas

Hoje a fuga custou a formar-se mas, no final, lá teve o seu sucesso. Um dia duro, muito cansativo que vai ter repercursões nas etapas que faltam. O mesmo que referimos ontem, podemos voltar a afirmar hoje. Os homens da geral não vão atacar este tipo de etapa, sem grandes dificuldades vão-se poupar para as etapas dos Alpes e, para além disso, os sprinters e as suas equipas não vão conseguir controlar uma fuga num terreno tão ondulante como este. A fuga pode demorar a formar-se, acreditamos que possa acontecer entre as duas primeiras subidas categorizadas.

Assim, será mais fácil para qualquer equipa vencer a partir da fuga do dia. Hoje, apenas a Alpecin-Deceuninck não esteve presente na fuga que tinha mais de 50 ciclistas, amanhã até é possível que todas as equipas estejam representadas na frente. Muitas ainda não venceram e sabem que não é na alta montanha que o vão fazer, por isso amanhã é o tudo por tudo.

 

Favoritos

Será desta que vemos Mathieu van der Poel em fuga? Esta é a última oportunidade que o campeão do Mundo tem para brilhar e, e 17 etapas, poucas foram as vezes que Van der Poel tentou estar na fuga. As subidas são ideais para o neerlandês, não muito longas nem muito íngremes. Ninguém vai querer ter a companhia de Van der Poel, no entanto descartá-lo neste terreno é muito complicado.



Pelo segundo dia consecutivo, Ben Healy entra nesta categoria e, depois da vitória da EF Education de hoje, terá menos pressão. O irlandês até gostava de ter um dia com mais dificuldades mas se há ciclista que não se importa de atacar de muito longe é este, um corredor muito combativo e que já conquistou grandes vitórias desta forma. Já merece um triunfo.

 

Outsiders

Jasper Stuyven esteve perto de vencer a etapa da gravilha e, desde aí, tem estado mais discreto. Última oportunidade para o belga conseguir a glória pessoal, numa jornada que faz lembrar as clássicas onde tão bem se dá. Mais do que um corredor que sprinta bem, Stuyven é um ciclista que prefere atacar nas dificuldades e chegar sozinho à meta. A Lidl-Trek ainda procura algo da corrida.

Matej Mohoric tem sido uma sombra neste Tour, mal se vê. Também é certo que poucas são as etapas ao seu jeito, esta é uma delas, por isso o esloveno tem de estar na frente. A Bahrain-Victorious procura salvar a sua prova nestes últimos dias, o esloveno é a melhor opção, um terreno ondulante, a fazer lembrar as clássicas. Mohoric já venceu assim no ano passado, na terceira semana, num dia de sobe e desce.



Gap já viu dois triunfos portugueses, amanhã não irá ver mas pode ser um bom pronuncio para a chegada. Rui Costa é um dos ciclistas que já lá venceu e, numa EF Education muito combativa e que costuma colocar mais que um ciclista em fuga, a oportunidade para o campeão nacional pode surgir. Num cenário em que tenha Healy na frente, só terá que seguir rodas, caso seja apanhado sabemos que Rui Costa é muito rápido em grupos restritos.

 

Possíveis surpresas

Em teoria, esta é uma etapa ideal para Wout van Aert no entanto o belga ainda não parece na melhor forma física, apesar de estar em crescendo. Hoje esteve na fuga, talvez tenha gasto alguma da energia, no entanto se tiver a oportunidade de estar na frente não vai desperdiçar. Também Magnus Cort esteve na frente e este sim, desgastou-se mais. O dinamarquês adora este tipo de etapas de média montanha, se tiver a companhia na frente de Tobias Halland Johannessen podem formar um duo muito perigoso. A Movistar também tem um duo muito perigoso. Oier Lazkano tem tentado muito, hoje não foi exceção, mas não esteve na fuga certa. Amanhã pode ser jogado como uma carta mais ofensiva, atacando de longe, enquanto Alex Aranburu fica resguardado, o espanhol é muito rápido em grupos restritos.

Romain Grégoire também esteve na fuga de hoje mas a etapa 18 assenta-lhe bastante melhor. Talvez preferirisse alguma dureza mais perto do final, no entanto pode usar a sua ponta de velocidade. Outro gaulês que pode surpreender é o campeão nacional Paul Lapeira, um sprinter que passa bem este tipo de subidas. Apesar de estar a fazer um Tour discreto, Michael Matthews nunca pode ser descartado, numa etapa mesmo ao seu jeito. Christophe Laporte é uma alternativa dentro de uma Visma|Lease a Bike que pretende ganhar outra etapa. Por fim, olho em Victor Campenaerts, Matteo Sobrero e Krists Neilands, como opções atacantes.



Super-jokers

Os nossos super-jokers são Axel Laurance e Jan Tratnik.

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