Mais uma grande oportunidade para os sprinters numa jornada em que se prevê que a luta pela camisola amarela seja um grande atractivo, estão 3 ciclistas separados por um segundo
Percurso
Jornada muito rolante que atravessa grande parte do Ribatejo e ainda entra na Área Metropolitana de Lisboa para terminar em Vila Franca de Xira, município que tem apostado em acolher a Volta a Portugal nos últimos anos. 120 quilómetros praticamente planos antes de uma incursão para a zona de Arruda dos Vinhos que coincide também com as 2 contagens de montanha do dia. A subida da Carvalha ainda tem 4,4 kms a 5,2%, era uma montanha que se estivesse mais perto da meta (está a quase 40 kms) ainda poderia fazer algumas diferenças. O final da etapa vai ser na estrada Nacional 10, os ciclistas seguem sempre pela mesma estrada desde Póvoa de Santa Iria até Vila Franca de Xira, tirando a negociação de algumas rotundas não há grandes viragens.
Tácticas
Numa fase inicial da etapa é provável vermos novamente a LA Alumínios/Credibom/MarcosCar ao ataque para tentar manter a camisola da montanha de Diogo Narciso, há 2 contagens de montanha em disputa ainda relativamente longe do final. No entanto não seria uma surpresa completa se a fuga apenas surgisse depois do sprint intermédio de Torres Novas por causa das bonificações, são 30 quilómetros relativamente fáceis de controlar. Neste momento Rafael Reis, Daniel Babor e Leangel Linarez estão com o mesmo tempo, o que também indica que estes 2 últimos serão os 2 escolhidos pelas respectivas equipas para sprintar porque está em jogo não só a camisola amarela, como a camisola por pontos.
Este talvez seja o final menos técnico da Volta a Portugal e a etapa globalmente mais fácil, vantagem para quem não tenha propriamente um grande comboio ou um grande lançador e para quem seja um sprinter mais possante. Não sei se alguma equipa vai querer tentar, mas as condições são perfeitas para bordures durante grande parte da etapa, desde Alcanena ao quilómetro 45 até à primeira passagem por Vila Franca de Xira ao quilómetro 120 o vento vai estar a uma velocidade de 25 km/h com rajadas de 50 km/h e com uma direcção de costas/lateral para os ciclistas. Isto também implica que o timing de lançamento do sprint será decisivo e que na teoria a recta da meta terá vento frontal/lateral, o local de chegada está abrigado de um lado, mas exposto pelo rio do outro lado.
Favoritos
Leangel Linarez – Foi incrivelmente poderoso ontem, não deu hipóteses à concorrência. Em primeiro lugar teve uma ajuda preciosa e um lançamento perfeito de João Matias, apercebeu-se que era cedo demais para ir para a frente e depois ultrapassou o corredor da Caja Rural como se este estivesse parado. É dos sprinters mais possantes daqui, tem dos melhores comboios e está muito motivado para vestir de amarelo.
Francisco Campos – O resultado de ontem foi altamente influenciado pela colocação e o ciclista português entrou demasiado mal colocado na recta da meta. Ainda assim conseguiu recuperar alguns lugares, o que é geralmente indicador de boa condição física e realmente ele parece em muito boa forma, resta saber se consegue a roda certa para o sprint.
Outsiders
Andoni Lopez de Abetxuko – Creio que chega aqui em boa forma e apesar de ontem ter falhado o top 10 continua a ser dos ciclistas mais rápidos deste pelotão. A organização da Euskaltel não foi a melhor, era muito importante o timing de aproximação à frente do pelotão e os bascos falharam nisso, até têm um alinhamento experiente e vão querer aprender com os erros.
Daniel Babor – O entendimento com Tomas Barta parece ser muito bom, os checos protagonizaram um bom comboio e um duplo pódio que colocou Babor no mesmo segundo da liderança. Com o alinhamento que trazem vestir de amarelo seria incrível para a equipa.
César Martingil – Sabe-se que tem muita explosão, por vezes falta a colocação e tem aqui uma grande oportunidade num final plano destes. Mostrou no prólogo que está a andar bem, é outro ciclista que ainda sonha com a camisola amarela e um triunfo para a formação de Loulé seria algo gigante.
Possíveis surpresas
Miguel Angel Fernandez – Vejo-o como um dos sprinter mais regulares deste pelotão, mas creio não ter aquela explosão para um final completamente plano deste género.
Santiago Mesa – É um sprinter muito possante e que vê certamente com bons olhos as suas chances num final deste género, diria mesmo que é a melhor oportunidade que vai ter em toda a Volta, ele que começou no ciclismo português a voar e que desapareceu um pouco desde então.
Rafael Silva – É um bom finalizador, mas preferiria um grupo mais reduzido e hoje não há condições para o fazer. Ontem a Efapel mostrou ambição e foi engolida na aproximação a Ourém.
João Matias – Opção perfeitamente legítima caso aconteça algo a Leangel Linarez ou o venezuelano se perca completamente durante o sprint, Matias não ganhou 2 etapas na Volta a Portugal 2022 por acaso.
Lukas Ruegg – Um bocadinho à imagem de Rafael Silva, passa bem as montanhas e não gosta assim tanto de se imiscuir nestes sprints planos e muito confusos, mas pode perfeitamente fazer top 10.
Rodrigo Caixas – Provavelmente será ele a sprintar pela equipa de Hernani Broco, é um corredor da pista, relativamente pesado e que certamente gosta de uma etapa destas.
Super-Jokers
Os nossos Super-Jokers são: Tomas Barta e Hugo Nunes