O Giro d’Itália entra no momento de todas as decisões com a primeira de duas etapas de alta montanha. Teremos mais uma fuga a vingar ou os principais candidatos à vitória final vão lutar pelo triunfo?

Percurso

A montanha regressa com mais 178,7 quilómetros bastante duros. Depois de 72 quilómetros planos, Vilanova Grotte (3,7 kms a 8,4%) servirá para aquecer os motores dos ciclistas antes do Passo di Tanamea (9 kms a 5,4%).



Esta subida fica, sensivelmente, a meio da etapa e não fosse uma colina com 2400 metros a 5,8%, os 30 quilómetros seguintes eram quase todos eles em descida. Segue-se a brutal subida de Kolovrat (10,4 kms a 8,9%, os primeiros 4500 metros são a 10,3%), local onde a corrida pode começar a ser mexida mais seriamente uma vez que se seguem 20 quilómetros de descida e 15 de plano até ao início da subida final.

Antes da escalada para o Santuário di Castelmonte, existe um sprint bonificado. A subida final tem 7300 metros a 6% mas que enganam pois os primeiros 2300 metros são a 7,2% e os últimos 4000 metros a 6,9%.

 

Táticas

A montanha está de regresso e isso volta a significar uma luta intensa pela geral e pela presença na fuga. Ninguém quer sair de mãos a abanar do Giro e só com duas oportunidades para a maioria dos ciclistas, vão dar tudo por tudo para estar na frente. Estamos já na terceira semana, pelo que é de esperar que a fuga tenha bastantes nomes que nos últimos dias têm estado na frente, nem todos os ciclistas têm capacidade para aguentar 3 semanas a grande nível.



É verdade que a fuga tem grandes possibilidades de vingar, no entanto o abandono de João Almeida veio trazer novas dinâmicas. Mikel Landa está no pódio e com uma vantagem confortável para o 4º classificado, pelo que poderá atacar mais cedo, sabendo que o risco de descer lugares na classificação geral é menor. O 4º classificado é Vincenzo Nibali e o Tubarão de Messina também não tem nada a perder, quer o pódio! A juntar a isto, temos Jai Hindley e a Bora-Hansgrohe, que podem preparar um assalto à liderança de Richard Carapaz.

 

Favoritos

Hugh Carthy está a ir de menos a mais neste Giro, algo que o gigante britânico nos tem habituado. O trepador da EF Education está no top 10 mas está a mais de 17 minutos, pelo que terá liberdade para estar na frente. Carthy é um ciclista de grandes momentos e uma vitória salvaria o seu Giro.

O abandono de João Almeida e a perda de tempo de Juan Pedro Lopez no dia de hoje veio abrir a luta pela classificação da juventude e é aqui que entra Santiago Buitrago. O colombiano já tem a sua vitória, está numa Bahrain-Victorious que pode precisar dele no entanto se lhe dão liberdade para procurar novo triunfo, Buitrago não vai desperdiçar. Está a acabar muito forte o Giro, foi, de longe, o mais forte na fuga de ontem.

 

Outsiders

Na mesma situação de Buitrago temos Thymen Arensman. O neerlandês tem tentado muito desde o abandono de Romain Bardet e também é um corredor que está a melhorar com o passar dos dias. Bastante combativo, Arensman procura a grande vitória da sua carreira. Não sendo explosivo, sabe que tem que ir eliminando os seus rivais.

Mencionamos o possível “assalto” da Bora-Hansgrohe, mas acreditamos que isso possa não acontecer amanhã e isso dará liberdade aos seus corredores. Wilco Kelderman tem trabalhado muito desde que ficou fora da luta pela geral, está na hora da sua recompensa. Sendo um ciclista de 3 semanas, o neerlandês sabe gerir o seu esforço muito bem, precisa de ter a sorte do seu lado, algo que nem sempre acontece.



Alejandro Valverde quererá despedir-se do Giro d’Itália da melhor maneira possível, o espanhol está às portas do top 10 e, aos 41 anos, continua bastante bem. Esteve na fuga da última etapa de montanha, mostrou vontade e, ao seu ritmo, não perdeu muito tempo. Apesar de não ter a explosão de outros tempos, continua a ser um ciclista perigoso.

 

Possíveis surpresas

Bora-Hansgrohe e Bahrain-Victorious estão numa luta terrível pela classificação coletiva e, por isso, deverão colocar ciclistas em fuga. Para além dos nomes já referidos, Lennard Kamna, na equipa alemã, e Wout Poels, na formação árabe, são nomes óbvios. Ambos têm trabalhado muito em prol da equipa e têm mostrado uma enorme disponibilidade física. Joe Dombrowski é um corredor que aparece sempre na 3ª semana, tem estado mais discreto, talvez guardando-se para estes dois dias. Lucas Hamilton terá liberdade total dentro da BikeExchange, é um corredor muito completo que este ano tem estado mais apagado. Giulio Ciccone e Koen Bouwman devem continuar a travar a luta pela montanha, no entanto as energias gastas até ao final podem ser preciosas para a discussão da etapa. De destacar, nomes como Guillaume Martin, Gijs Leemreize, Lorenzo Fotunato e Mathieu van der Poel. Caso os favoritos decidam lutar pela vitória, é difícil fugir a Richard Carapaz ou Jai Hindley, têm sido os mais fortes deste Giro. Talvez Mikel Landa consiga surpreender com um ataque de longe, mas terá que ser à base da força, não lhe darão liberdade.

 

Super-jokers

Os nossos super-jokers são Juan Pedro Lopez e Davide Formolo.



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