O Tour continua em Nice com um traçado bem durinho, que deverá afastar os sprinters dos primeiros lugares. Hoje mais de metade do pelotão foi ao chão, que consequências terá isso amanhã?
Percurso
Traçado nada habitual para a 2ª etapa de uma Grande Volta. Após 45 kms os ciclistas têm pela frente o Col de la Colmiane (17,1 kms a 6,1%) e logo de seguida o Col de Turini (15,3 kms a 7,2%). Logo por esta amostra os sprinters estão em graves problemas, mas não se fica por aqui.
O Turini tem uma grande descida e ao km 145 começa o Col d’Eze, várias vezes ultrapassado no Paris-Nice. A 9 kms da meta ainda há o Col des Quatre Chemins, com 5,5 kms a 5,7%). Segue-se mais uma descida e os últimos 3 kms até à meta, novamente em Nice, são planos.
Tácticas
Mais de metade do pelotão está ainda a lamber as feridas de hoje, com quedas atrás de quedas (alguns até foram ao chão mais do que 1 vez), muito stress e muita confusão. Será impossível para um sprinter ganhar aqui com tanta montanha, cremos que até mesmo para Peter Sagan, se o ritmo foi minimamente elevado.
Portanto, quem vai trabalhar? A UAE Team Emirates tem a camisola amarela e deve aparecer na frente, mas Kristoff perderá o contacto muito cedo, para quê continuar depois disso? Será demasiado cedo para qualquer dos favoritos à vitória final mexer nas subidas longas, até porque Pinot e Lopez caíram hoje, Bernal e Roglic não saberão bem onde estão devido aos problemas que tiveram na sua preparação.
Haverá o grande atractivo da camisola amarela, que está em jogo, mas nenhuma equipa da geral a quer tão cedo. Basicamente vemos 2 cenários: se a fuga se der antes do Col de la Colmiane, esta tem tudo para resultar porque ninguém tem grandes interesses para perseguir; se entrarmos no Col de la Colmiane sem fuga poderemos ver um dia de loucos, principalmente se 1 ou 2 candidatos à vitória final mostrarem debilidades, recorde-se que não há garantias que o Tour chegue a Paris.
Favoritos
Uma das poucas equipas que pode estar interessada tanto em perseguir, como em atacar um pouco a corrida, é a Deceuninck-Quick Step de Julian Alaphilippe. O francês adapta-se muito bem a este perfil e quererá estar de amarelo em casa. Caso o pelotão chegue junto à última subida o mais provável é Alaphilippe atacar, pois tem de deixar Wout van Aert para trás.
Como já referimos em cima, a fuga tem boas chances de chegar, é um 50/50 na nossa opinião. Um nome a ter em atenção é Alessandro de Marchi, a CCC está a dar liberdade plena aos seus ciclistas e alguns ainda não têm contrato para 2021. O italiano está em grande forma e não é ciclista de desperdiçar oportunidades.
Outsiders
Tudo depende das circunstâncias da corrida, mas num sprint a 40/50 será impossível bater Wout van Aert, caso o belga não se sacrifique a controlar a corrida para Primoz Roglic. O problema é que isso implicaria que a Jumbo-Visma ficasse com a amarela, e isso a longo prazo seria prejudicial para a equipa.
A UAE Team Emirates tem a camisola amarela, mas não seria de admirar vermos esta formação ao ataque, não seria a primeira vez com o símbolo de liderança. Jan Polanc poderá ser o ciclista escolhido para isso mesmo, já o fez no Giro com bastante sucesso, é um bom trepador, mas não bom o suficiente para levantar o alerta entre as equipas da geral.
Na mesma categoria de Jan Polanc entra Jesus Herrada. O espanhol ficou muito perto do título nacional e tem mostrado boas pernas, a Cofidis somente vem à procura de etapas e os favoritos sabem que na alta montanha facilmente lhe retiram alguns minutos, pode perfeitamente ter liberdade para integrar a fuga.
Possíveis surpresas
O único sprinter que poderia eventualmente ultrapassar todas estas dificuldades seria Peter Sagan, mas seria necessária uma corrida muito especial para isso acontecer. Como já dissemos, é possível que no final seja uma guerra entre os candidatos a este Tour, aí temos de referir Tadej Pogacar, que se mostrou muito atento no final hoje, e Primoz Roglic, que tem ali um final muito bom para ele. Sergio Higuita é outro nome a ter em conta, explosivo e bom nas descidas, pode beneficiar de uma EF que tem tudo para ter muitos elementos no corte principal. Para a fuga é preciso uma série de características muito específicas (bom trepador, não marcado pelas equipas da geral e que não seja de uma das equipas da geral), portanto talvez ainda haja Dario Cataldo, Simon Geschke, Daryl Impey, Krists Neilands e Marc Hirschi. Para um possível ataque na última subida olho em Tiesj Benoot, Luis Leon Sanchez, Davide Formolo, Pello Bilbao e Lennard Kamna.
Super-Jokers
Os nossos Super-Jokers são: Pierre Latour e Daniel Martinez.