A Volta a Espanha começa hoje em Burgos com um contra-relógio que tem um pouco de tudo e que deverá ser muito interessante de acompanhar, será que Primoz Roglic fica já com a liderança?

Percurso

Este está longe de ser um contra-relógio ou prólogo normal, estamos na Vuelta. Tem partida e chegada numa Catedral e inclui uma subida praticamente desde o tiro de partida. Basicamente são 3 kms de falso plano, a rondar os 3%/4%, em que os ciclistas vão subir da Catedral até ao Castelo para depois descer até faltar cerca de 2,5 kms. A fase final é muito rápida e até tem algumas rectas, mas também tem 4 curvas apertadas e será preciso explosão para sair dessas curvas.

Tácticas

Este é daqueles contra-relógios únicos em que não há grandes indicações e histórico em esforços com este perfil e com esta duração. Pelo que vemos do percurso será obrigatório ter alguma explosão, não será certamente para os puros especialistas, e também é preciso alguma técnica e vontade de arriscar na descida, pode-se ganhar segundos preciosos aí.




Existe uma referência parecida, na Volta ao País Basco este ano o contra-relógio inaugural ganho por Roglic começava assim com uma subida, mas tinha 14 kms.

Favoritos

Primoz Roglic fez na sua carreira 5 contra-relógios individuais em Espanha, ganhou-os todos. É uma estatística retumbante, o esloveno adora correr na Península Ibérica. Mesmo sem esta estatística teria de ser um dos maiores favoritos, sagrou-se recentemente campeão olímpico da especialidade e tem a explosão, capacidade física e potência necessária para este percurso. A nossa única reserva prende-se com o facto de Roglic possivelmente não querer arriscar tudo nas viragens por causa da geral.

Quem nos segue regularmente sabe que por vezes gostamos de arriscar. Alex Aranburu é um nome que para nós preenche muitos dos requisitos para estar nos primeiros lugares. Não está a lutar pela geral, pode arriscar à vontade, é explosivo, desce como poucos e mesmo em contra-relógios planos de 10 kms não anda nada mal (veja-se as suas 2 últimas participações no Tirreno-Adriatico no contra-relógio de San Benedetto del Tronto).

Outsiders

Jan Tratnik é daquelas incógnitas que vai fazer pódio ou vai ficar fora do top 10. No papel este é um traçado que assenta muito bem ao esloveno, que ainda possui uma boa ponta final. Há alguns anos era sempre candidato cada vez que havia um prólogo e continua a ser bom nesses esforços. A Bahrain-Victorious é uma das equipas do momento e todos parecem estar a voar.

Maximilian Schachmann também nos parece um bom nome para amanhã. O alemão é dos ciclistas mais regulares a este nível, para além de ser bom especialista é alguém que é explosivo nas subidas como se vê todos os anos nas Ardenas. Schachmann ganhou o contra-relógio de 11 kms da Volta ao País Basco em 2019 que também tinha bastantes subidas e descidas.





Se fosse em 2017 Michael Matthews seria talvez o principal candidato, mas o australiano parece ter parado de apostar tanto nesta especialidade desde que saiu da Sunweb. Nessa altura até em esforços de 20 ou 30 kms Matthews fazia top 5. No entanto, ainda tem a explosão necessária para ser um nome a ter em conta, a subida não é muito inclinada e a distância assenta-lhe que nem uma luva.

Possíveis surpresas

Vindo de um ouro olímpico, Thomas Pidcock não sabe muito bem o seu estado de forma, vai testar-se aqui num esforço curto e explosivo, bom para as suas características, veremos se a Ineos-Grenadiers começa logo na frente. Se há contra-relógio que assenta bem aos ciclistas da Astana será este mesmo. Omar Fraile tem características semelhantes a Aranburu, apesar de não descer tão bem como o basco e não ter registos tão bons em contra-relógios. Por outro lado, Ion Izagirre não é tão explosivo, mas é melhor no contra-relógio que os seus 2 compatriotas, é o mais regular dos 3 a andar contra o cronómetro. Uma espécie de sprinter que se defende muito bem na montanha e que de vez em quando consegue sacar um resultado incrível é Magnus Cort, veremos o que a caixinha de surpresas dinamarquesa consegue fazer. Cuidado com Quinn Simmons, o ciclista da Trek-Segafredo anda bem no contra-relógio, é explosivo e está em boa forma. Esta é uma boa oportunidade para a Israel Start-Up Nation, com um elenco modesto, tanto Sep Vanmarcke como Mads Wurtz Schmidt podem surpreender aqui. Em Espanha a Movistar anda sempre bem contra o cronómetro e mesmo com 41 anos é possível que Alejandro Valverde esteja no top 10. O percurso deverá ser duro demais para Rui Oliveira e curto demais para Nelson Oliveira. Olho ainda em alguns corredores que consideramos ter um bom perfil para este traçado: Felix Grossschartner, Andreas Kron e Luis Leon Sanchez.



Super-Jokers

Os nossos Super-Jokers são: Ryan Gibbons e Koen Bouwman

By admin