O momento de todas as decisões! O Tour de France chega aos Alpes e logo com uma etapa brutal, alta montanha do início ao fim e chegada em alto para culminar uma grande jornada de ciclismo.

 

Percurso

145 quilómetros com mais de 4500 metros de desnível acumulado positivo. Partida de Embrum, primeiro 21,5 quilómetros relativamente planos, apenas um pequeno topo. Esta fase da etapa culmina com o sprint intermédio e, a partir daí, inicia-se uma “nova” etapa. Para começar o Col du Vars (18,8 kms a 5,7%), uma subida que é dividida em duas, já que a meio 2 quilómetros quase planos e uma descida.





Atingido o topo, descida de 22 quilómetros até à grande subida do dia, a Cime de la Bonette (22,9 kms a 6,9%). Longa subida, bem ao estilo alpino com pendentes regulares. Quase sempre a rondar os 7-8%, tem apenas 3 quilómetros acima dos 9%, sendo um deles a coincidir com os derradeiros 900 metros a 10,3%.

2798 metros de altitude atingidos e longa descida de praticamente 40 quilómetros até ao sopé da derrradeira ascensão do dia. Isola 2000 tem 16,1 kms a 7,1%, uma subida bem dura, principalmente na sua primeira metade. Logo a abrir 2 quilómetros acima dos 10% e, a meio, outros dois acima dos 9%. A partir desse momento as pendentes diminuindo, mas o acumulado da etapa está lá.

 

Táticas

A decisão da etapa vai recair em duas equipas: UAE Team Emirates e Visma|Lease a Bike. A equipa árabe está como quer, Tadej Pogacar está confortável na liderança, quando ataca ninguém o consegue seguir e parece apenas uma formalidade conquistar o triunfo final na Volta a França. Com duas etapas duras pela frente, talvez não seja plausível a UAE controlar fortemente durante todo o dia, pois sábado também é uma etapa muito complicada de gerir. No entanto, se sentirem que os seus rivais estão fracos irão atacar.

Já a Visma afirmou que vai voltar a tentar e, em teoria, esta é a melhor etapa para Jonas Vingegaard o fazer, com subidas muito longas e uma altitude elevada. Só que vemos dois problemas comparando com outras edições do Tour. Primeiro a equipa da Visma não é tão forte para conseguir rebentar com a corrida e, segundo o próprio Vingegaard não está tão forte, parece começar a acusar a fadiga devido à falta de competição e consequente recuperação. Apesar de tudo, Vingegaard continua a ser um grande ciclista, do nada pode tirar um coelho da cartola. Com tudo isto, a fuga irá esperar por uma corrida mais calma de forma a ter hipóteses de vitória.



Favoritos

Entramos no território onde Tadej Pogacar costuma ter mais falhas mas também temos visto o melhor Pogacar de sempre. O camisola amarela está a um nível tão alto que ninguém o consegue seguir quando desfere os seus fortes ataques. Já venceu nos Pirenéus, quererá fazer o mesmo nos Alpes. Quanto mais cedo sentenciar o Tour melhor para si, poderá gerir para outros objetivos.

Richard Carapaz tem sido um dos ciclistas mais combativos das últimas etapas e, ontem, foi recompensado com a vitória. Com a classificação da montanha em vista, o equatoriano vai querer estar na frente e isso até lhe pode retirar alguma energia, mas neste momento a forma conta muito e o campeão olímpico está muito bem. Irá adorar as subidas longas e a altitude. Esteve em fuga hoje, talvez se pudesse ter poupado, mas pode ser um sinal de que está muito bem.

 

Outsiders

Jai Hindley também tem tentado bastante desde que a Red Bull-BORA-hansgrohe ficou reduzida. A equipa alemã tem estado impecável no apoio ao australiano, colocando-o na fuga de forma perfeita. Finalmente terá uma etapa de montanha ideal para as suas características, com subidas longas. Também esteve na fuga de hoje mas num grupo numeroso nunca o vimos muito ofensivo, conseguiu integrar os grupos certos.

Uma etapa de alta montaha com as clássicas subidas alpinas é perfeito para Enric Mas. Temos visto uma versão pouco usual do espanhol, um ciclista mais ofensivo que tenta estar nas fugas, ele que tem de salvar o seu Tour a todo o custo. Um corredor que prefere ir a ritmo tem nestas subidas a sua praia. Foi 3º ontem, está a ir de menos a mais na competição.



À frente do espanhol ficou Simon Yates, outro ciclista que tem estado muito ofensivo. Já aqui referimos que o britânico adora este estilo de corrida, sem estar com a pressão da geral consegue soltar-se e conseguir bons resultados. Gosta de antecipar os principais ataques, como fez na etapa de ontem, o que por vezes lhe custa caro. Se tiver algum apoio da sua equipa na frente será o ideal para um grande resultado.

 

Possíveis surpresas

Ainda não mencionamos mais nenhum ciclista da classificação geral porque vemos muito complicado o cenário de Pogacar não vencer. Jonas Vingegaard até pode tentar mas já se viu que não consegue fazer descolar o esloveno, não vai conseguir melhorar assim tanto de um dia para o outro. Também pode ter sido apenas um dia mau e se tal aconteceu, o dinamarquês pode explodir com a corrida. Remco Evenepoel tinha uma etapa ao seu jeito ontem, não podemos extrapolar os segundos ganhos na estrada. Aqui está o verdadeiro teste para a sua capacidade física, uma verdadeira etapa de alta montanha onde tem de sobreviver e colocar o seu próprio ritmo.

Numa fase tão tardia de uma Grande Volta, os nomes a mencionar começam a ser praticamente os mesmos. Laurens de Plus tem tido liberdade dentro da INEOS Grenadiers para tentar vencer a partir de uma fuga. Já o fez em etapas que não eram ao seu jeito, amanhã sim, com subidas longas o belga pode-se destacar mais. Wout Poels esteve nas últimas duas fugas, porque não tentar uma terceira vez? O neerlandês é um verdadeiro ciclista de terceira semana, aparece sempre nas últimas etapas de montanha com uma condição física extraordinária. Com enormes diferenças na geral, não nos admirávamos que ciclistas às portas do top-10 tentassem estar na frente, casos de Guillaume Martin e Steff Cras, como aconteceu hoje. Isto pode desencadear mais ataques e é aí que entram os nomes de Felix Gall, Santiago Buitrago, Derek Gee e Giulio Ciccone. De todos estes, Gall e Buitrago são os mas acostumados a brilhar nas terceiras semanas, já venceram em Grandes Voltas nestas fases, sabem gerir muito bem o esforço em grandes etapas de montanha.



Super-jokers

Os nossos super-jokers são Tobias Halland Johannessen e Javier Romo.

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