Está na hora das decisões! Derradeira etapa de montanha e oportunidade final para os trepadores ganharem tempo antes do contra-relógio. Quem levará a camisola rosa para Verona?
Percurso
A derradeira oportunidade para os trepadores fazerem diferenças inicia-se em Belluno, num dia com 167,5 quilómetros. Ao quilómetro 17, a subida não categorizada de San Gregorio nelle Alpi (2700 metros a 7,1%) poderá ser importante para a fuga, seguindo-se mais de 50 quilómetros de falso plano (sempre com o aumentar da dificuldade), até ao começo do Passo San Pellegrino (9,6 kms a 8%). Esta é uma subida muito regular, onde o seu miolo tem rampas acima dos 10% durante vários quilómetros. No topo, restam 85 quilómetros.
Em menos de 20 quilómetros, os ciclistas chegam ao sopé do Passo Pordoi, a Cima Coppi da edição deste ano do Giro. 11,9 kms a 6,6% que terminam a 2236 metros de altitude! Os 30 quilómetros seguintes são muito rápidos, apenas 1500 metros a 7,3% à passagem por Cernadoi impedem os ciclistas de fazer uma veloz descida até atingirem os 12900 metros finais.
Se nada estiver decidido, o Passo Fedaia será o palco de tudo, com 12,9 kms a 7,8% de muita emoção. Esta é uma subida que vai aumentando de dificuldade e que tem nos derradeiros 5700 metros a sua maior dureza, com uma inclinação média de 10,4%. Antes da entrada nesta fase, existe um sprint bonificado.
Táticas
Chegamos à última etapa de montanha e os primeiros 3 classificados estão separados por pouco mais de 1 minuto. Dia de tudo ou nada para quem procura a vitória em etapa e também para … Mikel Landa. O basco sabe que se amanhã não ganhar tempo considerável a vitória final no Giro será praticamente impossível. Tal como referimos ontem, a margem para Vincenzo Nibali é grande e isso dará algum conforto. Do mesmo modo, Nibali não tem nada a perder e também deverá querer atacar.
A juntar à festa temos a Bora-Hansgrohe que, hoje ameaçou mas no final de contas não passou disso. A equipa alemã tem-se mostrado muito forte e coesa e Jai Hindley também precisa de ganhar algum tempo. Richard Carapaz correrá mais na defensiva mas se sentir a oportunidade não vai desperdiçar. O facto de já não contar com Richie Porte irá, com toda a certeza, mudar a sua tática.
Favoritos
Desde que assumiu a liderança do Giro, Richard Carapaz tem estado em aparente controlo de toda a situação. O equatoriano nunca tem passado por dificuldades, mas tem visto o seu principal rival aproximar-se. Amanhã a dureza será muita, entramos no terreno do sul-americano, ele que talvez se tenha guardado para este dia, onde é possível fazer diferenças enormes. Ainda não venceu neste Giro.
Jai Hindley tem estado ao nível de 2020 e, ao contrário de Carapaz, já venceu e logo no Blockhaus! O australiano quererá assumir a liderança só que não quer ver o filme do referido ano de 2020 a repetir-se, pelo que terá que ganhar algum tempo ao líder. É um corredor muito explosivo, tem-se mostrado o mais rápido e terá em seu apoio um forte bloco com Kamna, Kelderman e Buchmann como principais escudeiros.
Outsiders
Acreditamos seriamente que Mikel Landa vai atacar de longe, o basco não tem nada a perder e já nos habituou com isso. A movimentação deve acontecer no Passo Pordoi, veremos que conseguirá acompanhar Landa. Terá que esperar a melhor versão que de Buitrago quer de Poels, serão fundamentais para uma possível remontada.
Hugh Carthy também não quer sair de mãos a abanar deste Giro, tal como referimos na antevisão de ontem, está em crescendo de forma, a acabar o Giro na sua melhor versão. Terá a liberdade suficiente para integrar a fuga do dia onde, pelo que tem mostrado, conseguirá ser o mais forte. Sofrerá muito nas descidas, a subir é dos melhores.
Lucas Hamilton tem sido um elemento muito anónimo neste Giro e está em 13º, o que significa que só pode estar em excelente condição física. Longe de estar a ter uma época de grande nível, o australiano procura sair com razões para sorrir. Trepador muito forte, ainda algo subestimado, se entrar na fuga certa a sorte poderá sorrir-lhe.
Possíveis surpresas
Entre os homens da geral, só vemos Vincenzo Nibali com alguma hipótese de vencer a etapa partindo do grupo dos favorito, através de um ataque de longe, quem sabe numa descida, aproveitando toda a sua técnica. Na última etapa de montanha da carreira no Giro, vai deixar tudo na estrada. Jan Hirt está a fazer uma terceira semana de luxo, com duas fugas e uma vitória, o que lhe valeu a subida ao top 10. Este é o tipo de etapa que o checo adora, com subidas longas. Guillaume Martin também não é de desistir, o top 10 está já muito longe mas a vitória em etapa é possível. Tem que atacar no momento certo, de preferência a subir, já que a ceder cede sempre tempo. Thymen Arensman quebrou no dia de hoje, veremos como está amanhã, tinha vindo a mostrar excelentes indicações. Joe Dombrowski, Giulio Ciccone, Lorenzo Fortunato, Alejandro Valverde e Bauke Mollema são outros nomes a destacar e com possibilidade de triunfar a partir da escapada do dia.
Super-jokers
Os nossos super-jokers são Gijs Leemreize e Wout Poels.