O tríptico dos Alpes entra na sua fase decisiva. Hoje Julian Alaphilippe sentiu algumas dificuldades mas resistiu. Acontecerá o mesmo amanhã ou o francês irá ficar sem a camisola amarela?
Percurso
Penúltimo dia de montanha e depois de uma maratona temos uma jornada bem diferente, mais curta, mas onde a altitude será preponderante.
Muito provavelmente as 3 primeiras subidas (de 2ª e 3ª categoria) servirão para formar a fuga do dia, que tem tudo para ser grande, forte, e com companheiros dos ciclistas que lutam pela geral. A fase decisiva da tirada começa no Col de l’Iseran, uma contagem de categoria especial que chega aos 2750 metros e que tem 13 kms a 7,3%, é muito provável que os favoritos se mexam já aqui. É uma ascensão feita aos repelões, algo irregular, os quilómetros 4, 8 e 12 são acima de 9%.
A chegada a Tignes é muito interessante. Tecnicamente a contagem de montanha de 1ª categoria está a 2 kms da meta e tem 7,5 kms a 6,8%. Não é muito, muito duro, mas é outra subida acima dos 2000 metros que tem 1000 metros a 9,8% logo no início. Depois da contagem há 1500 metros e os 500 metros finais voltam a empinar ligeiramente.
Favoritos
As oportunidades começam a escassear e por isso acreditamos numa intensa luta pela etapa, quer seja com uma fuga a triunfar, quer sejam os favoritos a discutir o triunfo. Com a existência de bonificações, que podem ser fundamentais na geral, pensamos que os favoritos vão querer discutir a vitória da etapa pois, até agora, ainda só conseguiram impedir a fuga de ganhar no Tourmalet.
Subidas longas e altitude é a praia de Egan Bernal. O colombiano está a melhorar com o passar dos dias e hoje mostrou ser o mais forte entre os favoritos. A partir daqui só vemos o jovem a ter cada vez melhor condição física e no seu topo não vemos ninguém a conseguir seguir o líder da montanha.
Quem também está a melhorar é Geraint Thomas. É verdade que o britânico ainda não se mostrou da mesma forma que na temporada passada quando ganhou o Tour de forma imaculado mas hoje esteve bastante melhor. Subidas constantes são boas notícias para Thomas. A presença de Bernal pode ser importante, pois podem atacar à vez.
Outsiders
Thibaut Pinot foi o mais forte nos Pirenéus e hoje esteve muito bem quando fez a ponte para Thomas com relativa facilidade. É mais um que tem que atacar e não tem medo de o fazer, sabendo que a sua equipa é uma das melhores na montanha e o vai conseguir apoiar. Em caso de sprint, cenário pouco provável, é o mais rápido dos favoritos.
Hoje vimos, finalmente, Rigoberto Uran com algum à-vontade na montanha. O colombiano não pareceu em dificuldades para seguir Pinot, numa etapa que assenta nas suas características. Amanhã é mais do mesmo e o ciclista da EF Education First pode ter a vantagem de já estar algo atrasado na geral para ter alguma liberdade.
Mikel Landa é um corredor que não tem medo de atacar de longe e se há alguém capaz de lançar uma ofensiva no Col de l’Iseran é o basco. Sem nada a perder, o ciclista da Movistar deve ver a sua equipa na frente do pelotão e depois terá que completar o trabalho. Muito combativo, não está a acusar o cansaço do Giro.
Possíveis surpresas
Nairo Quintana foi a grande surpresa do dia pois teve ao nível que apresentou noutras temporadas, quando andava a discutir o Tour. Novo recorde de subida do Galibier colocam o colombiano num patamar alto e nova vitória em etapa é possível. Não deixem Julian Alaphilippe chegar confortável à última subida pois aí o francês fará de tudo para aguentar e depois vencer a etapa ao sprint, onde será, de longe, o mais rápido. Emanuel Buchmann e Steven Kruijswijk vão estar na frente, mas dificilmente conseguirão ganhar. Para a fuga, alguns nomes são óbvios. Romain Bardet e Tim Wellens estarão na luta pela montanha, pelo que é certo vê-los na frente. Damiano Caruso é a melhor carta na Bahrain-Merida e os gémeos Simon e Adam Yates querem dar nova vitória à Mitchelton-Scott. Alexey Lutsenko, Tanel Kangert e Jack Haig são outras opções para a fuga.
Super-jokers
Os nossos super-jokers são Dan Martin e Richie Porte.