Dia de todas as decisões, dia de crono-escalada! O Monte Lussari vai coroar o vencedor do Giro 2023, num dia em que se esperam grandes diferenças. Quem vai sair com a camisola rosa?

 

Percurso

“Apenas” 18 600 metros no entanto uns longos 18 600 metros! O contra-relógio pode ser dividido em duas fases, os primeiros 10,8 quilómetros (até ao 1º ponto intermédio) são planos, antes da entrada no monstro que é o Monte Lussari. 7 800 metros a uma inclinação média de 11,2% e se já a média assusta, olhar com mais pormenor para a subida ainda é pior.

Os primeiros 5 quilómetros são brutais, com uma inclinação média de 15,3%! Tirando o primeiro quilómetro que é a 7%, os restantes são a 13,5%-16,6%-14,8%-18,5%. Para alívio dos ciclistas, o 6º quilómetro de subida é muito mais suave, vai parecer plano os 4,7%, antes de voltar a empinar para os 11,9% de média. O quilómetro final incluiu uma pequena descida, antes da dura rampa para a meta, pelo que os 4,4% de média enganam os mais desatentos. Uma subida brutal para coroar o vencedor do Giro 2023!

Tácticas

Para além do aspecto óbvio dos andamentos, a grande questão é se haverá troca de bicicleta ou não, se o tempo ganho com a bicicleta de contra-relógio nos primeiros quilómetros compensa o tempo da troca para uma bicicleta específica para a parte final, para além da quebra de ritmo que haverá, acho que os principais candidatos vão fazer essa troca. Creio que a estratégia será gerir na parte inicial para depois atacar a subida em força, são nos 4500 metros mais duros onde se pode perder muitos segundos. Nesta fase quem ainda tem o mínimo de energia vai sair por cima, isso conjugado com boa capacidade nas pendentes mais inclinadas. Pode não ter sido um Giro espectacular, mas os organizadores conseguiram o objectivo, chegar a este dia com a Volta a Itália ainda minimamente em aberto.

Favoritos

Primoz Roglic – Parece estar a terminar o Giro em altas, passou de perder tempo para Thomas, para fazer jogo igual e hoje até encurtou a diferença em 3 segundos. O esloveno vai querer vingar o que aconteceu num esforço até relativamente parecido, quando perdeu o Tour 2020 quando nada o fazia prever para Tadej Pogacar. Se esta subida estivesse numa etapa em linha acho que, dos 3 candidatos à geral, seria o que melhor se adaptava.




Geraint Thomas – Nem o galês nem a Ineos meteram um pé em falso neste Giro, têm sido perfeitos, mas ainda não têm a corrida no bolso. Thomas vai ter de ser muito cauteloso na abordagem amanhã, pode aproveitar para ganhar algum tempo na fase plana e depois, aconteça o que acontecer, não pode rebentar o motor em nenhum momento, tem que deixar ser Roglic a, eventualmente, cometer esse erro. No entanto, tal como Roglic na Planche des Belles Filles, é o corredor que tem mais pressão em cima.

Outsiders

João Almeida – As pendentes extremas não beneficiam o ciclista português que, como demonstrou neste Giro, prefere as subidas mais longas e com menores pendentes. Vai querer repetir a magia que Pogacar fez no Tour 2020, na altura também na UAE Team Emirates e também de camisola branca quando já nada o fazia prever. Tem uma grande vantagem a seu favor, pode arriscar à vontade e colocar pressão sobre os rivais, o 4º classificado está demasiado longe para ser uma ameaça, talvez começar o contra-relógio muito rápido para obrigar a uma reacção da oposição.

Thymen Arensman – Tem subido de rendimento e hoje voltou a provar isso mesmo, entrou muito a frio neste Giro e com uma corrida mais aberta podia ter feito estragos. Já no passado alcançou excelentes resultados a fechar uma Grande Volta e tem liberdade plena e motivação para tentar fechar no top 5.

Damiano Caruso – Tradicionalmente não só termina bem o Giro como é um bom especialista em crono-escaladas, não seria uma surpresa completa vê-lo no top 3 da etapa de amanhã, quer manter o 4º posto diante de Eddie Dunbar.

Possíveis surpresas

Thibaut Pinot – Que 3ª semana de Giro para o francês! Estas pendentes são muito boas para ele, é alguém que não se importa com este tipo de esforços e está habituado a fazer grande parte das subidas em pé.




Einer Rubio – No papel uma montanha deste género é perfeita para o pequeno colombiano, que pode beneficiar do seu pouco peso para recuperar aí tudo o que irá perder na fase inicial, tem de tentar minimizar perdas na primeira metade.

Laurens de Plus – Outro ciclista que desta vez não tem de rebocar os restantes favoritos e que tem liberdade para dar 100% em proveito próprio e desta forma fechar no top 10 da geral, seria um prémio merecido para o que fez.

Eddie Dunbar – Tem de ser mencionado, mas as indicações que deu hoje não são incríveis. Ainda assim, na teoria é uma jornada que lhe assenta bem e o top 5 na geral seria o culminar de uma das surpresas deste Giro.

Filippo Zana – Neste momento está a voar na alta montanha e não há propriamente razões para poupar energia, não vão ser precisas para a etapa final.

Lennard Kamna – É relativamente explosivo e conhece bem os seus limites para uma etapa destas, o top 10 na etapa é muito provável.

Ilan van Wilder – Preferia certamente um contra-relógio plano, o belga não é um puro trepador e não é o mais explosivo.

Brandon McNulty – Tem mostrado boas pernas nesta semana final de Giro, muitas vezes ao lado de João Almeida, tal como Zana, não tem motivos para poupar energia.

Super-Jokers

Os nossos Super-Jokers são: Bauke Mollema e Santiago Buitrago

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